Selo chinês de 1950 onde aparecem Mao Tse-tung e Josef Stalin
Mao continua sendo uma figura controversa na atualidade, com um legado importante e igualmente controverso e constante. Na China é visto oficialmente como um grande revolucionário, estrategista, mentor político, militar e salvador da nação. Muitos chineses acreditam também que, através de suas políticas, ele lançou os fundamentos económicos, tecnológicos e culturais da China moderna, transformando o país de uma ultrapassada sociedade agrária em uma grande
potência mundial. Além disso, Mao é visto por muitos como um
poeta,
filósofo e
visionário. Como consequência, seu retrato continua a ser caracterizado na
Praça Tiananmen e em todos as notas
Renminbi.
Inversamente, no
Ocidente, Mao é acusado de com seus programas sociais e políticos, como o
Grande Salto Adiante e a
Revolução Cultural, causar grave fome e danos a cultura, sociedade e economia da China. Políticas de Mao e as purgas políticos de
1949-
1975, provocaram a morte de 50 a 70 milhões de pessoas. Desde que
Deng Xiaoping assumiu o poder em
1978, muitas políticas maoístas foram abandonadas em favor de reformas económicas.
Mao é visto como uma das figuras mais influentes na história do mundo moderno, e foi nomeado pela revista
Time como uma dos cem personalidades mais influentes do
século XX.
Mao Tsé-Tung nasceu na aldeia de
Shaoshan, província de
Hunan,
China, filho de camponeses, frequentou a escola até os 13 anos de idade, quando foi trabalhar como lavrador. Por conflitos com seu pai, saiu de casa para estudar em
Changsha, capital da província.
Conheceu as ideias políticas ocidentais e especialmente as do líder nacionalista
Sun Yat Sen.
Em 1911, no mês de outubro iniciou-se a revolução contra a
dinastia Manchu que dominava o país. As lutas estenderam-se até
Hunan. Mao Tsé-Tung alistou-se como soldado no exército revolucionário até o início da república chinesa, em 1912.
Participou do
Movimento Quatro de Maio contra a entrega ao
Japão de regiões chinesas que haviam estado em poder da
Alemanha; em função deste aderiu ao
marxismo-leninismo, 1921, Mao Tsé-Tung participou da fundação do
Partido Comunista Chinês. Nos primeiros anos à frente do partido, insistiu, contra a linha pró-soviética de seus aliados, no potencial revolucionário doa camponeses (Inquérito sobre o Movimento Camponês em Hunan, 1927).
Em 1927,
Chiang Kai Shek assumiu o poder e se voltou contra os comunistas. Após a ruptura com o
Kuomintang, Mao Tsé-Tung organizou um movimento revolucionário em
Hunan e
Jiangxi, fundando, em 1931, um soviete que se defendeu dos ataques dos aliados, adotando táticas de guerrilha.
Em Outubro de
1934, Mao Tsé-Tung e seu exército rompem o cerco das tropas do
Kuomintang e seguem para o noroeste do país, iniciando a
Grande Marcha (1934-1935) até
Yanan, na província de
Saanxi, transformada em nova região sob controle comunista. Essa ação espetacular reafirmou sua independência do
Kuomintang e tornou Mao uma personalidade dominante do
Partido Comunista Chinês.
Em
1945, Mao Tsé-Tung foi confirmado oficialmente como chefe do partido, sendo nomeado presidente do Comitê Central. Após a invasão japonesa, e no término da guerra o exército revolucionário tinha em torno de um milhão de soldados; os comunistas controlavam politicamente noventa milhões de chineses.
Em
1954, após a promulgação da nova Constituição, Mao Tsé-Tung é reconduzido à presidência da República.
Após a consolidação do poder comunista, contrariando a linha soviética, Mao Tsé-Tung manteve-se fiel à ideia do desenvolvimento da
luta de classes, tentando em vão, entre
1956 e
1957, na chamada
Campanha das Cem Flores, dar-lhe novo impulso, através da liberdade de expressão.
Entre
1957 e
1958, iniciou uma política de desenvolvimento chamada de
Grande Salto, baseado na industrialização associada à coletivização agrária. O "Grande Salto" traduziu-se num desastre económico que mergulhou a China numa epidemia de fome que vitimou milhões de chineses. Em virtude disso Mao Tsé-Tung foi destituído de alguns cargos e, em
1959,
Liu Shaoqi assumiu a chefia do Estado. Apesar disso, Mao Tsé-Tung continuou influente, como ficou claro na ruptura com a
União Soviética, devido a profundas diferenças nas políticas interna e externa. O prestígio internacional de Mao Tsé-Tung não foi afetado, tornando-se, após a morte de
Stalin, em
1953, a personalidade mais influente do comunismo internacional.
Muitos dos programas sociais de Mao são indicados por críticos, tanto internos quanto externos à China, como causadores de danos severos à cultura, sociedade, economia e relações exteriores da China, como também pela morte de 42 a 70 milhões de pessoas.
A polêmica
Revolução Cultural (1966-1969), empreendida por Mao Tsé-Tung com o apoio de sua esposa,
Jiang Qing, destituiu os quadros do
Partido Comunista Chinês, que queriam uma linha política e econômica mais moderada. Em
1968, Mao Tsé-tung destituiu
Liu Shaoqi e, em
1971, tirou do poder seu sucessor,
Lin Biao. Foram criados os
guardas vermelhos, que se fundamentavam no chamado
Livro Vermelho, que continha citações de Mao.
Mais tarde, apoiou a política de
Zhou Enlai, consolidando o crescimento econômico e ultrapassando o isolamento da
China. Em
1972, recebeu o presidente dos Estados Unidos,
Richard Nixon, em
Pequim. Nos últimos anos de vida, com a saúde seriamente afetada, caiu sob a influência da facção radical do partido (
Bando dos Quatro), organizada em torno de
Jiang Qing. Apesar da desmaoização iniciada após sua morte, Mao Tsé-Tung teve especial aceitação nos países do
Terceiro Mundo como teórico da guerra popular revolucionária.
Mao casou-se pela primeira vez em
1908, aos 15 anos de idade, com uma mulher seis anos mais velha. Ela morreu em
1910, de causas desconhecidas.
Em
1921 Mao casou-se pela segunda vez, com Yang Kai-hui, que lhe deu dois filhos. Nenhum deles teve um final feliz: em
1930, Yang foi executada por partidários de Chaiand Kai-shek. Os dois meninos escaparam para
Xangai, onde tiveram que cuidar da própria sobrevivência pelas ruas. O mais novo, Anqing, desenvolveu uma doença mental que foi atribuída às pancadas que levou da policia de Xangai, quando o prenderam por vadiagem. O mais velho, Anying, foi morto num ataque aéreo norte-americano durante a
Guerra da Coreia.
Mao casou-se com Ho Tzu-chen logo após a morte de Yang, que lhe deu ao todo seis filhos. Apenas uma menina, Lin Min, sobreviveu. Mao divorciou-se de Ho em
1939, para casar-se com Chiang Ch'ing.
Em
1953, quando Mao completou 60 anos, ficou estéril. À medida que envelhecia, preferia mulheres cada vez mais jovens. Frequentemente dormia com três, quatro ou cinco jovens e incentivava as amantes a apresentá-lo a outras mulheres. Como resultado dessa intensa promiscuidade, em
1967 contraiu
herpes genital.
A intensa actividade sexual de Mao fez-lhe contrair também
tricomoníase, doença assintomática no homem mas desconfortável para a mulher. Muitas de suas concubinas se orgulhavam de ter a doença como prova de intimidade com o líder da revolução, contudo, com certeza, sofriam com a situação. Calculam-se em centenas as infectadas com a
tricomoníase entre as cerca de 3 mil mulheres com as quais ele se relacionou.
Segundo o livro
A Vida Privada do Camarada Mao (tradução de Gabriel Zide Neto; Civilização Brasileira; 842 páginas), escrito por Li Zhisui,
médico pessoal de Mao de
1954 até sua morte, em
1976, ele teve várias
concubinas. Mao acreditava que fazer sexo prolongava a vida e não escovava os dentes, alegando que o
tigre não precisa escová-los. Também não gostava de tomar banho e devido à sua falta de higiene com os dentes, acabou por perdê-los todos na velhice.
Uma das características do regime implantado por Mao Tsé-Tung foi o culto às suas ideias e personalidade.
Além do
Livro Vermelho, de leitura obrigatória nos tempos do poder, Mao Tsé-Tung produziu outras peças ideológicas, antes e depois de assumir o governo chinês (além dos excertos de seus discursos):
- Sobre a prática - 1937
- Sobre a contradição - 1937
- Uma Nova democracia - 1940
- Literatura e arte - 1942
- Guerra de guerrilhas
- O homem tolo que removeu as montanhas
- Servir ao povo