O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
O Atlântico está a aumentar 4 centímetros por ano. Os cientistas descobriram porquê
Crista Média-Atlântica, a laranja escuro, captada pelo Earth Observatory da NASA
Há décadas que a expansão do Atlântico desorienta os cientista, uma vez
que este oceano não tem o tipo de densas placas tectónicas em movimento
que marcam o fundo do Pacífico.
De acordo com um estudo publicado em 2021 na revista Nature, esta expansão está relacionada com a Crista Média Atlântica (CMA), cadeia de montanhas submarinas localizada a meio do oceano.
Nesta formação, concluiu o estudo, material anormalmente quente do núcleo da Terra, a cerca de 660 quilómetros abaixo da superfície, está a subir, empurrando as placas tectónicas e afastando-as.
A crosta terrestre está fragmentada em placas tectónicas que se
encaixam como um puzzle. A CMA separa a placa da América do Norte da
placa da Eurásia, e a placa da América do Sul da placa Africana.
Estas placas interagem - movendo-se juntas, afastadas, ou deslizando
umas sob as outras - originando vários fenómenos geológicos, como as
erupções de vulcões e expansão do fundo do mar.
Anteriormente, pensava-se que o material que aflora sob fronteiras
tectónicas como a CMA tinha origem perto da superfície da Terra.
No entanto, o estudo descobriu que a CMA é um ponto quente de convecção, onde magma e rocha das profundezas do manto podem chegar à superfície.
Esta descoberta ajudou a resolver o enigma: por que
motivo as placas que circundam o Oceano Atlântico se movem sem que a
força da gravidade esteja a puxar partes mais densas das placas para o
interior da Terra.
Os investigadores colocaram 39 sismómetros debaixo de água para medir
a atividade geológica, e observaram que, inesperadamente, as
temperaturas na zona de transição do manto eram mais altas do que o esperado sob a CMA, permitindo que o material subisse mais facilmente.
“Este resultado emocionante foi completamente inesperado”, disse o geólogo Matthew Aguis, investigador da Universidade de Southampton e corresponding author do estudo, citado pelo Insider.
Segundo a geofísica Catherine Rychert, também investigadora da Universidade de Southampton, este processo começou há 200 milhões de anos.
A taxa de expansão pode mudar ao longo de milhões de anos, mas, diz a cientista, é de esperar que permaneça a mesma - cerca de 3.8 centímetros por ano - durante toda a nossa vida.
Mega-tsunami vai atingir Portugal e Espanha (e pode ser já amanhã)
A pergunta não é se, mas quando é que um tsunami de
grandes proporções vai abalar as costas de Portugal e Espanha. É assim
que começa o documentário “La Gran Ola” (“A Grande Onda”) que pretende
alertar para o facto de não haver planos de emergência para lidar com o
que é uma certeza científica.
Realizado pelo espanhol Fernando Arroyo, o documentário, que estreou na
semana passada nas salas de cinema, em Espanha, conta com a colaboração
de vários testemunhos de cientistas portugueses e tem como objetivo
alertar as pessoas e os políticos para a necessidade de se tomarem
medidas para uma terrível certeza.
A Península Ibérica vai ser assolada por um tsunami de grandes dimensões. Apenas não se sabe quando.
As possibilidades de um mega-tsunami se abater sobre as costas ibéricas amanhã ou daqui a 100 anos “são exactamente as mesmas“, avisa Fernando Arroyo, em declarações ao site espanhol 20minutos.es. E quando isso acontecer, as consequências vão depender muito “do que avancemos na prevenção”.
Mas para já, “está quase tudo por fazer”, avisa o realizador.
Filmado entre Portugal e em Espanha, com a colaboração de cientistas
dos dois países, e com efeitos visuais criados pelos mesmos
profissionais que fizeram os filmes “Gravidade”, “Harry Potter” e “A
vida de Pi”, o documentário faz referência ao terramoto de 1755 que teve epicentro próximo de Lisboa.
Esse terramoto de 9 graus na escala de Richter originou um tsunami de grandes proporções que assolou a capital portuguesa e também, as costas espanholas de Huelva e Cádiz. As ondas gigantes que terão atingido os 16 metros chegaram a Huelva, a cerca de 250 quilómetros de Lisboa, em apenas 30 minutos.
Esse é o cenário que os cientistas estão certos que vai acontecer, tarde ou cedo, e é a verdade que “dá medo de escutar”, conforme frisa Arroyo.
“Uma das maiores catástrofes da história”
“Se o que prevê a comunidade científica ocorrer, estaremos perante uma das maiores catástrofes da história: um tsunami com ondas de entre cinco e 15 metros que, em apenas um quarto de hora, chegará às costas ibéricas”, alerta o realizador através do 20minutos.es.
Perante essa possibilidade, “o tsunami penetraria quilómetros, nas costas desde Lisboa até ao Cabo de Trafalgar, onde não houvesse obstáculos, em apenas 20 minutos“, destaca Arroyo, sublinhando que “afectaria centenas de milhares de pessoas e geraria perdas económicas elevadíssimas.
“Durante dias, amplas zonas não poderiam ser evacuadas,
não haveria luz elétrica, nem comunicações, nem água potável, nem rede
de esgotos, e seria preciso evacuar cidades completas”, explica o
realizador.
O documentário lembra que o Golfo de Cádis assenta na falha Açores-Gibraltar, uma fronteira tectónica que transforma a zona numa área sensível a sismos no mar que, por seu turno, podem provocar um tsunami.
Mas “não se faz nada ainda que se conheça o risco”, lamenta Arroyo, passando a mensagem que o documentário pretende vincar.
Críticas à inércia dos governos
“Nenhum governo faz nada”, embora os políticos
saibam “que há risco sísmico e que pode ser reduzido”, lamenta em “La
Gran Ola” o professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Mário
Lopes.
O investigador já tinha alertado que Lisboa está “em cima de um barril de pólvora” sísmico, considerando que um terramoto como o de 1755, deixaria um terço da capital portuguesa completamente destruído.
“Espanha é o único país que não aplicou dinheiro para financiar um
sistema de alerta”, queixa-se, por seu turno, o diretor do Grupo de
Engenharia de Costa de Cantabria, Mauricio González.
O documentário pretende assim, abordar “uma realidade de que, até
agora, ninguém quis falar, com excepção de alguns cientistas ou
instituições”, conforme repara Arroyo.
O realizador sublinha a importância de criar planos de emergência e de alerta, bem como “consciencializar as pessoas” de que o facto de um tsunami “não ter ocorrido num passado recente, é uma mera casualidade”.