Retrato de Abel Botelho (1889) de António Ramalho
Abel Acácio de Almeida Botelho (Tabuaço, 23 de setembro de 1854 - Argentina, 24 de abril de 1917) foi um coronel de Estado-Maior do Exército, escritor, político e diplomata português, representante em Portugal do realismo extremo, conhecido como naturalismo. Escreveu, entre outros, o O Barão de Lavos e O Livro de Alda, os dois primeiros títulos da série Patologia Social.
Vida
Abel Botelho nasceu em Tabuaço, pequena vila da Beira Alta, a 23 de Setembro de 1854, e faleceu em Buenos Aires, como ministro da República Portuguesa, em 1917. Frequentou o Colégio Militar.
Iniciando-se na carreira das armas como simples soldado raso, foi
galgando os mais altos postos do Exército, tendo chegado a coronel.
Entre outras funções, exerceu a chefia do Estado-Maior da Primeira
Divisão Militar (Lisboa). Pertenceu a várias agremiações (Academia das Ciências, Associação dos Jornalistas e Escritores Portugueses, de Lisboa e do Porto, Associação da Imprensa, Sociedade Geográfica de Lisboa, etc.), e foi como um dos delegados dessa última agremiação que esteve em São Paulo, em 1910, por ocasião de um congresso de Geografia. Em 1911 é nomeado ministro da República (embaixador) em Buenos Aires, onde falece em 1917,
cargo de grande importância pois a Argentina foi o primeiro país a
reconhecer a República Portuguesa após a instauração republicana em
1910.
A sua carreira literária, começou-a em 1885, com um livro de versos chamado Lira Insubmissa.
No ano seguinte, lança Germano, drama em cinco atos, em
verso. Proposta à direção do Teatro Nacional, esta peça foi recusada.
Originou-se uma polémica, por causa do artigo que Abel Botelho dirigiu
aos responsáveis pela sua não aceitação. Daí em diante escreverá outras
peças de teatro: Jacunda (comédia em três atos; 1895), Claudina
(estudo duma neurótica; comédia em três atos, representada no Teatro
do Príncipe Real de Lisboa, na festa artística da atriz Lucinda Simões,
a 18 de março de 1890), Vencidos da Vida (peça satírica, representada a 23 de março de 1892 no Teatro do Ginásio; três atos), Parnaso
(peça lírica, em verso, em um ato, escrita para a récita de
estudantes, em benefício da Caixa de Socorros a Estudantes Pobres,
realizada no Teatro de São Carlos, em 3 de maio de 1894), Fruta do Tempo (comédia, escrita para a atriz Lucinda Simões; 1904). Sendo de assunto em geral escabroso, delicado, como pedia o Naturalismo, essas peças causavam agitação, especialmente Imaculável, que terminou em arruaças e apupos, e Vencidos da Vida,
que não pôde prosseguir em cena pelo que continha de crítica ao grupo
literário com o mesmo nome, e por ser considerada imoral, criando-se uma
polémica entre Abel Botelho e os responsáveis pela proibição.
Em 1891,
Abel Botelho inicia o estudo da sociedade portuguesa na série
"Patologia Social", que deveria ser o exame exigente e científico dos
males gerais que infestavam Portugal, sobretudo Lisboa, capital e centro urbano de maior prestígio. O primeiro é O Barão de Lavos (1891), supostamente o primeiro romance em português com um enredo homossexual. Seguiu-se-lhe O Livro de Alda (1898), Amanhã (1901), o primeiro romance em português de sempre com um enredo em torno da classe operária e do anarquismo. Posteriormente escreve Fatal Dilema (1907), Próspero Fortuna (1910). Além desses, deixou mais três romances: Sem Remédio… (1900), Os Lázaros (1904), e Amor Crioulo (incompleto e póstumo; seu título anterior era Idílio Triste; 1919) e o livro de contos Mulheres da Beira (1898; anteriormente publicados no "Diário de Notícias", entre 1895 e 1896, e que serviu de inspiração para o filme homónimo de 1921). Também colabora em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas Brasil-Portugal (1899-1914), Serões (1901-1911), Azulejos (1907-1909) e Atlântida (1915-1920).
- A ele se ficou a dever o projeto gráfico da bandeira da República Portuguesa, em que o verde representa a esperança e o vermelho o sangue derramado pelo povo nas muitas guerras travadas.
- Fez parte da Maçonaria, tendo sido iniciado no Grande Oriente Lusitano Unido, em 1910, por comunicação, sob o nome simbólico de Spinosa.
in Wikipédia
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