Inicio de carreira política
Licenciado em Direito pela
Universidade de Salamanca, desempenhou diferentes cargos no
regime franquista da mão de
Fernando Herrero Tejedor, um
falangista ligado ao
Opus Dei, que foi o seu protetor desde que o conheceu, quando era governador civil de
Ávila. Desta forma, em
1958, passa a fazer parte da
Secretaría General del Movimiento, ascendendo, em
1961, a Chefe do Gabinete Técnico do Vice-secretário Geral, procurador nas
Cortes por Ávila em
1967 e governador civil de
Segóvia em
1968. Em
1969 foi designado Diretor Geral de
Radiotelevisión Española, onde já desempenhara outros cargos entre 1964 e 1968; permaneceu neste cargo até
1973.
Em abril de
1975, novamente da mão de Herrero Tejedor, foi nomeado Vice-secretário Geral do
Movimiento, cargo que ostentaria até a morte do seu mentor a 13 de junho desse ano.
Sua projeção para a titularidade da Presidência do Governo aumentou consideravelmente graças ao apoio da
Coroa e o apoio popular às suas políticas reformistas. A 9 de junho de 1976, num discurso sobre a
Lei de Associações Políticas nas
Cortes antes da sua escolha citou uns versos de
Antonio Machado (exilado devido ao avanço das tropas franquistas durante a
Guerra Civil):
| …e permiti-me para terminar que lembre os versos de um autor espanhol: «Está o hoje aberto para amanhã
amanhã para o infinito
Homens da Espanha:
Nem o passado é morto
Nem o amanhã nem o ontem escritos». |
Presidente do governo espanhol
Quando, em julho de 1976, o rei
Juan Carlos I lhe solicitou a formação do segundo governo do seu reinado e a conseguinte desmontagem das estruturas franquistas, Suárez era um desconhecido para uma maioria do povo espanhol. Porém, com os seus 43 anos, embora com dificuldades, foi capaz de aglutinar um grupo de políticos da sua geração que chegaram às convicções democráticas por diversos caminhos. Soube reunir
falangistas convertidos à democracia como ele,
sociais-democratas,
liberais,
democratas-cristãos, etc. e, entre 1976 e
1979, desmontar o
regime franquista com a cumplicidade das forças
antifranquistas, como o
PSOE e, especialmente, do
Partido Comunista de Espanha e do seu líder,
Santiago Carrillo, que apelidou Suárez de um "anticomunista inteligente".
Nesta tarefa contou com a ajuda de
Torcuato Fernández Miranda, entre outros, que conseguiu a auto-liquidação das Cortes franquistas e avançar no
Projeto de Reforma Política diante duma receosa oposição democrática e com a colaboração do Tenente-General
Manuel Gutiérrez Mellado, encarregado de tranquilizar e controlar, no possível, as altas esferas militares, compostas na sua maior parte por militares que ganharam a
guerra civil e, portanto, afetas ao regime franquista.
Primeiro presidente democrático
A
15 de junho de
1977, pela primeira vez na Espanha desde 1936, celebraram-se
eleições gerais livres. Adolfo Suárez alçava-se como vencedor das mesmas, à frente de um conglomerado de formações de centro-direita, aglutinadas sob as siglas UCD (
União de Centro Democrático). As
Cortes saídas daquelas eleições, convertidas em constituintes, aprovaram a
Constituição, que o povo espanhol referendou em 6 de dezembro de 1978.
A
3 de março de
1979, Adolfo Suárez ganhava pela segunda vez umas eleições, e iniciava o seu terceiro mandato como presidente do Governo. Talvez o seu primeiro erro neste período tivesse sido o de evitar a apresentação do seu programa de governo perante o Congresso, o que lhe pôs contra alguns grupos, como o
Partido Socialista Andaluz. Por outro lado, o triunfo nas eleições gerais ficou muito em segundo plano depois do acesso da esquerda aos principais municípios do país após as primeiras eleições municipais de Abril. O acordo entre o
PSOE e o
PCE permitiu as grandes cidades espanholas serem governadas por prefeitos de partidos da oposição.
Foi uma etapa de governo cheia de dificuldades políticas, sociais e económicas. Em 1980, o PSOE apresentou uma moção de censura que, embora derrotada de antemão, deteriorou ainda mais a imagem de um Suárez desprovido de apoios no seu próprio partido. Finalmente, a falta de sintonia com o rei Juan Carlos e as tensões crescentes no seu próprio partido, levaram a apresentar a sua demissão a
29 de janeiro de
1981. Na sua mensagem ao país afirmou:
| Eu não quero que o sistema democrático de convivência seja, uma vez mais, um parêntese na História da Espanha. | |
A suposição de que renunciava pela pressão dos militares pareceu confirmada pela tentativa de
golpe de estado que aconteceu durante a investidura de
Leopoldo Calvo-Sotelo. Contudo, alguns autores,
Javier Tusell e
Charles Powell entre eles, insistem no cansaço e na falta de apóio da Coroa como principais fatores para a sua demissão.
Suarez e o 23-F
En el
golpe del día 23 coinciden las distintas tramas golpistas que operaban desde el inicio de la
Transición, mediante una acción coordinada. A las seis en punto de la tarde empieza la votación nominal para la investidura de
Leopoldo Calvo-Sotelo como
Presidente del Gobierno de España. A las 18.22 horas, cuando iba a emitir su voto el diputado socialista
Manuel Núñez Encabo, se inicia la operación "Duque de Ahumada", en referencia al fundador de la
Guardia Civil. Según el plan trazado, un grupo de guardias civiles,
subfusil en mano, irrumpió en el hemiciclo del
Congreso de los Diputados encabezados por el teniente coronel
Antonio Tejero. Éste, desde la tribuna, gritó
"¡Quieto todo el mundo!" (
Sic) y dio orden de que todos se tirasen al suelo.
Como militar de más alta graduación allí presente y como vicepresidente del gobierno, el teniente general
Gutiérrez Mellado se levantó, se dirigió al teniente coronel
Tejero y le ordenó que se pusiera firme y le entregase el arma. Tras un brevísimo forcejeo y para reafirmar su orden,
Tejero efectuó un disparo que fue seguido por unas ráfagas de los subfusiles de los asaltantes. Sin inmutarse, con los brazos en jarras, el anciano general permaneció indiferente al sonido de las armas. Mientras la mayor parte de los diputados obedeció las órdenes de Tejero, el diputado
Carrillo y el presidente
Suárez se mantuvieron sentados en sus escaños. Suárez incluso hizo ademán de ayudar a
Gutiérrez Mellado. Durante el asalto, un ayudante de uno de los diputados sufrió un ataque de ansiedad y golpeó a un presente en la nariz.