Rafael Sanzio, Autorretrato
Rafael Sanzio (em italiano: Raffaello Sanzio; Urbino, 6 de abril de 1483 - Roma, 6 de abril de 1520), frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras. Também é conhecido por Raffaello Sanzio, Raffaello Santi, Raffaello de Urbino ou Rafael Sanzio de Urbino. Juntamente com Miguel Ângelo e Leonardo Da Vinci forma a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento.
Urbino era então capital do ducado do mesmo nome e seu pai, Giovanni
Santi, pintor de poucos méritos mas homem culto e bem relacionado na
corte do duque Federico da Montefeltro. Transmitiu ao filho, de precoce
talento, o amor pela pintura e as primeiras lições do ofício. O duque,
personificação do ideal renascentista do príncipe culto, encorajara
todas as formas artísticas e transformara Urbino em centro cultural, a
que foram atraídos homens como Donato Bramante, Piero della Francesca e Leone Battista Alberti.
Rafael era filho de Giovanni Santi, poeta (escreveu uma Crónica famosa, em rima) e também pintor da corte de Mântua.
Aquando do nascimento de Rafael, ele dirigia um famoso estúdio em
Urbino. Giovanni ensinou o seu filho a pintar e o introduziu na corte
humanista de Urbino, que, no final do século XV, havia se tornado um dos mais ativos centros culturais da Itália, sob a regência de Federico da Montefeltro, falecido sete meses antes do nascimento de Rafael. Lá, Rafael pode conhecer os trabalhos de Paolo Uccello, Luca Signorelli, e Melozzo de Forlì. Precoce, aos dezassete anos (em 1500) Rafael já era considerado um mestre.
De acordo com Giorgio Vasari, Rafael foi levado pelo pai aos onze anos para ser aprendiz de Pietro Perugino, em Perúgia, mas esta informação é discutida por autoridades no assunto. É de consenso geral que Rafael estava na Úmbria a partir de 1492, ano do falecimento de seu pai. Com Perugino, Rafael aprendeu a técnica do afresco ou pintura mural.
Em sua primeira obra de realce, O casamento da Virgem (1504),
a influência de Perugino evidencia-se na perspectiva e na relação
proporcional entre as figuras, de um doce lirismo, e a arquitetura. A
disposição das figuras é, no entanto, mais informal e animada que a do
mestre.
No outono de 1504, Rafael foi para Siena com o pintor Pinturicchio, a quem ele tinha fornecido desenhos para os afrescos da Libreria Picolomini. De lá foi para Florença, atraído pelos trabalhos que estavam sendo realizados, no Palazzo della Signoria, por Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo. Viveu na cidade nos quatro anos seguintes, viajando para outras cidades ocasionalmente. Em 1507, uma nobre de Perugia encomendou-lhe uma "Deposição de Cristo", hoje exposta na Galleria Borghese, em Roma.
Sob a influência sobretudo da obra de Da Vinci, absorveu a estética renascentista e executou diversas Madonas, entre as quais a Madona Esterházy e A Bela Jardineira. Fez uso das grandes inovações introduzidas na pintura do Renascimento, e de Leonardo da Vinci, a partir de 1480: o chiaroscuro (claro-escuro), contraste de luz e sombra que empregou com moderação, e o sfumato (esfumado), sombreado levemente esbatido, em vez de traços, para delinear as formas.
A influência de Miguel Ângelo, patente na Pietà e na Madona do baldaquino, consistiu sobretudo na exploração das possibilidades expressivas da anatomia humana.
Em Florença, Rafael tornou-se amigo de vários pintores locais, destacando-se Fra Bartolomeo,
um proponente do idealismo renascentista. A influência de Fra
Bartolomeo levou-o a abandonar o estilo suave e gracioso de Perugino e
abraçar a grandiosidade e formas mais poderosas. Entretanto, a maior
influência sobre a obra de Rafael durante o seu período florentino veio de
Leonardo da Vinci e suas composições, figuras e gestuais, bem como
suas técnicas inovadoras antes citadas.
Na segunda metade de 1508, o Papa Júlio II, encorajado por Donato Bramante, amigo e parente distante de Rafael e arquiteto do Vaticano,
contratou os serviços do pintor. Aos 25 anos, Rafael ainda estava
forjando seu estilo. Contudo logo conquistou a fama e os favores do
papa. Ele começou a ser chamado de o Príncipe dos Pintores. Nos 12 anos
seguintes, Rafael nunca deixou Roma que passou a ser a sua segunda
nação. Trabalhou principalmente para Júlio II e seu sucessor, Leão X (filho de Lorenzo de Medici).
Ao final do ano de 1508, ele começou a decoração dos apartamentos de
Júlio no Vaticano, os quais, na visão do papa, eram destinados a
glorificar o poder da Igreja Romana através da justificação do Humanismo e do Neoplatonismo. Uma série de obras-primas, como a Disputa (ou Discussão do Santíssimo Sacramento) e a Escola de Atenas, pintados na Stanza della Segnatura, tornou-o o artista mais procurado da cidade.
Nos
doze anos em que permaneceu nessa cidade incumbiu-se de numerosos
projetos de envergadura, nos quais deu mostras de uma imaginação
variada e fértil. Dos afrescos do Vaticano, os mais importantes são a "Disputa" (ou "Discussão do Santíssimo Sacramento") e a "Escola de Atenas", ambos pintados na Stanza della Segnatura.
O primeiro, que mostra uma visão celestial de Deus, os seus profetas e
apóstolos, a encimar um conjunto de representantes da igreja, equipara
a vitória do catolicismo à afirmação da verdade. Já a "Escola de
Atenas" é uma alegoria complexa do conhecimento filosófico profano.
Mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor de Aristóteles e Platão, ilustrando a continuidade histórica do pensamento platónico.
Após a morte de Júlio II, em 1513, a decoração dos aposentos pontifícios prosseguiu sob o novo papa, Leão X, até 1517.
Apesar da grandiosidade do empreendimento, cujas últimas partes foram
deixadas principalmente por conta de seus discípulos, Rafael, que então
se tornara o pintor da moda, assumiu ao mesmo tempo numerosas outras
tarefas: criou retratos, altares, cartões para tapeçarias - os chamados Cartões de Rafael, cenários teatrais e projetos arquitetónicos de construções profanas e igrejas como a de Sant'Eligio degli Orefici. Tal era o seu prestígio que, segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Leão X chegou a pensar em fazê-lo cardeal.
Rafael continuou o trabalho nos quartos até 1513,
sob o governo de Leão X, mas deixou as últimas seções quase que
inteiramente sob cuidado de seus pupilos. Nesse meio tempo, ele realizou
outras tarefas como decorações sacras e seculares para vários prédios,
retratos, altares, design para pratos e até trabalhos cenográficos.
Alguns
de seus trabalhos mais famosos desse período nasceram da amizade com
que mantinha com um rico banqueiro de Siena, Agostino Chigi, que lhe
encomendou o afresco de Galateia para sua Villa Farnesina e as Sibilas
na igreja de Santa Maria della Pace, juntamente com o projeto e a
decoração da Capela de Chigi na igreja de Santa Maria del Popolo, em
1513.
Em 1514, com a morte de Bramante, Rafael foi nomeado para suceder-lhe como arquiteto do Vaticano e assumiu as obras em curso na Basílica de São Pedro, onde substituiu a planta em cruz grega, ou radial, por outra mais simples, em cruz latina, ou longitudinal. Sucedeu também a Bramante na decoração das loggias (galerias) do Vaticano, aí realizando composições de lírica simplicidade que pareciam contrabalançar a aterradora grandeza da capela Sistina pintada por Miguel Ângelo.
Competente pesquisador interessado na antiguidade clássica, Rafael foi designado, em 1515, para supervisionar a preservação de preciosas inscrições latinas em mármore.
Dois anos depois, foi nomeado encarregado geral de todas as
antiguidades romanas, pelo que executou um mapa arqueológico da cidade.
Fez um exame detalhado da estrutura e dos elementos arquitetónicos do Panteão, como ninguém havia feito até aquele momento. A sua última obra, a "Transfiguração", encomendada em 1517, desvia-se da serenidade típica de seu estilo para prefigurar coordenadas do novo mundo turbulento - o da expressão barroca.
Em
consequência da profundidade filosófica de muitos de seus trabalhos, a
reputação de humanista e pensador neoplatónico de Rafael implantou-se
em Roma. Entre seus amigos havia respeitados homens, como Castiglione e
Pietro Aretino, além de muitos artistas. Em 1519 projetou os cenários para a comédia I suppositi, de Ludovico Ariosto. Coberto de honrarias, Rafael morreu em Roma a 6 de abril de 1520.
A morte precoce de Rafael, no dia em que completava 37 anos, reforçou
a aura mística que rodeava sua figura. Admirado pela aristocracia e
pela corte papal, que o viam como o "príncipe dos pintores", foi
encarregado pelo papa Júlio III de decorar com afrescos as salas do Vaticano hoje conhecidas como as "Stanze di Raffaello".
Em seus últimos anos (1518-1520), a intervenção do estúdio em seus trabalhos tornou-se mais significativa, como pode-se ver em obras como Il Spasimo da Sicília, para uma igreja de Palermo, e a Visitação, hoje abrigada pelo Museu do Prado em Madrid. Também a decoração do "Quarto de Constantino" no Vaticano foi executada inteiramente por seus pupilos, baseado em desenhos do mestre. Os seus últimos trabalhos foram o Auto-retrato com um amigo que se encontra no Louvre, o pequeno mas monumental A Visão de Ezequiel e a Transfiguração.
Rafael morreu em Roma no seu aniversário de 37 anos, (alegadamente apenas algumas semanas depois de Leão X apontá-lo como cardeal), acometido por uma febre após um encontro à meia-noite, e foi profundamente lamentado por todos aqueles que reconheciam sua grandeza. Seu corpo repousou por um certo tempo numa das salas na qual ele havia demonstrado sua genialidade e foi honrado com um funeral público. A sua obra Transfiguração precedeu seu corpo durante a procissão fúnebre.
A "incansável mão da morte" (nas palavras de seu biógrafo) pôs um limite em suas conquistas e privou o mundo de um benefício maior de seus talentos, na idade em que a maioria dos outros homens começa a ser útil.
Rafael foi enterrado no Panteão de Roma, o mais honorável mausoléu na Itália, atendendo ao seu próprio pedido.
Na sua tumba foi colocada uma frase de Pietro Bembo em latim que diz: "Aqui jaz Rafael, que fez temer à Natureza por si fosse derrotada, em sua vida, e, uma vez morto, que morresse consigo".
Em seus últimos anos (1518-1520), a intervenção do estúdio em seus trabalhos tornou-se mais significativa, como pode-se ver em obras como Il Spasimo da Sicília, para uma igreja de Palermo, e a Visitação, hoje abrigada pelo Museu do Prado em Madrid. Também a decoração do "Quarto de Constantino" no Vaticano foi executada inteiramente por seus pupilos, baseado em desenhos do mestre. Os seus últimos trabalhos foram o Auto-retrato com um amigo que se encontra no Louvre, o pequeno mas monumental A Visão de Ezequiel e a Transfiguração.
Rafael morreu em Roma no seu aniversário de 37 anos, (alegadamente apenas algumas semanas depois de Leão X apontá-lo como cardeal), acometido por uma febre após um encontro à meia-noite, e foi profundamente lamentado por todos aqueles que reconheciam sua grandeza. Seu corpo repousou por um certo tempo numa das salas na qual ele havia demonstrado sua genialidade e foi honrado com um funeral público. A sua obra Transfiguração precedeu seu corpo durante a procissão fúnebre.
A "incansável mão da morte" (nas palavras de seu biógrafo) pôs um limite em suas conquistas e privou o mundo de um benefício maior de seus talentos, na idade em que a maioria dos outros homens começa a ser útil.
Rafael foi enterrado no Panteão de Roma, o mais honorável mausoléu na Itália, atendendo ao seu próprio pedido.
Na sua tumba foi colocada uma frase de Pietro Bembo em latim que diz: "Aqui jaz Rafael, que fez temer à Natureza por si fosse derrotada, em sua vida, e, uma vez morto, que morresse consigo".
Deposição de Cristo, Galeria Borghese, 1507, Roma
in Wikipédia
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