sábado, novembro 26, 2011

Fausto - 63 anos

(imagem daqui)

Fausto, nome artístico de Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias O L (Vila Franca das Naves, 26 de Novembro de 1948) é um compositor e cantor português.
Tendo nascido em Vila Franca das Naves, onde sua mãe era professora primária, embarcou ainda bebé no navio Pátria, que navegava entre Portugal e Angola. Foi naquela ex-colónia portuguesa que formou a sua primeira banda, Os Rebeldes. Veio para Lisboa com vinte anos, onde se licenciou em Ciências Políticas e Sociais, no então Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (actual ISCSP). Estudava ainda quando lançou o primeiro álbum, Fausto. No âmbito do movimento associativo em Lisboa, aproximou-se de nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, juntamente com José Mário Branco ou Luís Cília, que viviam no exílio.
Autor de doze discos, gravados entre 1970 e 2005 (dez de originais, uma colectânea regravada e um disco ao vivo), é presentemente um dos mais importantes nomes da música portuguesa, e da música popular em particular. A sua obra tem sido revisitada por nomes como Mafalda Arnauth, Né Ladeiras, Teresa Salgueiro, Cristina Branco e Ana Moura.


Fausto - A tua presença

Eu já nada sinto
e afinal
eu gosto de não sentir nada
sozinho na calma das horas passadas
tão só numa outra quietude
num sossego tão so´ sossegado
e esquecido
eu me esqueça de mim
aos bocados
adormece-me um sono dormente
que aos poucos se apaga
um sonho qualquer
mas não me acordes
não mexas
não me embales sequer
eu quero estar mesmo como eu estou
quietamente
ausente
assim
a viagem que eu não vou
nunca chega até ao fim
é longe
longe
tão longe
que de repente tu chegas
tu brilhas e luzes
na cor das laranjas
tu coras e tinges
a mancha da marca
na alma da luz
da sombra que finges
e tu já não me largas
saudade
tu queres-me tanto
e se eu lembro
tu mexes comigo
tu andas cá dentro
à volta do meu coração
no meu pensamento
também
e por mais que eu não queira
tu queres-me bem
e desdobras os mundos em cores
e levas-me pela tua mão
cativando o meu corpo
a minha alma
a razão
só a tua presença
é que me inquieta
aquela outra ausência
dói
como um passado projecta
aquele futuro que se foi
p´ra longe
longe
tão longe
que nunca se acaba
esta inquietação
se evitas momentos
já quase finais
e ficas comigo
ainda e sempre
um pouco mais
tu nunca me deixas
saudade
tu nunca me deixas

in
Crónicas da terra ardente (1994)

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