(imagens daqui)
Filho de professores primários, cresceu no Porto e iniciou o curso de História, na Universidade de Coimbra, não o terminando. Expoente da música de intervenção portuguesa, iniciou a sua carreira durante o Estado Novo, tendo sido perseguido pela PIDE até se exilar em França, em 1963. Com ele trabalharam José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto e Camané, entre outros, com os quais participou em concertos ou em álbuns editados como cantautor e/ou como responsável pelos arranjos musicais. Igualmente compôs e cantou para o teatro, o cinema e a televisão. Em 1974 regressou a Portugal e fundou o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta!, com o qual gravou dois álbuns.
Entre música de intervenção, fado e outras, são obras suas famosas os discos Ser Solidário, Margem de Certa Maneira, A noite e o emblemático FMI, obra síntese do movimento revolucionário português com seus sonhos e desencantos. Esta última foi pelo próprio proibida de passar em qualquer rádio, TV ou outro tipo de exibição pública. Não obstante este facto, FMI será, provavelmente, a sua obra mais conhecida. O seu álbum mais recente, lançado em 2004, intitula-se Resistir é Vencer em homenagem ao povo timorense que resistiu durante décadas à ocupação pelas forças da Indonésia logo após o 25 de Abril. O ideário socialista está expresso em muitas das suas letras.
Em 2006, com 64 anos, José Mário Branco iniciou uma licenciatura em Linguística, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Terminou o 1º ano com média de 19,1 valores, sendo considerado o melhor aluno do seu curso. Desvalorizou a Bolsa de Estudo por Mérito que lhe foi atribuída, dizendo que é «algo normal numa carreira académica».
Em 2009 voltou às actuações públicas com dois concertos intitulados Três Cantos, juntando «referências não só musicais mas também poéticas do que é cantar em português»: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto.
Discografia
Discografia
- Seis cantigas de Amigo (EP, Arquivos Sonoros Portugueses, 1967) EP
- Ronda do Soldadinho (Single, Ed. Autor, 1969) Single
- Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (LP, Guilda da Música, 1971) LP/CD
- Margem de certa maneira (LP, Guilda da Música, 1973) LP/CD
- A Mãe (LP, 1978) LP
- Marchas Populares (EP, Diapasão, 1978)
- Gente do Norte - Moncorvo Torre e Gente/Cantar de Viúva de Imigrante (Single, Diapasão, 1978)
- O Ladrão do Pão (EP, Diapasão, 1978)
- Ser solidário (2LP, Edisom, 1982)
- FMI (Maxi, Edisom, 1982)
- Qual é a tua ó meu / S. João do Porto (Single, Edisom, 1982)
- A Noite (LP, UPAV, 1985)
- Correspondências (LP, UPAV, 1990) LP/CD
- José Mário Branco ao vivo em 1997 (CD, 1997) CD
- Canções escolhidas 71/97 (CD, 1999) CD (Colectânea)
- Resistir é vencer (CD, 2004) CD
- Coletivos
- A Confederação (LP, Diapasão, 1978) LP banda Sonora - com Sérgio Godinho e Fausto
- Maio Maduro Maio (2CD, Sony, 1995) - com Amélia Muge e João Afonso
- Três Cantos Ao Vivo (CD, EMI, 2009) - com Sérgio Godinho e Fausto
- Com o GAC
- A cantiga é uma arma (1976) LP/CD (G.A.C.)
- Pois canté! (1977) LP/CD (G.A.C.)
in Wikipédia
Perfilados de Medo - José Mário Branco
Poema de Alexandre O'Neil e música de José Mário Branco
Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.
Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.
Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.
Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido...
in Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades - LP de 1971
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