José Júlio Marques Leitão de Barros (Lisboa, Santa Isabel, 22 de outubro de 1896 - Lisboa, 29 de junho de 1967) foi um professor, cineasta, jornalista, dramaturgo e pintor português,
que se distingue dos da sua geração pelo sentido estético das suas
obras e por antecipar, sem bases teóricas, todo um movimento
cinematográfico que se dedicou à prática da antropologia visual. É o autor da primeira docuficção portuguesa e segunda etnoficção mundial na história do cinema (Maria do Mar - 1930).
Biografia
Filho de José Joaquim de Barros e de sua mulher Júlia Marques Leitão. O seu irmão Carlos Joaquim Marques Leitão de Barros foi Tenente, Cavaleiro (5 de outubro de 1931) e Oficial (22 de outubro de 1945) da Ordem Militar de Avis e Oficial (29 de abril de 1947) da Ordem de Benemerência, e a sua irmã Teresa Emília Marques Leitão de Barros foi Dama da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada a 5 de outubro de 1931.
Frequentou a Faculdade de Ciências e também a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de concluir um curso da Escola Normal Superior de Lisboa, foi professor do ensino secundário (desenho, matemática). Tirou também o curso de arquitectura na Escola de Belas-Artes. Expôs várias obras de pintura em museus portugueses, em Espanha, no Museu de Arte Contemporânea de Madrid e ainda no Brasil.
Casou em Oeiras, Oeiras e São Julião da Barra, a 17 de agosto de 1923 com Helena Roque Gameiro, com descendência.
Dramaturgo, peças suas subiram à cena em Lisboa, no Teatro Nacional e noutras salas. Cenógrafo, responsabilizou-se pela montagem de muitas peças. Jornalista, dirigiu a revista Notícias Ilustrado (1928-1935) e colaborou, por exemplo, nos jornais O Século, A Capital, e ABC, na revista Contemporânea (1915-1926). Fundou e dirigiu O Domingo Ilustrado (1925-1927), e Século Ilustrado. O seu nome consta da lista de colaboradores da revista de cinema Movimento (1933-1934). Foi o principal animador da construção dos estúdios da Tobis Portuguesa, concluídos em 1933 em conjunto com a qual realizou mais tarde, em 1966, o filme "A Ponte Salazar sobre o Rio Tejo em Portugal".
Celebrizado pela sua carreira cinematográfica, Leitão de Barros
deixou também marcas duradouras no jornalismo português. Em 1938, foi
protagonista de uma longa entrevista à rainha Dona Amélia em Paris,
publicada nas páginas de "O Século" e "O Século Ilustrado". A peça terá
sido um instrumento de propaganda para aproximar a rainha viúva do
Estado Novo e a monarca aproveitou a oportunidade para gabar algumas das
obras do salazarismo.
Anos antes, em 1932, quando ainda trabalhava no "Notícias Ilustrado",
Leitão de Barros protagonizou outro caso célebre, dando cobertura à
alegação infantil de que um sósia de António Oliveira Salazar estava representado nos Painéis de São Vicente. A informação foi relatada entusiasticamente pelo suplemento do Diário de Notícias, conferindo uma aura providencial ao ditador.
Organizou, a partir de 1934, vários cortejos históricos e marchas populares das Festas da Cidade, actividade que regularmente manteve durante a década seguinte. Foi secretário-geral da Exposição do Mundo Português e responsável pela organização da ‘’Feira Popular’’ de Lisboa (1943). Foi director da Sociedade Nacional de Belas-Artes.
Interessou-se entretanto pelo cinema: Malmequer e Mal de Espanha (1918)
foram os seus primeiros filmes. Neles se salientam duas tendências: a
evocação histórica dos temas e a crónica anedótica. Assimilou, por
influência de Rino Lupo, o conceito de filme pictórico, desenvolvido por Louis Feuillade, o do Film Esthétique, e depois algumas das ideias formais do cinema soviético teorizadas por Eisenstein.
Com o documentário Nazaré (1927), retomando um tema já explorado pelo francês Roger Lion em 1923, registou aspectos de rude beleza plástica e de aguda observação humana, tal como no filme Lisboa, Crónica Anedótica de uma Capital (1930), em que misturou actores conhecidos com a gente da rua, antecipando assim tendências modernas. No mesmo ano, rodou ainda na Nazaré a Maria do Mar.
Depois filmou A Severa (1931), o primeiro filme sonoro português. Ala Arriba! (1942), escrito por Alfredo Cortês, apresentava os pescadores da Póvoa de Varzim com uma força dramática pouco vulgares. A Bienal de Veneza deu-lhe um dos seus prémios. Seria, a partir dos anos sessenta, um dos cineastas preferidos do regime.
Publicou também Elementos de História de Arte e, em livro, Os Corvos (crónicas publicadas no jornal Diário de Notícias).
A 4 de setembro de 1935 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 4 de março de 1941 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo.
in Wikipédia
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