quarta-feira, outubro 27, 2010

Notícia sobre a mina de Aljustrel

Mineiros pedem mais trabalho

Cobre valorizou quase 300% desde o ano passado mas Portugal não lucra com este 'boom' do mercado.


Os mineiros de Aljustrel dizem-se "enganados" e "traídos" pelo Governo. Isto porque em Dezembro de 2008 o primeiro-ministro, José Sócrates, e o então ministro da Economia, Manuel Pinho, anunciaram a retoma da laboração e, passados quase dois anos, a quantidade de minério extraída é "insignificante", não tendo a empresa gerado mais do que 400 postos de trabalho, "um terço dos necessários para uma actividade de acordo com os valores normais".

Segundo o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, Jacinto Anacleto, "numa altura em que o país precisa de criar riqueza e emprego, não se percebe porque é que as minas de Aljustrel não se encontram a funcionar como foi anunciado pelo Governo".

Uma delegação dos trabalhadores mineiros foi ontem recebida em Lisboa por assessores do ministro da Economia, Vieira da Silva, não tendo avançado pormenores sobre a retoma da laboração.

"Foi uma reunião para empalhar. O Estado português já financiou a empresa em muitos milhões de euros para a criação de emprego e formação profissional e não percebemos a razão deste impasse", diz Jacinto Anacleto, referindo que a quantidade de minério actualmente extraída em Aljustrel é "muito pouca face às reservas existentes".

Por outro lado, apesar de os níveis de cobre na mina do Gavião, próximo de Aljustrel, serem "bastante aceitáveis", o sindicato diz que "nem um trabalho de desenvolvimento mineiro" foi feito naquele espaço nos últimos dois anos.

"Não percebemos as razões de tudo isto, o Governo nada nos diz, não foram criados novos postos de trabalho e tememos que venha a acontecer o que sucedeu no passado, ou seja, a suspensão da laboração."

Apontada inicialmente para meados de 2009, a retoma da extracção de minério em Aljustrel foi adiada para Julho deste ano.

"Recomeçaram a actividade extractiva mas em quantidades muito reduzidas", refere Jacinto Anacleto.

Ao DN, o presidente da Câmara Municipal de Aljustrel, Nelson Brito, diz ter garantias de uma retoma "em pleno" até final do ano. "A empresa tem referido a existência de problemas técnicos [para o não cumprimento dos prazos]. O minério que tem estado a ser extraído fica armazenado no interior da mina, algumas quantidades já terão sido comercializadas e a minha expectativa é que a actividade da empresa venha a corresponder às expectativas criadas", adianta o autarca.

Detida pela I'M Mining, controlada pelos irmãos Martins (grupo Martifer), a Almina - Minas do Alentejo é a sociedade que detém o complexo mineiro de Aljustrel, no Alentejo,tendo assinado um contrato de 103,8 milhões de euros com o Estado português para o relançamento das actividades de extracção de cobre, cujo preço no mercado internacional "face à quebra do preço do zinco, assegurará a viabilidade da exploração".

Na London Metal Exange (LEM), bolsa de referência para o preço dos metais a nível mundial, o cobre valorizou-se em quase 300 por cento desde Fevereiro de 2009, estando a ser transaccionado a cerca de 8,3 mil dólares por tonelada.

"É uma cotação que torna este projecto viável gerando a expectativa da criação de novos postos de trabalho", sublinha Nelson Brito, recordando que a mina tem uma "repercussão enorme" na actividade económica do concelho e da região.

in DN - ler notícia

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