domingo, janeiro 08, 2012
O pai secundário do darwinismo nasceu há 189 anos
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quinta-feira, novembro 24, 2011
A 1ª edição d'A Origem das Espécies foi publicada por Darwin há 152 anos
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terça-feira, abril 19, 2011
Charles Darwin morreu há 129 anos
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sábado, fevereiro 12, 2011
Darwin nasceu há 202 anos
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terça-feira, maio 11, 2010
segunda-feira, maio 10, 2010
Bisneto de Darwin dá entrevista ao Público
Entrevista
A vida privada do homem que reescreveu o Génesis
Hoje, aos 61 anos, Keynes talvez seja quem conhece Darwin mais de perto, como pessoa e como homem de família, porque teve acesso à sua intimidade através de objectos e documentos únicos, conservados pela sua família ao longo de gerações. A sua procura já deu origem a um livro em 2001 sobre a relação de Darwin com Annie, a sua filha mais velha, morta aos dez anos - que por sua vez inspirou, em 2009, o filme Creation, realizado por Jon Amiel.
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quinta-feira, janeiro 28, 2010
A vida de Charles Darwin em filme...!
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sábado, dezembro 12, 2009
Darwin, a Geologia e o Paradoxo da Biodiversidade
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terça-feira, novembro 24, 2009
Tertúlia SCT - III
DARWIN CANTADO NA RUA
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O livro A Origem das Espécies foi publicado há 150 anos
A Origem das Espécies, do naturalista britânico Charles Darwin, é um dos livros mais importantes da história da ciência, apresentando a Teoria da Evolução, base de toda biologia moderna. O nome completo da primeira edição (1859) é On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida). Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado para The Origin of Species (A Origem das Espécies), como é popularmente conhecido.
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sexta-feira, setembro 11, 2009
Palestras em Lisboa
As sessões têm início às 21.30 horas e decorrem nos auditórios do IGeoE e do Planetário Calouste Gulbenkian. Indicações sobre a localização e como chegar aos locais podem ser encontradas nas seguintes páginas da Internet: IGeoE e Planetário.
Aqui ficam as duas últimas palestras, que se realizam hoje e amanhã:
11 de Setembro(IGeoE)
Paulo Gama Mota
Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, Dep. Antropologia
Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra
O Beagle ia fazer uma viagem importante para definir distâncias geográficas e para completar e pormenorizar a cartografia da costa da América do Sul. Era importante para os ingleses. Queriam ainda confirmar uns quantos pontos e resolver alguma incerteza de registos com valores diferentes. A cartografia era o elemento essencial da viagem.
Darwin participa como naturalista para fazer companhia ao comandante e para se aproveitar a viagem para recolher exemplares de fauna e flora de locais inexplorados.
E de repente temos uma revolução científica.
Francisco Carrapiço
Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, Departamento de Biologia Vegetal, Centro de Biologia Ambiental
Estamos sós no universo? A busca insistente duma resposta para esta pergunta tem inquietado o homem desde os primórdios da humanidade. Ao contemplar o firmamento numa noite sem nuvens, o homem inevitavelmente sentiu que estava perante algo que o transcendia e que obrigatoriamente tinha uma componente divina. O nosso conhecimento e mentalidade evoluíram, mas o fascínio pelo desconhecido continua bem vivo quando continuamos a olhar para o céu numa noite estrelada. Onde anteriormente víamos deuses e deusas, hoje vemos galáxias, estrelas e planetas, mas continuamos sem uma resposta coerente para a ancestral questão da existência ou não de vida no universo. Será, de facto, a Terra o único corpo celeste a conter organismos vivos no universo? A visão antropocêntrica da vida no cosmos tem sido expressa em numerosos ritos sociais e religiosos que estabelecem a ligação estreita entre o Homem e o seu eventual criador divino. Todos os livros sagrados das principais religiões que existiram e existem, defenderam ou defendem esse primado. O homem e a mulher, bem como todos os outros organismos vivos do nosso planeta seriam os únicos seres que habitariam o cosmos. Mas será de facto assim? A resposta pode ser encontrada através da investigação efectuada e em curso no domínio da Astrobiologia. Estes estudos deverão ser considerados como elementos reguladores da nossa própria dimensão no universo, com as inevitáveis consequências na maneira como o Homem se posiciona no complexo sistema cosmológico de que faz parte e naturalmente na relação que estabelece com o nosso planeta.
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domingo, julho 05, 2009
Ciência na Rua 09 - Evento Científico-Cultural nas ruas de Estremoz
11 e 12 de Julho de 2009
A Teoria da Evolução, sem dúvida, faz já parte do nosso imaginário. No entanto, muitos de nós desconhecemos alguns dos princípios básicos que lhe estão associados.
O Centro Ciência Viva de Estremoz em colaboração com a Câmara Municipal de Estremoz, propõem-se reviver algumas das principais etapas da evolução da Vida no nosso Planeta. A ideia base da Ciência na Rua 2009 consiste na recriação, durante duas noites consecutivas, de 7 grandes etapas evolutivas que serão levadas a efeito em 7 locais públicos da cidade de Estremoz. Nestas recriações, o teatro, a música e a dança serão formas de expressão privilegiadas.
Associado a cada momento haverá um "quiosque da ciência" onde experiências, ao dispor do visitante, permitem que este se aperceba da explicação científica do fenómeno.
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sábado, março 14, 2009
Evolução em 3 tempos
No âmbito da exposição DARWIN200, patente no CMIA - Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo - de 2 de Março a 18 de Abril, é lançado o Ciclo de Conferências EVOLUÇÃO EM 3 TEMPOS.
3 conferências, 3 tempos para a redescoberta dos mecanismo de evolução.
Programa:
14 de Março, 15h, Quando os domesticadores foram domesticados: 10 mil anos de história em comum entre o Homem e os animais domésticos. Albano Beja-Pereira, CIBIO - Univ. do Porto
21 de Março, 15h. Darwin e Evolução. Jorge Paiva
28 de Março, 15h, Darwin na ciência e na cultura: os primeiros 50 anos em Portugal. Ana Leonor Pereira, CEIS20 - Univ. de Coimbra
A acompanhar a Exposição DARWIN200 foi editado, em exclusivo para o CMIA, um catálogo com textos e ilustrações científicas de autores portugueses.
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quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Notícia no Público sobre Darwin - II
A exposição da Gulbenkian
12.02.2009 - 07h30 Nicolau Ferreira
Num dos momentos mais injustos da sua vida, Charles Darwin foi retratado numa caricatura pitoresca como um homem-macaco cheio de barbas brancas. Mas na recta final da exposição A Evolução de Darwin que é hoje, às 19.00 horas, inaugurada na Gulbenkian, em Lisboa, nem nos lembramos do sentimento de raiva com que grande parte da sociedade do final do século XIX recebeu a "notícia" de Darwin de que o chimpanzé e o homem tinham tido um antepassado comum.
É o "I think" escrito por Darwin no primeiro caderno em que começa a descrever a teoria da evolução que continua a vibrar depois de sairmos da exposição: o seu pensamento arrojado, ao mesmo tempo humilde, mas com uma solidez que ainda hoje nos permite redescobrir o significado da vida à luz da evolução.
Na última sala da exposição com a árvore da evolução humana, vemos a nossa história integrada na história de um planeta. Os fósseis de crânios dispostos numa longa cronologia com milhões de anos desembocam em nós, Homo sapiens, e confrontam-se (e confrontam-nos) com um painel enorme que mostra a evolução da Terra. Dois séculos depois do seu nascimento, a consciência de sermos um pormenor na evolução da vida terrestre é um dos maiores legados deixados por Darwin, e conforta-nos sairmos da exposição com os olhos já velhos do cientista a proteger-nos as costas.
A origem da exposição
Há 200 anos, a 12 de Fevereiro de 1809, quando Charles Darwin nasceu em Inglaterra, já se discutia a origem das espécies. Por isso, quando o jovem Darwin de 18 anos nos aparece na exposição como se estivesse vivo – cabelo loiro, pele branca, patilhas até às queixadas, mala a tiracolo onde uma ave está presa e com os seus olhos azuis a olharem intensamente para um escaravelho que passeia pela sua mão esquerda –, já o espectador está embrenhado no contexto em que a imutabilidade das espécies criadas por Deus começa a ser posta em causa. Ficaram para trás Lineu, que em 1735 agrupou o mundo natural em três reinos atribuindo essa organização a um plano de Deus, e Jean-Baptiste de Lamarck, que no início do século XIX formulou a primeira teoria sobre a evolução.
A exposição da Gulbenkian inspirou-se na que o Museu de História Natural de Nova Iorque fez em 2006, intitulada Darwin, tendo mesmo a fundação comprado dois módulos dessa exposição e utilizado parte do conhecimento científico produzido pelos norte-americanos. Mas a versão portuguesa não se limita a uma biografia do Darwin, porque mostra o contexto histórico onde as ideias apareceram e faz uma ponte para o que se conhece hoje.
O Jardim Zoológico de Lisboa ajudou a trazer para a exposição a natureza observada por Darwin durante a sua famosa viagem de barco. E isto não é uma metáfora, há animais vivos nas salas de exposição da Gulbenkian, tal como havia em Nova Iorque. "Trouxemos a natureza para a Gulbenkian. Acho que era isto que Darwin queria que fizéssemos", disse ao P2 José Feijó, comissário da exposição, professor na Faculdade Ciências da Universidade de Lisboa e chefe de um grupo de investigação em desenvolvimento de plantas no Instituto Gulbenkian de Ciência.
Quando visitámos a exposição, os animais do zoo ainda não tinham chegado à Gulbenkian, mas Feijó prometeu que veríamos micos-dourados, uma boa constritora, piranhas, papagaios, uma família de suricatas, iguanas e tartarugas. "Uma das coisas que atraíam mais as pessoas na exposição americana eram os animais vivos", contou Feijó. E não é só por show-off, disse o comissário, mas porque "Darwin foi um amante e um observador da natureza" e queremos dizer, neste espaço museológico, que "a natureza é a obra de arte". Da exposição americana vêm réplicas de emas, de tartarugas do arquipélago das Galápagos ou o fóssil de um Gliptodonte (uma versão gigante do tatu moderno) – tudo exemplos do que Darwin teve oportunidade de observar durante a sua expedição pelo mundo fora.
Diário original
O navio Beagle saiu do porto de Plymouth em Inglaterra a 27 de Dezembro de 1831 e foi o lar de Darwin durante uma viagem de cinco anos. Na exposição, a viagem começa com o primeiro diário de bordo do naturalista. É mesmo o diário original e Feijó disse que foi uma sorte enorme ter conseguido o empréstimo neste ano de todas as comemorações – além do bicentenário do nascimento faz 150 anos que o livro A Origem das Espécies (edição D. Quixote) foi publicado pela primeira vez. Para Portugal, o interesse do primeiro diário é duplo, porque Darwin tinha chegado à ilha de Santiago, em Cabo Verde, o primeiro local visitado pelo cientista na sua viagem e que na altura era território português. "Ninguém deve ter reparado que era o primeiro diário do Darwin, nem que era o original", brincou José Feijó, sublinhando a importância de a exposição mostrar o documento manuscrito.
Um mapa enorme apresenta o percurso do Beagle, cujo objectivo principal durante a viagem era cartografar a costa. Mas foi em terra que Darwin fez a maioria das observações essenciais para desenvolver a Teoria da Evolução e Selecção Natural e onde capturou milhares de espécies de plantas e animais que ia enviando para Inglaterra, produzindo uma grande colecção.
O Beagle voltou a Inglaterra em 1836. Darwin ficou por Londres durante um ano, onde se casou. No caderno B, iniciado em 1837, começou a desenvolver a teoria da transmutação, que marcou o início de uma nova fase que durou 20 anos e culminou na publicação em 1859 do livro em que formulou a teoria da evolução e com a qual revolucionou o pensamento científico do século XIX. Afinal, as espécies descendem uma das outras, a variabilidade que uma população apresenta e a selecção do meio ambiente permitem às populações evoluírem, tornando-as mais adaptadas. Noutros casos, não conseguem manter-se adaptadas e desaparecem. É aqui que aparece o "I think", "eu acho" ou "eu penso que", escrito pelo naturalista por cima da primeira árvore evolutiva desenhada no caderno B. Posteriormente, Darwin vai dizer que falar sobre a teoria da evolução "era como se estivesse a confessar um crime", mas 200 anos mais tarde, no escritório de Darwin da Gulbenkian, entre laboratórios de orquídeas e insectos, a grande ideia do naturalista parece a coisa mais natural do mundo.
"Darwin ao descrever o mecanismo da selecção natural e ao descrever a origem das espécies, pela sua sequência narrativa, da forma como é escrita, fez com que desde cientistas até homens do povo que leram o livro achassem que isto é uma explicação tão pungente que provavelmente é assim", afirmou o comissário. Em 1871, 11 anos antes de morrer, Darwin ainda teve tempo de lançar mais uma bomba com o seu livro The Descent of Man, onde aplica a teoria da evolução à história do Homem.
Três toneladas de ADN
O naturalista inglês fica para trás à medida que atravessamos a ponte para o século XX, para a hereditariedade, para a síntese da teoria evolutiva e para a dupla hélice de ADN. A descoberta do código genético e a biologia molecular "só tem validado tudo o que já se pensava sobre a evolução", assegurou José Feijó.
No meio da penúltima sala da exposição está uma molécula de ADN gigante que sobe até ao tecto e pesa três toneladas. O visitante pode trepar escada acima e descer num escorrega de ARN. "A exposição americana era kid unfriendly, não tinha praticamente pontos interactivos. Tivemos a preocupação que não houvesse nenhum módulo sem um ponto interactivo", explicou José Feijó. Quem sai do escorrega ainda vai a tempo de escrever uma carta a Darwin, como o próprio comissário o fez.
No final, há um vídeo com David Attenborough sobre Darwin. "O objectivo da exposição é contar a história da biologia. Darwin é utilizado como charneira que nos leva à ciência do século XXI", referiu Feijó.
A exposição foi montada para se instalar definitivamente no Museu de História Natural, mas posteriormente, por uma questão de fundos, foi a Câmara de Oeiras que a comprou. Durante os próximos dois anos A Evolução de Darwin vai andar em "digressão" e só volta em 2011.
Na Gulbenkian, pode revisitar-se a vida de Darwin até 24 de Maio.
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Notícia no Público sobre Darwin
12.02.2009 - 07h30 Clara Barata
Foi já no fim da sua viagem marítima de cinco anos à volta do mundo, no navio da Real Marinha Britânica HMS Beagle, que Charles Darwin ouviu um grito que não deixou de ouvir toda a vida. Foi na zona de Pernambuco, no Brasil. "Ouvi os gemidos mais inspiradores de pena, e só posso suspeitar que algum pobre escravo estivesse a ser torturado", relata no seu Journal, o diário de viagem a bordo do Beagle.
Se Darwin não viu o que se passou dessa vez, tinha já visto muitos exemplos da forma como os escravos eram tratados no Brasil. "Perto do Rio de Janeiro vivi frente a uma velha senhora que tinha um instrumento para esmagar os dedos das suas escravas. E fiquei numa casa onde um jovem mulato era insultado, espancado e perseguido todos os dias e todas as horas. Era o suficiente para quebrar o espírito até do animal mais baixo", escreveu no mesmo livro. "Agradeço a Deus por nunca mais ter de visitar um país esclavagista", concluía.
Darwin, antiesclavagista? Não é essa a história que costumamos ouvir contar sobre o homem que desenvolveu a teoria da evolução das espécies através da selecção natural. Mas esse é o foco de um novo livro lançado no Reino Unido, poucos dias antes de se comemorar, hoje, o nascimento de Charles Darwin – 12 de Fevereiro de 1809, o mesmo dia em que nasceu Abraham Lincoln, o Presidente dos Estados Unidos ligado à luta pela abolição da escravatura.
Darwin's Sacred Cause – Race, Slavery and the Quest of Human Origins (em tradução literal, A Causa Sagrada de Darwin – Raça, Escravatura e a Busca das Origens Humanas) foi escrito por Adrian Desmond e James Moore, também autores de uma biografia de Charles Darwin. Desta vez analisam o meio cultural e familiar do homem que se tornou um herói da ciência.
A escola americana
Quando Darwin publicou o livro que o transformou num ícone da ciência moderna – Sobre a Origem das Espécies através da Selecção Natural (tradução literal da obra publicada em Portugal pela D. Quixote com o título A Origem das Espécies) –, propondo um mecanismo natural como o motor da evolução, em 1858, discutia-se se os seres humanos seriam apenas uma espécie única, em todo o mundo, ou se negros, asiáticos e demais tipos humanos eram espécies separadas. A visão de um mundo em que cada espécie foi criada autonomamente, no local onde se encontra hoje, estava a vingar nos Estados Unidos – e favorecia a política esclavagista, que em breve viria a desencadear a Guerra Civil Americana (1861-1865).
Se negros e brancos fossem de facto espécies separadas, e não apenas diferentes raças, poder-se-ia justificar a visão do mundo dos supremacistas brancos, como os proprietários de plantações no Sul dos Estados Unidos. O homem branco era visto como o pináculo da criação. E os negros como criaturas inferiores, naturalmente destinados a servirem o homem branco. A ciência em que se baseavam estas ideias partia de coisas como o estudo de crânios – para analisar as suas mossas, que revelariam a dimensão dos vários órgãos do cérebro, como o da justiça ou da consciência – e o tamanho dos cérebros.
Havia algumas gradações nesta escola antropológica americana. Samuel Morton, que era apenas uma década mais velho que Darwin e tinha passado pela Universidade de Edimburgo, tal como o autor da teoria da evolução, era o expoente da abordagem positivista: não deixava que Deus entrasse nos seus estudos de crânios, cuja capacidade mediu, enchendo-os primeiro com sementes de mostarda e depois com bolinhas de chumbo. Mas introduziu uma série de desvios estatísticos que distorcia as suas obras monumentais, como Crania Americana, relatava o historiador da ciência e biólogo Stephen Jay Gould no livro A Falsa Medida do Homem (Quasi Edições).
Outros, como o suíço Louis Agassiz, radicado nos Estados Unidos e professor na Universidade de Harvard, introduziam uma dimensão mística no estudo das raças e espécies. Agassiz, que aliás muito irritava Darwin, garantem Desmond e Moore – um dos capítulos do livro chama-se Oh for shame Agassiz, pegando num comentário escrevinhado por Darwin –, acreditava que a vida na Terra tinha sido recriada muitas vezes, depois de cataclismos cíclicos. Mas não tolerava a ideia de que as espécies se fossem transformando, evoluindo e espalhando pelo mundo. "Embora tivesse havido uma sucessão de tipos 'mais elevados', dos peixes aos humanos, explicava-os como a revelação dos pensamentos de Deus – não havia ligações materiais ou evolutivas entre um fóssil e outro, relacionavam-se apenas através da Mente Divina, que criava miraculosamente cada nova espécie", escrevem Desmond e Moore.
Homens e irmãos
Darwin, entre o seu regresso da viagem do Beagle, em 1836 (tinha apenas 22 anos quando ela começou), e o casamento com a prima Emma Wedgwood, em 1839, encheu muitos caderninhos de notas sobre a sua convicção cada vez maior de que as espécies "se transmutavam" – mudavam, ao longo dos tempos, transformando-se noutras, espalhando-se pelo mundo. Em apontamentos telegráficos reflectia sobre os possíveis mecanismos para explicar que as espécies não eram fixas, imutáveis.
Esta ideia da "transmutação" das espécies já andava a germinar na cultura europeia há décadas, embora sem que ninguém tivesse proposto um mecanismo convincente. Mas não era propriamente senso comum, e Darwin manteve-se calado, reflectindo, fazendo experiências – construindo a sua reputação, e sofrendo com o fervilhar de ideias que tinha dentro de si. Porque ele, que acreditava na unidade da espécie humana, apesar de todas as suas variações, tinha uma ideia herética: acreditava na unidade de todas as espécies, que foram evoluindo e transformando-se a partir de um antepassado comum.
Esta crença na unidade da espécie humana era sustentada pela sua vivência familiar, entre as famílias Darwin e Wedgwood, que se casaram várias vezes entre si. Ambas eram activistas na luta pela abolição do comércio de escravos, primeiro, e depois pela abolição da escravatura. Os Wedgwood, fabricantes de louça, criaram um medalhão que se tornou o símbolo dessa luta – um negro de joelhos e com correntes, com a inscrição "Não serei eu um homem e vosso irmão".
Na sua viagem de cinco anos no Beagle, Darwin contactou muitas vezes com escravos, negros e mulatos. Destes últimos duvidava-se que pudessem até ter filhos, como as mulas, que resultam do cruzamento de espécies diferentes, de cavalos e burros. Mas a ele não lhe faziam confusão nenhuma. "Nunca vi ninguém tão inteligente como os negros, especialmente as crianças negras ou mulatas", escreveu depois de chegar à Praia, em Cabo Verde, a primeira paragem da viagem do Beagle, iniciada a 27 Dezembro de 1831.
E também viu muitos índios sul-americanos, representantes das tribos de aparência primitiva com que os europeus da época se confrontaram, muitas vezes em encontros inéditos – foi o momento em que os exploradores europeus começaram a chegar mesmo a todos os cantos da Terra.
Pombos e sementes
O caminho pelo qual chegou à prova de que as espécies podem de facto espalhar-se pelo mundo e mudar, ao longo dessa viagem, acabou por incluir pombos e sementes postas a marinar em água salgada.
Para estas experiências, durante a década de 1850, conseguiu mobilizar a sua enorme rede de correspondentes em todo o mundo, e também o apoio da estrutura consular e comercial do Império Britânico – aquele onde o Sol nunca se chegava a pôr, de tal forma era grande. Mandavam-lhe sementes e peles de ossos de pombo, de variedades locais, para ele estudar. E foi a irritação que as ideias de Agassiz lhe despertavam que o levou a lançar-se nesta aventura, defendem Desmond e Moore.
O que lhe interessava era mostrar que as espécies se modificam – e podem ser modificadas pela acção do homem, que pode simplesmente gostar de pombos com a cauda mais larga ou o bico mais curto, sem que crie espécies novas. E provar que as espécies animais e vegetais podiam viajar pelo mundo, adaptando-se localmente. Para tal, demonstrou que a água salgada não matava as sementes, como toda a gente admitia (sem provas experimentais), e que portanto podiam fazer longas viagens por mar e germinar numa nova terra.
Com estas experiências, Darwin demonstrou os mecanismos da transmutação das espécies – a evolução através da selecção natural. E também de um outro factor, o da selecção sexual: as fêmeas preferem certas características nos machos, que podem não ter valor evolutivo, mas são passadas à geração seguinte. O mesmo mecanismo pode explicar que existam homens negros e brancos, se cada cor preferir ter como parceiro sexual alguém com a mesma tonalidade de pele.
Da origem e dispersão das espécies Darwin colheu uma farpa que apontou ao coração do racismo, que ganhava expressão durante a década de 1850, nos Estados Unidos mas não só. Só que, em 1858, Darwin tinha pressa de publicar – por causa da carta que recebeu de Alfred Russel Wallace, um jovem naturalista que estava na Indonésia e que lhe enviou as suas reflexões sobre a origem e transformação das espécies que tanto se assemelhavam à sua própria teoria, desenvolvida ao longo de duas décadas. Por isso, acabou por deixar a evolução humana de fora de A Origem das Espécies.
Entendia-se que nessa obra ele colocava a humanidade em pé de igualdade com os outros animais. Mas Darwin sentia que precisava de mais provas, de ser verdadeiramente esmagador, para falar sobre a evolução humana, num momento em que a campanha dos que viam os negros como uma espécie separada era tão forte, e em que a ameaça de guerra nos EUA estava a agigantar-se.
Cartas e outros escritos mostram que Darwin tinha esperança que Charles Lyell, o seu mentor científico, o ajudasse, falando da evolução humana no livro que estava a preparar sobre o tema. Mas Lyell tinha dificuldade em aceitar que o homem branco fosse retirado do pináculo da evolução e até algumas simpatias pelos plantadores do Sul dos EUA (embora não propriamente pela escravatura), e não conseguia dar esse passo.
Só anos mais tarde, em 1871, já depois de ter terminado a guerra nos EUA, Darwin ganhou coragem para publicar o livro em que fala mesmo sobre a evolução humana – A Ascendência do Homem, e Selecção relativamente ao Sexo (não disponível em edição portuguesa). Nele expõe então a sua teoria da selecção sexual, para explicar as diferenças que criam as raças.
in Público - ler notícia
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Um bolo para Darwin
Fotografia: Daniel Rocha
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O aniversário de Darwin no Blog "Ciência ao Natural"
Soltas, no meio da miríade de acções comemorativas:
- a influência da Paleontologia na obra de Darwin - "Fossils Reveal Truth About Darwin's Theory";
- inauguração da exposição "A evolução de Darwin", na Gulbenkian.
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Marcadores: Charles Darwin, Ciência ao Natural, Luís Azevedo Rodrigues
Soneto de Antero alusivo à data
Evolução
Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
Antero de Quental
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