Sir Fred Hoyle (Bingley, Yorkshire, 24 de junho de 1915 - Bournemouth, Dorset, 20 de agosto de 2001) foi um astrónomo britânico famoso por algumas teorias que iam de encontro à opinião científica corrente e um escritor de ficção científica, incluindo alguns livros co-escritos pelo filho, Geoffrey Hoyle. Fred Hoyle passou a maior parte da carreira no Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, de que foi diretor vários anos.
Contribuição para a compreensão da Cosmogonia
Uma antiga publicação de Hoyle faz um uso interessante do princípio antrópico. Tentando descobrir o funcionamento da nucleossíntese estelar, ele observou que uma reação nuclear particular, o processo triplo alfa, que gerou o carbono,
requereria que o núcleo do carbono tivesse uma energia bem específica
para ocorrer. A grande quantidade de carbono no universo, que torna a
vida tal como a conhecemos possível, demonstrou que essa reação nuclear
tinha que funcionar. Baseado nessa noção, ele previu os níveis de
energia do núcleo do carbono que foram mais tarde comprovados em
laboratório.
Um seu colaborador, William Alfred Fowler, ganhou o Prémio Nobel de Física em 1983 (com Subrahmanyan Chandrasekhar),
mas, por alguma razão, a contribuição original de Hoyle não foi levada em
conta, e muitos ficaram surpresos que um astrónomo tão notável jamais
recebesse o prémio. O próprio Fowler, em um esboço autobiográfico ressaltou os esforços pioneiros de Hoyle:
O conceito de nucleossíntese nas estrelas foi estabelecido primeiramente por Hoyle em 1946. Isso forneceu uma explicação para a existência de elementos mais pesados que o hélio no universo, basicamente mostrando que elementos críticos como o carbono poderiam ser produzidos nas estrelas e mais tarde incorporados em outras estrelas e planetas quando a estrela "morre". As novas estrelas formadas recentemente já são formadas com esses elementos pesados, e elementos ainda mais pesados são formados a partir deles. Hoyle estabeleceu a teoria de que outros elementos raros podiam ser explicados por supernovas, as explosões gigantes que ocorrem ocasionalmente no universo, cujas temperaturas e pressões seriam requeridas para criar tais elementos.
Rejeição do Big Bang
Hoyle, após a descoberta da expansão do universo por Edwin Hubble, discordou da sua interpretação: Hoyle (com Thomas Gold e Hermann Bondi, com quem ele trabalhara no campo de radares na Segunda Guerra Mundial) apoiou a teoria de um "Universo estacionário".
A teoria tentou explicar como o universo poderia ser eterno e
essencialmente imutável ainda que apresentando galáxias que se afastam
umas das outras. A teoria apoiava-se na formação de matéria entre as
galáxias de tempos em tempos, de modo que mesmo que as galáxias se
afastassem umas das outras, novas galáxias que se desenvolviam entre
elas enchiam o espaço que elas deixavam vago. O universo resultante está
em um "estado estacionário" da mesma maneira que um rio que flui - as
moléculas individuais de água movem-se, mas novas aparecem e o rio
parece ser imutável.
Essa teoria era a única alternativa séria ao Big Bang que concordava com as observações da época, a saber o desvio para o vermelho
das observações de Hubble, e Hoyle foi um forte crítico do Big Bang.
Ironicamente, foi ele o responsável pela aparição do termo "Big Bang" em
um programa de rádio da BBC, The Nature of Things, enquanto criticava a teoria; o texto foi publicado em 1950.
Hoyle e outros adeptos da teoria do universo estacionário não
forneceram nenhuma informação sobre o surgimento espontâneo de matéria, a
não ser o postulado
da existência de algum tipo de "campo de criação", mas argumentaram que
a criação contínua de matéria não era mais inexplicável do que o
surgimento de todo o universo do nada, apesar de que essa criação de
matéria devesse acontecer de maneira regular. No final, as crescentes
evidências observadas convenceram a grande maioria dos cosmologistas que
o modelo de estado estacionário era incorreto e que o Big Bang era a
teoria que melhor explicava as observações. No entanto, Hoyle agarrou-se
à sua teoria, criticando a falta de precisão das observações
astronômicas. Em 1993,
em uma tentativa de explicar algumas evidências contra o modelo de
universo estacionário, ele apresentou uma versão modificada chamada
"Cosmologia quase estacionária" ("quasi-steady state cosmology", QSS) ou CEQE, mas a teoria não usufruiu de um grande apoio.
A evidência que resultou na vitória da teoria do Big Bang sobre a
teoria do Universo estacionário, pelo menos na mente da maioria dos
cosmologistas, incluiu a descoberta da radiação cósmica de fundo, a distribuição de galáxias "jovens" e quasares
no Universo, uma estimativa mais consistente da idade do universo
(durante algum tempo, para constrangimento da teoria do Big Bang, as
rochas terrestres pareciam ser mais velhas do que a idade estimada do
universo) e mais recentemente as observações do satélite COBE, que mostraram que perturbações cruciais no universo inicial permitiam a criação de galáxias.
in Wikipédia
1 comentário:
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