Alguns autores indicam como data de nascimento o ano de 1205, outros que foi antes de 1210, possivelmente em 1205 ou 1207 e outros ainda entre 1210 e 1220.
Início
Pedro Julião, ou Pedro Hispano, nasce em
Lisboa, no então Reino de
Portugal, provavelmente na que é a actual freguesia de
São Julião, em data não conhecida, mas seguramente antes de
1226, filho de Julião Rebelo, médico, cuja profissão segue, e de Teresa Gil (embora
Luís Ribeiro Soares defenda que possa ter sido filho do chanceler de
D. Sancho I, Mestre
Julião Pais).
Entre
1246 e
1252 ensinou
medicina na Universidade de
Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca o Tratado
Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre
lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias, com 260 edições em toda a
Europa, traduzido para
grego e
hebraico.
Prova da sua vastíssima cultura científica encontra-se na obra
De oculo, um tratado de
Oftalmologia, que conhece ampla difusão nas universidades europeias. Quando
Miguel Ângelo adoece gravemente dos olhos, devido ao árduo labor consumido na decoração da
Capela Sistina,
encontra remédio numa receita de Pedro Julião. De sua autoria, o
‘Thesaurus Pauperum’ (Tesouro dos pobres), em que trata de várias
doenças e suas curas, com cerca de uma centena de edições e traduzido
para 12 línguas.
Bispo e Cardeal
Pontificado
João XXI irá marcar o seu breve pontificado (de pouco mais de 8 meses) pela fidelidade ao
XIV Concílio Ecuménico de Lião.
Apressa-se a mandar castigar, em tribunal criado para o efeito, os que
haviam molestado os cardeais presentes no conclave que o elegera.
Pontífice dotado de rara simplicidade, recebe em audiência tanto os ricos como os pobres.
Dante Alighieri, poeta italiano (1265-1321), na sua famosa ‘
Divina Comédia’, coloca a alma de João XXI no
Paraíso,
entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de
"aquele que brilha em doze livros", menção clara a doze tratados
escritos pelo erudito pontífice português. O rei
Afonso X de Leão e Castela, o Sábio, avô de
D. Dinis de Portugal,
elogia-o em forma de canção no "Paraíso", canto XII. Mecenas de
artistas e estudantes, é tido na sua época por 'egrégio varão de
letras', 'grande filósofo', 'clérigo universal' e 'completo cientista
físico e naturalista'.
Mais dado ao estudo que às tarefas pontifícias, João XXI delega no Cardeal Orsini, o futuro Papa
Nicolau III, os assuntos correntes da
Sé Apostólica. Ao sentir-se doente, retira-se para a cidade de
Viterbo, onde morre a
20 de maio de
1277,
vitimado pelo desmoronamento das paredes do seu aposento, estando o
palácio apostólico em obras. É sepultado junto do altar-mor da
Catedral de São Lourenço,
naquela cidade. No século XVI, durante os trabalhos de reconstrução do
templo, os seus restos mortais são trasladados para modesto e ignorado
túmulo, mas nem aqui encontraram repouso definitivo. Através do
contributo da Câmara Municipal de
Lisboa, por
João Soares então seu presidente, o mausoléu é colocado, a título definitivo, ao lado do Evangelho de
Catedral de Viterbo, a
28 de março de
2000.