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sábado, maio 28, 2022

A revolta da Comuna de Paris acabou há 151 anos

Exécution en masse des communards capturés dans les cours de la caserne Lobau près de l'Hôtel de Ville
(Gravure de Frédéric Lix pour L'Illustration du 10 juin 1871)

A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa, durante a resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia e II Reich.
A história moderna regista algumas experiências de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas - a Comuna de Paris - veio na sequência da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monárquicos, francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente Paris, onde o comité central da Guarda Nacional passou a exercer a sua autoridade. A Comuna de Paris - considerada a primeira república proletária da história - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. O seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia Barsa, mais de 20.000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.

O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente, bem como as suas armas, a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional, formada na sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia.
Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a prefeitura e expulsou os membros da assembleia, que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris, que agora se encontrava nas mãos do Comité Central da Guarda Nacional, manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa, durante a madrugada daquele dia. Apanhada de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers, dando início à independência política de Paris frente à Assembleia de Versalhes, culminando com a eleição e a declaração da Comuna, em 26 e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.

O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional misturou-se aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram os seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, juntamente com as suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comité Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e instalou-se na prefeitura. O comité era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.

(...)


O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15.000 milicianos, defendendo a cidade contra o exército de 100.000 soldados, sob o comando de Versalhes.
Assim como durante o período da comuna, na sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na persectiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20.000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80.000 mortos. 40.000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de facto membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.
A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores (anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna de um governo popular. Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e da espontaneidade política das massas, no meio de circunstâncias dramáticas, de uma guerra perdida (Guerra franco-prussiana) e de uma guerra civil em curso.

Cadáveres de communards executados

Música para uma data triste...

sexta-feira, abril 01, 2022

Bismarck, o pai do II Reich Alemão, nasceu há 207 anos

        
Otto Eduard Leopold von Bismarck-Schönhausen (desde 1865, conde von Bismarck-Schönhausen, desde 1871, príncipe von Bismarck-Schönhausen, e, desde 1890, duque von Lauenburg, ad personam) (Schönhausen, 1 de abril de 1815 - Friedrichsruh, Aumühle, 30 de julho de 1898), foi um nobre, diplomata e político prussiano e uma personalidade internacional de destaque do século XIX. Bismarck ficou conhecido como o Napoleão da Alemanha.
    
 
Brasão do Príncipe de Bismarck
    

terça-feira, março 22, 2022

Guilherme I, primeiro Kaiser do II Reich alemão, nasceu há 225 anos

  
Guilherme I, de nome completo Guilherme Frederico Luís de Hohenzollern (Wilhelm Friedrich Ludwig von Hohenzollern, em alemão) (Berlim, 22 de março de 1797 - Berlim, 9 de março de 1888) foi rei da Prússia (reg. 2 de janeiro de 1861 - 9 de março de 1888) e o primeiro Kaiser (Imperador) da Alemanha unificada (foi Imperador de 18 de janeiro de 1871 a 9 de março de 1888). Pertencia a poderosa Casa de Hohenzollern e era filho de Frederico Guilherme III e da rainha Luísa de Mecklemburg-Strelitz, sucedendo ao seu irmão Frederico Guilherme IV.
Durante o reinado de Guilherme I, ocorreu a transformação da Prússia numa potência capaz de enfrentar nações poderosas que estendeu sua influência a toda a Alemanha e pôs em prática uma política imperial de expansão.
Os reveses da Prússia diante de Napoleão (a derrota em Jena e a ocupação do país) convenceram o então príncipe a combater os franceses, o que o levou a participar dos últimas campanhas contra Napoleão (1814-1815).
Defendia o absolutismo monárquico, tendo um papel relevante na repressão dos movimentos liberais que assolaram a Alemanha nesta época (1848-1849). Em março de 1848, viu-se obrigado a refugiar-se na Inglaterra devido à Revolução de Berlim. Um ano depois, voltou e chefiou as tropas que, na Baviera, instauraram a ordem alterada pelos liberais.
Foi nomeado regente da Prússia depois do seu irmão (Frederico Guilherme IV) ter enlouquecido (1858), e sucedeu-lhe como rei após a sua morte (1861). O seu primeiro objetivo foi dotar a Prússia de poderio militar, para evitar a repetição dos desastres passados. No entanto, teve de enfrentar a oposição do Parlamento, integrado por ricos proprietários, que viam a criação de um poderoso exército profissional como um óbice a suas pretensões de controlar a política do governo. Para enfrentar o Parlamento, Guilherme I nomeou para primeiro-ministro Otto von Bismarck, que se transformou em figura-chave na construção da potência prussiana e da consecução da unidade alemã sob a direção da Prússia. Conseguiu reconstituir o exército prussiano.
Em 1862, dando início à política militarista da Prússia, ligou-se à Áustria para vencer a Dinamarca na Guerra dos Ducados (1864-1865), seguindo-se a guerra austro-prussiana, contra a sua ex-aliada, a Áustria, na qual a Prússia conseguiu anexar alguns territórios depois da vitória de Sadowa (1866).
   

   

quarta-feira, março 09, 2022

O Kaiser Guilherme I morreu há 134 anos

   
Guilherme I
(Berlim, 22 de março de 1797 – Berlim, 9 de março de 1888) foi o Rei da Prússia de 1861 até à sua morte e também o primeiro Imperador do unificado Império Alemão, a partir de 1871. Sob a sua liderança como chefe de estado e do seu chefe de governo, Otto von Bismarck, a Prússia encabeçou a Unificação Alemã e por consequência o (re)estabelecimento do Império Alemão (a Alemanha moderna como conhecemos hoje, porém com território maior). Apesar do apoio que dava ao chanceler do império, o soberano tinha muitas reservas sobre algumas das políticas mais reacionárias do político, incluindo o seu anti-catolicismo e a severidade com os subordinados. Ao contrário de Bismarck, o imperador foi descrito como cavalheiresco, educado e refinado, e apesar de manter um firme conservadorismo, tinha uma mentalidade mais aberta a certas ideias clássicas liberais que o seu neto Guilherme II, porém muito menos que o seu filho e breve sucessor, Frederico III.
  
  

quinta-feira, janeiro 27, 2022

O último Kaiser da Alemanha nasceu há 163 anos

    
Guilherme II, de nome completo Frederico Guilherme Vítor Alberto, (Berlim, 27 de janeiro de 1859 - Doorn, Países Baixos, 4 de junho de 1941) foi o último imperador da Alemanha (Kaiser) e rei da Prússia, tendo governado o Império da Alemanha e o Reino da Prússia entre 15 de junho de 1888 e 9 de novembro de 1918. Era neto da rainha Vitória do Reino Unido e parente de muitos monarcas e príncipes de toda a Europa, sendo os mais importantes o seu primo, o rei Jorge V do Reino Unido, fundador da Casa de Windsor, e o czar Nicolau II, da Casa Romanov, o último monarca do Império Russo antes da Revolução Russa de 1917. Coroado em 1888, dispensou o chanceler Otto von Bismarck em 1890 e liderou a Alemanha para uma política bélica chamada "novo rumo" nos círculos de política internacional que culminou no seu apoio ao Império Austro-Húngaro durante a crise política de julho de 1914, o que levou à Primeira Guerra Mundial. Bombástico e impetuoso, por vezes Guilherme pronunciava-se de forma pouco cuidadosa sobre assuntos de grande sensibilidade, sem consultar os seus ministros, uma atitude que acabaria por culminar numa entrevista desastrosa ao Daily Telegraph que lhe custou grande parte do seu poder em 1908. Os seus militares de topo, Paul von Hindenburg e Erich Ludendorff, foram os responsáveis políticos do país durante a Primeira Guerra Mundial e deram muito pouca importância ao governo civil. Guilherme era um líder muito pouco eficiente, algo que lhe custou o apoio do exército e levou à sua abdicação, em novembro de 1918. Passou os seus restantes anos de vida no exílio nos Países Baixos.
  
    

quarta-feira, setembro 01, 2021

O Imperador Napoleão III perdeu a coroa há 151 anos

Napoleão III e Bismarck na manhã seguinte à Batalha de Sedan
  
A Batalha de Sedan foi travada a 1 de setembro de 1870, próximo da cidade francesa de Sedan, durante a Guerra Franco-Prussiana.
Resultou na captura do Imperador Napoleão III, juntamente com o seu exército, e praticamente decidiu o conflito em favor do Reino da Prússia e seus aliados.
Nesta batalha, o exército prussiano demonstrou, de forma cabal, a sua superioridade em liderança, tática, logística e em adestramento.Também nesta batalha marcou-se o fim do Segundo Império Francês e o início da Terceira República Francesa.
     

sexta-feira, julho 30, 2021

Bismarck, o pai do II Reich alemão, morreu há 123 anos

      
Otto Eduard Leopold von Bismarck-Schönhausen (desde 1865, conde von Bismarck-Schönhausen, desde 1871, príncipe von Bismarck-Schönhausen, e, desde 1890, duque von Lauenburg, ad personam) (Schönhausen, 1 de abril de 1815 - Friedrichsruh, Aumühle, 30 de julho de 1898), foi um nobre, diplomata e político prussiano e uma personalidade internacional de destaque do século XIX. Bismarck ficou conhecido como o Napoleão da Alemanha.
    
 
Brasão de Otto, Príncipe de Bismarck
       

terça-feira, junho 15, 2021

O bom Kaiser Frederico III morreu há 133 anos

  
Frederico III (Potsdam, 18 de outubro de 1831 – Potsdam, 15 de junho de 1888) foi o Imperador Alemão e Rei da Prússia durante 99 dias em 1888, o Ano dos Três Imperadores. Era o único filho do imperador Guilherme I e foi criado na tradição familiar de serviço militar. Apesar de celebrado quando jovem pela sua liderança e sucesso durante as guerras dos Ducados de Elba, a Austro-Prussiana e a Franco-Prussiana, declarou o seu ódio ao conflito armado e foi elogiado por tanto amigos quanto inimigos pela sua conduta humana. Depois da Unificação Alemã em 1871, o seu pai, então Rei da Prússia, tornou-se o Imperador Alemão. O trono passou para Frederico quando Guilherme morreu aos noventa anos, em 9 de março de 1888. Ele sofria de cancro da laringe e morreu a 15 de junho, aos 56 anos, depois de vários tratamentos médicos para a sua condição.
Frederico casou em 1858 com Vitória, Princesa Real, a filha mais velha da rainha Vitória do Reino Unido. Os dois eram adequados ao outro; partilhavam uma ideologia liberal que os levou a procurar uma maior representação aos comuns no governo. Mesmo com o passado conservador militarista da família, desenvolveu tendências liberais por causa da influência da sua mãe, Augusta de Saxe-Weimar-Eisenach, os seus laços com o Reino Unido e os seus estudos na Universidade de Bona. Como príncipe herdeiro, Frederico frequentemente se opôs ao conservador chanceler Otto von Bismarck, particularmente discursando contra a política de Bismarck de unir a Alemanha através da força e pedindo para o poder da chancelaria ser diminuído. Liberais tanto na Alemanha quanto no Reino Unido esperavam que ele, como imperador, transformasse o Império Alemão num estado mais liberal.
Ele e a esposa eram grandes admiradores do príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, o pai de Vitória. Planeavam governar como consortes, assim como Alberto e a rainha Vitória, e reformar aquilo que viam como falhas no poder executivo que Bismarck havia criado para si mesmo. O cargo de chanceler, responsável pelo imperador, seria substituído por um gabinete ao estilo britânico, com ministros responsabilizados pelo Reichstag. A política do governo seria baseada no consenso do gabinete. Frederico "descreveu a Constituição Imperial como caos engenhosamente artificial".
Entretanto, a sua doença o impediu de estabelecer políticas e medidas para alcançar os seus objetivos, com as poucas ações que conseguiu tomar sendo depois revertidas pelo seu filho e sucessor, Guilherme II. A época da morte de Frederico e a duração de seu reinado são importantes tópicos entre os historiadores. A sua morte prematura é considerada como um grande ponto de viragem na história alemã. Ainda é muito discutido se Frederico teria sido capaz de deixar o seu império mais liberal caso tivesse vivido mais.
   

sexta-feira, maio 28, 2021

A Comuna de Paris acabou há cento e cinquenta anos

Exécution en masse des communards capturés dans les cours de la caserne Lobau près de l'Hôtel de Ville - Gravure de Frédéric Lix pour L'Illustration du 10 juin 1871

A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa, durante a resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia e II Reich.
A história moderna regista algumas experiências de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas - a Comuna de Paris - veio na sequência da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monárquicos, francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente Paris, onde o comité central da Guarda Nacional passou a exercer a sua autoridade. A Comuna de Paris - considerada a primeira república proletária da história - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. O seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia Barsa, mais de 20.000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.

O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente, bem como as suas armas, a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional, formada na sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia.
Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a prefeitura e expulsou os membros da assembleia, que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris, que agora se encontrava nas mãos do Comité Central da Guarda Nacional, manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa, durante a madrugada daquele dia. Apanhada de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers, dando início à independência política de Paris frente à Assembleia de Versalhes, culminando com a eleição e a declaração da Comuna, em 26 e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.

O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional misturou-se aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram os seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, juntamente com as suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comité Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e instalou-se na prefeitura. O comité era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.
Eleições foram realizadas, mas obedecendo à lógica da democracia direta em todos os níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda nacional. A educação foi secularizada, a previdência social foi instituída, uma comissão de inquérito sobre o governo anterior foi formada, e se decidiu por trabalhar no sentido da abolição da escravidão do salário. Noventa representantes foram eleitos, mas apenas 25 eram trabalhadores e a maioria foi constituída de pequenos-burgueses. Entretanto, os revolucionários eram maioria. Em semanas, a recém nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados:
  1. O trabalho noturno foi abolido;
  2. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
  3. Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;
  4. Em cada residência oficial foi instalado um comité para organizar a ocupação de moradias;
  5. Todas os descontos do salário foram abolidos;
  6. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
  7. Os sindicatos foram legalizados;
  8. Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
  9. Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);
  10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
  11. Testamentos, adoções e a contratação de advogados tornaram-se gratuitos;
  12. O casamento tornou-se gratuito e simplificado;
  13. A pena de morte foi abolida;
  14. O cargo de juiz tornou-se eletivo;
  15. O calendário revolucionário foi novamente adotado;
  16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
  17. A educação tornou-se gratuita, secular, e compulsória - escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;
  18. Imagens religiosas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;
  19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também;
  20. A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;
  21. O internacionalismo foi posto em prática: o facto de se ser estrangeiro tornou- se irrelevante; os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, polacos, húngaros;
  22. Instituiu-se um escritório central de imprensa;
  23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;
  24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;
  25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;
  26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores;
  27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;
  28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;
  29. O salário dos professores foi duplicado.

O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15.000 milicianos, defendendo a cidade contra o exército de 100.000 soldados, sob o comando de Versalhes.
Assim como durante o período da comuna, na sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na perspectiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20.000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80.000 mortos. 40.000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de facto membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.
A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores (anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna de um governo popular. Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e da espontaneidade política das massas, no meio de circunstâncias dramáticas, de uma guerra perdida (Guerra franco-prussiana) e de uma guerra civil em curso.

Cadáveres de communards executados

 


quinta-feira, abril 01, 2021

Bismarck, o criador do II Reich Alemão, nasceu há 206 anos

     
Otto Eduard Leopold von Bismarck-Schönhausen (desde 1865, conde von Bismarck-Schönhausen, desde 1871, príncipe von Bismarck-Schönhausen, e, desde 1890, duque von Lauenburg, ad personam) (Schönhausen, 1 de abril de 1815 - Friedrichsruh, Aumühle, 30 de julho de 1898), foi um nobre, diplomata e político prussiano e uma personalidade internacional de destaque do século XIX. Bismarck ficou conhecido como o Napoleão da Alemanha.
    
 
Brasão do Príncipe de Bismarck
    

segunda-feira, março 22, 2021

O primeiro Kaiser do II Reich nasceu há 224 anos

 
  
Guilherme I, de nome completo Guilherme Frederico Luís de Hohenzollern (Wilhelm Friedrich Ludwig von Hohenzollern, em alemão) (Berlim, 22 de março de 1797 - Berlim, 9 de março de 1888) foi rei da Prússia (reg. 2 de janeiro de 1861 - 9 de março de 1888) e o primeiro Kaiser (Imperador) da Alemanha unificada (foi Imperador de 18 de janeiro de 1871 a 9 de março de 1888). Pertencia a poderosa Casa de Hohenzollern e era filho de Frederico Guilherme III e da rainha Luísa de Mecklemburg-Strelitz, sucedendo ao seu irmão Frederico Guilherme IV.
Durante o reinado de Guilherme I, ocorreu a transformação da Prússia numa potência capaz de enfrentar nações poderosas que estendeu sua influência a toda a Alemanha e pôs em prática uma política imperial de expansão.
Os reveses da Prússia diante de Napoleão (a derrota em Jena e a ocupação do país) convenceram o então príncipe a combater os franceses, o que o levou a participar dos últimas campanhas contra Napoleão (1814-1815).
Defendia o absolutismo monárquico, tendo um papel relevante na repressão dos movimentos liberais que assolaram a Alemanha nesta época (1848-1849). Em março de 1848, viu-se obrigado a refugiar-se na Inglaterra devido à Revolução de Berlim. Um ano depois, voltou e chefiou as tropas que, na Baviera, instauraram a ordem alterada pelos liberais.
Foi nomeado regente da Prússia depois do seu irmão (Frederico Guilherme IV) ter enlouquecido (1858), e sucedeu-lhe como rei após a sua morte (1861). O seu primeiro objetivo foi dotar a Prússia de poderio militar, para evitar a repetição dos desastres passados. No entanto, teve de enfrentar a oposição do Parlamento, integrado por ricos proprietários, que viam a criação de um poderoso exército profissional como um óbice a suas pretensões de controlar a política do governo. Para enfrentar o Parlamento, Guilherme I nomeou para primeiro-ministro Otto von Bismarck, que se transformou em figura-chave na construção da potência prussiana e da consecução da unidade alemã sob a direção da Prússia. Conseguiu reconstituir o exército prussiano.
Em 1862, dando início à política militarista da Prússia, ligou-se à Áustria para vencer a Dinamarca na Guerra dos Ducados (1864-1865), seguindo-se a guerra austro-prussiana, contra a sua ex-aliada, a Áustria, na qual a Prússia conseguiu anexar alguns territórios depois da vitória de Sadowa (1866).
   

   

quinta-feira, março 18, 2021

A Comuna de Paris começou há 150 anos...

 Horace Vernet - Barricade Rue Soufflot

 
A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa, durante a resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia e II Reich.
A história moderna regista algumas experiências de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas - a Comuna de Paris - veio na sequência da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monárquicos, francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente Paris, onde o comité central da Guarda Nacional passou a exercer a sua autoridade. A Comuna de Paris - considerada a primeira república proletária da história - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. O seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia Barsa, mais de 20.000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.

O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente, bem como as suas armas, a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional, formada na sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia.
Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a prefeitura e expulsou os membros da assembleia, que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris, que agora se encontrava nas mãos do Comité Central da Guarda Nacional, manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa, durante a madrugada daquele dia. Apanhada de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers, dando início à independência política de Paris frente à Assembleia de Versalhes, culminando com a eleição e a declaração da Comuna, em 26 e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.

O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional misturou-se aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram os seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, juntamente com as suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comité Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e instalou-se na prefeitura. O comité era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.
Eleições foram realizadas, mas obedecendo à lógica da democracia direta em todos os níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda nacional. A educação foi secularizada, a previdência social foi instituída, uma comissão de inquérito sobre o governo anterior foi formada, e se decidiu por trabalhar no sentido da abolição da escravidão do salário. Noventa representantes foram eleitos, mas apenas 25 eram trabalhadores e a maioria foi constituída de pequenos-burgueses. Entretanto, os revolucionários eram maioria. Em semanas, a recém nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados:
  1. O trabalho noturno foi abolido;
  2. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
  3. Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;
  4. Em cada residência oficial foi instalado um comité para organizar a ocupação de moradias;
  5. Todas os descontos do salário foram abolidos;
  6. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
  7. Os sindicatos foram legalizados;
  8. Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
  9. Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);
  10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
  11. Testamentos, adoções e a contratação de advogados tornaram-se gratuitos;
  12. O casamento tornou-se gratuito e simplificado;
  13. A pena de morte foi abolida;
  14. O cargo de juiz tornou-se eletivo;
  15. O calendário revolucionário foi novamente adotado;
  16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
  17. A educação tornou-se gratuita, secular, e compulsória - escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;
  18. Imagens religiosas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;
  19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também;
  20. A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;
  21. O internacionalismo foi posto em prática: o facto de se ser estrangeiro tornou- se irrelevante; os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, polacos, húngaros;
  22. Instituiu-se um escritório central de imprensa;
  23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;
  24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;
  25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;
  26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores;
  27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;
  28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;
  29. O salário dos professores foi duplicado.
Exécution en masse des communards capturés dans les cours de la caserne Lobau près de l'Hôtel de Ville - Gravure de Frédéric Lix
   
O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15.000 milicianos, defendendo a cidade contra o exército de 100.000 soldados, sob o comando de Versalhes.
Assim como durante o período da comuna, na sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na perspectiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20.000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80.000 mortos. 40.000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de facto membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.
A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores (anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna de um governo popular. Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e da espontaneidade política das massas, no meio de circunstâncias dramáticas, de uma guerra perdida (Guerra franco-prussiana) e de uma guerra civil em curso.
  
Cadáveres de communards executados
  

 

terça-feira, março 09, 2021

O Kaiser Guilherme I morreu há 133 anos

   
Guilherme I
(Berlim, 22 de março de 1797 – Berlim, 9 de março de 1888) foi o Rei da Prússia de 1861 até à sua morte e também o primeiro Imperador do unificado Império Alemão, a partir de 1871. Sob a sua liderança como chefe de estado e do seu chefe de governo, Otto von Bismarck, a Prússia encabeçou a Unificação Alemã e por consequência o estabelecimento do Império Alemão (a Alemanha moderna como conhecemos hoje, porém com território maior). Apesar do apoio que dava ao chanceler do império, o soberano tinha muitas reservas sobre algumas das políticas mais reacionárias do político, incluindo o seu anti-catolicismo e a severidade com os subordinados. Ao contrário de Bismarck, o imperador foi descrito como cavalheiresco, educado e refinado, e apesar de manter um firme conservadorismo, tinha uma mentalidade mais aberta a certas ideias clássicas liberais que o seu neto Guilherme II, porém muito menos que o seu filho e breve sucessor, Frederico III.
  
  

quarta-feira, janeiro 27, 2021

O último Kaiser da Alemanha nasceu há 162 anos

  
Guilherme II, de nome completo Frederico Guilherme Vítor Alberto, (Berlim, 27 de janeiro de 1859 - Doorn, Países Baixos, 4 de junho de 1941) foi o último imperador da Alemanha (Kaiser) e rei da Prússia, tendo governado o Império da Alemanha e o Reino da Prússia entre 15 de junho de 1888 e 9 de novembro de 1918. Era neto da rainha Vitória do Reino Unido e parente de muitos monarcas e príncipes de toda a Europa, sendo os mais importantes o seu primo, o rei Jorge V do Reino Unido, fundador da Casa de Windsor, e o czar Nicolau II, da Casa Romanov, o último monarca do Império Russo antes da Revolução Russa de 1917. Coroado em 1888, dispensou o chanceler Otto von Bismarck em 1890 e liderou a Alemanha para uma política bélica chamada "novo rumo" nos círculos de política internacional que culminou no seu apoio ao Império Austro-Húngaro durante a crise política de julho de 1914, que levou à Primeira Guerra Mundial. Bombástico e impetuoso, por vezes Guilherme pronunciava-se de forma pouco cuidadosa sobre assuntos de grande sensibilidade, sem consultar os seus ministros, uma atitude que acabaria por culminar numa entrevista desastrosa ao Daily Telegraph que lhe custou grande parte do seu poder em 1908. Os seus militares de topo, Paul von Hindenburg e Erich Ludendorff, foram os responsáveis políticos do país durante a Primeira Guerra Mundial e deram muito pouca importância ao governo civil. Guilherme era um líder muito pouco eficiente, algo que lhe custou o apoio do exército e levou à sua abdicação em novembro de 1918. Passou os seus restantes anos de vida no exílio nos Países Baixos.