(imagem daqui)
D. Isabel, Rainha de Portugal, também chamada D. Isabel de Portugal, D. Isabel de Lancastre, D. Isabel de Avis ou, mais modernamente, no estrangeiro, D. Isabel de Coimbra; (1 de março de 1432 - 2 de dezembro de 1455), rainha de Portugal, filha do Infante-Regente D. Pedro, Duque de Coimbra e da sua mulher, a princesa D. Isabel de Aragão, condessa de Urgel, filha do rei Jaime II de Aragão. Casou em 6 de maio de 1447 com o seu primo direito, El-Rei D. Afonso V.
A rainha D. Isabel viveu desde a infância um belo caso de amor com o
seu Rei e primo, junto de quem foi criada na corte de seu pai, o
regente, e que lhe retribuía com fervor essa afeição. Sofreu cruel
desgosto com a intriga urdida pelo 1º Duque de Bragança contra seu pai,
que veio a culminar na Batalha de Alfarrobeira, não tendo este incidente no entanto diminuído a afeição e confiança absoluta existentes entre o Rei e a sua Rainha.
(...)
Bandeira pessoal do Infante D. Pedro, com a divisa da Ordem do Dragão: «Désir»
Antes de morrer, a rainha D. Isabel de Aviz vai obter do rei e marido o arrependimento pelo tratamento dado ao Infante das Sete Partidas,
cuja desgraça causara espanto, escândalo e consternação na Europa de
1449; a reabilitação da memória de D. Pedro ficou manifesta nas grandes
cerimónias, ordenadas por D. Afonso V, de trasladação processional do
corpo do Infante assassinado - pois se deslocava para a corte,
obedecendo ao chamado do rei, acompanhado apenas de uma pequena comitiva
e não armados para a guerra - da humilde igrejinha de Alverca, onde
por caridade o haviam sepultado em segredo, sob os degraus de pedra da
entradinha, alguns pescadores do rio Tejo, para Sta. Maria da Vitória da Batalha, junto de seus pais e irmãos. Ali, na Capela do Fundador, jaz também D. Isabel e seu marido, pais, filhos e netos, por ser esta o panteão da Dinastia a que todos pertenciam.
in Wikipédia
Poema da Alfarrobeira
Era Maio, e havia flores vermelhas e amarelas
nos campos de Alfarrobeira.
O homem,
de burel grosso e barba de seis dias,
arrastava os tamancos e o cansaço.
Ao lado iam seguindo os bois puxando o carro,
naquele morosíssimo compasso
que engole o tempo ruminando o espaço.
Era um velho mas tinha a voz sonora
e com ela incitava os bois em andamento,
voz cantada que os ecos prolongavam
indefinidamente.
Era um deus soberano e maltrapilho
a cuja imperiosa voz aquelas massas
de carne musculada
maciça, rude, bruta, inamovível,
obedeciam mansas e seguiam
no sulco aberto
como se um pulso alado as dirigisse,
mornas e sonolentas.
A voz era a de um deus que os mundos cria,
que do nada faz tudo,
que vence a inércia e anula a gravidade,
que levita o que pesa e o trata como leve.
Potência aliciadora alonga-se e prolonga-se
nos plainos da paisagem,
enquanto os animais prosseguem no caminho
do seu quotidiano,
pensativos e absortos.
Lá em baixo, na margem do ribeiro,
estendido sobre a erva,
jaz o infante.
Do seu coração ergue-se a haste de um virote
erecta como um junco,
e já nenhuma voz o acordará.
in Novos Poemas Póstumos (1990) – António Gedeão
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