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quinta-feira, abril 19, 2012

Charles darwin morreu há 130 anos

Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809 - Downe, Kent, 19 de abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.
Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).
Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.
 

domingo, fevereiro 12, 2012

Charles Darwin nasceu há 203 anos

Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809Downe, Kent, 19 de abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.
Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A Origem dos Homens" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).
Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo de Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.
 

quinta-feira, novembro 24, 2011

A 1ª edição d'A Origem das Espécies foi publicada por Darwin há 152 anos

A Origem das Espécies (em inglês: On the Origin of Species), do naturalista britânico Charles Darwin, é um dos livros mais importantes da história da ciência, apresentando a Teoria da Evolução, base de toda biologia moderna. O nome completo da primeira edição (1859) é On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida). Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado para The Origin of Species (A Origem das Espécies), como é popularmente conhecido.
Nesse livro, Darwin apresenta evidências abundantes da evolução das espécies, mostrando que a diversidade biológica é o resultado de um processo de descendência com modificação, onde os organismos vivos se adaptam gradualmente através da selecção natural e as espécies se ramificam sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande árvore: a árvore da vida.
A primeira edição, publicada pela editora de John Murray em Londres no dia 24 de novembro de 1859 com tiragem de 1.250 exemplares, esgotou-se no mesmo dia, criando uma controvérsia que ultrapassou o âmbito académico. Um exemplar da primeira edição atinge hoje mais de 50 mil dólares em leilão.
A proposta de Darwin, que as espécies se originam por processos inteiramente naturais, contradiz a crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Génesis. As discussões que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o público, criando o primeiro debate científico internacional da história.

terça-feira, abril 19, 2011

Charles Darwin morreu há 129 anos


Charles Robert Darwin FRS (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809Downe, Kent, 19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da selecção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Selecção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objecções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.
Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de selecção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).
Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.

sábado, fevereiro 12, 2011

Darwin nasceu há 202 anos


Charles Robert Darwin FRS (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809Downe, Kent, 19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da selecção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Selecção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objecções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.
Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de selecção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex (1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).
Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo de Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.

segunda-feira, maio 10, 2010

Bisneto de Darwin dá entrevista ao Público

Entrevista
A vida privada do homem que reescreveu o Génesis
   


A caixa com a colecção de recordações de Annie


Charles Darwin era o seu tetravô, mas nunca se interessou muito por ele até há uma dúzia de anos, quando foi à procura da vida pessoal do seu antepassado e descobriu histórias extraordinárias ainda por contar. Com a ajuda de uma caixa que guardava os tesouros de uma menina chamada Annie e as cartas e os diários que sobre ela escreveram os seus pais.


Numa vida anterior, Randal Keynes trabalhava para o governo britânico. O seu tio-avô era o economista John Maynard Keynes, que revolucionou o pensamento económico moderno, e o seu avô, Edgar Adrian, tinha ganho o Prémio Nobel da Medicina em 1932. A ciência não o interessava: já havia muitos cientistas na família (o pai e o outro avô também) e não queria passar a vida a ser comparado com eles. Mas o mais famoso de todos era Charles Darwin, o seu tetravô - e, quando Randal Keynes tinha uns 50 anos, o seu encontro com Darwin mudou-lhe a vida. Fez-se escritor e começou a dedicar-se activamente às campanhas de conservação das Galápagos e de classificação da casa de Darwin como património mundial.

Hoje, aos 61 anos, Keynes talvez seja quem conhece Darwin mais de perto, como pessoa e como homem de família, porque teve acesso à sua intimidade através de objectos e documentos únicos, conservados pela sua família ao longo de gerações. A sua procura já deu origem a um livro em 2001 sobre a relação de Darwin com Annie, a sua filha mais velha, morta aos dez anos - que por sua vez inspirou, em 2009, o filme Creation, realizado por Jon Amiel.

Na semana passada, Randal Keynes esteve em Lisboa para a inauguração, no Museu Nacional de História Natural, da exposição Darwin Now,organizada pelo British Council. Pouco antes, falou com o P2 do seu ilustre antepassado. Ficámos com a sensação de que, para além de um cientista excepcional, Darwin era um ser humano excepcional, que teríamos gostado muito de conhecer.

A figura de Charles Darwin foi uma referência constante na sua família, uma figura mítica sempre a pairar por cima das vossas cabeças?

Ele esteve sempre presente na nossa família. Mas eu não me interessei muito por ele - aliás, ninguém me obrigou a fazê-lo. Todos nós imaginávamos, suponho, que tinha sido uma pessoa maravilhosa, mas durante a minha infância nunca se comentou muito em casa os aspectos controversos do seu pensamento.

Percebi pela primeira vez que tinha um antepassado famoso quando uns rapazes fizeram troça de mim na escola - disseram-me que eu descendia de um macaco. Perguntei ao meu irmão por que é que se riam de mim e ele explicou-me.

Qual foi a primeira coisa que soube acerca dele?

As primeiras coisas que soube dele soube-as através da minha avó, neta de Darwin. Fui passar umas férias com ela e ela falou-me das férias que passara em pequena numa certa casa no campo, um sítio maravilhoso onde faziam jogos no jardim. Também me falou da avó, a senhora Darwin.

A minha avó não chegou a conhecer Darwin porque ele já tinha morrido nessa altura, mas foi graças a ela que aprendi a amar a casa onde ele viveu. Só mais tarde é que percebi que essa casa era muito especial, porque o avô dela tinha sido uma pessoa muito famosa e que era o trabalho que tinha lá desenvolvido que fazia dessa casa um sítio tão importante.

Por que é que começou a estudar a vida de Darwin? Pensa que os biógrafos ignoraram algum aspecto importante?

Não, de maneira nenhuma. Até aos meus 50 anos sempre pensei que a história já tinha sido toda contada. Nessa altura, eu estava muito interessado nos edifícios históricos e foi então que a Historical Building Organization, no Reino Unido, tomou conta de Down House [a casa de Darwin, nos arredores de Londres], que tinha permanecido aberta ao público durante muitos anos, mas que estava bastante degradada, com o telhado a precisar de obras, etc.

Uma das coisas que eles queriam era encontrar alguém que pudesse contar aos visitantes como Darwin tinha lá vivido com a sua família. Alguém da família de Darwin que gostasse de casas antigas e também de contar essa história.

A ideia pareceu-me interessante e comecei a reunir informação sobre a casa e a vida de Darwin na casa e sobre o que ele tinha feito. E, à medida que ia vendo como Darwin tinha vivido naquela casa, no seio da sua família, junto da mulher e rodeado dos filhos, descobri que havia lá uma história extraordinária que ainda estava quase toda por contar.

No fundo, toda a gente pensava que Darwin acordava de manhã, saía de casa, trabalhava noutro sítio e ao fim do dia regressava a casa, mantendo assim a sua ciência separada da sua vida quotidiana - como acontece com a maioria das pessoas. Mas o que eu descobri foi que ele tinha feito tudo em casa. E que, ao olhar para a sua vida em família, em sua casa, estava a olhar ao mesmo tempo para a maneira como ele fazia ciência. E descobri que havia certos aspectos da sua ciência que não tinham sido reconhecidos como tais, porque ninguém tinha percebido esta situação muito especial. Achei isto interessante e procurei saber mais.

Darwin era um génio - provavelmente um dos maiores pensadores de todos os tempos. Mas como era ele como ser humano? Era afectuoso ou distante, sociável ou solitário, preocupado com os outros ou egoísta?

Na nossa família a ideia que foi transmitida ao longo das gerações - e que bate certo com tudo o que li nas suas cartas à mulher, aos filhos, a outras pessoas, nas cartas que ele recebeu e também com as reminiscências de todos sobre a vida familiar - era que Darwin estava profundamente ligado à mulher e aos filhos. Amava a sua família e a sua vida em família e não ligava muito às pessoas de fora e ao que elas podiam pensar dele.

A sua primeira lealdade era para com a mulher e os filhos. A segunda, quase em pé de igualdade com a primeira mas não completamente, era para com a ciência. Queria que as suas ideias fossem avaliadas, queria falar delas, mas não estava necessariamente empenhado em que fossem verdade. Queria apenas que valesse a pena discuti-las e que esse diálogo as fizesse progredir.

Para além da sua lealdade à ciência e da sua ligação à família, era tímido e modesto em relação a si próprio e ficava incomodado quando alguém insinuava que era fantástico. Ele não achava. E era tímido com as pessoas: evitava a sociedade londrina, não gostava de ir a jantares nem de ter de fazer discursos. Estava disposto a pôr por escrito as ideias mais chocantes do século - ninguém o pode acusar de cobardia no que respeita às coisas importantes -, mas ser obrigado a pôr-se de pé e falar em público, isso não.

Em todas as fotografias, Darwin tem sempre um ar bastante desagradável e distante. Mas isso é exactamente o oposto de como ele era quando se sentia à vontade com as pessoas. Adorava conversar, adorava ouvir anedotas, ficava sempre satisfeito com uma conversa divertida e era muito amigável e simpático em privado.

Anne (a quem todos chamavam Annie), a filha mais velha de Darwin, morreu quando tinha dez anos. Morreu de quê?

Muito provavelmente de um certo tipo de tuberculose infantil. Não sabemos ao certo, mas todos os sinais que se conhecem da sua doença apontam para isso. Esteve doente durante seis meses. A tuberculose era a sida daquela altura na Grã-Bretanha e em muitos outros países. Atingia os jovens, as crianças, e era uma doença tão aterrorizadora e tão letal que as pessoas se recusavam a falar dela. Se ninguém quis dizer que Annie tinha sem dúvida tuberculose, foi porque isso teria equivalido a uma sentença de morte.

Na introdução do seu livro Annie"s Box: Darwin, His Daughter and Human Evolution (publicado em 2001 e já traduzido para oito línguas, não incluindo o português), escreve que foi por acaso que deu com a caixa onde Annie guardava as coisas que escrevia.

Sim, queria saber mais coisas sobre a vida de Darwin em família e sabia que em casa dos meus pais havia uma cómoda que o meu pai tinha herdado da mãe dele (a neta de Darwin), que por sua vez tinha recebido o conteúdo das gavetas da sua tia Henrietta, a segunda filha de Darwin. Eu sabia que ia encontrar lá fotografias, cartas, livros, recordações de todo o tipo. Portanto, a primeira coisa que fiz foi ir a casa dos meus pais ver o que lá estava. E no fundo de uma das gavetas, encontrei uma pequena caixa, uma escrivaninha. Abri-a e deparei-me com a carga afectiva extraordinária de uma colecção de recordações de Annie. A caixa tinha sido extremamente importante para ela. Tinha sido conservada, a seguir à sua morte, pela sua mãe, Emma, e encontrada pela irmã de Annie só após a morte de Emma. Quando Henrietta a viu, reconheceu a caixa que Annie tinha aos dez anos (ela própria tinha 8) e que nunca mais tinha tornado a ver. A caixa também continha notas de Darwin sobre a doença da filha, uma madeixa do seu cabelo, um mapa do cemitério onde Annie estava sepultada com uma única anotação: "A campa de Annie Darwin."

O facto de encontrar a caixa, de a abrir e de perceber o que era... [visivelmente emocionado]. Devo dizer que o meu coração deu um pulo. E então, comecei a ler coisas sobre ela e, tal como tinha acontecido com Down House, descobri que essa história era muito mais do que a história da perda de uma filha para um pai que a amava profundamente.

Demorei algum tempo em percebê-lo, andei a ler coisas sobre Annie durante vários meses antes de vislumbrar o interesse real da história.

O que leu nessa altura era material que já estava publicado?

Algumas coisas estavam publicadas, mas a maior parte era inédita. Tive a sorte de ter acesso a cartas, a diversos diários. Tinha os caderninhos onde Emma Darwin descrevia o seu dia-a-dia. Também estavam inicialmente na cómoda dos meus pais, mas tinham entretanto sido emprestados para um projecto de investigação, para ajudar a datar as cartas de Darwin.

Nos cadernos de Emma há uma entrada datada do dia em que Annie nasceu: procurei a data e lá estava. E do dia em que Annie morreu. Mas há também pequenas listas de compras - todo o tipo de pequenos pormenores da vida quotidiana. Tive esses cadernos ao pé de mim durante toda a escrita do meu livro. E consegui escrevê-lo com uma sensação de grande proximidade em relação aos pais dessa criança. Foi um incrível privilégio sentir isso.

Documentou a vida de Darwin sobretudo a partir de inéditos, de material que existia na sua família?

Uma grande parte do material já estava publicado. A vida privada de Darwin é provavelmente uma das mais bem documentadas de sempre de uma figura famosa. A maior parte da sua correspondência encontra-se hoje disponível on-line e completamente anotada. Baseei-me muito nesse material. Mas tinha ao mesmo tempo ao meu alcance uma série de coisas, como os diários de Emma Darwin, ou um livrinho feito por Annie, onde ela costumava colar coisas e que era muito especial para ela. E, claro, tinha os escritos de Darwin.

Como era a vida de Darwin em Down House?

Ele era um doente crónico. Sofria de indigestão, tosse, etc. A sua mulher, Emma, cuidava muito dele. E tinha de gerir muito bem as coisas quando tinham visitas com quem ele gostava muito de conversar, porque nessas alturas ficava muito entusiasmado. Emma tinha de lhe lembrar que ficaria doente o resto do dia se não parasse. Ele era como um inválido.

Começou a ter este tipo de problemas pouco depois de casar. Teve alturas boas e alturas más ao longo da vida. Esteve várias vezes para morrer.

Ninguém sabe de que sofria?

Não. Escreveram-se livros inteiros sobre o assunto, mas ninguém sabe ao certo.

Mas parece paradoxal, posto que Darwin tinha feito coisas que muitos seriam incapazes de fazer, como a viagem no Beagle, que durou vários anos.

Pois, na sua juventude tinha sido extremamente enérgico; mas depois qualquer coisa lhe aconteceu - poderá ter sido mental ou talvez tenha apanhado alguma doença. E, a partir daí, ficou incapacitado para o resto da vida.

Seja como for, Darwin fazia muitas coisas ao longo do dia. Não dedicava mais do que três ou quatro horas à ciência. O resto do tempo descansava, passeava no jardim ou nos arredores, fazia experiências no jardim. Tinha de facto uma vida muito agradável.

Quando era novo, Darwin acreditava na interpretação literal da Bíblia - era um criacionista. Quando é que isso mudou?

Foi um processo gradual. Os geólogos já tinham percebido, dez a 20 anos antes de ele se tornar um cientista, que a história da Terra era muitíssimo mais longa do que o que o Livro do Génesis sugeria - e que, portanto, esse livro não podia ser aceite como facto. Muitas pessoas muito respeitáveis já tinham desistido por isso dessa parte do Antigo Testamento. E Darwin concordava com eles.

Mas também começou a questionar a Revelação de Cristo no Novo Testamento - os milagres, etc. Emma, por seu lado, era uma cristã devota - não no sentido de ter certezas sobre a fé, mas simplesmente porque para ela a fé era fundamental. Ela também tinha dúvidas em relação à fé, tal como Darwin, mas acreditava que a fé era a coisa mais importante. Para Darwin, o mais importante era a ciência, os valores da ciência, as verdades científicas, que eram as melhores e as mais claras formas da verdade.

Isso distanciava-os. Isso era doloroso para eles, o facto de saberem que não podiam estar juntos nesse plano. Emma tentou ajudar Darwin a ter fé e ele sabia quão importante isso teria sido para ela, mas não foi capaz.

Estreou-se recentemente um filme fantástico, baseado no meu livro [Creation, de 2009], com Paul Bettany e Jennifer Connelly - e acho que o que é excelente nele é que uma grande parte da história gira em torno da dor gerada por esse problema entre essas duas pessoas, que se amavam profundamente.

A morte de Annie também alterou o pensamento de Darwin em relação à religião?

É uma questão muito difícil. Há quem afirme que a morte de Annie foi o factor que o levou a deixar finalmente de acreditar. Mas não é possível afirmarmos tal coisa. Não sabemos ao certo e os documentos não apontam claramente para isso. O que é claro, pelo contrário, é que Darwin tinha começado a ter sérias dúvidas e preocupações em relação à fé alguns tempos antes da morte de Annie - e que, pouco depois da morte da filha, deixou de ir à igreja com a família. Acompanhava a mulher e os filhos até lá todos os domingos, eles entravam e ele ficava à porta.

Penso que Darwin terá perdido a fé por razões de ordem mais geral e não como reacção de raiva perante a morte da filha, que é uma visão simplista. Há muitas pessoas que perderam os filhos e que consideraram isso um castigo divino. São necessárias mais razões para decidir que Deus não pode existir.

Dito isto, percebi, ao escrever o livro, que o amor de Darwin por Annie, a morte de Annie, a perda de Annie, o luto de Darwin por ela, a aceitação dessa perda, tudo isso lhe permitiu perceber coisas sobre as emoções e os afectos humanos, sobre o desenvolvimento natural do sentido moral humano, que o ajudaram a escrever o seu segundo grande livro, A Origem do Homem e a Selecção Sexual [editado em Portugal pela Relógio d"Água]. A morte de Annie fê-lo perceber a força dos afectos e até que ponto eles vão para além da razão. E também como são essenciais para a natureza humana as ligações afectivas entre cônjuges, entre pais e filhos.

Foi por isso que dei ao meu livro o título Annie"s Box: Darwin, his Daughter and Human Evolution. Se Darwin conseguiu perceber essa parte da evolução natural da natureza humana, foi em parte com base na sua experiência directa com a sua filha.

Seja como for, deixou de acreditar em Deus.

Sim, mas ele diria mais tarde que não era ateu, que só podia dizer que era agnóstico. Não tinha a certeza e não conseguia decidir. Teria gostado de acreditar em Deus, mas não conseguia convencer-se da sua existência.

Darwin acreditava no eugenismo, como o seu primo Francis Galton, pioneiro dessas ideias?

As ideias de Darwin forneceram a Galton as bases para a sua teoria do eugenismo. Mas se lhe tivessem pedido a sua opinião, Darwin teria dito imediatamente, tal como escreveu aliás, que os seres humanos nunca serão capazes de decidir o que fazer para realmente melhorar a espécie humana. Claro que é possível melhorar uma espécie. Mas para Darwin os humanos não têm a visão de conjunto que a natureza tem para o fazer. O critério de sucesso adoptado pela natureza é o de sobreviver para se reproduzir e, se adoptarmos esse critério, obtemos a selecção das espécies que existem hoje. Os humanos, por seu lado, apenas conseguem fazer coisas absurdas, tal como alterar um elemento do aspecto de uma espécie ou uma característica de um animal, como o peso, por exemplo. Darwin, que abordou brevemente esta questão, pensava que a selecção artificial feita pelos humanos é bastante ridícula.

Porquê? Porque produz aberrações?

Porque as criaturas assim geradas não conseguem viver. No âmbito das suas pesquisas, ele tinha feito criação de pombos ornamentais. E constatou que o pombo que os criadores de pombos mais admiravam não conseguia alimentar as suas crias, porque tinha o bico demasiado curto. Durante as primeiras semanas de vida, as crias tinham de ser alimentadas... por um ser humano, o que teria sido impraticável em condições naturais.

Por outro lado, Darwin achava inaceitável excluir as pessoas que não eram vigorosas nem bem sucedidas - uma questão que aborda no seu segundo livro.

Nós olhamos pelas pessoas de constituição frágil, pelos fracos, pelos doentes, os deficientes, etc. Mas se a sobrevivência dos mais aptos fosse necessária, não deveríamos pelo contrário deixar essas pessoas morrer, impedi-las de se reproduzirem? Darwin responde que isso violaria um princípio da moral humana que deve prevalecer acima de tudo, porque é extremamente importante para nós. Essa era a sua resposta ao eugenismo.

O que acha que Darwin diria, se voltasse hoje e visse os avanços que têm sido feitos nas áreas da genética e da biologia molecular?

Tenho a certeza que ficaria extremamente entusiasmado! Se ele tivesse sabido o que Gregor Mendel [seu contemporâneo, considerado o pai das leis da genética] tinha demonstrado sobre a hereditariedade genética, teria dito imediatamente que aí estava a resposta ao principal problema que as pessoas colocavam à sua teoria da evolução. E com o que a biologia molecular nos revelou a seguir sobre o ADN e a ancestralidade profunda... [ri-se] Tudo isso teria sido realmente fantástico para ele.

Se Darwin não tivesse existido, teríamos descoberto a sua teoria através da leitura do genoma. O que Darwin tem de extraordinário é que ele descobriu e percebeu o que se passava antes da descoberta do livro da vida do ADN. Descobriu-o sem sequer perceber como funcionavam as leis da hereditariedade. Acho que, no seu íntimo, sabia distinguir uma boa explicação científica de uma má e usou essa intuição para decidir que certas coisas faziam parte da explicação.

Está a escrever outro livro?

Estou a trabalhar num livro sobre o jardim de Darwin. É sobre a ciência que ele fazia no seu jardim e no campo à volta da sua casa.Retrato de Charles Darwin em Down House, nos arredores de Londres (em baixo, a sala de estar). Foi nesta casa que o naturalista viveu e trabalhou durante 40 anos.

in Público - ler notícia

sábado, março 14, 2009

Evolução em 3 tempos


Informação recebida da SetePés sobre exposição e conferências darwinianas:

No âmbito da exposição DARWIN200, patente no CMIA - Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo - de 2 de Março a 18 de Abril, é lançado o Ciclo de Conferências EVOLUÇÃO EM 3 TEMPOS.

3 conferências, 3 tempos para a redescoberta dos mecanismo de evolução.

Programa:

14 de Março, 15h, Quando os domesticadores foram domesticados: 10 mil anos de história em comum entre o Homem e os animais domésticos. Albano Beja-Pereira, CIBIO - Univ. do Porto

21 de Março, 15h. Darwin e Evolução. Jorge Paiva

28 de Março, 15h, Darwin na ciência e na cultura: os primeiros 50 anos em Portugal. Ana Leonor Pereira, CEIS20 - Univ. de Coimbra

A acompanhar a Exposição DARWIN200 foi editado, em exclusivo para o CMIA, um catálogo com textos e ilustrações científicas de autores portugueses.

domingo, janeiro 11, 2009

A Gulbenkian e as comemorações do Ano de Darwin


Informação recebida da Fundação Gulbenkian sobre as comemorações do ano Darwin, dirigidas pelo Professor José A. Feijó da Universidade de Lisboa e do Instituto Gulbenkian de Ciência:

A Fundação Calouste Gulbenkian iniciou há anos as comemorações deste ano Darwin, através do seu serviço de Ciência. O projecto tem já o seu website (www.gulbenkian.pt/darwin/). Um dos colaboradores do projecto mantém um blog informal sob Darwin e Evolução em http://a-evolucao-de-darwin.weblog.com.pt/ , lançado no 199º aniversário de Darwin, a 12 de Fevereiro de 2008 (essa foi a data oficial de lançamento de quase todas as organizações internacionais, incluindo www.darwin200.org )

Estão planeadas as seguintes realizações:


A. Programa de conferências "No Caminho da Evolução"
Pensada para um público jovem, estudante, com jovens cientistas oradores nacionais. Iniciou-se em Outubro e terminará em Janeiro com intervenção de Eugénia Cunha, antropóloga da Universidade de Coimbra. Tem havido sistematicamente casa cheia (700-1000 pessoas) e vários milhares em live broadcast (http://live.fccn.pt/fcg/).


B. Concurso "De Regresso às Galápagos"
(para alunos do secundário e 3º ciclo - até 5 de Janeiro, ver webpage).


C. Programa de conferências "Darwin's Evolution".
Série internacional (com tradução simultânea), com alguns dos maiores nomes mundiais em Darwin da evolução. Decorrerá entre Fevereiro e Maio, concomitantemente com a exposição.


D. Exposição "A Evolução de Darwin" (Galeria de exposições temporárias da Fundação Gulbenkian, 12 de Fevereiro a 24 de Maio 2009).

Trata-se de uma exposição internacional com cerca de 1000 m2, incluindo uma colaboração com o American Museum of Natural History (que produzirá cerca de 30% da área da exposição replicando dois módulos da sua aclamada exposição "Darwin"- presentemente no Natural History Museum de Londres, Milão e Buenos Aires), e em que recriará todo o ambiente naturalista dos séculos XVIII e XIX, as etapas iniciais da vida deDarwin, a viagem do Beagle e a sua estadia em Londres, o longo período que viveu em Downe até à sua morte, incluindo a polémica da publicação da "Origem". Haverá uma ponte para o Evolucionismo actual, cobrindo as contribuições de Mendel, Morgan e os descobridores da estrutura do DNA e código genético, e em pano de fundo os fundadores da "síntese" que hoje se aceita e ensina (Fischer, Haldane e Sewall-Wright) bem como dos cientistas que fizeram a sua ponte unificadora com toda a Biologia (Dobzhansky, Mayr, Stebbins e Simpson). A exposição terminará com uma secção de "cartas a Darwin" escritas por cientistas contemporâneos e uma galeria final de evolução.

Ao longo deste traçado haverá elementos expositivos completamente originais, nomeadamente:
  1. A entrada será decorada com as gravuras originais de Albertus Seba e objectos naturais originais da época.
  2. Far-se-á a reconstrução do gabinete de curiosidades naturais de Ole Worm, executado pela Fundação Ricardo Espírito Santo, e recheada com exemplares de muitos museus portugueses.
  3. Todo o período pré-Darwin será ilustrado incluindo objectos originais provenientes de vários museus em Portugal,Espanha e França, e inclui um exemplar original do Systemae Naturae de Lineu, a colecção de conchas originais de Lamarck, um esqueleto de Ibis original de Cuvier, uma múmia egípcia de Ibis do Museu de Arqueologia de Lisboa, e objectos contemporâneos, como um módulo interactivo que trata a sucessão geológica, o tempo da Terra e a sucessão de fósseis, bem como outro módulo interactivo com videos tipo "morph" que tratam a questão das homologias primeiro propostas por Cuvier de grande impacto visual.
  4. Na ilustração do jovem Darwin haverá duas peças únicas no mundo: uma reconstrução de Darwin jovem (16-18 anos) feita pelo atelier Daynes (www.daynes.com), talvez o mais reputado atelier de reconstruções anatómicas-cientificas do mundo e uma reconstrução do Beagle feita no Museu da Marinha em Lisboa, que deve ser a melhor e mais realista já feita desta barco (cerca de dois metros de comprido).
  5. 5. Será montada uma galeria externa no jardim, onde o Zoo de Lisboa fará a recriação física de alguns ambientes que Darwin visitou na viagem do Beagle, com animais e plantas vivas, acompanhadas de citações do diário de viagem de Darwin.
  6. Conjunto de mapas originais de Fitzroy, cedidos pelo almirantado do Reino Unido; haverá ainda o empréstimo de um livro de notas original de Darwin, o primeiro da viagem no Beagle, aberto em Cabo Verde.
  7. Os módulos do Beagle e Londres foram produzidos fisicamente sob a supervisão do American Museum of Natural History, e serão idênticos, embora de melhor qualidade, dos que equipam a exposição americana, actualmente no Natural History Museum em Londres. Detalhes destes módulos nos sites dos respectivos museus (www.amnh.org ou www.nhm.ac.uk).
  8. O módulo de Downe incluirá instalações e peças artísticas únicas sobre algumas das obras originais de Darwin, e um módulo com toda a correspondência original de Darwin com o naturalista português Arruda Furtado (incluindo o livro de Wallace sobre biogeografia que Darwin ofereceu e dedicou a Furtado), bem como os videos originais do American Museum of Natural History sobre a vida de Darwin e Evolução. Incluirá ainda uma reinterpretação expositiva do laboratório de Darwin, que misturará videos, pontos interactivos, com orquídeas e trepadeiras vivas.
  9. Os módulos sobre Mendel (com as linhas de ervilha originais vivas) e Morgan (com moscas vivas) serão completamente originais. Inclui um projecto arquitectónico que representará o DNA como escada, um projecto do arquitecto britânico Geoffrey Packer, que incluirá pela primeira vez um "escorrega" de RNA.
  10. Os módulos dos "sintese" contarão com icones diversos e jogos de computador que utilizam as equações originais de selecção e "drifting" de Haldane e Sewall-Wright, bem como alguns princípios estatísticos de Fischer.
  11. Esta parte terminará com uma zona de "cartas a Darwin" escritas por cientistas contemporâneos.
  12. O módulo final incluirá três "time-lines", com as diferentes escalas do tempo, incluindo uma linha de evolução biológica iludstrada com alguns dos melhores fósseis existentes em museus nacionais, a evolução humana, com réplicas dos crâneos mais representativos, e outra "premiere" mundial, produzida juntamente com Londres, um vídeo sobre a árvore da vida, feito pelo Welcome Trust e narrado por Sir David Attenborough.
A exposição mereceu já alguma atenção pela "Nature" e de algumas das sua instituições mais representativas do Reino Unido (Natural History Museum, Welcome, British Council, etc.) que marcarão presença na inauguração. O percurso internacional desta exposição começará em Madrid, onde ficará de Junho de 2009 a Janeiro de 2010, no Museo Nacionale de Ciencias Naturales, com o apoio do CSIC (e outros em negociação). O projecto foi concebido para que em 2011 esta exposição possa ser convertida num núcleo sobre Evolução dum museu da área de Lisboa.


E. Programa Educativo

Foi estabelecido um protocolo com o Ministério de Educação. Para além de divulgar todas estas iniciativas, com o resultado prático de, a mais de um mês da abertura, a maior parte das 600 visitas programadas estarem praticamente esgotadas, é divulgado um "pacote educativo" que será distribuído a todos os professores que visitem a exposição ou o solicitem, incluindo uma biografia da autoria de Janet Browne, um livro sobre evolução do artista canadiano Daniel Loxton, manuais de visita adaptados aos vários níveis de ensino, uma tradução do artigo original do Dobzhansky no "Biology Teacher" sobre a relevância da evolução para a biologia bem como uma separata recentemente editada pela "Nature" sobre vinte preciosidades da evolução.

Responsável: Prof. José A. Feijó, Dep. Biologia Vegetal, Fac. Ciências, Universidade de Lisboa
1749-016 Lisboa e Instituto Gulbenkian Ciência, 2780-156 Oeiras


Contacto para conteúdos e questões científicas: darwin@igc.gulbenkian.pt
Contacto para visitas e logística: darwin@gulbenkian.pt
Website: www.gulbenkian.pt/darwin/



Copyright da imagem: "Copyright 2009 Photo : S.Plailly / Eurelios – Reconstitution Atelie Daynès Paris"

Post original publicado no Blog De Rerum Natura

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Feliz Ano de Darwin...!

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais (o cientista que aparecia na rábula da máquina do tempo de abertura do programa de fim de ano dos Gatos Fedorentos, na SIC - ver aqui):



Minha crónica no "Público" de hoje (na imagem Darwin com 31 anos):

Quando há poucos anos se perguntou a um conjunto de professores da Universidade de Coimbra quais foram os dez livros que mais mudaram o mundo, não foi sem surpresa que se apurou em primeiro lugar a “Origem das Espécies” do naturalista inglês Charles Darwin e só depois a Bíblia. Mas, ao querer organizar uma exposição sobre esse “top-ten”, a surpresa foi ainda maior quando se verificou que não havia no rico acervo das bibliotecas da universidade nenhuma primeira edição da obra maior de Darwin, publicada em 1859, ao passo que havia várias centenas de edições, algumas bastante antigas e preciosas, do livro sagrado dos cristãos.

Este facto chegará para mostrar que, se hoje os cientistas são todos darwinistas, há 150 anos, quando foi divulgada a revolucionária teoria de Darwin, não havia entre nós quase ninguém interessado nas ideias do inglês. Graças à sua pródiga confirmação pela observação e pela experiência, a teoria da evolução alcançou desde então uma aceitação que, na sua origem, dificilmente se poderia prever. Hoje, pode dizer-se que não existe nenhuma teoria científica que esteja em competição com o evolucionismo (o criacionismo não é ciência!).

A demora com que as ideias de Darwin chegaram até nós é sintomática do nosso atraso científico no século XIX. Apesar de Darwin ter ficado em pouco tempo mundialmente famoso e de ter trocado milhares de cartas com naturalistas de todo o mundo, o único português a corresponder-se com ele foi um jovem de 26 anos, residente nos Açores, completamente isolado dos círculos científicos. Francisco de Arruda Furtado dirigiu-se, em 1881, ao velho sábio do seguinte modo: “Nasci e vivo nestas ilhas vulcânicas onde os factos de distribuição geográfica dos moluscos terrestres são uma interessante prova da teoria a que deu o seu nome mil vezes célebre e respeitado.” Darwin, que tinha visitado os Açores durante a sua viagem à volta do mundo no “Beagle”, respondeu, quase na volta do correio, com palavras gentis e encorajadoras: “Admiro-o por trabalhar nas circunstâncias mais difíceis, nomeadamente pela falta de compreensão dos seus vizinhos”.

É bem conhecida a polémica que as ideias darwinistas logo suscitaram, nomeadamente a forte oposição que teve por parte da Igreja de Inglaterra. A esse confronto não terá sido alheio o progressivo afastamento de Darwin da sua fé da juventude – ele que tinha estudado teologia em Cambridge – para assumir, no fim da vida, quando respondia ao português, uma posição agnóstica. O mecanismo da selecção natural permitia defender a evolução das espécies como um “design” sem “designer” (algo que os criacionistas ainda hoje se recusam a aceitar). O mais perturbador para alguns crentes era a eventual “descendência humana do macaco”, tendo ficado célebre a afirmação de um anti-darwinista segundo a qual “não era verdade mas, se fosse verdade, o melhor era que não se soubesse”.

A oposição com base na Bíblia ao evolucionismo conheceu também alguns episódios curiosos em Portugal. No mesmo ano em que escrevia a Darwin, Furtado publicou em Ponta Delgada um folheto intitulado “O Homem e o Macaco”, em resposta a um padre que tinha pregado nessa cidade: “E ainda há sábios que acreditam que o homem descende do macaco!... Nós somos todos filhos de Nosso Senhor Jesus Cristo!...” O açoriano esclareceu que “não há sábios que acreditam que o homem descende do macaco (...) mas que ambos deveriam ter sido produzidos pela transformação de um animal perdido e mais caracterizado como macaco do que como homem. Eis o que se disse e o que se diz e, se isto não se prova, o contrário também não”.

Hoje, passados 150 anos sobre a “Origem das Espécies” e 200 anos sobre o nascimento de Darwin, a teoria que o tornou famoso está bem e recomenda-se, não só devido à ajuda da paleontologia mas também e principalmente devido à corroboração pela moderna genética. Conforme afirmou o geneticista Theodosius Dobzhansky, “nada na biologia faz sentido a não ser à luz da evolução”. Feliz ano Darwin!

terça-feira, outubro 07, 2008

Ciclo de Conferências DARWIN: No Caminho da Evolução


No site destas Conferências (associadas a uma exposição) diz assim:

Novos conceitos e poderosas ideias acompanharam o estabelecimento das sociedades modernas que hoje povoam a Europa, tais como o heliocentrismo (que Copérnico foi beber à Itália renascentista) implicando que o nosso planeta tenha uma origem comum – a poeira cósmica; o movimento uniforme como estado de equilíbrio no universo e não o do repouso (o princípio da relatividade de Galileu); a gravidade como explicação dos fenómenos nos céus e na Terra (a atracção universal de Newton); a origem comum das espécies vivas neste planeta (a teoria da evolução de Darwin); e a equivalência entre massa e energia que permitiu a Einstein unificar as causas e a dinâmica dos corpos em movimento.


Entre estes, aquele que provocou mais acesos e emocionados debates foi sem dúvida o da evolução dos seres vivos por selecção natural na luta pela sobrevivência. Perceberam as elites dirigentes, bem como os donos dos princípios éticos e morais da época, que a teoria de Charles Darwin vinha relegar para o infinito o último elo com o Além que ainda restava na natureza: o da origem divina dos seres humanos. Os conceitos de evolução, de transformação e de adaptação, mostram como a mudança é omnipresente em tudo o que se relaciona com a nossa realidade – nas suas três vertentes: a exterior, a social e a interior.


A investigação científica em biologia mostra igualmente como a evolução e a selecção dos seres vivos está a acontecer todos os dias, em todos os instantes. É, assim, fundamental que encaremos o mundo segundo uma perspectiva que acolha os ensinamentos da ciência. Só é possível mudar o mundo se mudarmos o modo como o olhamos – e tornarmos consequente essa mudança. É isso que fazem todos os povos que apostam no seu futuro.


A Fundação Calouste Gulbenkian vai por este motivo realizar uma exposição intitulada “A Evolução de Darwin” entre 12 de Fevereiro e 24 de Maio de 2009, para comemorar os 200 anos do nascimento de Charles Darwin e, simultaneamente, a passagem de 150 anos sobre a publicação da sua obra seminal “A Origem das Espécies”.


O presente ciclo de conferências pretende que todos se iniciem ou (se já iniciados) prossigam “No Caminho da Evolução”, criando continuamente imagens construtivas e positivas de si próprios e dos outros, na interacção com a sociedade e o meio ambiente, preparando o clima de saudável circulação de ideias e de aprendizagem que a Exposição de 2009 certamente proporcionará.



CONFERÊNCIAS


Darwin: entre a Terra e o Céu

Carlos Marques da Silva,
Universidade de Lisboa

15/10/ 2008
18h00
Auditório 2


Evolução e Desenvolvimento: variações a dois tempos e muitas cores

Patrícia Beldade

Universidade de Leiden e Instituto Gulbenkian de Ciência

5/11/ 2008
18h00
Auditório 2


Nuno Ferrand

Universidade do Porto



16/12/2008
18h00
Auditório 2


Universidade de Coimbra


21/01/2009
18h00
Auditório 2