Joseph Louis Lagrange (Turim, 25 de janeiro de 1736 - Paris, 10 de abril de 1813) foi um matemático italiano. O pai de Lagrange havia sido tesoureiro de guerra da Sardenha, tendo se casado com Marie-Thérèse Gros, filha de um rico físico. Foi o único de dez irmãos que sobreviveu à infância. Napoleão Bonaparte fez dele senador, conde do império e grande oficial da Legião de Honra.
Aos dezasseis anos tornou-se professor de matemática na Escola Real de Artilharia de Turim. Desde o começo foi um analista, nunca um geómetra, o que pode ser observado em Méchanique Analytique (Mecânica Analítica), sua obra prima, projetada aos 19 anos, mas só publicada em Paris em 1788,
quando Lagrange tinha cinquenta e dois anos. “Nenhum diagrama
(desenho) será visto neste trabalho”, diz ele na abertura de seu livro,
e acrescenta que “a ciência da mecânica pode ser considerada como a
geometria de um espaço com quatro dimensões – três coordenadas
cartesianas e um tempo-coordenada, suficientes para localizar uma
partícula móvel tanto no espaço quanto no tempo”.
Organizou as pesquisas desenvolvidas pelos associados da Academia de Ciências de Turim. O primeiro volume das memórias da academia foi publicado em 1759, quando Lagrange tinha vinte e três anos.
Aos vinte e três anos aplicou o cálculo diferencial à teoria da probabilidade, indo além de Isaac Newton
com um novo começo na teoria matemática do som, trazendo aquela
teoria para o domínio da mecânica do sistema de partículas elásticas
(ao invés da mecânica dos fluidos), sendo também eleito como membro
estrangeiro da Academia de Ciências de Berlim (2 de outubro de 1759).
Entre os grandes problemas que Lagrange resolveu encontra-se aquele da oscilação da Lua. Por que a Lua apresenta sempre a mesma face para a Terra? O problema é um exemplo do famoso “Problema dos Três Corpos” – a Terra o Sol e a Lua
– atraindo-se uns aos outros, de acordo com a lei do inverso do
quadrado da distância entre os seus centros de gravidade. Pela solução
deste problema recebeu o Grande Prémio da Academia Francesa de Ciências, aos vinte e oito anos.
Tais sucessos levaram o Rei da Sardenha a oferecer a Lagrange todas as despesas pagas de uma viagem a Paris e Londres.
Ficou em Berlim
vinte anos, onde se casou e enviuvou, tendo exercido a função de
diretor da divisão físico-matemática da Academia de Berlim, onde fazia e
refazia seus trabalhos, nunca se satisfazendo com o resultado, o que
significou um desespero para os seus sucessores.
Em carta escrita para D’Alembert, em 1777,
diz: “eu tenho sempre olhado a matemática como um objeto de
diversão, mais do que de ambição, e posso afirmar para você que tenho
mais prazer nos trabalhos de outros do que nos meus próprios, com os
quais estou sempre insatisfeito”. E, em outra carta histórica de 15 de
setembro de 1782, diz ter quase terminado seu tratado de Mécanique Analytique,
acrescentando que, como ainda não sabia quando nem como seria o livro
impresso, não estava se apressando com os retoques finais.
Com a morte de Frederico o Grande, em 17 de agosto de 1786,
solicitou sua dispensa. Foi permitida sob a condição de que
continuasse a remeter trabalhos para a academia pelo período de alguns
anos.
Voltou a seus trabalhos matemáticos como membro da Academia Francesa a convite de Luís. Foi recebido em Paris, em 1787, com grande respeito pela família real e pela academia. Viveu no Louvre até à Revolução, tendo-se tornado o favorito de Maria Antonieta.
Aos cinquenta e um anos, Lagrange sentia-se acabado. Era um caso claro
de exaustão nervosa, pelo longo período de trabalho excessivo. Falava
pouco, parecia estar sempre distraído e melancólico. Era a triste
figura da indiferença, tendo perdido, inclusive, o gosto pela matemática.
A Tomada da Bastilha
quebrou a sua apatia. Recusou-se a deixar Paris. Quando o terror
republicano chegou, arrependeu-se de ter ficado. Era tarde para
escapar. As crueldades destruíram a pouca fé que ainda tinha na
natureza humana.
Terminada a revolução, foi tratado com muita tolerância. Um decreto
especial garantiu-lhe uma pensão, e quando a inflação reduziu a sua
pensão a quase nada, foi indicado para professor da Escola Normal, que
teve vida efémera. Foi então indicado para professor da Escola
Politécnica, fundada em 1797, tendo planeado o curso de Matemática, sendo o seu primeiro professor.
Em 1796, quando a França anexou o Piemonte, Taillerand foi enviado como emissário para dizer a
seu pai, ainda vivendo em Turim: “seu filho, orgulho de Piemonte que o
produziu, e da França que o possui, honra toda a humanidade por seu
génio”.
Referindo-se a Isaac Newton,
disse: “foi certamente o génio por excelência mas temos que concordar
que ele foi também o que mais sorte teve: só se pode encontrar uma
única vez o sistema solar para ser estabelecido. Ele teve sorte de ter
chegado quando o sistema do mundo permanecia ignorado”.
Notando-lhe a enlevação alheada, durante uma sessão musical, alguém
perguntou o que ele achava da música. E ele respondeu: “a música me
isola; eu ouço os três primeiros compassos; no quarto eu já não
distingo mais nada; entrego-me aos meus pensamentos; nada me
interrompe; e é assim que eu tenho resolvido mais de um problema
difícil.”
O seu último trabalho científico foi a revisão e complemento da obra Mécanique Analytique
para a segunda edição, quando descobriu que o seu corpo já não obedecia
à sua mente. Morreu na manhã do dia 10 de abril de 1813, com setenta e
seis anos.
in Wikipédia
NOTA: recordemos que este matemático e físico postulou a existência, nas órbitas dos planetas,
de pontos de estabilidade, justamente chamados de pontos de Lagrange, onde pode haver asteroides, que hoje
chamamos de asteroides troianos e que já foram localizados na órbita de
diversos planetas gasosos, bem como foi usado para colocar, no ponto L2 da Terra, o Telescópio Espacial James Webb.
Sem comentários:
Enviar um comentário