domingo, março 08, 2020
Porque hoje é dia de recordar João de Deus e a sua obra...
Postado por Geopedrados às 00:35 0 bocas
Marcadores: Eterna Academia, Jardim Escola João de Deus de Leiria, João de Deus, Lágrima celeste, música, poesia
João de Deus nasceu há 190 anos
O seminário e os anos de Coimbra
Beja, Messines e Lisboa
A passagem pelas Cortes
Os anos finais
Obra
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
Esta voz te enleve,
este adeus lá soe,
o Senhor to leve
e Deus te abençoe.
O Senhor te diga
se te adoro ou não,
minha doce amiga
do meu coração!
Se de ti me esqueço
ou já me esqueci,
ou se mais lhe peço
do que ver-te a ti!
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
in Campo de Flores (1893) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 00:19 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, jornalismo, poesia, ultrarromantismo, Universidade de Coimbra
sábado, janeiro 11, 2020
O poeta e pedagogo João de Deus morreu há 124 anos
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
Esta voz te enleve,
este adeus lá soe,
o Senhor to leve
e Deus te abençoe.
O Senhor te diga
se te adoro ou não,
minha doce amiga
do meu coração!
Se de ti me esqueço
ou já me esqueci,
ou se mais lhe peço
do que ver-te a ti!
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
in Campo de Flores (1893) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 12:40 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, jornalismo, poesia, ultrarromantismo, Universidade de Coimbra
sexta-feira, janeiro 11, 2019
O poeta e pedagogo João de Deus morreu há 123 anos
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
Esta voz te enleve,
este adeus lá soe,
o Senhor to leve
e Deus te abençoe.
O Senhor te diga
se te adoro ou não,
minha doce amiga
do meu coração!
Se de ti me esqueço
ou já me esqueci,
ou se mais lhe peço
do que ver-te a ti!
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
in Campo de Flores (1893) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 01:23 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, poesia, Universidade de Coimbra
segunda-feira, janeiro 11, 2016
João de Deus morreu há 120 anos
João de Deus é uma das personificações mais belas do nosso carácter peninsular; vivo e indolente, devaneador e apaixonado, crente e sentimental. É uma flor do meio-dia, cheia de seiva e colorido, dos poetas e nunca ninguém sentiu entre nós mais ardente a sua imortalidade do que Bocage. Com que entusiasmo ele exclamava ao ver os seus versos elogiados na boca de Filinto: - Zoilos tremei; posteridade, és minha! Sob este ponto de vista, João de Deus é a antítese completa de Bocage. Este tinha a inspiração orgulhosa, cheia de fogo, rebentando quase num caudal de ironia e de sarcasmo. João de Deus tem a inspiração serena, espontânea, quase inconsciente. João de Deus é como a flor do campo, que rebenta formosa sem cultivo, velada apenas pela graça de Deus, o jardineiro supremo. As suas poesias são verdadeiras flores do campo, mas das mimosas, das encantadoras na sua singeleza, das que, guardadas num álbum, conservam perfeitamente a delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do cálice, a disposição encantadora das pétalas.
Foi-se-me pouco a pouco amortecendo
a luz que nesta vida me guiava,
olhos fitos na qual até contava
ir os degraus do túmulo descendo.
Em se ela anuviando, em a não vendo,
já se me a luz de tudo anuviava;
despontava ela apenas, despontava
logo em minha alma a luz que ia perdendo.
Alma gémea da minha, e ingénua e pura
como os anjos do céu (se o não sonharam...)
quis mostrar-me que o bem bem pouco dura!
Não sei se me voou, se ma levaram;
nem saiba eu nunca a minha desventura
contar aos que inda em vida não choraram ...
......................................................
A vida é o dia de hoje,
a vida é ai que mal soa,
a vida é sombra que foge,
a vida é nuvem que voa;
a vida é sonho tão leve
que se desfaz como a neve
e como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
mais leve que o pensamento,
a vida leva-a o vento,
a vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
a vida é sopro suave,
a vida é estrela cadente,
voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
onda que o vento nos mares
uma após outra lançou,
a vida – pena caída
da asa de ave ferida -
de vale em vale impelida,
a vida o vento a levou!
Postado por Fernando Martins às 01:20 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, poesia, ultrarromantismo
domingo, março 08, 2015
O poeta e pedagogo João de Deus nasceu há 185 anos
O seminário e os anos de Coimbra
Beja, Messines e Lisboa
A passagem pelas Cortes
Os anos finais
Obra
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
Esta voz te enleve,
este adeus lá soe,
o Senhor to leve
e Deus te abençoe.
O Senhor te diga
se te adoro ou não,
minha doce amiga
do meu coração!
Se de ti me esqueço
ou já me esqueci,
ou se mais lhe peço
do que ver-te a ti!
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
in Campo de Flores (1893) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 18:50 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, jornalismo, poesia, ultrarromantismo, Universidade de Coimbra
domingo, janeiro 11, 2015
O poeta e pedagogo João de Deus morreu há 119 anos
Estrela que me nasceste
quando a vista mal te alcança
nessa abóbada celeste,
onde a nossa alma descansa
a sua última esperança...
Estrela que me nasceste
quando a vista mal te alcança!
Antes nascesses mais cedo,
estrela da madrugada,
e não já noite cerrada...
Que até no céu mete medo
ver essa estrela isolada...
Antes nascesses mais cedo.
estrela da madrugada!
Postado por Fernando Martins às 01:19 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, pedagogia, poesia, ultrarromantismo
sábado, março 08, 2014
O poeta João de Deus nasceu há 184 anos
Sol do Meu Dia
Se eu fosse nuvem tinha imensa mágoa
Não te servindo de asas maternais
Que te pudessem abrigar da água
.............Que chovesse das mais!
E sendo eu onda, tinha mágoa suma
Não te podendo a ti, mulher, levar
De praia em praia sobre a alva espuma,
.............Sem nunca te molhar!
E sendo aragem eu, que pela face
Te roçasse de rijo alguma vez
Que o Senhor com mais força respirasse...
.............Que mágoa imensa... Vês?
E a luz do teu olhar que me não luza
Um rápido momento a mim sequer,
Como a águia no ar, que passa e cruza
.............A terra sem na ver!
Mas que me importa a mim! Se me esmagasses
Um dia aos pés o coração a mim,
As vozes que lhe ouviras, se escutasses,
.............Era o teu nome... sim;
O teu nome gemido docemente,
Com toda a fé de um mártir em Jesus.
Se acaso já em Cristo pôs um crente
.............A fé que eu em ti pus!
A fé, mais o amor! Porque ele expira
Sem que a ninguém lhe estale o coração;
E eu, se essa luz dos olhos me fugira,
.............Sobrevivia? Não.
Assim como em ti vivo, morreria
Também contigo, se uma vez (que horror!)
Te visse pôr, ó Sol!... Sol do meu dia!
.............Astro do meu amor!
in Campo de Flores (1869) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 18:40 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, poesia, romantismo, ultrarromantismo
sábado, janeiro 11, 2014
O poeta e pedagogo João de Deus morreu há 118 anos
Sol do Meu Dia
Se eu fosse nuvem tinha imensa mágoa
Não te servindo de asas maternais
Que te pudessem abrigar da água
............Que chovesse das mais!
E sendo eu onda, tinha mágoa suma
Não te podendo a ti, mulher, levar
De praia em praia sobre a alva espuma,
............Sem nunca te molhar!
E sendo aragem eu, que pela face
Te roçasse de rijo alguma vez
Que o Senhor com mais força respirasse...
............Que mágoa imensa... Vês?
E a luz do teu olhar que me não luza
Um rápido momento a mim sequer,
Como a águia no ar, que passa e cruza
............A terra sem na ver!
Mas que me importa a mim! Se me esmagasses
Um dia aos pés o coração a mim,
As vozes que lhe ouviras, se escutasses,
............Era o teu nome... sim;
O teu nome gemido docemente,
Com toda a fé de um mártir em Jesus.
Se acaso já em Cristo pôs um crente
............A fé que eu em ti pus!
A fé, mais o amor! Porque ele expira
Sem que a ninguém lhe estale o coração;
E eu, se essa luz dos olhos me fugira,
............Sobrevivia? Não.
Assim como em ti vivo, morreria
Também contigo, se uma vez (que horror!)
Te visse pôr, ó Sol!... Sol do meu dia!
............Astro do meu amor!
in Campo de Flores (1893) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 11:08 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, poesia, Universidade de Coimbra
sexta-feira, março 08, 2013
João de Deus nasceu há 183 anos
Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
Um beijo é culpa
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!
Um beijo é graça
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!
Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!
Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor!
Paz a meu seio;
Saciar-me veio,
Amor!
Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!
Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge.
A vida é hoje,
Amor!
Guardo segredo;
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face
E a mais não passe!
Dois...
Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!
Três é a conta
Certinha e justa...
Vês?
E o que te custa?
Não sejas tonta!
Três!
Três, sim. Não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes,
Três.
As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E que o não deixam
Manchar, são... quantas?
Três!...
in Campo de Flores (1868) - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 18:30 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, pedagogia, poesia, romantismo, ultrarromantismo, Universidade de Coimbra
sexta-feira, janeiro 11, 2013
João de Deus morreu há 117 anos
Não sou eu tão tola
Que caia em casar;
Mulher não é rola
Que tenha um só par:
..Eu tenho um moreno,
Tenho um de outra cor,
Tenho um mais pequeno,
Tenho outro maior.
Que mal faz um beijo,
Se apenas o dou,
Desfaz-se-me o pejo,
E o gosto ficou?
..Um deles por graça
Deu-me um, e, depois,
Gostei da chalaça,
Paguei-lhe com dois.
Abraços, abraços,
Que mal nos farão?
Se Deus me deu braços,
Foi essa a razão:
..Um dia que o alto
Me vinha abraçar,
Fiquei-lhe de um salto
Suspensa no ar.
Vivendo e gozando,
Que a morte é fatal,
E a rosa em murchando
Não vale um real:
..Eu sou muito amada,
E há muito que sei
Que Deus não fez nada
Sem ser para quê.
Amores, amores,
Deixá-los dizer;
Se Deus me deu flores,
Foi para as colher:
..Eu tenho um moreno,
Tenho um de outra cor,
Tenho um mais pequeno,
Tenho outro maior.
in Campo de Flores - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 01:17 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, poesia, romantismo
quinta-feira, março 08, 2012
O poeta e pedagogo João de Deus nasceu há 182 anos
Tu és o cálice;
Eu, o orvalho!
Se me não vales,
Eu o que valho?
Eu se em ti caio
E me acolheste
Torno-me um raio
De luz celeste!
Tu és o colo
Onde me embalo,
E acho consolo,
Mimo e regalo:
A folha curva
Que se aljofara,
Não d'água turva,
Mas d'água clara!
Quando me passa
Essa existência,
Que é toda graça,
Toda inocência,
Além da raia
D'este horizonte -
Sem uma faia,
Sem uma fonte;
O passarinho
Não se consome
Mais no seu ninho
De frio e fome,
Se ela se ausenta,
A boa amiga,
Ah! que o sustenta
E que o abriga!
Sinto umas mágoas
Que se confundem
Com as que as águas
Do mar infundem!
E quem um dia
Passou os mares
É que avalia
Esses pesares!
Só quem lá anda
Sem achar onde
Sequer expanda
A dor que esconde;
Longe do berço,
Morrendo à mingua,
País diverso...
Diversa língua...
Esse é que sabe
O meu tormento,
Mal se me acabe
Aquele alento!
Ah, nuvem branca
Ah, nuvem d'oiro!
Ninguém me estanca
Amargo choro;
E assim que passes
Mesmo de largo...
Vê n'estas faces
Se há pranto amargo.
Tu és o norte
Que me desvias
De ir dar à morte
Todos os dias;
A larga fita
Que d'alto monte
Cerca e limita
O horizonte!
Tu és a praia
Que eu solicito!
Tu és a raia
D'este infinito!
Se há uma gruta
Onde me esconda
À força bruta
Que traz a onda;
À força imensa
D'esta corrente
D'alma que pensa,
Alma que sente;
Se há uma vela,
Se há uma aragem,
Se há uma estrela,
N'esta viagem...
É quem eu amo,
A quem adoro!
E por quem chamo!
E por quem choro!
in Ramo de Flores - João de Deus
Postado por Fernando Martins às 00:18 0 bocas
Marcadores: Cartilha Maternal, João de Deus, pedagogia, poesia, ultrarromantismo