Filho do também músico e compositor
Alessandro Scarlatti, suas maiores contribuições para a música foram suas sonatas para teclado em um único movimento, em que empreendeu abordagens harmônicas bastante inovadoras, apesar de ter composto também obras para orquestra e voz. Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da
música barroca europeia, suas composições, mais leves e homofónicas, têm estilo mais próximo daquele do início do
período clássico.
Scarlatti se tornou compositor e organista na capela real de Nápoles em 1701. Em 1704, ele revisou a ópera
Irene de
Carlo Francesco Pollarolo para ser apresentada em Nápoles. Pouco depois seu pai o mandou para
Veneza. Não existem registos a seu respeito nos próximos quatro anos. Em 1709, ele foi a
Roma a serviço da rainha polaca, então no exílio,
Marie Casimire, onde ele encontrou
Thomas Roseingrave que liderou em Londres uma entusiástica recepção às
sonatas do compositor. Já um
cravista renomeado, há uma história de que numa competição com
Georg Friedrich Händel, no palácio do
cardeal Ottoboni, em Roma, ele talvez tenha sido julgado superior a Händel naquele instrumento, embora inferior com relação ao
órgão. Mais tarde, Scarlatti ficou conhecido pela veneração com que se referia às habilidades de Händel.
Também, enquanto em Roma, Scarlatti compôs várias
óperas para o teatro particular da Rainha Casimire. Ele foi
maestro di cappella em São Pedro, de 1715 a 1719 e, neste último ano, foi a Londres para dirigir sua ópera
Narciso no
King's Theatre.
Em 1720, ou 1721, Scarlatti foi a
Lisboa, onde ensinou música à princesa portuguesa Maria Madalena Bárbara (
Maria Bárbara de Bragança). Esteve novamente em Nápoles, em 1725. Durante uma visita a Roma, em 1728, casou-se com Maria Caterina Gentili. Em 1729 se mudou para
Sevilha onde permaneceu por quatro anos. Ali veio a conhecer o
flamenco. Em 1733, foi a
Madrid para assumir o cargo de maestro de música da princesa Maria Bárbara, que se casara com o Príncipe Herdeiro de Espanha.
D. Maria Bárbara tornou-se rainha da Espanha e ele permaneceu no país por cerca de vinte e cinco anos, tendo, ali, sido pai de cinco filhos. Depois da morte de sua esposa, em 1742, desposou uma espanhola, Anastasia Maxarti Ximenes. Durante o período que permaneceu na Espanha, Scarlatti compôs mais de quinhentas sonatas para
teclado e é por esses trabalhos que ele hoje é lembrado.
Scarlatti foi amigo do cantor
castrato Farinelli, um napolitano que estava sendo patrocinado pela casa real, em Madrid. O musicólogo
Ralph Kirkpatrick reconhece que a correspondência de Scarlatti com Farinelli fornece "a informação mais direta sobre [o compositor] que foi deixada para os nossos dias".
Domenico Scarlatti faleceu em Madrid, à idade de 71 anos. Sua casa na Calle Leganitos é identificada com uma placa histórica e seus descendentes ainda vivem naquela cidade.
Apenas uma fração das composições de Scarlatti foi publicada durante sua vida. Parece que o próprio Scarlatti supervisionou a publicação, em 1738, de sua coleção mais famosa, um livro de 30
Esercizi ("Exercícios") que foram aclamados em toda a Europa com o apoio irrestrito do mais proeminente escritor sobre música do século XVIII, o
Dr. Charles Burney.
As muitas sonatas não publicadas durante a vida de Scarlatti foram impressas de forma irregular ao longo dos dois séculos e meio seguintes. Apesar disso, Scarlatti atraiu a atenção de admiradores notáveis inclusive
Chopin,
Brahms,
Bartók,
Heinrich Schenker e
Vladimir Horowitz. Particularmente a escola russa de piano tem sido apoiante/divulgadora das sonatas.
Scarlatti compôs cerca de de quinhentas sonatas para o teclado, geralmente de um único movimento, na forma binária. A moderna técnica do piano deve muito à sua influência. Algumas possuem uma audácia harmónica tanto no uso de
dissonâncias ou aglomerados de acordes , no uso audacioso de
modulações não convencionais e
tonalidades remotas. Scarlatti também foi pioneiro no domínio do ritmo e da sintaxe musical: síncopes e ritmos cruzados são comuns em sua música.