Nasceu em
Burdine,
Kentucky, e cresceu em
Pound,
Virgínia, cidade na fronteira de Virgínia com Kentucky. Depois de graduar-se no
Milligan College,
Tenesse, Gary alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos, em
1950. Para completar o seu treino (52-H) foi escalado para o 468º Esquadrão Estratégico de Combate na
Base Aérea de Turner,
Geórgia, pilotando um
F-84 Thunderjet. Foi designado para operações na
Guerra da Coreia, mas (de acordo com seu filho) foi recrutado pela
CIA por causa de seu extraordinário trabalho com uma aeronave a jato com um único motor, logo depois de recuperar de uma
doença. Obteve o posto de Capitão da Aeronáutica em
1956, integrando-se no programa U-2 da CIA.
Os pilotos do U-2 executavam missões de
espionagem
em países hostis,
inclusive na União Soviética, fotografando
sistematicamente instalações militares e outros importantes alvos de
inteligência. Powers foi designado para a base área dos U-2 em
İncirlik,
Turquia. Em virtude do abate de sua aeronave por um
míssil de superfície no dia
1 de maio de
1960, ao sobrevoar
Sverdlovsk, foi condenado por espionagem contra a União Soviética e sentenciado a três anos de prisão e mais sete anos de
trabalhos forçados. No entanto, no dia
10 de fevereiro de
1962, vinte e um meses depois da sua captura, ele foi trocado, juntamente com o estudante norte-americano
Frederic Pryor, numa operação de troca de espiões, pelo coronel soviético
Vilyam Fisher da
KGB (vulgo Rudolf Abel) na ponte de Glienicke, em
Potsdam,
Alemanha. Esta troca de prisioneiros seria a primeira de uma série do género ocorrida durante a
Guerra Fria.
No seu regresso aos EUA, Powers foi criticado por não ter acionado o
dispositivo de auto-destruição da aeronave, nem ter destruído a
câmara ou a
película fotográfica, e componentes do avião antes de sua captura. Além do mais, outros o criticaram por não usar o equipamento de
suicídio opcional criado pela CIA. Tratava-se de um
alfinete envenenado, oculto num orifício de uma
moeda de um
dólar, podendo ser usado para evitar
dor e
sofrimento em casos de
tortura. Depois de ser extensamente interrogado pela CIA, pela
Lockheed e pela Força Aérea dos Estados Unidos, em
6 de março de
1962 ele compareceu diante de uma Comissão do
Senado dos Estados Unidos sobre Serviços Especiais, presidida pelo Senador
Richard Russell e incluindo os Senadores
Prescott Bush e
Barry Goldwater, que determinaram que Powers atendesse as seguintes
ordens: não divulgasse qualquer informação crítica contra os soviéticos,
e se comportasse "como um bom rapaz sob circunstâncias perigosas".
Depois do seu regresso, Powers trabalhou para a Lockheed como piloto de provas de
1963 a
1970. Em 1970, ele co-escreveu um livro sobre o incidente, "Operação de Sobrevoo: Memórias do Caso U-2" ("
Operation Overflight: A Memoir of the U-2 Incident").
Faleceu num acidente de
helicóptero em
Los Angeles, no dia 1 de agosto de
1977, enquanto trabalhava como repórter aéreo para a emissora de
televisão KNBC. O acidente de seu helicóptero aparentemente foi causado por um manutenção mal feita no sistema de
combustível,
que teria sido realizada sem o seu conhecimento. Homenageado pela sua
esposa Sue e pelos dois filhos Dee e Francis Gary Jr., foi sepultado
no Cemitério Nacional de
Arlington.
O seu filho, Powers Jr., dedicou bastante tempo para ver honrada a
memória de seu pai, e trabalhou para criar o Museu da Guerra Fria, em
Washington, D.C., para mostrar às pessoas a realidade do período de
rivalidade entre os EUA e a URSS.
Em
1998,
uma informação obtida nos arquivos secretos revelou que a missão
fatídica de Powers realmente se tratava de uma operação conjunta da
Força Aérea dos Estados Unidos e da CIA. Em
2000,
no aniversário dos quarenta anos do episódio, a sua família finalmente foi
contemplada com homenagens póstumas concedidas a Powers, a Medalha dos
Prisioneiros de Guerra, a Cruz do Mérito da Aviação e a Medalha do
Serviço Nacional de Defesa.
Quando questionado sobre a altura a que voava em 1 de maio de 1960,
ele frequentemente respondia, "não estava a voar suficiente alto".