Hoje é meu grande prazer trazer-vos uma notícia em primeira mão. Foi-me confirmado há pouco pelo The Particle Physics and Astronomy Research Council (friends in high places!) que foi descoberto o planeta mais parecido de sempre com a Terra. A notícia está embargada, e por isso é “secreta”, até ser publicada na edição de 26 de Janeiro da Nature (que é a razão do secretismo). Esperam-se imagens artísticas e animações!
Acerca do planeta. Tem cerca de 5 vezes a massa da Terra, e é por isso o planeta extrasolar mais leve alguma vez descoberto à volta de uma estrela “normal”. Este facto constitui uma descoberta revolucionária na busca de planetas parecidos com o nosso (até hoje os planetas descobertos são a maior parte da ordem de tamanho de Júpiter que é muito maior que a Terra). A estrela orbitada por esse planeta é uma anã-vermelha, com cerca de 1/5 a massa do nosso Sol, e está situada a cerca de 25 000 anos-luz da Terra, perto do centro da nossa Galáxia, a Via Láctea! O planeta foi baptizado OGLE-2005-BLG-390Lb (será que este vai ter um nome não-oficial? Qual será a série de TV que vai inspirar? Eu voto no filme Resident Evil ;-) ). Foi calculado que um ano desse planeta corresponde a 10 dos nossos. Demora então 10 anos a dar uma volta à sua estrela, e fá-lo a uma distância 3 vezes superior à da Terra ao Sol.
Infelizmente, desengane-se quem já imagina pequenos insectos, ou políticos a vaguear pelo novo planeta, pois a temperatura à superfície deverá rondar os 220ºC negativos. Por isso não é de esperar água no estado líquido, que se pensa ser necessária para a existência de vida. Outra característica provável é que o planeta esteja coberta por um oceano de gelo, e que a sua “verdadeira” superfície rochosa esteja debaixo desse gelo. Este conjunto de características que faz com que este planeta seja de facto mais parecido com Plutão do que com a Terra. Diga-se de passagem que veio mesmo a calhar! A sonda New Horizons partiu a semana passada em direcção a Plutão.
O planeta foi descoberto através de “microlentes” gravitacionais, um efeito previsto por Einstein em 1912 (este assunto fica para outra altura). Este método concerteza permitirá a descoberta de mais planetas do género.
É notável termos conseguido “caçar” um planeta só 5 vezes mais massivo que a Terra a uma distância considerável como esta! Quanto tempo faltará para encontrarmos um planeta muito semelhante ao nosso à volta de outra estrela? E quando encontrarmos, será que conseguiremos perceber se haverá vida por lá ou não? Será possível comunicar, caso esta o seja capaz? Perguntas para um post futuro. Para já, vamos ao espumante!