segunda-feira, setembro 10, 2012

Nicolau Tolentino de Almeida nasceu há 272 anos

Frontispício de uma peça de teatro "de cordel" de Tolentino

Nicolau Tolentino de Almeida (Lisboa, 10 de setembro de 1740 - 23 de junho de 1811) foi um poeta português.

Aos vinte anos ingressou na Faculdade de Leis, na Universidade de Coimbra, mas ao invés dos estudos tinha vida boémia e de poeta. No ano de 1765 tornou-se professor de retórica, numa das cátedras criadas pelo Marquês de Pombal, após a expulsão dos jesuítas.
Seus versos continham sempre pedidos, tentando obter um cargo na secretaria de estado, até que este foi satisfeito, com a nomeação como oficial de secretaria.
Foi um professor durante quinze anos, mas esta vida o desagradava. Inadaptado e descontente até conseguir o posto na Secretaria dos Negócios do Reino. Obteve tudo quanto pretendeu, o que não o fez deixar de deplorar uma suposta miséria.
Bom metrificador, compôs sátiras descritivas e caricatural, sonetos e odes, que reuniu em 1801 num volume chamado Obras Poéticas. Ficou na superfície, mas apreendeu bem os erros e ridículos da época. A sua visão cómica consistia no agravamento das proporções, hipertrofiando o exagero, que encontrava.


SONETO XII

A uma Camponesa


Não moram em palácios estucados
Almas singelas, almas extremosas:
Nutrem da Corte as damas enganosas
Em tenros peitos corações dobrados.

Venham por longos mares conquistados
As Indianas sedas preciosas:
Cubram-lhe as carnes alvas, e mimosas
Ricos vestidos em Paris bordados.

São isto efeitos da arte, e da ventura:
Estimo mais que toda a vã grandeza
Hum limpo coração, uma alma pura.

Não na Corte; das serras na aspereza
Fui achar inocência, e formosura,
Sagrados dons da simples Natureza.

in Obras Póstumas (1828) - Nicolau Tolentino de Almeida

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