Apesar de ser o único filho legítimo de seu pai, D. Afonso não seria,
de acordo com algumas fontes, o favorito do Rei D. Dinis, que preferia a
companhia de
D. Afonso Sanches,
um dos seus bastardos (legitimado). Esta preferência deu lugar a uma
rivalidade entre os dois irmãos que, algumas vezes, deu lugar a
confrontos armados. Em
1325, D. Afonso IV tornou-se rei e, como primeira decisão, exilou Afonso Sanches para
Castela,
retirando-lhe de caminho todas as terras, títulos e feudos concedidos
pelo pai de ambos. O exilado não se conformou e do outro lado da
fronteira orquestrou uma série de manobras políticas e militares com o
fim de se tornar ele próprio rei. Depois de várias tentativas de invasão
falhadas, os irmãos assinaram um tratado de paz, sob o patrocínio da
Rainha Santa Isabel.
Em
1309, D. Afonso IV casou com a princesa Beatriz, filha do rei
Sancho IV de Castela. A primogénita desta união, a princesa D. Maria de Portugal, casou com D.
Afonso XI de Castela em
1328,
mas o casamento revelou-se infeliz, dado que o Rei de Castela
maltratava abertamente a mulher. D. Afonso IV não ficou contente por ver
sua filha menosprezada e atacou as terras fronteiriças de
Castela
em retaliação. A paz chegou quatro anos mais tarde e, com a intervenção
da própria D. Maria de Portugal, um tratado foi assinado em
Sevilha em
1339. No ano seguinte, em Outubro de 1340, tropas portuguesas participaram na grande vitória da
Batalha do Salado contra os
mouros merínidas.
Em
1343 houve no reino grande carestia de
cereais e em
1346, a fim de fazer sua aliança com o rei de Aragão, D. Afonso IV enviou a
Barcelona um embaixador para a assinatura do acordo entre o rei e D.
Pedro IV de Aragão com vista à realização do casamento da infanta D. Leonor. Em
1347 ocorreu um
sismo que abalou
Coimbra, tendo causado enormes prejuízos, e em
1348 a
peste negra, vinda da
Europa, assola o país.
De todos os problemas foi a peste o mais grave, vitimando grande
parte da população e causando grande desordem no reino. O rei reagiu
prontamente, tendo promulgado legislação a reprimir a mendicidade e a
ociosidade.
A última parte do reinado de D. Afonso IV foi marcada por intrigas
políticas e conflitos internos em grande parte devidos à presença em
solo português de refugiados da guerra civil entre D.
Pedro I de Castela e o seu meio-irmão D.
Henrique da Trastâmara.
Entre os exilados contavam-se vários
nobres, habituados ao poder, que cedo criaram a sua própria facção dentro da Corte portuguesa. Quando
Inês de Castro se torna amante do príncipe herdeiro D.
Pedro, os nobres castelhanos cresceram em poder e favor real.
D. Afonso IV não ficou agradado com o favoritismo concedidos aos
castelhanos e procurou várias formas de afastar D. Inês do filho. Sem
sucesso, porque D. Pedro assumiu tanto a relação com a castelhana como
os filhos ilegítimos que dela teve, acrescentando em
1349
a recusa de tornar a casar com outra mulher que não ela. Com o passar
dos anos D. Afonso IV perdeu o controle da situação, a facção castelhana
e D. Inês aumentavam o seu poder, enquanto que o único filho legítimo
de D. Pedro, o futuro rei D.
Fernando,
crescia como uma criança doente. Preocupado com a vida do único neto
que reconhecia e com o acréscimo de poder estrangeiro dentro de
fronteiras, D. Afonso IV ordena a morte de D. Inês de Castro em
1355.
Ao contrário do que esperava, o seu filho não se aproximou de si.
Perdendo a cabeça, D. Pedro entrou em guerra aberta contra o pai e
saqueou a região do
Entre-Douro-e-Minho. A reconciliação chegou apenas em
1357, entregando o rei ao príncipe grande parte do poder. D. Afonso IV morreu pouco tempo depois.
Como rei, D. Afonso IV é lembrado como um comandante militar corajoso, daí o cognome de
Bravo. A sua maior contribuição a nível económico e administrativo foi a importância dada ao desenvolvimento da
marinha portuguesa. D. Afonso IV subsidiou a construção de uma marinha mercante e financiou as primeiras viagens de exploração Atlântica. As
Ilhas Canárias foram descobertas no seu reinado.