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quarta-feira, junho 01, 2011

Mentiroso incorrigível...

Memorando com o FMI
Governo acordou redução "significativa" da taxa social única com a troika

Sócrates tem falado apenas de descida "pequena" e "gradual" da TSU

No memorando assinado com o FMI, hoje divulgado, o Executivo de José Sócrates compromete-se com uma redução substancial da taxa social única (TSU), no âmbito do plano para reforçar a competitividade as empresas.

 Essa medida constava já da versão preliminar do acordo com o FMI mas, durante a campanha eleitoral, o primeiro-ministro disse que apenas irá aceitar uma descida “pequena” e “gradual” da TSU, salientando que essa medida está ainda “em estudo”.

Contudo, no memorando assinado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) – o chamado Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, que só hoje foi divulgado – o Executivo comprometeu-se com uma “redução significativa da contribuição das empresas para a Segurança Social” ("major reduction", no original).

De acordo com o programa, esta medida terá de estar definida até final de Julho, data em que a missão da troika virá a Portugal fazer a primeira avaliação da prossecução do programa, e deverá ser implementada no contexto do Orçamento do Estado de 2012.

No documento assinado pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a descida da taxa social única inscreve-se no restrito grupo de medidas (cerca de 20) que recebem o carimbo de structural benchmark, o que significa que é uma proposta que tem mesmo de ser cumprida.

Contudo, no debate com o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, José Sócrates recusou uma descida significativa da TSU, dizendo que isso seria transferir a diminuição dos impostos das entidades patronais para um aumento dos impostos da generalidade dos portugueses, através de uma subida do IVA.

Os dois memorandos

Tal como já acontecia na versão preliminar do memorando assinado com o FMI, escreve-se que a redução da TSU poderá ser compensada através de uma mudança na estrutura ou nas taxas do IVA, cortes adicionais de despesa ou aumento de outros impostos que não tenham um efeito adverso sobre a competitividade.

Até agora, apenas era conhecido o memorando de entendimento assinado entre o Governo português e a Comissão Europeia, que foi o documento final que saiu da reunião do Ecofin, a 17 de Maio, onde foi aprovado o pacote de ajuda a Portugal.

Neste documento, apenas se refere que o Orçamento de Estado do próximo ano terá de incluir “uma recalibragem do sistema fiscal que seja neutral do ponto de vista orçamental, com vista a reduzir os custos laborais e a promover a competitividade”.

Contudo, na versão preliminar do memorando de políticas económicas e financeiras, que o Governo enviou aos grupos parlamentares, constava já a tal redução significativa da taxa social única. Agora, na versão final do documento, a única diferença é a assinatura do Governo.



NOTA: sugere a leitura da notícia, que comprova as sucessivas mentiras de José Sócrates, com a audição da seguinte música:

segunda-feira, maio 30, 2011

Sócrates a brincar aos pavilhões cheios - o post original

“Querida, encolhi o pavilhão”

Depois de usar indianos, paquistaneses, moçambicanos e chineses “pagos” para encher comícios (ver o vídeo), o PS passou a usar… lisboetas. Passei há pouco no pavilhão do OAF (Académica) na Solum em Coimbra, onde foi esta noite o comício do PS, e vi um rodopio de autocarros (vídeo1, vídeo2) a encherem-se de pessoas com bandeiras do PS. Perguntei para onde iam e responderam-me: para Lisboa. Vi 6 a 8 autocarros naquele momento (não tenho a certeza do número porque alguns estavam em movimento em torno do pavilhão).

Pouco antes tinha entrado no pavilhão. Na televisão, onde se falava de um “mar de gente”, o fundo negro por trás das bancadas deixou-me curioso: o que se esconde por detrás daquelas cortinas? A resposta correspondeu ao que eu esperava: mais bancadas, como se pode ver no vídeo abaixo. 


Se se marca um comício para um pavilhão que dispõe de bancadas, para quê ter o trabalho de montar e depois desmontar outras bancadas (e cortinas, etc) transportadas em grandes camiões? O contribuinte português tem mesmo de andar a pagar subsídios aos partidos para montarem estas campanhas megalómanas que desperdiçam carradas de dinheiro, só para não parecer demasiado mal na TV a incapacidade de um grande partido encher um pavilhão desportivo de média dimensão?

Não seria mais honesto (e barato!) deixar este aparato artificial e reservar o comício para uma sala de reuniões que se pudesse realmente encher, com gente realmente de Coimbra?

E os socialistas revêem-se nesta palhaçada de aparências?


Adenda, 28/5/2011:
- Jornal de Notícias: "No dia em que teve mais ouvidos para o escutar - a "arruada" em Barcelos, a meio da tarde, foi a mais longa e concorrida até agora, e o comício da noite, em Coimbra, também teve uma enchente"
- Jornal i: "A aparição de Alegre em Coimbra foi bastante aplaudida por um pavilhão cheio de apoiantes."
- Expresso: "Num comício, ontem à noite, em Coimbra, o ex-candidato presidencial fez levantar o pavilhão da Académica por várias vezes."
- Sol: "no 'mini-estádio' montado dentro do Pavilhão da Académica, falando perante mais de mil pessoas." (noutro local lê-se que o "estádio-portátil" tem 700 lugares sentados; 8 autocarros cheios são cerca de 500 pessoas)
- Público: "Dentro do pavilhão, que estava lotado de apoiantes"
- Diário de Notícias: "Num pavilhão cheio (embora diminuído pelo cenário montado pela máquina de campanha)"
Adenda, 29/5/2011:
- SIC: "Foi até ao momento o maior comício dos socialistas nesta campanha; Coimbra dá ao PS o maior comício dos últimos dias"
- TVI24: "o histórico socialista insuflou de energia o Pavilhão da Académica, que esteve lotado"
- As Beiras: "Num pavilhão da Académica/OAF muito bem composto de público – nas hostes socialistas dizia-se mesmo que o comício conimbricense foi, até ao dia de sexta-feira, o melhor da campanha eleitoral"
- Diário de Coimbra: "José Sócrates falava no final do comício socialista que encheu o Pavilhão da Académica"
- como se vê neste vídeo e nestas fotos (agradecimentos aos Blogs "Mocho-III" e "O Rouxinol de Pomares"), há uma zona reservada aos jornalistas, que vêem o comício do lado de dentro. O número de lugares sentados dificilmente chega aos 700 e deixa pouco espaço para lugares em pé. O mesmo esquema foi usado pelo PS no mesmo pavilhão nas legislativas de 2009.
- O pavilhão dispõe de mais de 1500 lugares sentados, que davam e sobravam para sentar confortavelmente todos os presentes, sem gastar um tostão.

sábado, maio 28, 2011

Sócrates e os habituais ajustamentos pontuais

(imagem daqui)

Empréstimo UE/FMI
Finanças confirmam “ajustamentos pontuais” entre as duas versões do acordo com a troika










NOTA: o mentiroso do costume, com o paleio de sempre, a tentar enganar meio mundo - curiosamente a sua brilhante actuação faz-nos lembrar esta canção da Lena d'Água:

domingo, maio 22, 2011

As aldrabices do costume com o mentiroso de sempre

Comícios - Seguem Sócrates sem saberem português
PS paga apoio com refeições

As bancadas improvisadas na praça do Giraldo, em Évora, tiveram mais de 150 imigrantes

Seguem José Sócrates para todo o lado, de norte a sul do País, em autocarros pagos pelo PS. Depois são usados para compor os comícios, agitar bandeiras, e puxar pelo partido, apesar de muitos deles não perceberem uma palavra de português e não poderem votar. Em troca têm refeições grátis.

Trata-se de imigrantes provenientes da Índia e Paquistão, trabalhadores nas lojas do Martim Moniz, Lisboa, e na construção civil. Estiveram com José Sócrates em Beja, Coimbra e no comício de ontem em Évora, onde deram nas vistas ao exibir os seus turbantes. Até à porta da RTP, no dia do debate com Passos Coelho, realizado na sexta-feira, estiveram de bandeiras em punho.

Além do transporte, conforme o CM verificou, o PS disponibiliza refeições e lanches. Deixaram os seus trabalhos para apoiar Sócrates, mas disseram ao CM que não são pagos por isso. "Não são pagos" garantiu também ontem fonte do PS, justificando que a presença dos imigrantes está inserida "na estrutura voluntária da campanha".

Singh Gurmukh, indiano e trabalhador na construção civil, é acompanhado por quatro dezenas de imigrantes asiáticos em Évora. Diz que segue Sócrates de "graça" como reconhecimento pelo apoio à sua comunidade. "Só pagam o autocarro e a comida", disse num português pouco perceptível. A par desta comunidade, o comício contou ainda com mais de uma centena de africanos, que viajaram em dois autocarros da zona do Cacém, Sintra. "Chegámos esta tarde. Apoio Sócrates", disse Sandim Cassama, da Guiné-Bissau, e residente em Portugal há 20 anos.

in CM - ler notícia

NOTA: há quem fale em muitos mais autocarros, em telefonemas de embaixadas e de pagamentos em dinheiro aos figurantes, além da comida, bonés, transportes e de camisolas - mas deve ser tudo mentira, vindo de quem vem. Para falantes de inglês técnico, com aquilo que se vê na foto, só se pode dizer: Mr. Sócrates, you very sikh, pardon, you are very sick...

segunda-feira, abril 25, 2011

Mentir, aldrabrar, enganar, dissimular

(imagem daqui)

Impostos
Fisco aumenta IVA às escondidas

Os serviços de Finanças estão a reclassificar vários bens, mudando as taxas de IVA a aplicar

Primeiro foram os tapetes de relva, agora chegou a vez de a água oxigenada deixar a taxa reduzida para passar a pagar a taxa normal de 23%.

in CM - ler texto

sábado, abril 09, 2011

O Flautista

(imagem daqui)

Em exclusivo, imagem do congresso partidário deste fim-de-semana - o senhor que vai à frente tem nome de filósofo mas tem é uma licenciatura em engenharia da Universidade da Farinha Amparo, tirada por fax e a um domingo, e ainda uma pós-graduação em engenharia sanitária.

quarta-feira, abril 06, 2011

A propósito de mentiras e de um desesperado pedido de ajuda de Sócrates

(imagem daqui)



É assim que o gabinete do primeiro-ministro desmente, também em declarações ao DN, a informação avançada hoje pelo britânico Financial Times de que já há contactos com Bruxelas para desencadear um pedido de ajuda externa a Portugal.

À medida que o país se afunda as mentiras de Sócrates ficam com a perna cada vez mais curta.
Esta última não durou sequer 10 horas.

in 31 da Armada - post de Carlos Nunes Lopes

terça-feira, abril 05, 2011

PM = Primeiro Mentiroso



Empréstimos intercalares
Bagão Félix acusa Sócrates de mentir sobre Conselho de Estado

“Não vale tudo. Há limites de ética e de decência na política", disse Bagão Félix

O conselheiro de Estado Bagão Félix acusa o primeiro-ministro de mentir nas declarações que fez à RTP sobre a discussão no Conselho de Estado da passada semana.

Questionado pelo jornalistas da RTP sobre a possibilidade de Portugal pedir um empréstimo intercalar e de esse facto ter sido falado no Conselho de Estado, como noticiaram vários órgãos de comunicação social, José Sócrates disse que tal não tinha sido discutido.

“Não conheço isso. (…) Não foi [discutido no Conselho de Estado]”, afirmou José Sócrates à RTP

Bagão Félix, ex-ministro das Finanças, salientou ao PÚBLICO que não podia contar o que se passou no Conselho de Estado, mas podia “falar sobre o que não se passou”.

“Perante as declarações do senhor primeiro-ministro só posso dizer que tem um problema de natureza física, como surdez, o que não parece, ou é distraído, o que também não me parece, ou faltou à verdade. Mentiu”, acrescenta o economista próximo do CDS-PP.

Salientando várias vezes que não vai ser ele a revelar o que se passa no Conselho de Estado, Bagão Félix salienta que não podia ficar calado “face às declarações do primeiro-ministro”.

“Não vale tudo. Há limites de ética e de decência na política. Como cidadão fiquei boquiaberto. Perturbado”, acrescentou.

quarta-feira, março 23, 2011

Está um senhor na televisão a recordar-me o quanto gostava do Pinóquio e do Calimero no passado


NOTA: hoje as mentiras e desculpas de seis anos acabaram. Com tanta Escola e Universidade (ou lá o que eram...) que frequentou, o pseudo-engenheiro devia era saber um bocadinho mais.

Música dedicada ao senhor que não quis respeitar o Parlamento


NOTA: a dignidade de um governo que deixa o Parlamento, num debate tão importante, sem o Primeiro Ministro durante quase todo o debate e, em grande parte do mesmo, o ministro Teixeira dos Santos, é inqualificável.

Um poema para um melhor país - XI

(imagem daqui)

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as repreendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

in Mensagem - Fernando Pessoa

terça-feira, março 22, 2011

Um poema para um melhor país - X

(imagem daqui)

Acusam-me de Mágoa e Desalento

Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.

A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.

in Mãe Pobre - Carlos de Oliveira

segunda-feira, março 21, 2011

Um poema para um melhor país - IX

(imagem daqui)
fartos de esperar

era uma princesa com o coração feio.
sentava-se à janela do castelo à
espera do amor,
maldizendo, contudo, cada
manifestação de ternura. porque
para ela o amor vinha de coisas más e
era assim a verdade. todos os
príncipes que se ajoelhavam a seus
pés desistiam, forçados à solidão por
muito mais tempo, e lamentavam-se sem
vergonha a vida inteira. nós compreendemos
a princesa. pusemos ramos de flores à
janela onde morreu e lemos poemas
sarcásticos aos tristes que passam. maldizemos
também a ternura e sabemos que o amor vem
da morte, feito de açúcar para nos
enganar o sangue

somos como o diabo, queremos que as
raparigas nos amem e se calem e
mais nada, somos como o diabo, queremos
que os rapazes morram

in Contabilidade - valter hugo mãe

domingo, março 20, 2011

Um poema para um melhor país - VIII

(imagem daqui)

SONETO IMPERFEITO DA CAMINHADA PERFEITA

Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
- O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos...Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da Hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.


in Passagem de Nível - Sidónio Muralha

sábado, março 19, 2011

É preciso abrir as janelas para deixar sair o ar contaminado


Ao fim de seis anos o país não está só economicamente arruinado, começa também a estar moralmente corrompido

Primeiro que tudo é bom sabermos onde estamos. E onde estamos é simples de definir: não há memória de um governo ter conduzido o país a uma situação tão desesperada. Nunca, nos últimos 160 anos, a dívida pública, em percentagem do PIB, foi tão elevada. E a dívida externa é a maior dos últimos 120 anos, isto é, a maior desde que o país declarou bancarrota em 1892. Nunca, nos últimos 80 anos, o crescimento potencial da economia foi tão baixo (temos de regressar aos anos da I Guerra para vermos números tão maus). Nunca o desemprego foi tão elevado, nunca houve tantos desempregados de longa duração, nem tantos desempregados qualificados. E desde o início da década de 1970 que não se emigrava tanto, e só o rápido aumento do número dos que abandonam Portugal tem evitado uma taxa de desemprego ainda mais estrastrosférica. Tudo isto sucede depois de vários anos a divergir, de novo, da Europa e de, na “década perdida” de 2000-2010, Portugal ter sido o terceiro país do mundo crescer menos.

Convém ter estes dados bem presentes sempre que nos vêm com a ladainha da “crise internacional”: esta só agravou o que já estava muito mal, esta só permitiu a acumulação de novos erros (como os dos orçamentos eleitoralistas de 2008 e 2009). É por isso que, ao contrário do que sugere José Sócrates (repetiu-o na entrevista à SIC), não é verdade que “o que se passa no nosso país passa-se nos outros países europeus”, pois não há dificuldades semelhantes na Alemanha, na Holanda, na Áustria, na Dinamarca, na Suécia. A situação de Portugal só tem comparação com a da Grécia, em parte com a da Irlanda, e lá, como cá, tem a mesma justificação: governos irresponsáveis que fragilizaram os respectivos países ao ponto de estes ficarem à beira da bancarrota, quando estalou a crise internacional. Mas se esta não tivesse chegado, as crises grega, irlandesa e portuguesa não deixariam de ocorrer: estavam escritas nas estrelas da desgovernação.

O facto de existirem governos maus ou muito maus não é, em democracia, razão suficiente para se interromperem ciclos políticos. Mas já é se esses governos colocarem em causa aquilo que a nossa Constituição define como “regular funcionamento das instituições”. Ora Portugal foi conduzido a um desses impasses por obra e graça da actual maioria e do seu chefe, um José Sócrates que tem da democracia uma visão instrumental em tudo semelhante à dos líderes autoritários. Isso voltou a ficar patente nos últimos dias, em que construiu mais uma teia de mentiras e de logros que um PS amestrado se tem apressado a repetir.

A primeira mentira é que Portugal não precisa de ajuda externa. Não só precisa, como já está a recebê-la. Se não fosse o Banco Central Europeu a emprestar aos bancos portugueses, estes já teriam secado. Se o mesmo BCE não tivesse andado a comprar títulos da dívida portuguesa no mercado secundário, esta não estaria entre os sete e os oito por cento, mas muito acima, talvez acima da Irlanda.

A segunda mentira é que Portugal não negociou o apoio externo, porque não o pediu. Na verdade, foi exactamente isso que o Governo português esteve a fazer nas últimas semanas, e, se não chegaram a Lisboa os senhores do FMI, estiveram por aí técnicos da Comissão Europeia e do BCE. Foram-se esses técnicos que se foram embora poucas horas antes de Teixeira dos Santos anunciar o PEC IV.

A terceira mentira é que Portugal decidiu “antecipar-se” e apresentar o PEC IV na cimeira de sexta-feira. Não foi isso que aconteceu. O que aconteceu foi que a missão da Comissão e do BCE detectaram um buraco nas contas de 2011 e preparavam-se para o reportar ao Eurogrupo. Foi para evitar que isso sucedesse que Sócrates se precipitou. Tudo porque, como reconheceu na SIC, os cenários macroeconómicos do Banco de Portugal, do BCE e da Comissão “não eram tão bons” como os do Governo. Pois não: eram apenas realistas.

A quarta mentira é que o Governo está disposto a negociar as medidas, tal como esteve disposto a negociar uma coligação em 2009. Só que o que então foi uma farsa encenada é agora uma tragédia pontuada por proclamações grandiloquentes. Sócrates não quis negociar nessa altura, como tentou sabotar a negociação do Orçamento do Estado, como não quer negociar agora. Primeiro porque, como se assinala nos telegramas do WikiLeaks, não sabe partilhar o poder, nem sabe negociar. Depois, porque não suportaria ter de voltar a ceder ao PSD e ver este partido reivindicar pequenas vitórias. Finalmente, porque teme que por cada semana que passe seja maior a irritação do eleitorado e maior o futuro desastre eleitoral. Como sempre, é calculista.

A quinta mentira é que Portugal ficaria pior, se recorresse formalmente à ajuda externa. Porém, não ficaria pior nos juros que é obrigado a pagar, pois tanto a Grécia como a Irlanda já estão a pagar juros mais baixos. Também não é certo que ficasse pior nas medidas a tomar, pois Portugal já adoptou um ritmo de consolidação orçamental mais rápido do que o exigido a esses países. Por fim é até provável que ficasse melhor, pois não andaria de PEC em PEC e teria uma política mais coerente e não feita de ilusões entremeadas com sobressaltos.

A sexta e maior mentira de todas é a de que o nosso problema é a confiança dos mercados. Não é: o nosso maior problema é a incapacidade da nossa economia de crescer. Os mercados pedem juros mais elevados porque sabem que, continuando a crescer ao ritmo anémico da última década, Portugal não terá qualquer hipótese de pagar os juros da dívida, quanto mais de começar a amortizá-la. Os mercados sabem que emprestar a Portugal é muito mais arriscado do que emprestar à Alemanha, ou à Holanda, ou à República Checa, e não custa perceber porquê.



Pode-se viver muito tempo com mentiras destas, se elas não significarem o sistemático torpedear do funcionamento da democracia. Ora sucede que, para José Sócrates, a democracia não é o que devia ser – “regras que estabelecem como chegar à decisão política e não o que decidir”, como escreveu Norberto Bobbio -, antes uma formalidade com que o seu formidável ego tem de transigir. As manobras dos últimos dias são apenas os mais recentes atropelos ao normal convívio institucional e tão-somente mais uma demonstração de que, nele, nunca é possível confiar. Não é possível selar um acordo com um aperto de mão, porque no minuto seguinte já o está a trair. Não é possível estabelecer princípios comuns, porque não tem princípios. Não é possível conversar porque só sabe gritar, uma sua especialidade parlamentar.

Nas últimas semanas têm-se sucedido situações que, só por si, teriam feito cair ministros, desde o episódio dos cartões únicos no dia das eleições até às condições em que a mulher do ministro da Justiça viu serem-lhe pagos, pelo ministério, 72 mil euros, passando por uma demissão por razões de perseguição política numa direcção regional do Ministério da Educação. Mas com Sócrates nada se passa. Há muito que, fiéis seguidores do “chefe”, os seus ajudantes perderam qualquer noção de ética. E o pior é que esta degradação dos costumes políticos parece contaminar o país, onde já ninguém se indigna ou sobressalta.

Ao fim de seis anos o país não está só economicamente de pantanas – começa a estar moralmente corroído, começa a achar normal o que é anormal, começa a tolerar, ou mesmo a compreender e a justificar, comportamentos que qualquer democracia adulta rejeitaria com indignação. O estilo de Sócrates, a sua “combatividade” sem regras nem princípios, é a projecção no terreno da política dos métodos do projectista da Guarda, do licenciado da Independente e do ministro do Freeport. É um estilo que contamina tudo em redor e reduz a discussão pública às dicotomias tipicamente caudilhistas do “ou eu ou o caos”.

É também por isso que, esgotada qualquer legitimidade, cortadas por vontade própria todas as pontes, a política portuguesa necessita de abrir as janelas e permitir a renovação do ar contaminado. Ao contrário do que parece conveniente dizer, nem todos são iguais e nem Sócrates é apenas mais um “entre eles”. Tem de se regressar a uma política mais respirável, a um espaço público menos condicionado por jogadas baixas e jogos de spin, mas os tempos de crispação que vivemos só se ultrapassam removendo a infecção. Como no PS só Mário Soares parece ainda vivo, o acto higiénico passa por dar a voz aos eleitores. Todo o tempo que passar até lá é tempo perdido. 

in Blasfémias - post de jmf  (originalmente no Público)

Um poema para um melhor país - VII


(imagem daqui)


Sonâmbulo


XXXVI

Vive em cada minuto
a tua eternidade
- sem luto
nem saudade.

Vive-a, pleno e forte,
num frenesim
de arremesso.

Para que a tua morte
seja sempre um fim
e nunca um começo.

in Poesia II - José Gomes Ferreira

sexta-feira, março 18, 2011

Um poema para um melhor país - VI


(imagem daqui)

LXII

Que significa persistir
na azinhaga da morte?

Como se pode florir
no deserto do sal?

No mar do nada acontece
há roupa para morrer?

Quando os ossos já se foram
quem vive no pó final?

in Livro das Perguntas - Pablo Neruda

quinta-feira, março 17, 2011

Um poema para um melhor país - V

(imagem daqui)


Será possível

Será possível que nada se cumprisse?
Que o roseiral a brisa as folhas de hera
Fossem como palavras sem sentido
– Que nada sejam senão seu rosto ido
Sem regresso nem resposta - só perdido?

in
O nome das coisas - Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, março 16, 2011

E, só por curiosidade, quando é que o parlamento aprecia o PEC IV?

Entrevista à SIC
Primeiro-ministro admite demitir-se em caso de “chumbo” do PEC

“Se o Parlamento se pronunciar contra o Programa de Estabilidade e Crescimento, estará a abrir uma crise política”, afirmou José Sócrates, esta terça-feira, em entrevista à SIC.

Sócrates foi ainda mais longe quando, perante a insistência de Ana Lourenço, admitiu implicitamente a demissão do Governo nesse cenário. Se o resultado do debate parlamentar for o “chumbo”, os partidos “tiram todas as condições ao Governo para governar e teria de haver eleições”. “Nunca irei para uma Cimeira Europeia sem me poder comprometer com um programa de medidas de médio prazo que considero essenciais”, frisou.

Foi já na recta final da entrevista, de mais de 45 minutos, e nesta passagem não houve qualquer insistência. Apenas mais um dado explícito: em caso de eleições antecipadas, Sócrates volta a candidatar-se: “Com certeza que sim. Não volto a cara às dificuldades”. E assim se pôs fim aos anseios de quem desejaria ver na crise a oportunidade de o substituir à frente do PS.

Mas o cenário de crise é coisa de que o primeiro-ministro não quer nem ouvir falar: “Não acredito numa crise política; não quero acreditar que a irresponsabilidade dos partidos os leve tão longe”. “Espero que todos caiam em si”, “tudo farei para evitar uma crise política”, disse e repetiu.

E porquê? Porque, justificou o primeiro-ministro, “isso agravaria os riscos de financiamento da nossa economia e levaria Portugal a pedir uma intervenção externa”. Com “custos gravíssimos para o país”, que enumerou: “10 anos de opróbrio, pelo menos cinco anos fora dos mercados, perda de prestígio e influência no mundo, consequências para o Estado e para os portugueses muito piores que estas medidas”.

Isso significaria, acrescentou ainda, a entrada em Portugal da “agenda do FMI”: “Acabar com o 13º mês, reduzir o salário mínimo, despedimentos na função pública”. “É isto que queremos?”, questionou Sócrates, elevando ao limite o nível de dramatização.

Pelo meio, o primeiro-ministro foi polvilhando a conversa com fortes ataques ao seu principal alvo. “O PSD está em aproveitamento político total, em situação de profunda irresponsabilidade”, usando “uma linguagem cada vez mais agressiva que está a encaminhar o país para a crise política”, acusou.

Sócrates recordou que ainda há um mês, numa entrevista à Antena 1, o líder do PSD se mostrara “disponível para negociar” o PEC com o Governo, dizendo não compreender agora a reacção de Pedro Passos Coelho (ver texto ao lado). E insistiu várias vezes na crítica daqueles “que dizem não sem apresentarem qualquer alternativa”.

Um poema para um melhor país - IV

(imagem daqui)

PEQUENAS ESCULTURAS

21

No desânimo em que vivo,
Nem teu desdém
Se o procuro me socorre.

A cantar me vou ficando.

- E a minha alma é como o cisne,
Canta melhor quando morre.

in As Canções de António Botto