Mostrar mensagens com a etiqueta subdução. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta subdução. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, agosto 27, 2024

Vivemos num planeta inquieto...

Estranhas ondas que intrigam os cientistas podem estar “por todo o lado” no manto da Terra

 

 

As zonas de velocidade ultra baixa, que abrandam abruptamente as ondas sísmicas, podem ser bastante mais comuns no manto da Terra do que pensava.

Investigações recentes revelaram que zonas misteriosas no manto profundo da Terra, conhecidas como zonas de velocidade ultra baixa (ULVZs), podem estar muito mais espalhadas do que se pensava.

Estas zonas, onde as ondas sísmicas abrandam drasticamente, têm intrigado os cientistas durante anos.

As ULVZs estão localizadas perto da fronteira entre o manto e o núcleo da Terra e podem reduzir a velocidade das ondas sísmicas até 50%.

Michael Thorne, geólogo e geofísico da Universidade de Utah, descreve estas zonas como uma das caraterísticas mais extremas do planeta, mas a sua origem, composição e papel permanecem em grande parte desconhecidos.

O estudo, publicado na revista AGU Advances, começou não com um enfoque nas ULVZs, mas antes na compreensão de ondas sísmicas invulgares conhecidas como ondas PKP precursoras.

Estas ondas, geradas por grandes terramotos em zonas de subducção, viajam através do manto terrestre, do núcleo externo líquido e do manto novamente, muitas vezes dispersando caraterísticas misteriosas no manto inferior antes de atingir o lado oposto do planeta.

Para investigar estas caraterísticas, os cientistas utilizaram um modelo informático para simular a forma como as ondas PKP viajariam através de diferentes áreas do manto.

Em seguida, compararam estas simulações com dados reais de 58 sismos profundos perto da Nova Guiné, que foram detetados por monitores sísmicos em toda a América do Norte entre 2008 e 2022, relata o Live Science.

Os investigadores descobriram que algo no manto estava a fazer com que as ondas sísmicas se dispersassem e abrandassem. Os prováveis culpados eram os vales e as cristas ao longo da fronteira entre o núcleo e o manto ou as ULVZ.

Em particular, pensa-se que a fronteira entre o núcleo e o manto sob o Pacífico ocidental, onde as ondas foram detetadas, é relativamente suave, mas uma grande ULVZ foi previamente identificada nesta região.

Análises posteriores revelaram que existem pequenas manchas de potenciais ULVZs sob a América do Norte, e outros estudos identificaram sinais destas zonas sob o norte de África, Ásia Oriental, Papua-Nova Guiné e noroeste do Pacífico.

A presença generalizada de ULVZs desafia a teoria de que são remanescentes de antigos impactos de meteoros. Em vez disso, estas zonas podem estar a formar-se ativamente hoje em dia. A pesquisa teoriza que as ULVZs podem ser áreas de basalto vulcânico formadas nas cristas médio-oceânicas.

À medida que este basalto é subduzido no manto, pode derreter e criar bolsas onde as ondas sísmicas abrandam, podendo depois ser deslocadas por outras crostas subdutoras.

 

in ZAP

quinta-feira, abril 11, 2024

Mais uma notícia triste para os malucos da "terra jovem"...

Há fósseis marinhos no topo do Evereste (e não, não é culpa de uma grande inundação)

 

O monte Evereste, a montanha mais alta do Mundo

 

No topo do Monte Evereste, na cordilheira dos Himalaias, há fósseis de animais marinhos no calcário sedimentar. Mas como?

No cume da montanha mais alta do mundo existem fósseis de animais marinhos, mais concretamente no calcário sedimentar, conhecido como o Calcário de Qomolangma.

Segundo o IFL Science, depois de esta informação ter sido disseminada pela Internet, vários internautas ficaram intrigados com a questão: como teriam estes restos de criaturas do mar chegado ao topo da montanha?

Os fósseis são de criaturas do período Ordovícico, entre 488 milhões e 443 milhões de anos atrás, e incluem trilobites, braquiópodes, ostracodes e crinóides, todos organismos já extintos.

Vários utilizadores apontaram, no Facebook, que o mistério é explicado por uma grande inundação, mas não. A presença dos fósseis é resultado da dinâmica das placas tectónicas, na altura em que os Himalaias ainda não eram uma cordilheira.

Quase todas as rochas sedimentares são formadas pela erosão hídrica, que tritura os minerais ao longo de milhares ou milhões de anos, antes de serem compactados e transformados sob pressão em rochas sedimentares.

A rocha e a presença de antigas criaturas marinhas são um sinal de que o cume do Monte Evereste já esteve submerso e que algo aconteceu para que aquela rocha alcançasse os mais de oito mil metros de altura.

O Evereste e os Himalaias foram formados após uma colisão entre as placas continentais da Eurásia e da Índia, que chocaram há cerca de 40-50 milhões de anos.

A placa da Eurásia foi parcialmente amassada e curvada acima da placa indiana, mas, como ambas têm uma baixa densidade e alta flutuabilidade, nenhuma pôde entrar em subducção, isto é, nenhuma delas mergulhou sob o manto.

Isso fez com que a crosta continental engrossasse e criasse falhas devido às forças de compressão, elevando os Himalaias e o planalto tibetano.

Esta é a razão que explica a presença de fósseis marinhos na montanha.

O Monte Evereste é a montanha de maior altitude do nosso planeta, com o seu pico a posicionar-se a 8849 metros acima do nível do mar. Contudo, há outras montanhas a crescer a um ritmo mais elevado, o que significa que vão ultrapassar o Evereste mais tarde ou mais cedo.

Nanga Parbat, uma montanha localizada na parte paquistanesa da cordilheira dos Himalaias, é a que se encontra mais perto de o ultrapassar. Atualmente, tem 8126 metros de altitude e cresce a um ritmo de sete milímetros por ano.

As previsões indicam que se torne a montanha mais alta do mundo numa questão de um quarto de milhão de anos.

 

in ZAP

terça-feira, fevereiro 20, 2024

Notícia sobre a morte do Oceano Atlântico, o sismo de Lisboa de 1755 e uma nova zona de subdução...

O Atlântico pode estar a fechar-se a partir de Gibraltar (e a criar um novo Anel de Fogo)

  

 

Relevo do Oceano Atlântico com a Cordilheira Mesoatlântica em destaque

   

Segundo um estudo do investigador português João Duarte, o Oceano Atlântico poderá brevemente começar a fechar-se a partir da área próxima do estreito de Gibraltar. Em termos geológicos, este “brevemente” significa daqui a uns 20 milhões de anos.

Na nossa escala de tempo, os oceanos parecem eternos. Mas na realidade não estão por aqui durante muito tempo: nascem, crescem e um dia fecham-se.

Este processo, que ocorre ao longo de algumas centenas de milhões de anos, chama-se ciclo de Wilson, recorda o Europa Press.

O Atlântico, por exemplo, nasceu quando o supercontinente Pangeia se fraturou e dividiu, há cerca de 180 milhões de anos. E um dia irá fechar-se.

Também o Mediterrâneo é o que resta de um grande oceano, o Mar de Tétis, que uma vez existiu entre África e Eurásia.

Para que um oceano como o Atlântico pare de crescer e comece a fechar-se, devem formar-se novas zonas de subducção - locais onde uma placa tectónica afunda por baixo de outra). Mas estas zonas de subducção são difíceis de formar, já que requerem que estas titânicas placas se partam e dobrem.

No entanto, sugerem alguns cientistas, estas zonas de subducção podem migrar de um oceano moribundo onde já existem, como o Mediterrâneo, para oceanos prístinos como o Atlântico - um processo denominado “invasão por subducção”.

Ora este processo poderá estar para acontecer brevemente - à escala geológica, claro:  um estudo realizado através de modelos computacionais por cientistas da Universidade de Lisboa prevê a propagação para o interior do Atlântico de uma zona de subdução atualmente sob o Estreito de Gibraltar.

Este processo, dizem os autores do estudo, irá contribuir para a formação de um “anel de fogo” do Atlântico, análogo ao famoso Anel de Fogo do Pacífico, onde ocorrem nove em cada dez terramotos.

O estudo, publicado esta semana na revista Geology, é o primeiro a mostrar como este processo, utilizando um modelo computacional 3D impulsionado pela gravidade.

 

 

“A invasão por subducção é por inerência um processo tridimensional que requer ferramentas de modelação avançadas e supercomputadores que não estavam disponíveis há alguns anos”, explica João Duarte, investigador do Instituto Dom Luiz, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e primeiro autor do estudo.

“Agora podemos simular a formação do Arco de Gibraltar com grande detalhe, e perceber também como pode evoluir no futuro profundo”, acrescenta o investigador.

Os resultados do estudo sugerem que esta fase lenta continuará a decorrer durante mais 20 milhões de anos, até que a zona de subducção finalmente invada o lado ocidental do Atlântico - e por fim o feche.

“Este estudo ajuda-nos a entender os processos de subdução em estágios iniciais e as suas implicações para a atividade sísmica na região, dado que as zonas de subdução são conhecidas por produzir os terramotos mais fortes da Terra“, realça o investigador.

Estudar Gibraltar, diz João Duarte, é uma oportunidade valiosa que nos permite olhar para o processo nas suas primeiras etapas, quanto está a começar, e preparar com antecedência eventos sísmicos significativos como o grande Terramoto de Lisboa, de 1755 - que irá acontecer de novo, apenas não se sabe quando.

 

in ZAP

sexta-feira, julho 28, 2023

Notícia interessante sobre tectónica e sismologia portuguesas...

Placas tectónicas a “escamar” podem explicar mistério de terramotos em Portugal

 

Epicentro do terramoto de 1969

 

Investigadores suspeitam que o “descasque” de uma placa tectónica possa ter estado na origem dos terramotos de 1755 e 1969 que fustigaram Lisboa.

Sempre que um terramoto de magnitudes mais significativas acontece (como o que fustigou a Turquia e a Síria, no início de fevereiro), a possibilidade de um evento semelhante acontecer em Portugal é abordada pelos meios de comunicação.

Os especialistas são unânimes nos contributos, devido à sua localização, o país (sobretudo a zona sul) está particularmente exposto a um sismo de grandes dimensões. Já aconteceu no passado, não há motivo para acreditar que não se vai repetir.

Os especialistas têm estado atentos, pelo que já notaram um fenómeno estranho que está a acontecer ao largo da costa portuguesa, mas nas profundezas do oceano Atlântico. Uma placa tectónica está a descascar, criando uma nova “zona de subducção” que um dia pode vir a tornar-se um foco de atividade sísmica e vulcânica.

A descoberta representa a primeira do seu tipo, pelo menos nesta fase de “descasque”, e está a ser apontada como causa provável para o terramoto de 1755 e para outro de dimensões mais pequenas que se registou em 1969.

Apesar das condições favoráveis, os cientistas nunca conseguiram designar uma causa clara para os dois eventos, lembra João Duarte, geólogo da Universidade de Lisboa, citado pela NBC News.

A crosta terrestre é constituída por várias placas tectónicas, ou seja, placas rochosas de forma irregular que chocam, sobem ou deslizam umas por baixo das outras à medida que se movimentam lenta mas continuamente.

Os sismos, assim como as erupções vulcânicas, tendem a agrupar-se nas zonas de subducção, as quais ocorrem ao longo dos limites entre as placas quando uma é empurrada para baixo de outra.

O terramoto de Lisboa, sentido a 1 de novembro de 1755, atingiu grande parte da cidade, provocou um tsunami e causou até 100.000 mortes.

Na altura, os sismógrafos não existiam, mas os cientistas estimam que foi um sismo de magnitude 8,5 a 8,7. Mais de dois séculos depois, a 28 de fevereiro de 1969, um terramoto de magnitude 7,8 atingiu a mesma área.

Para compreender o que poderia ter estado na origem dos sismos, João Duarte e os seus colegas analisaram dados sísmicos recolhidos em 2007 e 2008 a partir de ferramentas colocados no fundo do mar, os quais foram cruzados com dados de outros dois estudos.

Essas pesquisas detetaram uma estranha região densa a 240 quilómetros abaixo do epicentro do sismo de 1969.

O investigador vê nos dados a prova de que é a prova de que a água do mar está lentamente a infiltrar-se na placa tectónica através de uma série de fissuras, enfraquecendo a sua estrutura geral e fazendo com que a parte inferior da placa se afaste do topo.

O processo pode ter começado há cerca de 10 milhões de anos, apontou, acrescentando que a modelagem por computador confirmou o processo como uma possibilidade provável.

“Por vezes, penso no fenómeno como uma zona de subducção embrionária“, disse Duarte. “Ainda não está totalmente madura, mas as condições estão todas lá”.

 

in ZAP