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quarta-feira, dezembro 28, 2022

Cristina Branco faz hoje cinquenta anos...!

   
Cristina Branco é uma cantora portuguesa nascida em Almeirim (Ribatejo), a 28 de dezembro de 1972.
 
Percurso
Apenas aos 18 anos passou a ter por Amália uma profunda admiração quando o seu avô lhe ofereceu o disco "Rara e Inédita". Mas tudo começou quando, "por brincadeira", num jantar de amigos onde cantou fado pela primeira vez embora não se considere fadista.
Ao participar no "Programa da Manhã" da RTP é vista por José Melo que a convida para cantar em Amesterdão, no Círculo de Cultura Portuguesa na Holanda, da qual era o presidente, e passa entretanto a ser o seu empresário.
A cantora grava "Cristina Branco in Holland", em edição de autor, registado ao vivo nos dois concertos realizados no dia 25 de abril de 1996. Foram feitos mil exemplares "que se venderam imediatamente", logo seguidos por novas edições sucessivas, até se chegar aos 5000 discos vendidos. Foi com este disco que tudo começou.
O disco "Murmúrios" foi editado pela editora holandesa Music & Words. O disco reúne 14 temas, desde fados tradicionais como "Abandono" (imortalizado por Amália, com texto de David Mourão-Ferreira) a versões de Sérgio Godinho ("As certezas do meu mais brilhante amor") ou José Afonso ("Pomba branca"). A maioria dos temas tem assinatura de Maria Duarte, autora dos textos, e música de Custódio Castelo. Em França recebeu, em 1999, o Prix Choc da revista "Le Monde de la Musique", pelo melhor CD de música tradicional.
Em fevereiro de 2000 sai o álbum "Post-Scriptum" (título de um poema de Maria Teresa Horta). Conquistou o Prix Choc, deste vez para o melhor álbum do mês de Março, em França.
Na Holanda foi editado o disco "Cristina Branco Canta Slauerhoff", o segundo desse ano, com textos do poeta holandês J. J. Slauerhoff (1898-1936), com tradução de Mila Vidal Paletti e música de Custódio Castelo. O disco constitui como que uma prova de agradecimento de Cristina Branco ao país que lhe abriu as portas do sucesso, embora nunca tenha vivido na Holanda.
Durante o ano de 2000, a cantora realizou cerca de 130 espectáculos por todo o mundo. O disco "Corpo Iluminado", o primeiro com edição da Universal francesa, foi editado em 2001.
Em 2002 é reeditado "O Descobridor", novo título para o disco onde canta Slauerhoff, com três novos temas.
O sexto álbum de Cristina Branco, de título "Sensus" foi editado pela Universal, no dia 24 de março de 2003. A música é assinada por Custódio Castelo. O álbum conta com letras de David Mourão-Ferreira, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Eugénio de Andrade, Camões e Shakespeare, entre outros.
"Ulisses" é o nome do disco seguinte, editado em 2005. Em 2006 é editado um registo ao vivo, em formato CD e DVD, gravado em julho de 2006 no teatro à italiana de Leiden (Leidsche Shouwburg Theater), na Holanda.
A cantora começa o ano de 2007 com vários espectáculos de revisitação à obra de José Afonso. Nesse ano é lançada a compilação "Perfil" e o álbum "Abril", com versões de músicas de José Afonso.
Em março de 2009 é editado o disco "Kronos", o primeiro sem a colaboração de Custódio Castelo. O disco tem por tema unificador o TEMPO e é constituído por canções inéditas compostas por uma dezena de criadores.
Começa o ano de 2011 com uma participação na tournée anual de Ano Novo da Sinfonietta de Amesterdão, depois já ter feito mesmo em 2006.
Em fevereiro de 2011 lança o álbum "Não há só tangos em Paris" ("Fado Tango" na sua versão internacional), escolhendo como o música de apresentação o tema com o mesmo nome do álbum, da autoria de Pedro da Silva Martins.
Em fevereiro de 2013 é editado o álbum Alegria. A cantora contou com a colaboração de alguns dos seus poetas e compositores favoritos: Manuela de Freitas, Gonçalo M. Tavares, Miguel Farias, Jorge Palma, João Paulo Esteves da Silva, Pedro Silva Martins, Mário Laginha e Ricardo J. Dias. O disco inclui novamente revisitação à obra de Sérgio Godinho, Chico Buarque e Joni Mitchell.

Considerado o Melhor Disco do Ano pela SPA, Menina (2016), é o primeiro capítulo de uma trilogia onde se incluem Branco (2018) e Eva (2020), discos em que Cristina Branco desenha colaborações inusitadas, que atravessam estilos, culturas e geografias e que resultam em novas interpretações da expressão musical tradicional do fado.

Eva, editado em março de 2020, tem sido apresentado nos palcos portugueses e por todo o mundo, acumulando datas em países como Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica, Holanda e França.

Em 2022 – ano em que celebra 25 anos de carreira – Cristina Branco lançou Amoras numa Tarde de Outono, novo álbum em colaboração com o pianista João Paulo Esteves da Silva, e que procura registar o trabalho que o duo vem desenvolvendo ao vivo nos últimos 20 anos.

           

 


quarta-feira, julho 01, 2020

Amália nasceu, provavelmente, há um século...

   
Amália da Piedade Rodrigues (Lisboa, 23 de julho de 1920 - Lisboa, 6 de outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, brasileira). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill e outros.

Filha de Albertino de Jesus Rodrigues, um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, Lucinda da Piedade Rebordão, tentou a sua sorte em Lisboa. Amália nasceu a 1 de julho de 1920, porém apenas foi registada dias depois, tendo no seu assento de nascimento como nascida às cinco horas de 23 de julho de 1920, na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de julho ("no tempo das cerejas"), e dizia: Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.
A sua faceta de cantora cedo se revela. Amália era muito tímida, mas começa a cantar para o avô e os vizinhos, que lhe pediam. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar.
Aos 9 anos, a avó, analfabeta, manda Amália para a escola, que tanto gostava de frequentar. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era frequente em casas pobres. Escolhe então o ofício de bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos.
Aos 14 anos decide ir viver com os pais, que entretanto regressam a Lisboa. Mas a vida não é tão boa como em casa dos avós. Amália tinha que ajudar a mãe e aguentar o irmão mais velho, autoritário. Trabalha como bordadeira, engomadeira e tarefeira.
Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara (nas festividades de Santo António de Lisboa) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera, em que se disputava o título de Rainha do Fado. Amália acabaria por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusavam a competir com ela.
Conhece nessa altura o seu futuro marido, Francisco da Cruz, um guitarrista amador, com o qual casará em 1940. Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, e só em 1939 irá cantar nessa casa.
Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados.
Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano actua pela primeira vez fora de Portugal, a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid.
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme, de Frederico Valério. Em setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a turné, acompanhada por bailarinos e músicos.
É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreado no Teatro República. Grava discos, vendidos em vários países, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.
Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.
Amália é apoiada por artistas inovadores como Almada Negreiros e António Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organiza.
A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de apoio dos Estados Unidos à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Paris e Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, é popularizada por ela em todo o mundo como Avril au Portugal).
Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores de música clássica.
Em setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz. Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica por que não quer.
Nos EUA editou o seu primeiro LP (as gravações anteriores eram em discos de 78 rotações). Amalia Rodrigues Sings Fado From Portugal and Flamenco From Spain, lançado em 1954 pela Angel Records, assinala a sua estreia no formato do long-play, a 33 rotações, criado apenas seis anos antes e, na época, ainda longe de conhecer a expressão de mercado que depois viria a conquistar. O álbum, que seria editado em 1957 em Inglaterra e, um ano depois, em França, nunca teve prensagem portuguesa.
Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, sincretizando o que é rural e urbano.
Canta os grandes poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill). Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe várias canções.
O seu fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro Homem de Mello Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensão política.
A 16 de julho de 1958 é feita Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
A 26 de abril de 1961, casa-se no Rio de Janeiro com o seu segundo marido, o engenheiro luso-brasileiro César Henrique de Moura de Seabra Rangel, filho de Augusto César de Seabra Rangel, sobrinho-neto do 1.º Barão de Mogofores, e de sua mulher Teresa de Seabra de Moura, com quem fica até à morte deste, em 1997.
Em 1966, volta aos Estados Unidos, actuando no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o maestro Andre Kostelanetz frente a uma orquestra, num programa essencialmente feito de canções do folclore português, numa das noites e num outro, feito de fados (também com orquestra), na seguinte. O mesmo espectáculo foi encenado, dias depois, no Hollywood Bowl. Voltaria ao Lincoln Center em 1968.
Ainda em 1966, o seu amigo Alain Oulman é preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.
Em 1969, Amália é condecorada pelo novo presidente do conselho, Marcelo Caetano, na Exposição Mundial de Bruxelas antes de iniciar uma grande digressão à União Soviética.
Em 1970 é editado o álbum Com Que Voz.
A 16 de fevereiro de 1971 é elevada a Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Nesse mesmo ano encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris.
Em 1974 grava o álbum Encontro - Amália e Don Byas com o saxofonista Don Byas.

Em 1976 é editado o disco Amália no Canecão gravado no Brasil. No mesmo ano é lançado o álbum Cantigas da boa gente. Fandangueiro e Cantigas numa Língua Antiga são lançados em 1977.
No ano de 1980 é lançado o disco Gostava de Ser Quem Era. Em 1982 é lançado o Máxi-single Senhor Extraterrestre com dois temas de Carlos Paião. É editado o álbum Amália Fado com temas de Frederico Valério.
A 9 de abril de 1981 é feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1983 é editado o álbum Lágrima a que se segue Amália na Broadway em 1984.
Em 1985 obtém grande sucesso a colectânea O Melhor de Amália: Estranha forma de vida. É lançado um novo volume: O Melhor de Amália, vol. 2: Tudo isto é fado.
Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu património.
A 4 de janeiro de 1990 é elevada à Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Nesse mesmo ano, em França, depois da Ordem das Artes e das Letras, recebe, desta vez das mãos do presidente Mitterrand, a Légion d'Honneur.
Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos, e que morre em 1997.
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o álbum Segredo com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975. É ainda publicado o livro (Versos) com os seus poemas. É-lhe feita uma homenagem nacional na Exposição Mundial de Lisboa (Expo 98).
A 27 de julho de 1998 é elevada a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Em abril de 1999, Amália desloca-se pela última vez a Paris, sendo condecorada na Cinemateca Francesa, por os muitos espectáculos que deu naquela cidade e, dever-se a ela o facto da França começar a apreciar o Fado. Já ligeiramente debilitada, agradeceu aos franceses o facto de se ter começado a projectar no mundo, pois era a partir de França que os seus discos começaram a espalhar-se.
A 6 de outubro de 1999, Amália Rodrigues morre, em sua casa, repentinamente, ao início da manhã, com 79 anos, poucas horas depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. Imediatamente, o então primeiro-ministro, António Guterres, decreta Luto Nacional por três dias. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas e portugueses descem à rua para lhe prestar uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Dois anos depois, em julho de 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.
Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde actuou tantas vezes no prestigiadíssimo Olympia).