sábado, abril 04, 2020

Afonso X, dito o Sábio, avô de D. Dinis, morreu há 736 anos

O Rei Afonso X, o Sábio, trajado com as armas de Leão e Castela, rodeado pelos seus cortesãos
   
Afonso X (em espanhol: Alfonso X), o Sábio (Toledo, 23 de novembro de 1221Sevilha, 4 de abril de 1284), foi rei de Castela e Leão de 1252 até à sua morte, em 1284.
  
Armas do reino de Leão e Castela
    
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O infante cresceu com seus aios em Villaldemiro e em Celada del Camino e também passou parte de sua infância nas propriedades de seus cuidadores, em Allariz, onde aprendeu galaico-português que anos depois utilizou para escrever as Cantigas de Santa Maria. Ainda infante, o seu pai fê-lo participar na tomada de várias praças andaluzes, entre as quais Múrcia, Alicante e Cádis, na reconquista durante o reinado do seu pai, Fernando, o Santo.
   
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Contribuições para a cultura
Como D. Dinis seu neto, Afonso X fomentou a actividade cultural a diversos níveis. Realizou a primeira reforma ortográfica do castelhano, idioma que adoptou como oficial em detrimento do latim. O objectivo seria desenvolver o vernáculo do seu reino, segundo o historiador Juan de Mariana.
A famosa escola de tradutores de Toledo juntou um grupo de estudiosos cristãos, judeus e muçulmanos. Foi principalmente nesta que se realizou o importantíssimo trabalho de traduzir para as línguas ocidentais os textos da antiguidade clássica, entretanto desenvolvidos pelos cientistas islâmicos. Estas obras foram as principais responsáveis pelo renascimento científico de toda a Europa medieval, que forneceria inclusivamente os conhecimentos necessários para o subsequente período dos descobrimentos. A verdadeira revolução cultural que impulsionou foi qualificada de renascimento do século XIII. Mas a obra que mais foi divulgada e traduzida no reinado deste intelectual foi a Bíblia.
  
Afonso foi também mecenas generoso do movimento trovadoresco, e ele próprio um dos maiores trovadores e poetas de língua galaico-portuguesa (a língua mais usada na lírica ibérica do século XIII), tendo chegado até nós 44 cantigas suas, de amor e principalmente de escárnio e maldizer. A sua obra mais reconhecida é as Cantigas de Santa Maria, cancioneiro sacro sobre os prodígios da Virgem Santíssima, num total de 430 composições, musicadas.
Também colaborou no El Libro del Saber de Astronomia, obra baseada no sistema ptolomaico. Esta obra teve a participação de vários cientistas que o rei congregara, e aos quais proporcionava meios de estudo e investigação, tendo mesmo mandado instalar um observatório astronómico em Toledo. Compôs as tabelas afonsinas sobre as posições astronómicas dos planetas, baseadas nos cálculos de cientistas árabes. Como tributo à sua influência para o conhecimento da astronomia, o seu nome foi atribuído à cratera lunar Alfonsus.
Outras obras com o seu contributo são o Lapidario, um tratado sobre as propriedades das pedras em relação com a astronomia e o Libro de los juegos, sobre temas lúdicos (Xadrez, dados e tabelas - uma família de jogos a que pertence o gamão), praticados pela nobreza da época.
     
      


Santa Maria, Strela do dia
  
Esta é de loor.
 
 
Santa Maria,
Strela do dia,
mostra-nos via
pera Deus e nos guia.
 
 
Ca veer faze-los errados
que perder foran per pecados
entender de que mui culpados
son; mais per ti son perdõados
da ousadia
que lles fazia
fazer folia
mais que non deveria.
 
 
Santa Maria,
Strela do dia,
mostra-nos via
pera Deus e nos guia.
 
 
Amostrar-nos deves carreira
por gãar en toda meneira
a sen par luz e verdadeira
que tu dar-nos podes senlleira;
ca Deus a ti a
outrorgaria
e a querria
por ti dar e daria.
  
 
Santa Maria,
Strela do dia,
mostra-nos via
pera Deus e nos guia.
    
   
Guiar ben pod'o teu siso
mais ca ren pera perayso
u Deus ten sempre goy'e riso
pora quen en el creer quiso;
e prazer-m-ia
se te prazia
que foss'a mia
alm'en tal compannia.
 
  
Santa Maria,
Strela do dia,
mostra-nos via
pera Deus e nos guia.

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