Aos vinte anos ingressou na Faculdade de Leis, em
Coimbra, mas ao invés dos estudos tinha vida boêmia e de poeta. No ano de
1765 tornou-se professor de
retórica, numa das cátedras criadas pelo
Marquês de Pombal, após a expulsão dos jesuítas.
Seus versos continham sempre pedidos, pleiteando um cargo na secretaria de estado, até que este foi satisfeito, com a nomeação como oficial de secretaria.
Foi um
professor durante quinze anos, mas esta vida desagradava-lhe. Inadaptado e descontente até conseguir o posto na Secretaria dos Negócios do Reino. Obteve tudo quanto pretendeu, o que não o fez deixar de deplorar uma suposta miséria.
Bom metrificador, compôs
sátiras descritivas e caricatural,
sonetos e
odes, que reuniu em 1801 num volume chamado
Obras Poéticas. Ficou na superfície, mas apreendeu bem os erros e ridículos da época. O seu cómico consistia no agravamento das proporções , hipertrofiando o exagero, que encontrava.
Vai, mísero cavalo lazarento
Vai, mísero cavalo lazarento,
Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto to consente
De magros cães faminto ajuntamento.
Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal da minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento.
Morre em paz, que, em havendo algum dinheiro,
Hei-de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra pedra este letreiro:
«Aqui piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno, a não morrer de fome».