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sexta-feira, abril 08, 2011

Mais um sismo no Japão

Abalo causou derrame de água radioactiva em central
Sismo no Japão fez três mortos e 132 feridos

A fuga de água radioactiva na central de Onagawa

Três pessoas morreram e 132 ficaram feridas ontem quando um sismo de magnitude 7,1 abalou o Japão. O abalo causou um derrame de água radioactiva numa central nuclear, Onagawa, na província de Miyagi.

Uma mulher de 63 anos foi encontrada morta em casa, esta manhã, na cidade de Obanazawa, na província de Yamagata, segundo informações da Agência para a gestão de desastres e incêndios, citada pela estação de televisão japonesa NHK.

Na cidade de Ishinomaki, na província de Miyagi, dois homens com 79 e 85 anos morreram num hospital. As autoridades acreditam que ambos morreram de paragem cardíaca, como consequência do sismo.

O sismo ocorreu às 23h32 locais (15h32 hora portuguesa) a uma profundidade de 49 quilómetros, segundo os Serviços geológicos norte-americanos (USGS, sigla em inglês). O seu epicentro foi localizado no oceano Pacífico, a 66 quilómetros da cidade de Sendai, na província de Miyagi.

Na região Nordeste, a mais afectada pelo sismo de magnitude 9 e pelo tsunami que se seguiu, a 11 de Março, cerca de 3,3 milhões de lares ficaram sem electricidade.

terça-feira, março 15, 2011

Nuclear - não obrigado!

Novos problemas na central nuclear de Fukushima
União Europeia fala de “apocalipse” no Japão

O comissário europeu da Energia, Günther Oettinger, qualificou o acidente nuclear no Japão como um “apocalipse” e adiantou que as autoridades locais terão perdido o controlo da situação na central nuclear de Fukushima I, onde já houve três explosões. O espaço aéreo em redor da central foi encerrado.

 “Estamos a falar de apocalipse e creio que a palavra é particularmente bem escolhida”, disse Günther Oettinger esta terça-feira perante uma comissão do Parlamento Europeu em Bruxelas. “Tudo está praticamente fora de controlo”, adiantou, citado pela AFP. “Não excluo o pior nas horas mais próximas”.

Uma terceira explosão no reactor 2 da central nuclear de Fukushima I, e um incêndio no reactor 4 fizeram esta terça-feira subir de tom a crise nuclear no Japão. As autoridades admitem agora que os níveis de radioactividade poderão afectar a saúde humana. E a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) também já reconheceu que poderá haver danos no núcleo do reactor 2.

Yukiya Amano, director-geral da AIEA, disse em conferência de imprensa que há “possivelmente danos” no núcleo do reactor 2. “Deverão ser inferiores a cinco por cento”, adiantou, para depois salientar que a situação é “preocupante” mas será diferente da catástrofe nuclear que ocorreu em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. O responsável da AIEA disse que precisa de informação mais actualizada e detalhada sobre o que está a acontecer no Japão.

A agência da ONU para a energia atómica já tinha emitido um comunicado a referir que as explosões nos reactores 1 e 3 não danificaram os vasos de pressão primários (primeira camada de protecção do núcleo dos reactores). “Estão ambos intactos”. No entanto, a explosão de ontem no reactor 2 “pode ter afectado a integridade do seu vaso de pressão primário”, acrescenta.

A Autoridade de Segurança Nuclear francesa já tinha alertado para a possibilidade de danos neste sistema de contenção que é o mais importante para evitar uma fuga radioactiva. Adiantou ainda que o acidente nuclear em Fukushima I atingiu um nível de gravidade 6, numa escala de um a sete. "O fenómeno assumiu uma dimensão totalmente diferente da de ontem. É claro que chegámos ao nível 6", disse André-Claude Lacoste, citado pela AFP. Mas a Agência de Segurança Nuclear japonesa não confirma o nível de gravidade 6, fala antes de nível 4.

No perímetro de 30 quilómetros em torno da central as pessoas não podem sair de casa e foi estabelecida uma zona de exclusão aérea, mas apesar disso as autoridades japonesas informaram a ONU de que os níveis de radioactividade junto à central estão a baixar.

Problemas em quatro reactores

Uns após dos outros, os reactores da central Fukushima I, 250 quilómetros a Norte de Tóquio, enfrentam uma infernal série de avarias e acidentes desde o sismo e tsunami da passada sexta-feira. Dos seis reactores da central, quatro registam problemas graves.

Ontem à noite, o reactor 2 da central de Fukushima Daiichi foi o terceiro a registar uma explosão, aumentando os receios de uma fuga radioactiva descontrolada de larga escala. As barras de combustível, no núcleo do reactor, deixaram de estar totalmente cobertas por água durante pelo menos duas horas, o que levou a que aquecessem e que ocorresse uma explosão. A empresa proprietária da central, a Tepco, ordenou a evacuação do reactor 2, com excepção dos funcionários que estão a injectar água para tentar arrefecer o reactor.

Paralelamente, deflagrou um incêndio no reactor 4, o que faz "aumentar consideravelmente" os níveis de radiação, declarou o primeiro-ministro, Naoto Kan, numa mensagem televisiva. O incêndio manteve-se activo durante duas horas.

“Agora estamos a falar de níveis que poderão ter impacto na saúde humana”, indicou hoje em conferência de imprensa o vice-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Yukio Edano, segundo o qual o reactor "não está, necessariamente, em condições estáveis".

Naoto Kan, o primeiro-ministro, considerou a situação "preocupante". Por isso, anunciou que as pessoas que ainda se mantêm dentro de um raio de 20 quilómetros em torno da central deverão abandonar as suas casas e aqueles que vivem a entre 20 e 30 quilómetros de distância deverão permanecer dentro de portas.Os níveis de radiação em torno de Fukushima após uma hora de exposição aumentaram para oito vezes mais do que o limite legal em um ano, indicou o operador da central, a Tokyo Electric Power (Tepco). Os níveis de radiação em Tóquio também estão mais elevados que o normal, mas as autoridades garantem que não apresentam perigos para a saúde.

No sábado aconteceu a primeira explosão na central de Fukushima, no reactor 1. A segunda aconteceu na segunda-feira, quando houve uma explosão de hidrogénio no reactor 3. Finalmente, ontem à noite, foi o reactor 2 a sofrer uma explosão, algo que as autoridades japonesas tentavam que não acontecesse. Todas as explosões aconteceram devido à acumulação do hidrogénio libertado.

O cenário em Fukushima I é "francamente mau", considera o director da Agência da OCDE para a Energia Nuclear, Luis Echavarri. "As últimas notícias do reactor 2 indicam que existem problemas que não conhecemos bem e que puderam provocar fissuras por onde a radioactividade se pode ter libertado", acrescentou.

"Radioactividade perigosa"

Hoje, o ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, Takeaki Matsumoto, veio confirmar em conferência de imprensa os receios, dizendo que o nível de radiações causado pelo incêndio ocorrido no reactor 4 da central nuclear de Fukushima "pode ser prejudicial à saúde" das populações. "Relativamente ao reactor 3, estamos a injectar água para o arrefecimento", garantiu. "A situação é difícil. Estamos a fazer todos os possíveis para resolver este problema", acrescentou o ministro. Cerca de 150 pessoas, que moram na região que rodeia Fukushima I, já fizeram testes aos níveis de radiação. Foram tomadas medidas para descontaminar 23 pessoas.

Num ginásio em Tamura, na província de Fukushima, a 30 quilómetros de distância da central nuclear, cerca de 600 pessoas esperam por notícias em frente às televisões. "Todos nós queremos voltar para as cidades onde nascemos e fomos criados, mesmo que demore um ano ou três anos", comentou um homem de 51 anos à Kyodo. De momento, 5000 pessoas estão abrigadas em onze edifícios em Kawamata, na província de Fukushima, a 20 quilómetros da central.

Hoje, três províncias vizinhas de Fukushima começaram a preparar a chegada dos habitantes que estão a ser retirados da zona perto da central nuclear, avança a agência de notícias Kyodo. Na cidade de Yonezawa, Yamagata, muitos dos que estão já chegar procuram fazer testes médicos para saber a que níveis de radiação foram expostos.

A província de Yamagata está a listar os edifícios que podem ser usados como abrigos e o governo de Gunma anunciou que está preparado para receber as pessoas em 190 locais públicos.
"Estamos a tentar determinar quantas pessoas podemos receber e que locais podemos usar como abrigos", comentou um responsável do governo de Tochigi. Algumas pessoas já começaram a chegar à cidade de Nasushiobara.

Governo encerra espaço aéreo em redor da central de Fukushima

Hoje, o Ministério dos Transportes japonês ordenou o encerramento do espaço aéreo num raio de 30 quilómetros em redor da central nuclear de Fukushima, informou a agência Kyodo. A medida exclui os aviões e helicópteros envolvidos nas operações de resgate e de distribuição de ajuda nas áreas atingidas pelo sismo de sexta-feira.

O Governo acredita que esta imposição não terá impactos significativos nos voos comerciais previstos no país.

A coisa tá braba em Fukushima

Já na noite desta segunda-feira
Nova explosão na central de Fukushima

Na central de Fukushima já houve duas explosões

Uma nova explosão, a terceira, foi ouvida já na noite desta segunda-feira na central nuclear de Fukushima, no Japão, segundo relatam várias agências noticiosas.

A explosão terá ocorrido no reactor número dois e, minutos antes de se ouvir esta nova explosão, as autoridades japonesas reconheceram que podia haver danos no edifício de contenção do reactor dois.

O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, disse que esses “possíveis danos” seriam na estrutura que serve para refrigerar o reactor e que controla a pressão no interior do mesmo reactor.

Hoje, o director-geral da AIEA, Yukiya Amano, confirmou o pedido de ajuda do Japão, que apelou ao envio de uma equipa de especialistas. “Estamos a definir os detalhes”, adiantou o responsável da agência da ONU à AFP. A ajuda já tinha sido oferecida pouco após o sismo de sexta-feira que esteve na origem de duas explosões na central de Fukushima, a cerca de 250 quilómetros de Tóquio.

Amano adiantou que não é provável que este desastre venha a ter as dimensões do maior desastre nuclear de sempre, que ocorreu em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. Também a agência de segurança nuclear japonesa excluiu a hipótese de um acidente semelhante ao de Tchernobil na central de Fukushima, mas a Autoridade para a Segurança Nuclear Francesa (ASN) classificou o acidente na central japonesa no nível “5 ou 6” numa escala internacional cujo máximo é 7, a partir de informações fornecidas pelas autoridades japonesas. O presidente da agência francesa, André-Claude Lacoste, adiantou à Reuters que o nível 4 “é um nível grave” e sublinhou: “Creio que estaremos perante o nível 5, ou mesmo o nível 6”.

Já esta manhã tinha ocorrido uma nova explosão no reactor 3 da central de Fukushima, dois dias após outra explosão no reactor 1. Um terceiro reactor apresenta problemas de refrigeração, ainda que as autoridades japonesas tenham considerado “improvável” uma explosão nesse reactor 2, o terceiro em perigo na central.

A agência de segurança nuclear japonesa indicou que o rebentamento se ficou a dever a uma concentração de hidrogénio e as autoridades indicaram que o núcleo do reactor continua intacto e que os níveis de radiação permanecem abaixo dos limites legais.

A empresa responsável pela central, a Tokyo Electric Power (TEPCO), adiantou ser possível a fusão do núcleo de um dos reactores da central por ter descido o nível da água que cobre o combustível nuclear e permite controlar a temperatura. Se isso acontecer, haverá uma nova explosão e será libertado material radioactivo para a atmosfera. Para evitar o sobreaquecimento do núcleo, tem sido injectada água marinha no reactor 2, adiantaram as autoridades japonesas aos responsáveis da AIEA. Para além de apoio à agência da ONU, o Japão pediu aos EUA equipamento para fornecimento de água e outros recursos que ajudem a arrefecer o reactor.

O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, indicou que as possibilidades de fuga radioactiva após a explosão desta sexta-feira são “baixas”. Apesar disso, dezenas de milhares de pessoas já foram retiradas, nos últimos dias, da zona em volta da central nuclear. Pelo menos 22 pessoas estão a ser tratadas após exposição a radiações.

Após a explosão estavam desaparecidas sete pessoas, que entretanto já foram encontradas, relata a agência Jiji. Seis delas sofreram ferimentos.

Europa reage ao acidente nuclear

O acidente nuclear no Japão tem causado diversas reacções em todo o mundo. A chanceler alemã Angela Merkel anunciou que irá suspender por três meses os planos para alargar a vida das centrais nucleares na Alemanha. O Parlamento tinha decidido prolongar por mais 12 anos o funcionamento das 17 centrais no país, mas agora a decisão será reavaliada nas próximas semanas.

A Suíça, por outro lado, anunciou a suspensão dos projectos de renovação das suas centrais de acordo com “normas de segurança mais restritas”, adiantou a AFP. E, na Áustria, o ministro do Ambiente Nikolaus Berlakovitch, apelou à realização de “testes de resistência nas centrais nucleares de toda a Europa”, onde existem 143 reactores.A Comissão Europeia já convocou para esta terça-feira uma reunião dos ministros de Energia da União Europeia e das autoridades nacionais para a segurança nuclear, em Bruxelas, para debater a situação no Japão.

Entretanto a Rússia anunciou que irá redireccionar cerca de seis mil megawatts de electricidade para o Japão que enfrenta problemas energéticos, declarou hoje o vice-primeiro-ministro russo Igor Setchine.

O Exército Americano, que tem estado a ajudar nas operações de socorro, fez saber, porém, que mudou os seus barcos e aviões da zona, depois de um dos seus porta-aviões ter detectado níveis de radiação a cerca de 160 quilómetros da costa.

O desastre natural de sexta-feira matou centenas de pessoas e deixou milhares desaparecidos. Está em curso uma enorme operação de resgate.

Até ao momento as autoridades confirmaram 1597 mortos, mas o número final de vítimas deverá ser muito superior. O tsunami entrou até dois quilómetros pela terra dentro e, de acordo com a repórter da BBC Rachel Harvey, enviada para os locais mais afectados pela catástrofe, não parece muito provável que se venham a encontrar muitos sobreviventes.

A agência noticiosa Kyodo indicou que 2000 corpos foram hoje encontrados nas costas da região de Miyagi, mas as autoridades ainda não confirmaram este balanço.


segunda-feira, março 14, 2011

Mais explosões numa central nuclear japonesa

Terceiro reactor de Fukushima com problemas de refrigeração

O momento da explosão na central captado pelo canal de televisão japonês NHK

Ocorreu hoje cedo uma segunda explosão na central nuclear japonesa de Fukushima e um terceiro reactor apresenta agora problemas de refrigeração. As autoridades continuam a afastar a hipótese de fugas radioactivas em larga escala.

O porta-voz do governo japonês já veio a público dizer que considera “improvável” uma grande explosão no reactor 2 (o terceiro em perigo) da central.

Imagens transmitidas hoje cedo pelas televisões mostravam uma explosão no reactor 3 da central de Fukushima Daiichi, dois dias depois de uma explosão ter rebentado com o reactor 1.

A agência de segurança nuclear japonesa indicou que o rebentamento se ficou a dever a uma concentração de hidrogénio.

As autoridades indicaram que o núcleo do reactor continua intacto e que os níveis de radiação permanecem abaixo dos limites legais.

O porta-voz do Governo, Yukio Edano, indicou que as possibilidades de fuga radioactiva após mais esta explosão são “baixas”. Apesar disso, dezenas de milhares de pessoas já foram retiradas, nos últimos dias, da zona em volta da central nuclear. Pelo menos 22 pessoas estão a ser tratadas após exposição a radiações.

Após a explosão estavam desaparecidas sete pessoas, que entretanto já foram encontradas, relata a agência Jiji. Seis delas sofreram ferimentos.

A agência de segurança nuclear japonesa excluiu hoje um acidente semelhante ao de Chernobyl na central de Fukushima, segundo o ministro da Estratégia Nacional, citado pela mesma agência Jiji.

Entretanto a Rússia anunciou que irá redireccionar cerca de seis mil megawatts de electricidade para o Japão que enfrenta problemas energéticos, declarou hoje o vice-primeiro-ministro russo Igor Setchine.

O Exército Americano, que tem estado a ajudar nas operações de socorro, fez saber, porém, que mudou os seus barcos e aviões da zona, depois de um dos seus porta-aviões ter detectado níveis de radiação a cerca de 160 quilómetros da costa.

Desde sexta-feira que técnicos japoneses estão a tentar arrefecer três reactores da central nuclear de Fukushima Daiichi, quando o sismo e o maremoto combinados danificaram o sistema de arrefecimento dos reactores.

O governo anunciou que, apesar da explosão, continua em curso uma operação de despejo de água do mar para os reactores, com o objectivo de os arrefecer.

Entretanto o governo japonês anunciou que está a injectar 182 mil milhões de dólares na economia nacional para estimular os mercados.

O desastre natural de sexta-feira matou centenas de pessoas e deixou milhares desaparecidos. Está em curso uma enorme operação de resgate.

Até ao momento as autoridades confirmaram 1597 mortos, mas o número final de vítimas deverá ser muito superior.

O tsunami entrou até dois quilómetros pela terra dentro e, de acordo com a repórter da BBC Rachel Harvey, enviada para os locais mais afectados pela catástrofe, não parece muito provável que se venham a encontrar muitos sobreviventes.

A agência noticiosa Kyodo indicou que 2000 corpos foram hoje encontrados nas costas da região de Miyagi, mas as autoridades ainda não confirmaram este balanço.

Nova explosão na central nuclear de Fukushima

A central nuclear japonesa de Fukushima que ficou danificada no sismo de sexta-feira registou hoje uma segunda explosão, mas as autoridades já fizeram saber que a estrutura aguentou o rebentamento. A agência de segurança nuclear japonesa indicou que o rebentamento se ficou a dever a uma concentração de hidrogénio.

domingo, março 13, 2011

Resumo de notícias sobre o sismo e tsunami do Japão de 11.03.2011

Público


Correio da Manhã



Diário de Notícias

Jornal de Notícias

    Governo admite fusão parcial de um reactor
    Japão teme nova explosão em central nuclear

    Uma vista da cidade de Minamisanriku, na província de Miyagi, depois do tsunami

    O Japão teme uma nova explosão na central nuclear de Fukushima-Daichi (Fukushima I), onde as autoridades admitem que possa ter havido uma fusão do combustível num dos reactores – o que torna ainda mais grave o acidente. Enquanto isso, foi decretado o estado de emergência numa segunda central nuclear, em Onagawa, a norte de Fukushima.

    Na segunda central, o alerta foi dado após o registo de uma subida dos níveis de radioactividade, apesar dos três reactores do local estarem “sob controlo”, diz a agência AFP. As autoridades estão agora a tentar determinar a fonte da radiação.

    Já em Fukushima I – situada 240 quilómetros a norte de Tóquio – os sistemas de segurança da central foram seriamente afectados com o sismo e tsunami de sexta-feira, que terão provocado a morte de dez mil pessoas. Embora a central tenha sido automaticamente desligada, os sistemas de arrefecimento falharam.

    A empresa que gere a central – Tokyo Electric Power (Tepco) – está a injectar água do mar em três reactores para evitar que haja uma fusão do combustível nuclear. A fusão é considerada uma situação severa e pode conduzir à libertação de grandes doses de radioactividade para o exterior da central.

    O porta-voz do Governo, Yukio Edano, admitiu que possa já ter havido uma fusão parcial dos bastões de combustível do reactor 1. “Existe esta possibilidade. Não podemos confirmá-lo, porque é dentro do reactor. Mas estamos a trabalhar sob esta hipótese”, disse Edano, citado pela agência Reuters.

    Uma explosão ontem destruiu o edifício no interior do qual está confinado o reactor 1 da central. Agora, teme-se que o mesmo ocorra no reactor 3. Em ambos, estava a ser injectada água do mar, uma solução que é vista como último recurso para conter o sobreaquecimento dos reactores. A Tepco decidiu, entrentanto, também inundar o reactor 2, para o resfriar. A central de Fukushima I tem seis reactores, que entraram em operação entre 1970 e 1979.

    “Não podemos excluir que se possa produzir uma explosão ao nível do reactor 3 devido a uma possível acumulação de hidrogénio”, disse Yukio Edano, adiantando que o núcleo central onde está o combustível radioactivo continua seguro.

    A explosão de ontem, que deitou pelos ares o tecto da parte exterior de cimento do reactor 1, também não comprometeu o núcleo. Mesmo assim, o desastre já foi classificado pela Agência de Segurança Nuclear e Industrial japonesa como nível 4 na escala na Escala Internacional de Ocorrências Nucleares.

    Por ora, a gravidade do acidente está abaixo da explosão de Three Mile Island em 1979, nos Estados Unidos, de nível 5, e muito longe do acidente de Chernobil, em 1986, na ex-URSS, que foi classificado com o nível 7, o máximo da escala.

    Mesmo assim, segundo as agências noticiosas, 22 pessoas já foram contaminadas pela radiação. As autoridades dizem que 190 pessoas estavam dentro de um raio de 10 quilómetros de distância, quando a radiação subiu acima dos limites desejáveis. Da zona de Fukushima I já foram retiradas 210 mil pessoas.

    Problemas semelhantes de aumento de pressão nos reactores estão também a afectar a central Fukushima-Daini (Fukushima II). Cerca de 30.000 pessoas que viviam a dez ou menos quilómetros da estação tiveram de abandonar as suas casas.

    sábado, março 12, 2011

    Central nuclear em risco por causa do tsunami

    Explosão em central nuclear no Japão

    A explosão da central

    A central nuclear de Fukushima I sofreu hoje uma enorme explosão, mostrou a televisão pública NHK, depois do sismo de ontem de 8,9 graus na escala de Richter ter abalado a costa nordeste do Japão.

    A explosão deu-se entre as 15h30 e as 16h00 (entre as 6h30 e 7h00, hora de Lisboa). A central fica a 250 quilómetros a norte de Tóquio. A explosão destruiu parte do edifício do reactor principal. Vários empregados da central ficaram feridos, disse a NHK.

    As autoridades japonesas já aumentaram o raio de evacuação para 20 quilómetros, depois de ontem terem pedido às pessoas que estivessem a dez ou menos quilómetros de distância da central para abandonarem as suas casas. Um porta-voz do governo já assegurou que o nível da radiação está a decrescer nas imediações da central.

    O sismo de ontem que abalou o Japão e provocou uma onda de dez metros causou uma avaria no sistema de refrigeração da central Fukushima I. O corte de electricidade impediu a recuperação deste sistema, permitindo que os bastões do combustível continuassem a aquecer, aumentando a pressão.

    A NHK anunciava ontem que o nível da radioactividade era oito vezes superior ao normal. Segundo a agência Kiodo, a radiação que uma pessoa ao pé da estação está a receber durante uma hora é o limite máximo que se pode receber ao longo de um ano.

    “O que é importante é saber onde foi a explosão”, disse Paddy Regan, físico nuclear da Universidade Surrey contactado pela Reuters. “Não se percebe o que explodiu. O grande problema é se a cuba de pressão do reactor nuclear [onde está o combustível nuclear] tiver explodido, mas não parece ser isso que rebentou.”

    O que aconteceu no desastre de Chernobyl foi justamente o rebentamento desta peça. Robin Grimes, professor de física de materiais do Imperial College de Londres disse à Reuters que o que parece ter acontecido foi uma libertação de pressão da parte mais externa do reactor. “Parece que os geradores, apesar de terem começado inicialmente a trabalhar, falharam depois”, disse à Reuters.

    “A pressão e a temperatura foram lentamente aumentando dentro do reactor. Uma das coisas que poderá ter acontecido é uma libertação grande da pressão. Se isso foi o caso não estamos em tão maus lençóis”, explicou.

    Mas um alerta vermelho da Stratfor, um think tank norte-americano, explica que o cenário pode ser bem pior. “Há relatos de um ‘fumo branco’, talvez cimento a ser queimado, vindo da zona da explosão, o que indica uma brecha na contenção e quase de certeza uma fuga de quantidades significativas de radiação”, diz o alerta.

    A Agência Nuclear e Industrial japonesa declarou no entanto, que a explosão dificilmente danificou o reactor nuclear. Segundo um porta-voz do governo, que citou o site da empresa que opera a central – Energia Eléctrica de Tóquio – a cuba de pressão do reactor nuclear não ficou danificada depois da explosão.

    As televisões japonesas aconselharam aos habitantes que vivem a mais de dez quilómetros de distância a fecharem as janelas, pararem os sistemas de ar condicionado e protegerem as condutas de ar com toalhas molhadas para evitarem o máximo de exposição à radiação. Além disso, aconselharam também a cobrirem-se com roupa para a pele não entrar em contacto com o ar contaminado.

    O número definitivo de mortos do sismo ainda está longe de se determinar. Os media japoneses estimam que haja 1300 pessoas vítimas mortais, adianta a Reuters. As autoridades japonesas dizem que já morreram 703 pessoas. Mas entre mortos e desaparecidos o número sobe para 1500.

    O sismo de 8,9 graus na escala de Richter foi um dos mais graves de sempre e o mais forte registado no Japão. Mais de cem réplicas sucederam-se depois do primeiro abalo, pelo menos uma dúzia com uma força superior a seis graus.