(imagem daqui)
António Pedro da Costa (Cidade da Praia, 9 de dezembro de 1909 - Caminha, Moledo, 17 de agosto de 1966) foi um encenador, escritor e artista plástico português.
Biografia
Filho de José Maria da Costa (Lisboa, 27 de setembro de 1880 - ?) e de sua mulher Isabel Savage de Paula Rosa (Lisboa, Santos-o-Velho, 1884 - Cidade da Praia, circa 1930), filha de mãe inglesa. Era primo-irmão da mãe de António Sousa Lara.
Mudou-se aos 4 anos para Portugal. Frequentou o Liceu Pedro Nunes em Lisboa até ao 2.º ano, mudando-se depois para o Instituto Nuno Álvares, da Companhia de Jesus, em A Guarda
- Galiza, onde foi membro do grupo de teatro tendo participado em
várias dezenas de peças. O 6.º ano acabou-o em Santarém e o 7.º ano em
letras no Liceal de Coimbra, onde dirigiu o jornal O Bicho. Ingressou na Universidade de Lisboa, tendo frequentado a Faculdade de Direito e a Faculdade de Letras, não concluindo nenhum dos cursos. Viveu em Paris entre 1934 e 1935 onde chegou a estudar no Instituto de Arte e Arqueologia da Universidade de Sorbonne e onde assinou o Manifeste Dimensioniste.
Casou com Maria Manuela Possante, de quem não teve descendência.
Em 1933 cria a galeria UP (1933-1936), onde apresenta a primeira exposição de Maria Helena Vieira da Silva em Portugal (1935).
O surrealismo surge nos horizontes culturais portugueses a partir de
1936 em grande parte pela sua mão, em experiências literárias
«automáticas» que realiza com alguns amigos. Em 1940 realiza, com António Dacosta e Pamela Boden (Casa Repe, Lisboa) aquela que é considerada a primeira exposição surrealista em Portugal: " A exposição reunia dezasseis pinturas de Pedro, dez de Dacosta e seis esculturas abstratas de Pamela Boden [...]. O surrealismo de que se falara até então vagamente, desde 1924, [...] irrompia nesta exposição, abrindo a pintura nacional para outros horizontes que ali polemicamente se definiam".
Em 1941 António Pedro visitou o Brasil. Esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo,
tendo exposto os seus quadros em concorridas mostras em ambas as cidades.
Permaneceu no país uns quatro ou cinco meses, o bastante para formar
um largo círculo de amizades entre a nata da intelectualidade
brasileira. E partiu para a sua terra natal deixando um rastro de
amizades e sinceros admiradores.
Dirigiu e editou a revista Variante, de que saíram dois números (1942; 1943) e colaborou no semanário Mundo Literário (1946-1948).
Entre 1944 e 1945 vive e trabalha em Londres, na British Broadcasting Corporation (B.B.C.), tendo feito parte do grupo surrealista de Londres.
Precursor do movimento surrealista português, fez parte do Grupo Surrealista de Lisboa, criado em 1947 por Cândido Costa Pinto (expulso ainda na fase inicial de formação do grupo), Marcelino Vespeira, Fernando Azevedo e Mário Cesarini, entre outros, tendo participado na I Exposição Surrealista em Lisboa (1949).
Com uma forte ligação ao teatro, foi diretor do Teatro Apolo (Lisboa) em 1949 e diretor, figurinista e encenador do Teatro Experimental do Porto entre 1953 e 1961. Entre 1944 e 1945, foi crítico de arte e cronista da BBC em Londres.
Grande parte da sua obra como pintor perdeu-se, em 1944, aquando dum incêndio no seu atelier onde ficara a viver o seu amigo António Dacosta.
in Wikipédia
Poema inicial
I
A espuma do mar
Arrenda-me a sombra
Na areia molhada.
Ecoa nos gritos
Dos pássaros soltos
A voz que afogaram.
Quem mede os segredos
Da mata em que dói
Nasceram-me os ramos
No corpo que a é?
Assim porque sou
Princípio do mundo
Na tábua do barco
No seixo da roda
Na pedra do barro
No ovo da angústia
No parto dos peixes
Vivíparos e ainda
Na primeira mamada
Do cabrito ali
A minha sede antiga
É como se fosse
Pela primeira vez.
Arrenda-me a sombra
Na areia molhada.
Ecoa nos gritos
Dos pássaros soltos
A voz que afogaram.
Quem mede os segredos
Da mata em que dói
Nasceram-me os ramos
No corpo que a é?
Princípio do mundo
Na tábua do barco
No seixo da roda
Na pedra do barro
No ovo da angústia
No parto dos peixes
Vivíparos e ainda
Na primeira mamada
Do cabrito ali
É como se fosse
Pela primeira vez.
António Pedro
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