sexta-feira, maio 01, 2020

O abate de um U-2 piorou a Guerra Fria faz hoje sessenta anos

Francis Gary Powers (17 de agosto de 1929 - 1 de agosto de 1977) foi capitão da Força Aérea dos Estados Unidos. Era o piloto norte-americano do avião espião U-2, abatido a tiros enquanto sobrevoava a União Soviética, em 1960, causando assim a "Crise do U-2".
Nasceu em Burdine, Kentucky, e cresceu em Pound, Virgínia, cidade na fronteira de Virgínia com Kentucky. Depois de graduar-se no Milligan College, Tenesse, Gary alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos, em 1950. Para completar seu treinamento (52-H) foi escalado para o 468º Esquadrão Estratégico de Combate na Base Aérea de Turner, Geórgia, pilotando um F-84 Thunderjet. Foi designado para operações na Guerra da Coreia, mas (de acordo com seu filho) foi recrutado pela CIA por causa de seu extraordinário trabalho com uma aeronave a jato com um único motor, logo depois de recuperar de uma doença. Obteve o posto de Capitão da Aeronáutica em 1956, integrando-se ao programa U-2 da CIA.
Os pilotos do U-2 executavam missões de espionagem em países hostis, inclusive na União Soviética, fotografando sistematicamente instalações militares e outros importantes alvos de inteligência. Powers foi designado para a base área dos U-2 em İncirlik, Turquia. Em virtude do abate de sua aeronave por um míssil de superfície no dia 1 de maio de 1960, ao sobrevoar Sverdlovsk, foi condenado por espionagem contra a União Soviética e sentenciado a três anos de prisão e mais sete anos de trabalhos forçados. No entanto, no dia 10 de fevereiro de 1962, vinte e um meses depois da sua captura, ele foi trocado junto com o estudante norte-americano Frederic Pryor, numa operação de troca de espiões pelo coronel soviético Vilyam Fisher da KGB (vulgo Rudolf Abel) na ponte de Glienicke, em Potsdam, Alemanha. Esta troca de prisioneiros seria a primeira de uma série do género ocorrida durante a Guerra Fria.
No seu retorno aos EUA, Powers foi criticado por não ter acionado o dispositivo de auto-destruição da aeronave, nem ter destruído a câmara ou a película fotográfica, e componentes do avião antes de sua captura. Além do mais, outros o criticaram por não usar o equipamento de suicídio opcional criado pela CIA. Tratava-se de um alfinete envenenado, oculto num orifício de uma moeda de um dólar, podendo ser usado para evitar dor e sofrimento em casos de tortura. Depois de ser extensamente interrogado pela CIA, pela Lockheed e pela Força Aérea dos Estados Unidos, em 6 de março de 1962 ele compareceu diante de uma Comissão do Senado dos Estados Unidos sobre Serviços Especiais, presidida pelo Senador Richard Russell e incluindo os Senadores Prescott Bush e Barry Goldwater,  que determinaram que Powers atendesse as seguintes ordens: não divulgasse qualquer informação crítica contra os soviéticos, e se comportasse "como um bom rapaz sob circunstâncias perigosas".
Depois de sua volta, Powers trabalhou para a Lockheed como um piloto de provas de 1963 a 1970. Em 1970, ele co-escreveu um livro sobre o incidente, "Operação de Sobrevoo: Memórias do Caso U-2" ("Operation Overflight: A Memoir of the U-2 Incident").
Ele faleceu num acidente de helicóptero em Los Angeles, no dia 1 de agosto de 1977, enquanto trabalhava como repórter aéreo para a emissora de televisão KNBC. O acidente de seu helicóptero aparentemente foi causado por um manutenção mal feita no sistema de combustível, que teria sido realizada sem o seu conhecimento. Homenageado por sua esposa Sue e pelos dois filhos Dee e Francis Gary Jr., foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington.
O seu filho, Powers Jr., dedicou bastante tempo para ver honrada a memória de seu pai, e trabalhou para criar o Museu da Guerra Fria em Washington, D.C. para mostrar às pessoas a realidade do período de rivalidade entre os EUA e a URSS.
Em 1998, uma informação obtida nos arquivos secretos revelou que a missão fatídica de Powers realmente se tratava de uma operação conjunta da Força Aérea dos Estados Unidos e da CIA. Em 2000, no aniversário dos quarenta anos do episódio, a sua família finalmente foi contemplada com homenagens póstumas concedidas a Powers, a Medalha dos Prisioneiros de Guerra, a Cruz do Mérito da Aviação e a Medalha do Serviço Nacional de Defesa.
Quando questionado sobre a altura a que voava em 1 de maio de 1960, ele frequentemente respondia, "eu não estava a voar suficiente alto".
  

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