segunda-feira, outubro 18, 2010

Poesia telúrica muito actual


(Imagem daqui)



Mineração


Tenho o oiro e não posso
Arrancá-lo do cerne da montanha!
O filão de lirismo é um verso esquivo
Que atravessa a dureza do granito.
Rompo, perfuro dia e noite, e apenas
Cavo mais funda a minha sepultura...
Toupeira cega, mas obstinada,
Vou morrendo na lura
Que desejava ver iluminada.

in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

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