Como muitos outros artistas do Brasil, Elis surgiu dos festivais de música na década de 60
e mostrava interesse em desenvolver o seu talento através de
apresentações dramáticas. O seu estilo era altamente influenciado pelos
cantores do rádio, especialmente Ângela Maria, e a fez ser a grande revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinicius de Moraes e Edu Lobo.
Tal feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular
brasileira na era da TV. Enquanto outras cantoras contemporâneas como Maria Bethânia
haviam se especializado e surgido em teatros, ela deu preferência às
rádios e televisões. Os seus primeiros discos, iniciando com Viva a Brotolândia (1961), refletem o momento em que foi do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro, e que teve exigências de mercado e dos media. Transferindo-se para São Paulo em 1964, onde ficaria até à sua morte, logrou sucesso com os espetáculos do Fino da Bossa e encontrou uma cidade efervescente onde conseguiria realizar os seus planos artísticos. Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do Fino da Bossa, e ambos tiveram João Marcelo Bôscoli.
Elis Regina aventurou-se por muitos géneros; da MPB, passando pela bossa nova, o samba, o rock ao jazz. Interpretando canções como "Madalena", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e a Equilibrista", "Querelas do Brasil", que ainda continuam famosas e memoráveis, registou momentos de felicidade, amor, tristeza, patriotismo e ditadura militar no país. Ao longo de toda sua carreira, cantou canções de músicos até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco,
ajudando a lançá-los e a divulgar as suas obras, impulsionando-os no
cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, são célebres os
duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Wilson Simonal, Rita Lee, Chico Buarque - que quase foi lançado por ela, não fosse Nara Leão ter gravado com ele antes - e, por fim, o seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, de quem teve os filhos Pedro Mariano e Maria Rita. Mariano também ajudou-a a arranjar muitas músicas antigas e dar novas roupagens a elas, como com "É Com Esse Que Eu Vou".
A sua presença artística mais memorável talvez esteja registada nos álbuns Em Pleno Verão (1970), Elis & Tom (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Saudade do Brasil (1980) e Elis (1980). Ela foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil. Elis Regina morreu precocemente, em 1982, com apenas 36 anos, deixando uma vasta obra na música popular brasileira. Embora haja controvérsias e contestações, os exames comprovaram que havia morrido por conta de altas doses de cocaína e bebidas alcoólicas, e o facto chocou profundamente o país na época.
Em 2013, foi eleita a segunda melhor voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil, superada apenas por Tim Maia.
Elis foi citada também na lista dos maiores artistas da música
brasileira, ficando na 14ª posição, sendo a mulher mais bem posicionada.
1 comentário:
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