Gonçalo Pereira Ribeiro Telles (Lisboa, 25 de maio de 1922) é um arquiteto paisagista, ecologista e político português.
Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I (Adelino da Palma Carlos), II e III (Vasco Gonçalves) Governos Provisórios. Foi Ministro de Estado e da Qualidade de Vida do VII Governo Constitucional (AD, Francisco Pinto Balsemão), de 1981 a 1983.
Criou as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Director Municipal.
Biografia
Figura notável das questões do ordenamento do território e do uso da terra em Portugal, Gonçalo Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e terminou o Curso Livre de Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (ISA).
Iniciou a sua vida profissional nos serviços da Câmara Municipal de Lisboa, ao mesmo tempo que lecionava no ISA, tornando-se discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da arquitetura paisagista em Portugal. Com este professor publicará o livro A Árvore em Portugal,
obra de referência sobre as espécies arbóreas existentes no nosso País.
Mais tarde, na qualidade de professor catedrático convidado, criava as
licenciaturas em Arquitectura Paisagista e em Engenharia Biofísica da Universidade de Évora.
Iniciou a sua intervenção pública como membro da Juventude Agrária e Rural Católica, estrutura juvenil ligada à Ação Católica Portuguesa, acentuando a sua oposição ao regime de Salazar nas sessões do Centro Nacional de Cultura, associação de que foi um dos fundadores em 1945 e da qual é ainda Presidente da Assembleia Geral. Com Francisco Sousa Tavares fundou, em 1957, o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiria o Movimento dos Monárquicos Populares. Em 1958 manifestou o seu apoio à candidatura presidencial de Humberto Delgado. Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se publicamente contra as políticas de urbanização vigentes.
Em 1969 integra a Comissão Eleitoral Monárquica, que se junta às listas da Acção Socialista Portuguesa, de Mário Soares, na coligação Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), liderada por Soares, para concorrer à Assembleia Nacional. Não seria eleito, tal como os restantes membros das listas da oposição democrática. Em 1971 ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica,
reunião de três movimentos da resistência monárquica: o Movimento
Monárquico Popular, a Liga Popular Monárquica e a Renovação Portuguesa.
Após o 25 de Abril, com Francisco Rolão Preto, Henrique Barrilaro Ruas, João Camossa de Saldanha, Augusto Ferreira do Amaral, Luís Coimbra, entre outros, fundou o Partido Popular Monárquico, a cujo Diretório presidiu. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios, e Secretário de Estado da mesma pasta, no I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares. Em 1979 alia-se a Francisco Sá Carneiro na formação da Aliança Democrática, coligação através da qual foi eleito deputado à Assembleia da República, consecutivamente, nas legislativas de 1979, 1980 e 1983. Entre 1981 e 1983 integra o VIII Governo Constitucional, chefiado por Francisco Pinto Balsemão,
como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida. Durante o seu
ministério, assume um papel preponderante no estabelecimento de um
regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, ao criar as
zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Director Municipal.
Em 1984, após sair do governo e já afastado do PPM, fundou o Movimento Alfacinha, com o qual se apresentou candidato à Câmara Municipal de Lisboa, conseguindo a eleição como vereador. Em 1985 regressa à Assembleia da República, agora como deputado independente, eleito nas listas do Partido Socialista. Em 1993 fundou o Movimento o Partido da Terra, cuja presidência abandonou em 2007.
Entre os seus projetos, são de assinalar o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto , recebendo, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975; o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, em 1996; e o conjunto de projetos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal de Lisboa, das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa, e que se encontram hoje em diferentes fases de implementação: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.
Em abril de 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional no âmbito da arquitetura paisagista.
Em 2010,
integrando a Plataforma Cidadania e Casamento, manifestou-se
publicamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo,
recentemente legalizado em Portugal.
Em 2009 e 2013 apoiou a candidatura encabeçada por António Costa nas eleições autárquicas para o Município de Lisboa.
Em 2016, no festival de cinema IndieLisboa, foi apresentado o documentário A Vossa Terra - paisagens de Gonçalo Ribeiro Teles, do realizador João Mário Grilo.
Condecorações
- A 31 de outubro de 1969, do Presidente Américo Thomaz, o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
- A 6 de abril de 1988, do Presidente Mário Soares, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo
- A 10 de junho de 1990, do Presidente Mário Soares, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade
- A 25 de maio de 2017, do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique
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