sábado, dezembro 03, 2022

Amanhã não me dá jeito..

Mega-tsunami vai atingir Portugal e Espanha (e pode ser já amanhã)

   

    

A pergunta não é se, mas quando é que um tsunami de grandes proporções vai abalar as costas de Portugal e Espanha. É assim que começa o documentário “La Gran Ola” (“A Grande Onda”) que pretende alertar para o facto de não haver planos de emergência para lidar com o que é uma certeza científica.

Realizado pelo espanhol Fernando Arroyo, o documentário, que estreou na semana passada nas salas de cinema, em Espanha, conta com a colaboração de vários testemunhos de cientistas portugueses e tem como objetivo alertar as pessoas e os políticos para a necessidade de se tomarem medidas para uma terrível certeza. 

A Península Ibérica vai ser assolada por um tsunami de grandes dimensões. Apenas não se sabe quando.

As possibilidades de um mega-tsunami se abater sobre as costas ibéricas amanhã ou daqui a 100 anos “são exactamente as mesmas“, avisa Fernando Arroyo, em declarações ao site espanhol 20minutos.es. E quando isso acontecer, as consequências vão depender muito “do que avancemos na prevenção”.

Mas para já, “está quase tudo por fazer”, avisa o realizador.

Filmado entre Portugal e em Espanha, com a colaboração de cientistas dos dois países, e com efeitos visuais criados pelos mesmos profissionais que fizeram os filmes “Gravidade”, “Harry Potter” e “A vida de Pi”, o documentário faz referência ao terramoto de 1755 que teve epicentro próximo de Lisboa.

Esse terramoto de 9 graus na escala de Richter originou um tsunami de grandes proporções que assolou a capital portuguesa e também, as costas espanholas de Huelva e Cádiz. As ondas gigantes que terão atingido os 16 metros chegaram a Huelva, a cerca de 250 quilómetros de Lisboa, em apenas 30 minutos.

Esse é o cenário que os cientistas estão certos que vai acontecer, tarde ou cedo, e é a verdade que “dá medo de escutar”, conforme frisa Arroyo.

  

“Uma das maiores catástrofes da história”

“Se o que prevê a comunidade científica ocorrer, estaremos perante uma das maiores catástrofes da história: um tsunami com ondas de entre cinco e 15 metros que, em apenas um quarto de hora, chegará às costas ibéricas”, alerta o realizador através do 20minutos.es.

Perante essa possibilidade, “o tsunami penetraria quilómetros, nas costas desde Lisboa até ao Cabo de Trafalgar, onde não houvesse obstáculos, em apenas 20 minutos“, destaca Arroyo, sublinhando que “afectaria centenas de milhares de pessoas e geraria perdas económicas elevadíssimas.

Durante dias, amplas zonas não poderiam ser evacuadas, não haveria luz elétrica, nem comunicações, nem água potável, nem rede de esgotos, e seria preciso evacuar cidades completas”, explica o realizador.

   

    

O documentário lembra que o Golfo de Cádis assenta na falha Açores-Gibraltar, uma fronteira tectónica que transforma a zona numa área sensível a sismos no mar que, por seu turno, podem provocar um tsunami.

Mas “não se faz nada ainda que se conheça o risco”, lamenta Arroyo, passando a mensagem que o documentário pretende vincar.

 

Críticas à inércia dos governos

“Nenhum governo faz nada”, embora os políticos saibam “que há risco sísmico e que pode ser reduzido”, lamenta em “La Gran Ola” o professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Mário Lopes.

O investigador já tinha alertado que Lisboa está “em cima de um barril de pólvora” sísmico, considerando que um terramoto como o de 1755, deixaria um terço da capital portuguesa completamente destruído.

“Espanha é o único país que não aplicou dinheiro para financiar um sistema de alerta”, queixa-se, por seu turno, o diretor do Grupo de Engenharia de Costa de Cantabria, Mauricio González.

O documentário pretende assim, abordar “uma realidade de que, até agora, ninguém quis falar, com excepção de alguns cientistas ou instituições”, conforme repara Arroyo.

O realizador sublinha a importância de criar planos de emergência e de alerta, bem como “consciencializar as pessoas” de que o facto de um tsunami “não ter ocorrido num passado recente, é uma mera casualidade”.

 

in ZAP

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