sexta-feira, junho 05, 2020

O ditador Teodoro Obiang faz hoje 78 anos

   
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo (Wele Nzas, 5 de junho de 1942) é actual presidente da Guiné Equatorial. Obiang foi considerado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo, apesar do seu país ser considerado um dos mais pobres do planeta.
Nascido no seio do clã Esangui em Acoacán, Obiang juntou-se aos militares durante o período colonial, tendo frequentado a Academia Militar de Saragoça, em Espanha. Alcançou o posto de tenente após a eleição de Francisco Macías Nguema. Sob a liderança de Macías, Obiang ocupou vários cargos, incluindo os de governador de Bioko, chefe da prisão da Praia Negra e líder da Guarda Nacional.
Depôs Francisco Macías, de quem era sobrinho, a 3 de agosto de 1979, num golpe de estado sangrento. Macías foi levado a julgamento pelas suas atividades ao longo da década anterior e condenado à morte. As suas atividades incluíram o genocídio dos bubis. Foi executado a 29 de setembro de 1979 por fuzilamento. Obiang declarou que o novo governo iria trazer um novo começo em contraste com as medidas repressivas tomadas pela administração de Macías. Obiang herdou um país com um tesouro vazio e uma população que tinha decaído para um terço do seu valor em 1968, tendo 50% dos seus anteriores 1,2 milhões de habitantes emigrado para Espanha, para os seus vizinhos africanos ou mortos durante a ditadura do predecessor de Obiang. A presidência foi assumida oficialmente em outubro de 1979. Uma nova constituição foi adotada em 1982. Ao mesmo tempo, Obiang era eleito para um mandato de 7 anos como presidente. Foi reeleito em 1989, sendo candidato único. Após a legalização de outros partidos, foi eleito em 1996 e 2002 em eleições consideradas fraudulentas pelos observadores internacionais.
O regime de Obiang reteve características claramente autoritárias, mesmo após a legalização dos outros partidos em 1991. Muitos observadores nacionais e internacionais consideram o seu regime um dos mais corruptos, etnocêntricos, opressivos e não democráticos do mundo. A Guiné Equatorial é hoje essencialmente um estado de partido único, dominado pelo Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) de Obiang. Em 2008, o jornalista americano Peter Maas chamou a Obiang "o pior ditator de África", pior mesmo que Robert Mugabe do Zimbabué. A constituição garante a Obiang o poder de governar por decreto. Contudo, Obiang tem muito menos poder que Macías, e grande parte da sua governação tem sido mais suave que a do seu antecessor. Notavelmente, não têm existido as atrocidades que caracterizaram o período de Macías.
Todos os membros, com exceção de um dos 100 assentos parlamentares, pertencem ao PDGE ou estão alinhados com o partido. A oposição está severamente desamparada pela falta de imprensa livre como veículo para a propagação das suas ideias. Cerca de 90% de todos os políticos da oposição vivem no exílio, 550 ativistas anti-Obiang estão presos injustamente e vários foram mortos desde 1979. Em julho de 2003, a estação de rádio estatal declarou que Obiang era um deus "em permanente contacto com o Todo Poderoso" e que "pode decidir matar sem ninguém o chamar a prestar contas e sem ir para o inferno". Ele próprio fez comentários semelhantes em 1993. Apesar desses comentários, continua a alegar ser um devoto católico, tendo sido convidado para ir ao Vaticano pelos papas João Paulo II e Bento XVI. Macías proclamava igualmente ser um deus.
Obiang tem encorajado o culto da sua personalidade assegurando-se que os discursos públicos terminam em votos de prosperidade para si e não para a república. Vários edifícios importantes têm um pavilhão presidencial, várias vilas e cidades têm ruas comemorando o golpe de estado de Obiang contra Macías, tal como é comum entre a população utilizar roupas com a sua cara estampada. Tal como o seu predecessor e outros ditadores africanos, tais como Idi Amin ou Mobutu Sese Seko, Obiang atribuiu a si mesmo vários títulos criativos. Entre eles estão "cavalheiro da grande ilha de Bioko, Annobón e Río Muni". Também se refere a si próprio como El Jefe (O Chefe).
De forma semelhante a Idi Amin, Obiang permitiu propositadamente que se espalhassem rumores sobre se seria ou não canibal. Rumores fictícios sobre o canibalismo têm sido utilizados durante séculos entre o povo fang do centro e oeste africano de forma a criar medo entre os oponentes, dos quais Obiang descende. Vários testemunhos de antigos residentes no país, antes e durante as perseguições, indicam que o canibalismo tem sido utilizado como arma psicológica de guerra. A revista Forbes considera Obiang um dos chefes de estado mais ricos do mundo, com uma riqueza avaliada em cerca de 600 milhões de dólares. Fontes oficiais têm-se queixado de que a Forbes está a contar erradamente propriedades estaduais como pessoais do presidente.
Em 2003, Obiang informou o país de que se sentia obrigado a tomar controlo total sobre o tesouro nacional de forma a prevenir que funcionários públicos fossem tentados a participar em práticas corruptas. Para evitar esta forma de corrupção, Obiang depositou mais de metade de mil milhões de dólares, em contas controladas por si mesmo e pela sua família, no Banco Riggs, em Washington, D.C., levando um tribunal federal americano a multar o banco em 16 milhões de dólares.

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