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terça-feira, agosto 21, 2012

Alexandre O'Neill morreu há 26 anos

(imagem daqui)

A UM POETA QUE DEIXOU DE COMPARECER NAS ANTOLOGIAS

Tinha de suceder deixares de suceder
a ti próprio.

Já Bocage não és? - claro! -

e quem sabe se alguma vez o foste?

Digo-te mais: nunca o serás,
nem apocrifamente
Não almejavas tanto?
Bravo, rapaz, parece que caíste
em ti!

Como queres que uma antologia se acrescente
sem, tarde ou cedo, se diminuir?

Sabes por que se diz «gemem os prelos»?

Não penses que é por ti.

Sê razoável!
Teus versos hão-de espiritualizar muita família.
Entre netos, uma velha senhora esquecerá a meio
um soneto dos teus.

Se a sorte não te for de todo adversa,
um lusófilo, algures,
citará entre barras versos da tua lavra
uma elegante nota de rodapé


Alexandre O'Neill

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Amália canta O'Neill


Formiga Bossa Nova - Amália Rodrigues
Letra de Alexandre O'Neill e música de Alain Oulman

Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
asinha, asinha.

Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.

Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.

Assim devera eu ser
se não fora
não querer.

Alexandre O'Neill nasceu há 87 anos

(imagem daqui)

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill (Lisboa, 19 de dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de agosto de 1986), ou simplesmente Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista.
Autodidacta, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE.


Sigamos o cherne

Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...


Alexandre O'Neill