A Questão Romana terminou com a criação do Vaticano, com o estabelecimento do Tratado de Latrão
Os chamados Estados Pontifícios, que compunham a parte central da península Itálica, pertenciam à Igreja Católica desde os tempos medievais, tendo sido doados por Pepino, o Breve, ao papa. No ano de 754, o papa Estêvão II recebeu do rei franco Pepino, o Breve o ducado de Roma e as terras conquistadas dos lombardos com o título de Patrimônio de São Pedro. Em 1861, os italianos promoveram a unificação política da península, mas não conseguiram anexar Roma, dada a forte presença militar francesa em apoio ao papa. Em 1870, os alemães, liderados pela Prússia, declararam guerra à França, durante o processo de unificação alemã. Napoleão III retirou as tropas francesas de Roma. Aproveitando este momento, os italianos anexaram Roma à Itália. O papa Pio IX não aceitou a perda do “Património de São Pedro” e declarou-se prisioneiro do governo italiano, dando origem à Questão Romana.
(...)
O conflito que explodiu em 19 de julho de 1870 entre França e Prússia criou as condições para uma fácil intervenção militar italiana. Já no começo de agosto de 1870, Napoleão III foi forçado a retirar a pequena expedição que estacionava no Lazio, enquanto na Itália
toda aumentava a pressão popular para que o governo acelerasse uma
solução baseada na força. Em 1 de setembro de 1870, o imperador francês
Napoleão III foi feito prisioneiro pelos Prussianos e no dia 4, em Paris, foi proclamada a República. No dia 5 o governo italiano decidiu por unanimidade ocupar Roma.
O conde Gustavo Ponza de S. Martino foi enviado para a capital para tentar uma solução pacífica com o papa Pio IX. O rei Vítor Emanuel II oferecia ao papa "todas as garantias necessárias para a independência espiritual da Santa Sé", mas o pontífice recusou decididamente qualquer negociação. Assim o exército italiano, comandado pelo general Cadorna, invadiu o Estado Pontifício sem encontrar qualquer resistência. Foi necessário usar a força somente para entrar em Roma: em 20 de setembro de 1870 a artilharia
italiana abriu uma brecha nos muros perto da Porta Pia e a cidade foi
conquistada. Morreram 49 soldados italianos e 19 soldados pontifícios.
Em 2 de outubro de 1870 um plebiscito sancionou a anexação de Roma e do Lazio à Itália:
em 135.188 votantes, 133.681 foram favoráveis e 1.507 contrários. Um
mês mais tarde, Pio IX emanou a encíclica "Respicientes" na qual
declarou "injusta, violenta, nula e inválida" a ocupação italiana,
denunciou a condição de cativeiro do pontífice e excomungou o rei da
Itália. De sua parte o Senado italiano votou, em 27 de janeiro de 1871, a transferência da capital de Florença para Roma com 94 votos favoráveis e 39 contrários. Terminava assim o último pedaço do poder temporal da Igreja Católica
e no mesmo tempo foram subtraídos, ao movimento democrático, um
objetivo e um argumento de agitação política que no passado haviam
qualificado sua ação.
(...)
Essa incómoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja só terminou em 1929, quando o ditador fascista Benito Mussolini, necessitando de apoio da Igreja e dos católicos, assinou com o Papa Pio XI a Concordata de São João de Latrão.
Por esse tratado, firmou-se um acordo pelo qual se criava o Estado do
Vaticano, o Sumo Pontífice recebia indemnização monetária pelas perdas
territoriais, o ensino religioso era obrigatório nas escolas italianas e era proibida a admissão em cargos públicos dos sacerdotes que
abandonassem a batina.
in Wikipédia
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