terça-feira, maio 27, 2008

Palestra amanhã em Lisboa

Recebido via mailing-list da GEOPOR:

Caros colegas e amigos:

Realiza-se no próximo dia 28 de Maio de 2008, pelas 15.00 horas, na magnífica Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa, a última sessão do ciclo de conferências organizado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia para ampliar a percepção pública do interesse ímpar do Programa Integrado de Sondagens Oceânicas, no qual Portugal figura como membro fundador do ramo europeu, o ECORD (European Consortium for Oceanic Reseach Drilling). Transcrevo abaixo o comunicado distribuído pelo Presidente da FCT, prof. João Sentieiro, a este respeito.

A sessão é um verdadeiro Seminário, com três intervenções, por especialistas noutras tantas áreas que se desenvolveram na dependência da realização de sondagens no fundo do mar - a Terra debaixo do mar!


Eu próprio serei um dos oradores e tentarei mostrar como o estudo da crosta submarina oferece oportunidades ímpares para avanços essenciais no nosso conhecimento acerca da dinâmica da Terra, que exigem contribuições de um leque muito variado de especialidades científicas, da Mineralogia e Geoquímica à Tectónica e Geofísica e também da Biologia, todas com ampla participação de físicos, químicos e bioquímicos, e um mundo de disciplinas de engenharia.

A doutora Fátima Abrantes apresentará as provas das mudanças climáticas registadas nos sedimentos que se acumularam ao longo do tempo, um tema da maior importância para todos nós.

A convidada principal, a doutora Judith MacKenzie, apresentará, com a paixão contagiante que caracteriza todas as suas palestras, um dos temas de maior interesse e actualidade das ciências: a biosfera profunda, que, nos últimos anos anos, mudou radicalmente a nossa percepção da verdadeira dimensão da ocupação da Terra por seres vivos. A não perder!

Esta sessão é uma oportunidade única para, de forma realmente simples e aliciante, termos um panorama acerca do que vai chegando da última fronteira terrestre, o fundo do mar.

Convido-vos a todos para uma sessão que se afigura verdadeiramente imperdível. Agradeço divulgação activa.


28 de Maio, quarta-feira, pelas 15 horas,
Na Academia das Ciências de Lisboa
Rua da Academia das Ciências, 19 (a S. Bento)
Entrada livre
http://e-geo.ineti.pt/ecord/eventos/terra_debaixo_mar/default.htm


Com os melhores cumprimentos,


Fernando J.A.S. Barriga
Delegado de Portugal ao Council do ECORD


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Convite do Prof. João Sentieiro:

Com o propósito de dar a conhecer publicamente o European Consortium for Oceanic Research Drilling/Integrated Ocean Drilling Program (ECORD/IODP), a Fundação para a Ciência e Tecnologia está a promover um ciclo de conferências, como forma de aliciar mais cientistas portugueses para a investigação dos fundos oceânicos, que tanto tem contribuído para o nosso conhecimento acerca do funcionamento do planeta, seus recursos e ainda para uma melhor compreensão do sistema climático da Terra e sua sensibilidade a possíveis influências antropogénicas, e portanto, para o desenvolvimento sustentável. Este tema é de importância capital não só para geólogos e geofísicos mas também para biólogos e quantos se dedicam às ciências do ambiente, recursos naturais e tecnologias envolvidas, incluindo engenharia. Do ponto de vista cultural, o conhecimento do interior da Terra e da informação que os sedimentos dos fundos oceânicos têm vindo a registar ao longo dos tempos é fundamental para a compreensão do planeta, pelo que o interesse é de facto global, extravasando as próprias ciências exactas e naturais.

Trata-se de um ciclo de quatro sessões, aproximadamente mensais, sendo duas em Lisboa, uma em Aveiro e outra em Faro. A primeira teve lugar em 8 de Fevereiro e a última terá lugar no próximo dia 28 de Maio. O programa detalhado encontra-se em anexo. A sessão de encerramento, de 28 de Maio, terá lugar na Academia das Ciências de Lisboa, e terá como orador principal a conhecida especialista de renome mundial Professora Judith McKenzie. A conferência a proferir por esta investigadora intitula-se "Exploring the Deep Biosphere beneath the seafloor with the scientific ocean drilling". Intervirão também a Doutora Fátima Abrantes e o Professor Fernando Barriga, que nos darão conhecimento das suas actividades no âmbito do programa IODP.

Por conseguinte, solicita-se a mais ampla divulgação deste evento na vossa instituição.
http://e-geo.ineti.pt/ecord/


Com os melhores cumprimentos.


O Presidente,
João Sentieiro



Nota: Portugal é membro do programa internacional Integrated Ocean Drilling Program (IODP - http://www.iodp.org/). O IODP tem por objectivo explorar a história e estrutura da Terra representada nos sedimentos e rochas do fundo dos mares. O programa iniciou-se oficialmente em 2003 e resultou da colaboração internacional de cientistas e Instituições de investigação, tendo por base os sucessos obtidos anteriormente pelos programas Deep Sea Drilling Project (DSDP) e Ocean Drilling Program (ODP), que revolucionaram a nossa visão da História da Terra e dos processos globais, a partir da exploração científica dos fundos oceânicos. Portugal faz parte deste novo programa integrado no consorcio Europeu European Consortium for Ocean Research Drilling (ECORD - http://www.ecord.org/), que conjuntamente com os Estados Unidos, o Japão e a R. P. da China financiam e dirigem a investigação. A participação de Portugal é financiada pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). O IODP alarga substancialmente os objectivos dos programas anteriores através da utilização de várias plataformas de perfuração para atingir os objectivos científicos do programa delineados no IODP Initial Science Plan e que incluem plataformas "riser", plataformas "riserless" e plataformas para missões específicas (MSP).
Apesar de só ter aderido ao Programa ODP em 1998, Portugal foi um dos 12 países fundadores do Consórcio ECORD.


http://e-geo.ineti.pt/ecord/

segunda-feira, maio 26, 2008

Phoenix chegou a Marte!

Post roubado ao Blog AstroLeiria:


A descida da Phoenix em Marte foi perfeita!

Isto apesar de pouco tempo antes da descida, a Mars Reconnaissance Orbiter ter fotografado 2 redemoinhos de poeira (dust devils) de cerca de um quilómetro de tamanho na área onde a Phoenix desceu pouco depois.A expectativa era grande!

Segundo este site, o sucesso da Phoenix acaba de empatar o resultado das sondas em Marte. Neste momento, 20 falhanços e 20 sucessos!

A sonda Phoenix (Fénix - um pássaro da mitologia grega que morria carbonizado, e renascia das próprias cinzas), deve o seu design, componentes, instrumentos, objectivos, local de descida, …, a duas sondas passadas: a Mars Polar Lander que se espetou em Marte em 1999, e a Mars Surveyor Lander que foi cancelada no ano 2000.Esta sonda tem um tempo estimado de vida de 3 meses.

A área onde a Phoenix desceu é chamada de Green Valley, e fica na Vastitas Borealis, uma área baixa no norte de Marte, onde se pensa ter existido largas quantidade de água no passado, podendo mesmo conter gelo no presente (e quiçá microorganismos no subsolo!). É a primeira vez que se irá estudar o solo tão a norte de Marte - um terreno diferente do que aquele por onde os rovers Spirit e Opportunitty ainda passeiam.

Passadas 2 horas após pousar, outra explosão de alegria: as primeiras imagens chegaram sem problemas!Podem já ver esta imagem no site da APOD, e sobretudo recomendo este que é o site oficial da recepção das imagens da Phoenix.


Post
de Carlos Oliveira no Blog astroPT - para ver o post original e imagens clicar aqui.


ADENDA: Stevie Nicks, dos Fleetwood Mac, faz hoje 60 anos! Celebremos também a data com música:


domingo, maio 25, 2008

Próximas actividades do NUCLIO

Do NUCLIO (Núcleo Interactivo de Astronomia) recebemos um e-mail com o pedido de divulgação das seguintes actividades astronómicas:

Caros Amigos,

Festa das Estrelas
Gostaria de convidá-los a partilhar as vossas actividades no âmbito do projecto Hands-on Universe durante a Festa das Estrelas. A Festa irá decorrer na Ponta do Sal dias 27, 28 e 29 de Junho. Peço que por favor me informem a vossa disponibilidade para podermos preparar o programa do evento. Venham e tragam os vossos estudantes.


Formação Hands-on Universe
Aproveito também para informar que a próxima sessão de formação será dias 14 e 15 de Julho no Instituto Geográfico do Exército. Inscrevam-se .. mas mais do que isso .... convidem outros colegas para a formação, está na hora de aumentarmos a família HOU

Workshop Internacional Hands-on Universe
E ainda há mais :-). Nos dias 16, 17 e 18 de Julho vamos ter um workshop internaciontal de promotores Hands-on Universe. Será uma oportunidade única para conhecer de perto as novas actvidade propostas pelos nossos parceiros espalhados por esse mundo afora. É única porque este ano somos privilegiados com a organização do evento em Lisboa. Estes encontros anuais ocorrem cada vez num país diferente ... desta vês os anfitriões somos nós :-)

Global HOU 2008
Pensavam que era tudo .. não não ... há ainda o encontro dos promotores ... ou seja ... a parte das apresentações que decorrerá nos dia 20 a 23 de Julho.
Cá vai o link para o workshop e conferência: http://ghou2008.globalhou.net

Espero que possam estar presentes em todas as actividades, que venham partilhar com a comunidade internacional o excelente trabalho que têm feito com os vossos estudantes. Que venham conhecer professores de outros países, promotores da família HOU.

Beijinhos e até amanhã ..... sim sim .... vamos acompanhar a chegada da sonda Phoenix à Marte ... há cafezinho e bolachinhas ...... (http://www.portaldoastronomo.org/noticia.php?id=743)



NOTA: Post conjunto com o Blog AstroLeiria...

Sonda Phoenix chega a Marte na madrugada de dia 26

Do site Portal do Astrónomo publicamos a seguinte notícia de actividade, na sequência do post anterior:


Visão de artista da chegada da sonda Phoenix a Marte. Créditos: NASA/JPL-Calech/University of Arizona

Na madrugada de dia 26 de Maio está prevista a chegada a Marte de mais uma sonda da NASA (National Aeronautics and Space Administration), a Mars Phoenix Lander, destinada a aprofundar o nosso conhecimento sobre o planeta vermelho. A NASA transmitirá a partir do seu centro de controlo na Califórnia (Jet Propulsion Laboratory) todo o processo de entrada, descida e aterragem da sonda. Esta emissão estará disponível em:
http://www.nasa.gov/multimedia/nasatv

Em Portugal, esta emissão será acompanhada em directo, a partir das 20h do dia 25 de Maio, no âmbito de uma sessão pública organizada pelo NUCLIO, a ter lugar no Instituto Geográfico do Exército, em Lisboa, na qual estarão também presentes diversos especialistas nacionais, actualmente envolvidos em projectos relevantes para a exploração de Marte.

Pode descobrir mais informação em:
http://www.nuclio.pt/projectos/000070.html


NOTA: Post conjunto com o Blog AstroLeiria...

Nova sonda em Marte no domingo

Com a ajuda da Agência Espacial Europeia
Sonda Phoenix da NASA aterra domingo à noite em Marte
23.05.2008 - 14h50 Lusa


A missão vai recolher amostras do subsolo gelado marciano

A sonda Phoenix aterra domingo à noite em Marte, para recolher amostras de gelo e procurar material orgânico, numa manobra arriscada para a qual a NASA (Agência Espacial norte-americana) pediu pela primeira vez a ajuda da ESA (Agência Espacial Europeia).

A Mars Phoenix Lander concluirá assim um périplo de 679 milhões de quilómetros iniciado a 4 de Agosto de 2007 quando foi lançada na Florida para esta missão de três meses, orçada em 420 milhões de dólares (270 milhões de euros).

Para Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, "a existirem vestígios de vida em Marte eles só poderão estar no subsolo, devido às condições hostis à vida prevalentes na superfície do planeta", com a intensidade das radiações ultravioleta e dos protões do vento solar, além das baixas temperaturas actuais.

Na sua perspectiva, "em fases recuadas da vida de Marte poderão ter existido essas condições, quando a inclinação do eixo de Marte, que vai mudando ao longo do tempo, permitiu uma incidência perpendicular do Sol e a existência de água no estado líquido".

E tendo existido vida no passado, "os seus rastos ficaram congelados no subsolo", afirmou. "Só pesquisando esse gelo se poderá determinar o que sobrou, quer de organismos vivos quer de reacções químicas de oxidação e redução associadas à vida".

Além de recolher amostras do subsolo gelado marciano, a missão representa o próximo passo da exploração de Marte ao determinar se essa região, que abrange cerca de 25 por cento da superfície do planeta, será habitável por futuras missões tripuladas.

Colaboração entre agências desde Janeiro

Paolo Ferri, director da Divisão de Missões do Sistema Solar e Planetário da ESA, indicou que a colaboração europeia na missão decorre desde Janeiro, "com a determinação da órbita da sonda através das antenas de espaço profundo das estações de rastreio em Cebreros, Espanha, e em New Norcia, Austrália".

Durante a fase de aterragem, a sonda europeia Mars Express receberá o sinal de rádio da Phoenix e transmiti-lo-á à Terra, para o Centro de Operações Espaciais Europeias da ESA em Darmstadt, na Alemanha, que o reencaminhará para a NASA.

A aterragem está prevista para as 00h38 de 26 de Maio (hora de Lisboa), na região do Pólo Norte de Marte, e a NASA pediu a ajuda da ESA para evitar que se repita o sucedido há nove anos com a Mars Polar Lander, quando se perdeu o contacto com ela e se despenhou no Pólo Sul do planeta vermelho.

A NASA tem actualmente na órbita de Marte as sondas Mars Reconnaissance Orbiter e Mars Odyssey, enquanto que a Mars Express da ESA está a 300 quilómetros do planeta.

Portugal segue manobra

As três seguirão a Phoenix durante a fase crítica da descida e aterragem, quando a sonda norte-americana entrar na atmosfera marciana a uma velocidade de 19.000 quilómetros por hora. Nos sete minutos seguintes, a que os engenheiros da missão chamam "os sete minutos de terror", a nave usará a fricção da atmosfera e um pára-quedas para reduzir a velocidade para apenas 8 quilómetros por hora.

Segundos antes da aterragem, a Phoenix accionará foguetes propulsores para garantir uma aterragem suave.

A confirmação de que a manobra decorreu com êxito só será no entanto conhecida na Terra 15 minutos depois, às 00h53 de segunda-feira (hora de Lisboa), segundo um comunicado da NASA, que transmitirá todos o processo de entrada na atmosfera, descida e aterragem no site www.nasa.gov/multimedia/nasatv.

Em Portugal, esta emissão poderá ser acompanhada em directo, a partir das 20h00 de domingo, numa sessão pública organizada pelo NUCLIO (Núcleo Interactivo de Astronomia) no Instituto do Exército, em Lisboa.

Com os seus dois painéis solares abertos, a Phoenix mede cinco metros de largura e 1,52 metros de comprimento, e pesa 350 quilogramas, 55 dos quais de instrumentos científicos, sendo a missão desempenhada a temperaturas entre 73 e 33 graus Celsius negativos.

Se tiver êxito, a sonda irá juntar-se no solo marciano aos robôs gémeos Spirit e Opportunity, que há quatro anos exploram zonas opostas no equador do planeta, mas, ao contrário destes, ficará imóvel. Embora os cientistas admitam que a Phoenix sobreviva cerca de um mês além dos seus 90 dias de missão, não terá o mesmo tempo de vida útil dos robôs gémeos, porque os seus painéis solares não produziram energia suficiente para a manter viva durante o Inverno marciano.


in Público - ler notícia

NOTA: Post conjunto com o Blog AstroLeiria...

Descoberta de Sílica em Marte indica possibilidade de vida passada

Depósitos de sílica quase pura descobertos em 2007 pelo robot norte-americano Spirit em Marte, foram formados por vapores vulcânicos ou por géisers, ou até mesmo pelos dois, que atravessaram o solo e podem conter pistas de vida passada.

Segundo estudos de cientistas tais depósitos encontram-se na Terra à volta de chaminés hidrotermais, como as do parque nacional norte-americano de Yellowston, no Wyoming, célebre pelos seus fenómenos geotérmicos onde se encontram dois terços dos géisers do planeta, e inúmeras fontes de água quente.

Esta é a conclusão de estudiosos dos planetas que analisaram os dados recolhidos pelo espectrómetro de emissão termal (Miniature Thermal Emission Spectrometer) do robot 'Spirit', cujo gémeo 'Opportunity' se move nos antípodas de Marte.

A descoberta de depósitos de sílica na cratera de Gusev, situada na região equatorial do planeta vermelho, foi anunciada pela Nasa em 2007, tendo então sido objecto de um estudo detalhado cujos resultados das análises são publicados pela revista norte-americana 'Science'.

“Na Terra, os depósitos hidrotermais andam de mão dada com a vida e a sílica encontrando-se próxima destas aberturas contem frequentemente fósseis de restos de micróbios”, afirma Jack Farmer, professor de astrobiologia na Universidade do Estado do Arizona, um dos autores destes estudos.

“Mas não sabemos se este é o caso da sílica encontrada por 'Spirit', uma vez que o robot é desprovido de instrumentos que possam detectar vida microscópica”, acrescenta, em comunicado.

“O que podemos dizer é que este ambiente foi habitável com água líquida e presença de fontes de energia necessárias para a vida”, conclui Farmer.


in Ciência Hoje - ler notícia

Reduzir factura eléctrica com o vento da cidade

Microturbina eólica estará no mercado até ao final do ano

É silenciosa, funciona com pouco vento e pode reduzir a zeros a factura da electricidade lá de casa. A microturbina Turban é uma eólica destinada a ambientes urbanos que pode ser colocada no topo dos edifícios, no jardim ou no telhado. No final do ano, e graças à microgeração - sistema no qual os consumidores podem também ser produtores de energia -, qualquer pessoa poderá adquiri-la e produzir em casa a energia que consome.

O projecto foi financiado pela Agência de Inovação (75%) e desenvolvido no Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (que pagou 25%) recentemente, embora tenha sido idealizado há quase dez anos, contou ao DN Ana Estanqueiro, uma das responsáveis pela sua concepção.

A investigadora do INETI explica que a grande inovação desta microturbina, em comparação com as que já existem no mercado, é a possibilidade de "arrancar com velocidades de vento muito baixas" (3,5 metros por segundo). Ou seja, explica a investigadora, "conseguimos produzir mais energia com menos vento". O que é essencial no ambiente urbano, onde os edifícios cortam o vento e o tornam mais irregular.

O segredo da boa performance deste equipamento está na forma como as pás são encastradas na estrutura principal e na sua própria forma . O facto de ser silenciosa foi um "bónus" que veio associado a estas características, explica Ana Estanqueiro. Normalmente, a produção do ruído não é uma preocupação tida em conta na concepção inicial das turbinas, sendo o problema minimizado a posteriori, com a colocação de bandas que reduzem a produção energética total.

Na Turban, a ausência de ruído é uma grande vantagem competitiva, considera a investigadora, porque o equipamento é instalado junto às pessoas e quer-se o mais harmonioso possível. Além de ser um bom indicador da sua eficiência energética, diz.

Produzir energia e vendê-la

Até ao final do ano, pretende-se que qualquer pessoa possa chegar à loja, comprar a microturbina e montá-la em casa. Mas o investimento não fica barato e o retorno acontece após sete anos. O preço ainda não está definido, pois foram apenas criados protótipos, mas poderá rondar os 8750 euros, incluindo o conversor, o aparelho que permite injectar a energia na rede.

A microgeração é um sistema lançado este ano pelo Governo que permite esta funcionalidade de se ser consumidor e produtor de energia ao mesmo tempo. O retorno do investimento no equipamento faz-se através da venda da energia à rede eléctrica. A tarifa paga pela EDP (quilowatt/hora) aos produtores caseiros é bastante superior à cobrada aos consumidores. Por isso, explica Ana Estanqueiro, mesmo não produzindo em casa toda a energia consumida, a factura pode ficar reduzida a zeros.

A especialista do INETI nega que a intenção de criar a Turban advenha da microgeração, pois estava idealizada há muito, mas reconhece que o sistema trouxe mais-valias.

Ana Estanqueiro diz que já há muitos fabricantes interessados na comercialização deste produto que, com excepção de uma pequena peça - o gerador - pode ser todo produzido em Portugal. Para já, falta concluir alguns testes.

Turban em São Bento

O primeiro-ministro foi o primeiro cidadão a ter uma microturbina destas a produzir energia em casa. A Turban da residência oficial de José Sócrates, no Palácio de São Bento, está instalada no jardim, no topo de uma antiga rede de comunicações, a mais de vinte metros de altura.

"A zona tem bom vento e a turbina tem funcionado bem", garante um assessor do gabinete do primeiro-ministro, embora o dia cinzento e chuvoso não nos permita comprovar esta afirmação. O aerogerador foi aí colocado em Novembro, na sequência de uma auditoria energética realizada pela EDP que, entre outras coisas, apontou a turbina eólica como um potencial redutor de custos. Só com a Turban, ao fim de um ano, serão produzidos 3500 kwh, permitindo poupar 2,1 toneladas de dióxido de carbono.

Em São Bento foram ainda substituídas as lâmpadas e os projectores do jardim, o equivalente a uma poupança anual de 35 230 kwh, 2466 euros e 15,5 toneladas de CO2. Vão ainda ser instalados painéis fotovoltaicos.


in DN on-line - ler notícia

Supernova - notícia

Supernova apanhada em flagrante no momento da explosão
21.05.2008 - 20h03 Clara Barata


A explosão foi registada quando a equipa de Maryam Modjaz estava a estudar uma supernova chamada SN 2007uy

No dia 7 de Janeiro, a equipa de Maryam Modjaz estava a estudar uma supernova chamada SN 2007uy, na galáxia em espiral NGC 2770, a 90 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação do Lince. Eis se não quando, dois dias depois, algo de inesperado acontece: uma emissão extremamente brilhante de raios-X, noutra zona da galáxia — era outra supernova em directo, uma estrela apanhada em flagrante a explodir.

Até agora, os astrónomos só tinham detectado supernovas alguns dias ou semanas depois de uma estrela ter explodido, disse Patricia Schady, do University College de Londres, outro elemento da equipa que descreve a descoberta amanhã na revista "Nature".

“Duas horas depois da emissão de raios X, vimos o que parecia uma bola de fogo em expansão de radiação ultravioleta” com o telescópio espacial Swift. “Houve tempo para pôr de vigia telescópios no espaço e na Terra, para ver os destroços radioactivos brilhantes durante os dias que se seguíram”, concluiu Schady, citada num comunicado de imprensa.

Uma supernova acontece quando o núcleo de uma estrela maciça gasta todo o combustível nuclear e cai sob o peso da sua própria gravidade, formando um objecto ultra-denso — uma estrela de neutrões. Esta comprime-se e depois volta a expandir-se, desencadeando uma onda de choque através das camadas exteriores gasosas e destrói a estrela.

Os modelos teóricos desenvolvidos pelos astrónomos previam que este choque produziria emissões de raios X muito brilhantes durante alguns minutos, mas até agora esse clarão não tinha sido detectado. “Esta observação é o melhor exemplo do que acontece quando uma estrela morre e nasce uma estrela de neutrões”, comentou Kim Page, da Universidade de Leicester, também da equipa.


in Público - ler notícia

sábado, maio 24, 2008

Música para Geopedrados...


Museu de Ciência e Tecnologia de Coimbra galardoado com Prémio Micheletti pelo Forum Europeu dos Museus

O Museu de Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado ontem em Dublin, Irlanda, com o Prémio Micheletti de melhor museu europeu do ano na categoria de ciência e tecnologia, pelo Fórum Europeu dos Museus, divulgou fonte da Associação Portuguesa de Museologia.

O presidente da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), João Neto, revelou que o Museu de Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado com o Prémio Micheletti entre cerca de 50 museus europeus. "Isto significa que, apesar de todas as dificuldades e do desinvestimento nos museus, as instituições europeias reconheceram o mérito da museologia e o melhor do que se faz em Portugal".

O presidente da APOM sublinhou a importância do prémio e afirmou que "as pessoas ficaram surpreendidas com a apresentação dos vários conceitos científicos" pelo museu.

Já em Novembro, o Museu de Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado com o Prémio de Melhor Museu Português pela APOM.

Segundo o sítio da Universidade de Coimbra, o Museu da Ciência desenvolve um projecto museológico de características ímpares no nosso país, que visa reunir o acervo científico disperso por vários museus universitários e faculdades, além dos acervos do Observatório Astronómico e do Instituto Geofísico, criando "um Museu da Ciência moderno e integrador, ao nível dos melhores existentes no mundo".

De acordo com vários especialistas internacionais, acrescenta, a Universidade de Coimbra detém um espólio na área da museologia sem comparação no nosso país, que configura um museu de capacidade internacional.

A generalidade destes museus é uma consequência da Reforma Pombalina, que deu origem a uma profunda reestruturação da área científica e à construção e adaptação de novos estabelecimentos ligados à investigação experimental.


in Público on-line - ler notícia

Geopark Naturtejo: 600 Milhões de anos em imagens



Informação recebida da Naturtejo, que gere o único parque em Portugal da rede de Geoparques da UNESCO:


A Naturtejo, Empresa de Turismo, tem o prazer de o convidar para o lançamento da 2ª edição do livro "Geopark Naturtejo: 600 Milhões de anos em imagens”, que vai decorrer a 31 de Maio, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal, em Nisa, no âmbito da Feira do Livro da Terra, promovida pelo Município de Nisa.

Informa ainda que o Festival Europeu da Terra, que decorre entre os dias 24 de Maio e 8 de Junho, inclui outras actividades por todo o território Geopark Naturtejo, que abrange os municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. Consulte o programa em www.naturtejo.com . Aproveite esta oportunidade para conhecer ou revisitar o 1º Geoparque Português da Rede Europeia e Global da UNESCO.

GEOPARK NATURTEJO DA MESETA MERIDIONAL
“600 milhões de anos em imagens”

O livro "Geopark Naturtejo da Meseta Meridional. 600 milhões de anos em imagens” reúne um conjunto de fotografias de Pedro Martins e conta com textos de Carlos Neto de Carvalho, o geólogo coordenador do projecto Geopark Naturtejo da Meseta Meridional. Os textos são em português e em inglês.

O Geopark Naturtejo da Meseta Meridional é um conceito de turismo novo em Portugal. Este território aposta na leitura e usufruto de uma paisagem ímpar e incólume, caracterizada por planícies extensas por onde irrompem cristas quartzíticas, formando poderosas muralhas naturais só vencidas em cénicas gargantas pelas águas de caudalosos rios. A bacia hidrográfica do Tejo, no seu troço médio, é o mote do turismo activo proposto pelo Geopark. A geologia diversificada, que confere à região inúmeros locais de profunda beleza natural, serve de ponto de partida para a descoberta de ecossistemas preservados, de uma riquíssima história e de tradições milenares, onde o visitante é recebido como um amigo. É toda esta riqueza bem guardada que começa a ser dada a conhecer através do Geopark Naturtejo.

quinta-feira, maio 22, 2008

Jurassic Foundation

Transcrevo (com pequenas correcções) a notícia da Lusa:

Portugueses ganham prémio internacional para estudar ninho de ovos de dinossauro da Lourinhã
Lourinhã, Lisboa, 16 Maio (Lusa)

A Fundação do Jurássico, criada com os lucros dos filmes da saga "Parque Jurássico" de Steven Spielberg, atribuiu um prémio a dois jovens paleontólogos portugueses para estudarem os ovos com embriões de dinossauros descobertos na Lourinhã.

O ninho, com uma centena de ovos de dinossauros, alguns dos quais contendo embriões, é um dos maiores do mundo e foi descoberto em 1993 por Isabel e Horácio Mateus, colaboradores do Museu da Lourinhã, tendo a descoberta sido divulgada quatro anos depois.

Rui Castanhinha e Ricardo Araújo, de 25 e 23 anos de idade (na foto à esquerda e direita respectivamente) são os segundos portugueses a serem galardoados pela Fundação do Jurássico, oito anos depois do paleontólogo Octávio Mateus, do Museu da Lourinhã, que investiu a verba atribuída nessa bolsa nas escavações de vestígios de um dinossauro saurópode no concelho.

O prémio vai dar azo a um ano de intenso trabalho para "perceber como é que os dinossauros com 150 milhões de anos (Jurássico Superior) se reproduziam, como cresciam, que hábitos e que comportamentos tinham", disse à agência Lusa Rui Castanhinha.

O trabalho dos dois investigadores agora premiados vai desenvolver-se durante um ano, sob a orientação de Miguel Telles Antunes e Octávio Mateus (à direita na foto), paleontólogos da Universidade Nova de Lisboa, incidindo em campanhas de escavações e trabalhos laboratoriais que vão culminar num estudo, que poderá vir a ser publicado numa revista científica internacional.

"Vamos passar algumas semanas no campo para localizar as zonas onde foram descobertos os ovos, enquadrando com a geologia que havia na época, e depois vamos analisar a textura das cascas dos ovos para perceber o tempo de gestação" e comparar os seus comportamentos com animais actuais, como crocodilos e aves.

Sabe-se que o ninho descoberto na década de 90 pertence a um dinossauro carnívoro bípede da família dos terópodes.

Os primeiros achados existentes em todo o mundo foram descobertos pela primeira vez na Lourinhã e o dinossauro veio a ser apelidado de Lourinhanosaurus antunesi.

Os fósseis e o ninho desde dinossauro fazem dele uma das principais atracções do museu.

Trata-se de um animal que atingiria um comprimento de 4,5 metros de comprimento e pesaria 160 quilos, sendo muito idêntico ao "tiranosaurus rex", figura maior dos filmes de Spielberg.


in Blog Lusodinos - post de Rui Castaninha

sobe... sobe... sobe...


A propósito da final da Taça de Portugal do passado fim-de-semana...

HUMOR - A evolução do assalto


in Blog De Rerum Natura

quarta-feira, maio 21, 2008

Actividade no Museu da Ciência de Coimbra

O Museu de Ciência Europe promove um ciclo de exibição de uma série de episódios sobre a História Natural da Europa, seguido de comentário por especialistas em biologia, geologia e farmácia.

Europe, a Natural History (2005): Co-produção: ORF, BBC, ZDF; País: Áustria,Reino Unido e Alemanha.

No âmbito desta iniciativa, foi convidado o Doutor Jorge Dinis (Departamento de Ciências da Terra - Universidade de Coimbra) para participar no comentário à exibição do filme "Genesis", o 1º da tal série da BBC, que ocorrerá no Museu de Ciência no dia 21 de Maio à noite (da qual não sei exactamente a hora).

1. GENESIS
An epic three billion year story begins, with the unravelling of clues as tohow Europe's stunning landscapes and wildlife were created. Witness Oxfordroamed by dinosaurs, the Jura vineyards of France swallowed under tropicalseas, St Petersburg buried under desert sands and the mightiest event ofall, the birth of the Mediterranean.O Museu da Ciência está a organizar um ciclo de cinema sobre o ambiente,no âmbito da exposição sobre Lineu e a Diversidade da vida. Os filmes serão comentados por colegas de biologia, geologia, farmácia.

No dia 23 de Maio de 2008 (6ª-feira) pelas 17.00 horas terá início o filme.

Ice Ages
" Over the past two million years Europe has been swept by waves of extremeclimatic change. Two kilometre thick ice sheets carved their way across thecontinent, reaching as far south as London, Amsterdam and Berlin. Mammothswandered the North Sea, and even lions and hippos roamed Trafalgar Square.Then, shortly before the last great Ice Age released its grip, our ancestorsset foot on the continent.

Podem saber mais sobre a série aqui:

terça-feira, maio 20, 2008

Stephen Jay Gould - 6 anos de saudade

Hoje, 20 de Maio, decorrem 6 anos que desapareceu Stephen Jay Gould.

Ainda hoje se me aperta na garganta a pergunta que não lhe fiz, aquando do curso que deu na Universidade Lusófona, há uns anos atrás:

"O que deve ter um bom paleontólogo?"
Fiquei-me pelo pedido a que me autografasse os livros que levei de casa.
Enquanto me os autografava, comentou que estavam muito usados.
Respondi, corando, que sim, que os lia e relia.
"É para isso que eles servem. Para serem lidos e relidos.", respondeu-me.

A ele, um dos dois principais responsáveis pela vida profissional que levo.

Leituras:

Imagem - capa da revista do American Museum of Natural History "Natural History", onde Gould escreveu durante muitos anos.

in Blog Ciência ao Natural - post de Luís Azevedo Rodrigues

Em memória de Stephen Jay Gould


Parece que foi ontem, mas em breve (20 de Maio) vai fazer seis anos que morreu Stephen Jay Gould. Em sua memória, recupero a crónica que escrevi no “Primeiro de Janeiro” em 27/Maio/2002 sobre esse grande biólogo e escritor de divulgação científica:

A notícia chegou-me, brutal, pela rádio. Aturdido, corri a confirmá-la pela Internet. Mas lá estava o obituário no infalível “New York Times”: “Stephen Jay Gould, teórico da evolução, morre aos 60 anos”.

Não o conheci pessoalmente. Ou melhor, vi-o uma vez ao vivo quando há alguns anos veio à Fundação Gulbenkian fazer uma conferência sobre evolução (quando a Gulbenkian nos traz o melhor, a excursão de propósito a Lisboa é obrigatória). Era um homem grande, em todos os sentidos do termo. Pareceu-me na altura tão vivo que não pude deixar de considerar a sua morte improvável quando ouvi a notícia dela.

Conheci-o por via das interpostas pessoas dos livros, o que, é de resto, uma das melhores formas de conhecer alguém. Tinha lido, entre outros, “A Feira dos Dinosáurios”, na Europa-América (o prefácio é uma das melhores defesas da literatura de divulgação científica que algum dia foram scritas), e “Full-House”, na Gradiva (o título ficou assim em português, mas poderia ter sido traduzido para “Casa Cheia”, o título de um popular jogo televisivo). E, coincidência das coincidências, no dia em que a morte do biólogo me aparecia por via radiofónica chegava-me por correio da Amazon o seu extraordinário volume “The Structure of Evolutionary Theory”, Harvard University Press, Cambridge Mass., 2002), o penúltimo dos muitos que publicou (saiu depois um volume póstumo). Fiquei siderado com as mais de 1400 páginas, recheadas de erudição da primeira à última linha. Há quem diga que Gould, nesta “obra de vida”, não só não poupou a tinta como não poupou a exibição do seu ego, ao apresentar longamente a sua tão criticada “teoria do equilíbrio pontuado”, que em jovem tinha proposto com o seu colega e amigo Niles Eldredge.

E, saboreados alguns dos seus livros (confesso que só li umas poucas das 1400 páginas), o que tenho a dizer que o excelente obituário do “New York Times” não tenha dito? Pois muito bem, vou dar uma opinião que só me compromete a mim: Sagan e Feynman que me perdoem (ambos já falecidos, tal como Gould, de cancro), Hawking, Watson e Reeves (muito vivos os três) que não fiquem ofendidos, mas Stephen Jay Gould é, de todos eles, quem melhor prosa de divulgação escreveu. Possuía o talento supremo de começar com um assunto qualquer aparentemente banal mas suficientemente curioso para prender a atenção do leitor e, depois de várias voltas e contravoltas, que só uma grande bagagem cultural permitia, chegar a uma mensagem profunda, que parecia não estar lá de início, mas afinal estava.

Escreveu regularmente, com uma pontualidade espantosa, durante mais de 25 anos, uma coluna para a revista Natural History”, a matéria-prima para livros como a “Feira dos Dinosáurios” (“Full House” é dos poucos que não é uma colectânea). Apesar de nunca se repetir (os temas eram os mais espatafúrdios, por exemplo em “Feira dos Dinosáurios” os mamilos masculinos e o clítoris feminino, num capítulo, e as “performances” desportivas do lendário Joe di Maggio, um dos maridos de Marilyn Monroe, noutro capítulo) glosou, ao longo de toda a sua vida, um único grande tema: a evolução natural. Aos cinco anos, quando viu um esqueleto de Tiranossauro Rex, no Museu de História Natural de Nova Iorque, decidiu ser paleontólogo e, desde essa altura, descobriu e revelou-nos a prolífica e extravagante riqueza de formas e funções dos seres vivos que a evolução espalhou pela Terra. É um tema infindável para um ser humano como Gould capaz não só de se maravilhar mas de fazer maravilhar os outros. É um tema a cuja glosa só a morte, inoportuna, podia pôr fim.

É oportuno recordar um dos mais notáveis textos gouldianos, que se encontra no referido livro da Europa-América. Nele o autor conta-nos como escapou à morte aos 40 anos. Foi-lhe diagnosticado um mesotelioma no intestino, uma forma rara de cancro que tem a ver com exposição ao amianto. Rapidamente operado, logo que acordou da anestesia, colocou à médica uma questão própria de um cientista: “Qual é a melhor literatura técnica sobre o mesotelioma?”. A resposta, evasiva, da clínica foi que a literatura médica sobre o assunto não tinha nada que merecesse ser lido. Leia-se agora o naco de prosa em que Gould nos conta o que se seguiu:

“Claro que tentar manter um intelectual afastado da literatura resulta quase tão bem como recomendar castidade ao homo sapiens, o mais atraente dos primatas. Assim que pude andar, fui direito à biblioteca médica de Harvard e digitei mesotelioma no programa de pesquisa bibliográfica do computador. Uma hora depois, rodeado da mais recente literatura sobre o mesotelioma abdominal, compreendi, em choque, a razão de me ter dado aquele conselho tão humano. A literatura não podia ser mais clara de uma forma brutal: o mesotelioma é incurável, com uma média de mortalidade ao fim de oito meses depois da detecção. Fiquei atordoado durante 15 minutos, depois sorri e disse de mim para mim: por isso não me queriam dar nada para ler. Então, felizmente, a minha mente voltou à vida”.

Ressuscitado mentalmente desse cancro, Gould sobreviveu-lhe também fisicamente. O texto de onde a citação foi retirada intitula-se no original “The median isn’t the message”, isto é, “A mediana não é a mensagem” numa paródia à frase “O meio é a mensagem” (em português saiu “A virtude não está no meio”...). Gould usa a estatística para nos contar como se consciencializou que podia escapar. Numa distribuição de probabilidade assimétrica, com uma cauda longa do lado direito, a mediana (linha que divide metade da probabilidade da outra metade) aparece antes da média. Quando assim é para um risco oncológico, a distribuição da probabilidade de morte estende-se até uma idade muito avançada. Gould leu que a média de mortalidade era de oito meses, mas concluiu sabiamente que muitos pacientes viviam até bastante tarde, bem acima da média. “Maravilhoso!”, escreveu ele com premonição, pois conseguiu sobreviver 20 anos ao mesotelioma. Passados 10 anos escrevia numa nota de rodapé, numa nova edição do livro: “So far so good!”. Tal como acontece em geral na evolução das espécies, a variação em torno da média é muito importante para a vida individual.

Retomando a sua crónica, a pena de Gould enfrentou directamente o tema da sua própria morte, uma tema que todos nós gostamos de evitar: ”Claro que concordo com o pregador do Eclesíastes em como existe um tempo para amar e um tempo para morrer – e, quando se me acabar a confusão, espero enfrentar o fim calmamente à minha maneira”.

O irónico é que Stephen Jay Gould morreu não do mesotelioma, entretanto vencido, mas de uma outra forma de cancro não relacionada com a primeira. Estúpido cancro que não gosta nada de perder! Gould faleceu não no hospital mas na sua casa de Manhattan, rodeado de livros e de fósseis, como sempre viveu. Tinha combatido tenazmente o inimigo, mas a luta com a morte, como ensina toda a história natural, é muito desigual.

Adeus, Stephen. Nós, que continuamos vivos, agradecemos tudo aquilo que nos ensinaste. Havemos de saber mais sobre evolução...


in Blog De Rerum Natura - post do Doutor Carlos Fiolhais

Palestras em Coimbra

Recebido, via mailing-list da GEOPOR, do Professor Doutor Pena dos Reis (DCT/UC):

Na sequência do III Curso de Campo da Petrobrás, que terá lugar na próxima semana (25-30 de Maio), deslocam-se a Portugal e ao Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra 10 geólogos e geofísicos daquela empresa. Aproveitando a sua vinda, serão oferecidas três palestras, a seguir enunciadas:

PALESTRAS E AUTORES:

Os evaporitos das bacias do Espírito Santo e Mucuri: Sedimentação e Tectônica
ROSILENE LAMOUNIER FRANCA

A exploração de petróleo na margem equatorial brasileira e bacias interiores
IVANISE MARIA WOLFF

Aplicação da Termocronologia na Geologia do Petróleo
MIRNIS ARAUJO DA NOBREGA


As palestras estão planeadas para a próxima 2ª-feira, dia 26 de Maio de 2008, na sala Carlos Ribeiro, pelas 10.00 horas.

Estão desde já convidados a estarem presentes...

Do Big Bang à Humanidade - filmes em Inglês

Recebido, via e-mail da GEOPOR, enviado pelo Doutor Paulo Legoinha:

Conjunto de vídeos, em inglês, publicados no “youtube”, abordando assuntos científicos diversos (Big Bang, Geologia, Biologia, Evolução, Método Científico, Criacionismo, entre outros). O autor tenta explicar o ponto de vista científico, em oposição ao Criacionismo. No total registam mais de 350.000 acessos num ano.

Precisa de 100 minutos para os observar na totalidade (cerca de 9'30'' cada):

http://metododirecto.pt/geopor/mod/forum/discuss.php?d=34

Pode também deixar algum comentário/questão, para debate nesta mailing-list ou naquele fórum.