D. Afonso II de Portugal (cognominado O Gordo, O Crasso ou O Gafo, em virtude da doença que o teria afectado; Coimbra, 23 de Abril de 1185 - Santarém, 25 de Março de 1223), terceiro rei de Portugal, era filho do rei Sancho I de Portugal e da sua mulher, Dulce de Berenguer, mais conhecida como Dulce de Barcelona, infanta de Aragão. Afonso sucedeu ao seu pai em 1211.
Os primeiros anos do seu reinado foram marcados por violentos conflitos internos entre Afonso II e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Sancha (a quem seu pai legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos), numa tentativa de centralizar o poder régio, o que foi resolvido apenas com o confisco dos bens e exílio para Castela ou recolhimento a mosteiros das infantas.
O reinado de Afonso II caracterizou um novo estilo de governação,
contrário à tendência belicista dos seus antecessores. Afonso II não
contestou as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado ter sido tomada aos Mouros a cidade de Alcácer do Sal, em 1217,
mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de
Lisboa), preferindo sim consolidar a estrutura económica e social do
país. O primeiro conjunto de leis portuguesas é de sua autoria e visam
principalmente temas como a propriedade privada, direito civil e
cunhagem de moeda. Foram ainda enviadas embaixadas a diversos países
europeus, com o objectivo de estabelecer tratados comerciais. Apesar de,
como já dissemos, não ter tido preocupações militares, enviou tropas
portuguesas que, ao lado de castelhanas, aragonesas e francesas,
combateram bravamente na célebre batalha de Navas de Tolosa na defesa da Península Ibérica contra os muçulmanos.
Outras reformas de Afonso II tocaram na relação da coroa Portuguesa
com o Papa. Com vista à obtenção do reconhecimento da independência de
Portugal, Afonso Henriques,
seu avô, foi obrigado a legislar vários privilégios para a Igreja. Anos
depois, estas medidas começaram a ser um peso para Portugal, que via a
Igreja desenvolver-se como um estado dentro do estado. Com a existência
de Portugal firmemente estabelecida, Afonso II procurou minar o poder
clerical dentro do país e aplicar parte das receitas das igrejas em
propósitos de utilidade nacional. Esta atitude deu origem a um conflito
diplomático entre o Papado e Portugal. Depois de ter sido excomungado pelo Papa Honório III,
Afonso II prometeu rectificar os seus erros contra a Igreja, mas morreu
em 1223 excomungado, sem fazer nenhum esforço sério para mudar a sua
política.
Só após a resolução do conflito com a Igreja, logo nos primeiros meses de reinado do seu sucessor Sancho II, pôde finalmente Afonso II descansar em paz no Mosteiro de Alcobaça (foi o primeiro monarca a fazer da abadia cisterciense o panteão real).
Foram por sua ordem feitas as primeiras Inquirições em Portugal, com inicio em 1220.
in Wikipédia
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