segunda-feira, janeiro 14, 2008

Na China - post do Blog "Ciência ao Natural"

Do Blog Ciência Ao Natural, do paleontólogo Luís Azevedo Rodrigues, publicamos um post delicioso...



A “história” chinesa foi bastante complicada – ver post com outra das histórias.

O contacto inicial foi feito com Xu Xing do IVPP. Ele é responsável por mais 20 espécies novas de dinossáurios e publicou mais de 10 artigos na Nature.

Para além de me receber, propôs-me também iniciar trabalho de análise morfológica 3D de crâneos de Psittacosaurus, em conjunto com um aluno seu de doutoramento (foto).


Durante a primeira semana de estadia em Pequim, Dong Zhi-ming, um dos “pais” da Paleontologia de dinossáurios na China, encontrava-se em Pequim de visita. Falei com ele, contei-lhe o meu projecto e ele convidou-me para, passados 4 dias, nos encontrarmos no sul da China, em Lufeng. Comecei logo a tratar das coisas (arranjar avião pois Lufeng, na província de Yunnan, fica próximo da fronteira com o Vietname e do Laos) e a improvisar os meus planos iniciais.

Passados esses dias aterrava em Kunming onde tinha colaboradores de Dong Zhi-ming à minha espera, para uma viagem de carro de cerca de duas horas até Lufeng.

Estive cerca de uma semana trabalhando sobretudo em prossaurópodes, o mais famoso dos quais é o Lufengosaurus (do nome da cidade), mas também em diversos saurópodes, alguns dos quais ainda não descritos.

Fiz também prospecção no campo em conjunto com Dong Zhi-ming nas famosas jazidas do Triásico desta região.

Este investigador ficou tão impressionado com o meu trabalho que me propôs que regressasse para descrever novos materiais (provavelmente novas espécies, das centenas de ossos que eles têm em preparação), mas essa história fica para mais tarde...


Em Lufeng fui brindado com os manjares entomológicos que os meus colegas me tinham reservado – sou extremamente alérgico à picada de abelhas e vespas e quando me puseram à frente um prato de larvas e vespas adultas ia caindo para o lado!

Neste jantar, para além de Dong Zhi-ming e colaboradores, estavam também quatro colegas da Mongólia Interior, conhecidos, entre outras atributos, por serem resistentes aos efeitos do álcool. Para os chineses, quem aguenta bem a bebida é porque é bom líder, disseram-me.


Para além de convidado, era estrangeiro, e nisso os chineses são muito formais, de maneira que de 5 em 5 minutos levantava-se um chinês, fazia-me um brinde e bebíamos ambos um trago de aguardente de arroz. Como eles eram dez e eu o único convidado, tive que efectuar vários brindes com aguardente...

Dong Zhi-ming contou-me, no dia seguinte, que os colegas mongóis tinham ficado impressionados comigo porque nunca abandonei as boas maneiras nem alterei o tom de voz, e isso para eles é sinal de força interior. Não sei se é ou não, o certo é que nesse dia tinha uma certa dor de cabeça!


Lufeng é uma cidade muito pequena, mesmo para os standards chineses, semi-rural e onde quase nunca vão estrangeiros – é impressionante como estavam sempre a olhar para mim quando andava na rua…!

Recordo-me de sair um dia à noite e num restaurante (o mais próximo que se pode dizer daquele espaço…) onde entrei para me aventurar nas surpresas gastronómicas, estar vazio. Passada meia-hora, já quase não haviam mesas para chineses que apenas tinham dois objectivos: beber chá e mirar o ocidental que pensava em dinossáurios saurópodes, enquanto tentava adivinhar o que lhe tinham colocado no prato!


Foi também em Lufeng que ao sair de um riquexó motorizado (basicamente uma moto com uma cobertura atrás - foto) me deixaram à porta de uma pensão que não era a minha. Era de noite, não tinha o nome do sítio onde estava nem tão pouco sabia minimamente onde me encontrava. Para além de não esperar que alguém soubesse falar inglês, e o meu ultra-básico mandarim não dar para me safar daquela situação, foram uns minutos de completa impotência. Senti-me ao mesmo tempo como uma criança perdida no supermercado e como um adulto imbecil. Depois de ter recuperado a calma abordei o condutor do riquexó com as palavras “Kong long, kong long!” que significam “dinossáurio, dinossáurio”, uma das poucas que sei em mandarim.


Após o ter repetido várias vezes e o chinês ter recuperado das gargalhadas iniciais, lá deduziu que eu queria que ele me conduzisse ao Museu dos Dinossáurios.

É que a partir do Museu sabia eu o caminho!

Terminei a noite, com a cabeça de fora da caixa motorizada a gesticular “esquerdas e direitas” até ao meu hotel no sul da China.

Já andei por grande parte do mundo e nunca me tinha sentido tão “perdido” como naqueles cinco minutos…

domingo, janeiro 13, 2008

Colóquio "Por Terras da Figueira"

Republicamos aqui a informação sobre um interessante colóquio, em 08.02.2008, na Figueira da Foz:

Organizado pelo Kiwanis Club da Figueira da Foz, através (entre outros) dos amigos (e ex-colegas) Doutores Fernando Carlos Lopes e Pedro Callapez, ilustres professores do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, irá decorrer na Figueira da Foz (no Auditório do Museu Municipal Dr. Santos Rocha), em 8 de Fevereiro de 2008 (6.ª-feira) o Colóquio Por Terras da Figueira.

Clicar nas imagens para ampliar

Aqui fica, em documento pdf, a 1ª circular, que inclui a ficha de inscrição:
Kiwanis Figueira 2008

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Sismo a SW do Cabo de S. Vicente

Ocorreu esta noite (00.21 horas de 11.01.2008, hora de Portugal continental) um sismo que foi sentido pela população do Algarve (e ainda em certas zonas do Alentejo e em partes de Espanha). De acordo com o Instituto de Meteorologia (de Portugal) teve magnitude 4,7 e intensidade IV/V máxima (em Portimão). Já o Instituto Geográfico Nacional (de Espanha) atribui o valor de 4,7 à magnitude e a U. S. Geological Survey - USGS - dá-lhe um valor de 4,3.

Mapas do epicentro das instituições atrás referidas:



terça-feira, janeiro 08, 2008

Como trabalha um antropólogo forense

Publicamos o seguinte post (a foto é minha) do Blog De Rerum Natura.


Informação recebida da Fábrica Ciência Viva de Aveiro:

Identidade e o conhecimento da causa da morte - como trabalha um antropólogo forense

12 Janeiro de 2008, Sábado, 15.00-16.30 horas

Eugénia Cunha (na foto), Departamento de Antropologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

«CADÁVER DE UM DESCONHECIDO encontrado na Praia do Mastro em 3-4-1960» «1. Indivíduo do sexo masculino, 1.72m de altura, bom estado de nutrição, idade provável cinquenta anos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- 2. não aparenta rigidez cadavérica; não tem livores - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3. na calote craniana, ao nível da sutura dta. occipito-parietal, há uma perfuração circular de 4mm de diâmetro provocada por projéctil(...)» «(...) a cerca de 100ms. Da estrada se viam a descoberto um cotovelo humano e um joelho cujos tecidos se apresentavam parcialmente destruídos (...)»

in Balada da Praia dos Cães, José Cardoso Pires

Os restos ósseos, os corpos mumificados, saponificados, ou em vários estados de preservação, são o objecto de trabalho dum antropólogo forense, que procura uma identificação dos restos em análise assim como tenta perscrutar indícios que levem ao conhecimento da causa da morte.

Neste Impaciências, recorrendo a casos práticos, a Doutora Eugénia Cunha, do Departamento de Antropologia, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra, ilustrará como pode o antropólogo forense devolver a identidade a restos humanos e contribuir para o sucesso de algumas investigações policiais, mais ou menos espectaculares, como as que assistimos nas séries televisivas.

Da nossa parte já sabe que conta com a qualidade do café NESPRESSO e a vitalidade de toda uma equipa, bem identificada consigo, pronta a recebê-lo. Contamos com a sua presença!

Na Fábrica, Centro Ciência Viva de Aveiro, pois claro!

Nota: a entrada é gratuita. Aos pais que venham com filhos propomos que, enquanto decorre o ImpaCiências, estes, não participando no Café de Ciência, possam realizar outras actividades que decorram na Fábrica – Centro Ciência Viva.

Formação em Astronomia PT-HOU - 5ª Acção

Do Blog AstroLeiria publicamos o seguinte post:


A 5ª sessão de Formação de Professores decorrerá nos dias 12 e 13 de Janeiro de 2008, no Instituto Geográfico do Exército, em Lisboa. O programa incidirá especialmente na utilização do software SalsaJ para análise e composição de imagens astronómicas, na utilização de telescópios operados remotamente a partir da sala de aula e nos recursos do EU-HOU disponíveis. Serão apresentados projectos científicos que podem ser realizados pelas escolas: estudo de supernovas, descoberta de asteróides, descoberta de enxames jovens, estudo de galáxias activas, entre outros.

Para se inscrever, basta enviar um e-mail indicando o seu nome, escola e disciplinas que lecciona para euhoupt@euhou.net.

Esta acção tem o apoio do British Council, no âmbito do projecto NUCLIO/British Council/Faulkes Telescope.

PROGRAMA

Sábado, 12 de Janeiro de 2008

09.45 – 10.00: Recepção e apresentação dos participantes;
10.00 – 10.15: Apresentação do projecto Hands-On Universe: EU-HOU e G-HOU
10.15 – 11.30: Software de manuseamento de imagens astronómicas SalsaJ;
11.30 – 11.45: Intervalo para café;
11.45 – 13.15: Telescópios ópticos operados remotamente: planeamento e observação;
13.15 – 14.45: Intervalo para almoço;
14.45 – 16.15: Exercício “Distâncias no Universo” (Cefeidas);
16.15 – 16.30: Intervalo para café;
16.30 – 18.0:0 Exercício “A vida das estrelas e os seus espectros” (SpectraJ).

Domingo, 13 de Janeiro de 2008
10.00 – 11.30: Exercício “A massa de uma galáxia”;
11.30 – 11.45: Intervalo para café;
11.45 – 13.15: Exercício “Detecção de planetas extra-solares”;
13.15 – 14.45: Intervalo para almoço;
14.45 – 16.15: Exercício “Os braços espirais da nossa galáxia”;
16.15 – 16.30: Intervalo para café;
16.30 – 17.30: Projectos: supernovas e descoberta de asteróides
17.30 – 18.00: Propostas de projectos de investigação científica nas Escolas;
18.00 – 18.15: Encerramento.

Mais informações AQUI.

NOTA: Está prevista a realização de uma Acção similar a esta em Leiria em 16 e 17 de Fevereiro de 2008...

segunda-feira, janeiro 07, 2008

III CONGRESSO “Cientistas em Acção”


Dada a importância que na nossa sociedade as ciências e a tecnologia atingiram, torna-se fundamental que os cidadãos criem e desenvolvam atitudes e competências no campo das ciências experimentais, já que é neste contexto que se manuseia material, se aprendem técnicas e se verifica como os processos naturais se desenrolam. As actividades práticas tendem, actualmente, a ocupar um lugar de destaque, insubstituível, reclamando um espaço próprio nos currículos de ciências, sendo a sua utilização vista como uma estratégia importante de ensino-aprendizagem. Assim, surgiu no ano lectivo 2005/2006 a 1.ª edição do CONCURSO "CIENTISTAS EM ACÇÃO", destinado a todas as escolas do ensino básico e secundário, (oficial e particular). Dando continuidade ao elevado empenho demonstrado pelos participantes, na edição anterior, o qual se reflectiu na qualidade dos projectos apresentados, teve lugar a 2.ª Edição no ano lectivo 2006/07. Dada a qualidade dos projectos apresentados nas primeiras edições, a partir da edição deste ano este evento terá a designação de CONGRESSO “Cientistas em Acção”.

O que é?
O Congresso “Cientistas em Acção“ é promovido pelo Centro Ciência Viva de Estremoz, com o intuito de desenvolver o contacto e a partilha de ideias entre os estudantes do ensino básico e do ensino secundário, no âmbito da cultura científica e tecnológica. Pretende-se, com este encontro, atrair jovens para a Ciência e a Tecnologia tanto nas vertentes de investigação como de desenvolvimento. Este Congresso tem âmbito nacional e pretende também promover o espírito científico dos jovens através da realização e desenvolvimento de pequenos projectos científicos em que o ensino experimental das ciências constitui uma prioridade.

Quem pode participar?
Podem participar neste congresso alunos de todas as escolas (públicas e privadas) do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e Secundário. Podem participar individualmente ou em grupo (até quatro elementos).

O que fazer?
Os projectos a elaborar devem estar sempre relacionados com a temática geral do funcionamento do nosso Planeta. No entanto, queremos salientar que ao termos optado pela Terra como tema central, de modo nenhum estamos a restringir os projectos à disciplina de Geologia. Com efeito, o funcionamento do nosso planeta só pode ser compreendido pela conjugação de várias ciências como a Física (e.g. a acção das forças), a Química (e.g. a importância de alguma reacção química), a Informática (e.g. forma de modelar os fenómenos geológicos) ou a Biologia (pois a evolução dos seres vivos não se fez à revelia da evolução do próprio planeta). Os projectos devem ser acompanhados de um resumo escrito, com um máximo de 2 páginas, contendo os aspectos mais relevantes do projecto (finalidade, materiais e métodos, observações e conclusões) e enviados em formato digital (cd-rom ou e-mail) e ser remetidos até dia 14 de Março de 2008. Na fase final do Congresso, terá lugar um encontro onde todos os projectos serão apresentados, sob a forma de actividade experimental, painel ou maqueta, acompanhados de breve exposição oral (aproximadamente 15 minutos).

Quando decorre o encontro?
O Encontro decorre no Centro Ciência Viva de Estremoz, Espaço Ciência - Convento das Maltezas, Estremoz, nos dias 10, 11 e 12 de Abril de 2008.

Prémios *
Serão premiados os melhores trabalhos por 3 níveis de ensino:
- Prémio Galopim de Carvalho, (1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico);
- Prémio Dolomieu, (3.º Ciclo do Ensino Básico)
- Prémio António Ribeiro, (Ensino Secundário)
* A lista de prémios a atribuir será divulgada oportunamente.

Critérios de Avaliação
A avaliação dos trabalhos terá em conta os seguintes critérios:
- Conteúdo Científico
- Originalidade
- Apresentação

Contacto:
CENTRO CIÊNCIA VIVA DE ESTREMOZ
ESPAÇO CIÊNCIA - Convento das Maltezas, Estremoz
7100-513 Estremoz
Tel/Fax: 268 334 285
Email: ccvestremoz@uevora.pt

Apoios:
Universidade de Évora
LIRIO–Laboratório de Investigação de Rochas Industriais e Ornamentais
CGE–Centro de Geofísica de Évora

Download do folheto


domingo, janeiro 06, 2008

XIII Olimpíadas do Ambiente


Apresentação

As XIII Olimpíadas do Ambiente (OA) são um concurso de problemas e questões dirigido aos alunos do 7º ao 12º ano de escolaridade do ensino diurno e nocturno de escolas públicas, privadas ou do ensino cooperativo no território nacional, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Esta iniciativa é coordenada por uma equipa multidisciplinar composta por elementos da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e do Zoomarine - Mundo Aquático SA. Este ano conta com a colaboração da Câmara Municipal de Seia na organização da Final Nacional.

Objectivos fundamentais
  • incentivar o interesse pela temática ambiental;
  • aprofundar o conhecimento sobre a situação ambiental portuguesa e mundial;
  • estimular a capacidade oral e escrita;
  • promover o contacto com situações experimentais concretas;
  • desenvolver o espírito e curiosidade científica;
  • estimular a dinâmica de grupo e espírito de equipa, assim como a cooperação.

Áreas temáticas
  • conservação da Natureza;
  • recursos naturais;
  • poluição;
  • estilos de vida;
  • ameaças globais;
  • política ambiental;
  • realidade portuguesa.

Categorias
  • do 7º ao 9º ano de escolaridade - Categoria A
  • do 10º ao 12º ano de escolaridade - Categoria B

Todos os alunos inscritos nos anos escolares abrangidos são convidados a participar nas OA, através da sua escola, e nenhum pode ser discriminado com base na idade, sexo, crenças religiosas, deficiências intelectuais ou motoras, competências específicas ou área de ensino. Qualquer estabelecimento de ensino oficial ou particular do 7º ao 12º ano de escolaridade que não tenha sido directamente convidado a participar pode igualmente concorrer, desde que proceda à respectiva inscrição.

Fases
1ª eliminatória - Teste escrito com questões de escolha múltipla e uma pergunta de desenvolvimento. São apurados para a segunda eliminatória os melhores alunos a nível nacional e também os melhores por escola.

2ª eliminatória - Teste escrito com questões de escolha múltipla e duas perguntas de desenvolvimento. Esta eliminatória decorrerá nas escolas com alunos seleccionados. Para a Final Nacional, são apurados os melhores a nível nacional e os melhores por distrito/ilha.
Final nacional - Ao longo de um fim-de-semana, os finalistas realizarão um teste escrito com questões de escolha múltipla, uma prova oral em grupo, participarão num conjunto de actividades práticas (feira de experiências laboratoriais e descoberta de uma zona protegida) e um colóquio/debate na sessão solene de entrega de prémios.

Inscrição
A Escola deve preencher a Ficha de Inscrição na página de Internet das OA.

www.esb.ucp.pt/olimpiadas

Data limite de inscrição até 7 de Janeiro de 2008

sábado, janeiro 05, 2008

O Menino do Lapedo e seu Centro de Interpretação

Descoberta
Menino do Lapedo fez mudar a História
2008-01-05

Tinha os olhos grandes e expressivos, o rosto arredondado e o cabelo liso e comprido. Era assim o Menino do Lapedo, de quatro anos e meio de idade, cujo esqueleto foi descoberto no Vale do Lapedo, em Leiria, e desencadeou uma acesa discussão científica sobre a evolução da espécie humana.

A reconstituição facial foi feita por um especialista em efeitos especiais de Hollywood e estará em exposição, a partir de hoje, no Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho, em Santa Eufémia, concelho de Leiria.

Com a abertura deste núcleo museológico, a Câmara de Leiria pretende lançar os alicerces para um projecto mais ambicioso: “Transformar o Vale do Lapedo num parque natural e criar um centro de investigação arqueológica para aprofundar os estudos sobre o Paleolítico Superior em Portugal”, refere o vereador Vítor Lourenço.

A importante descoberta aconteceu em Novembro de 1998 e, desde então, tem despertado o interesse dos mais conceituados arqueólogos e antropólogos mundiais. A sepultura paleolítica é a única encontrada na Península Ibérica e o esqueleto, com 24 500 anos, era também o único – à data das escavações – achado na Europa.

Se estas características eram já relevantes para os cientistas, o facto de se estar perante uma criança mestiça catapultou o assunto para o centro de um intenso debate sobre a evolução do Homem.

Até à descoberta do Menino do Lapedo, já havia antropólogos a defender a existência de hibridismo entre o homem de Neandertal (Homo Neanderthalensis) e o homem Moderno (Homo Sapiens).

Os dois grupos coexistiram milhares de anos no espaço e no tempo, mas os investigadores nunca chegaram a consenso sobre a ligação entre ambos. Uma corrente defende que os neandertais desapareceram sem se cruzar com os humanos modernos e sem deixar descendência. A outra é da opinião que as duas espécies se cruzaram e procriaram. A descoberta do esqueleto do Menino do Lapedo veio dar razão a esta última tese, a da miscigenação.

Para o norte-americano Erik Trinkaus, considerado um dos melhores especialistas da área da biologia e evolução Neandertal, os vestígios não deixam dúvidas. O menino tinha as pernas curtas, como os neandertais e as ancas estreitas como os homens modernos. E possuía queixo, uma característica do homem moderno inexistente nos neandertais. Os ossos acima dos olhos e das maçãs do rosto também são idênticos aos do homem de Neandertal. Enquanto o tórax, os braços e grande parte do crânio revelam semelhanças com os homens modernos.

Apesar destes dados, revelados após anos de estudo e exames aos restos mortais do Menino do Lapedo, há antropólogos que continuam a não aceitar a teoria da miscigenação. Mas Erik Trinkaus é pragmático na abordagem ao tema. “A questão já não é saber se houve mistura, mas em que grau ela ocorreu”, afirma o antropólogo da Universidade de Washington (EUA).

João Zilhão, que era director do Instituto Português de Arqueologia em 1998 , tem a mesma opinião. “Já foi provado que espécies próximas, como chimpanzés e bonobos ou mesmo espécies de babuínos que pertencem a géneros diferentes podem acasalar e produzir descendentes férteis”, frisa o arqueólogo, agora docente na Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Segundo os dois especialistas, o esqueleto encontrado no Vale do Lapedo explica com clareza uma parte da História da humanidade. Ao deixarem a África para colonizar a Europa, os humanos modernos não exterminaram os antigos habitantes do continente, como anteriormente se pensava, mas misturaram-se com eles.

E é esta página do passado que se pretende dar a conhecer melhor, no Centro de Interpretação do Lagar Velho. Além do rosto, criado com base em técnicas forenses por Brian Pierson – um especialista em efeitos especiais que trabalhou em filmes como o ‘Titanic’ ou ‘Alien’ – será possível ver uma réplica do esqueleto, vários artefactos e a reconstituição dos abrigos pré-históricos.

RECONSTITUIÇÃO FEITA COM BARRO

A reconstituição do rosto do Menino do Lapedo começou com a reconstrução do crânio através da técnica de prototipagem rápida. Seguiu-se o preenchimento da parte muscular com barro e a moldagem do rosto, também em barro. A partir deste molde foi criado o modelo final, em silicone, para ficar mais parecido com a pele humana.

NÚCLEO MOSTRA VIDA HÁ MAIS DE 20 MIL ANOS

O núcleo museológico do Abrigo do Lagar Velho, que hoje abre ao público em Santa Eufémia, Leiria, visa dar a conhecer os resultados dos trabalhos arqueológicos no Vale do Lapedo e a sua contextualização na evolução anatómica do Homem.

O Centro de Interpretação é composto por dois módulos pré-fabricados, está instalado num terreno cedido por um particular (Adriano Faria Gaio) e dá acesso a um pequeno percurso pedestre que permite a observação do vale.

Num dos módulos, foi criada uma linha cronológica dos vestígios e afixado um conjunto de imagens sobre os aspectos naturais do Lapedo. Através destes elementos, é possível compreender algumas das características da vida do abrigo e recuar entre 20 a 30 mil anos para ficar a conhecer as diversas fases da pré-história já detectadas.

No segundo espaço estará uma réplica da sepultura do Menino do Lapedo, com um esqueleto feito através de impressão tridimensional pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria (ESTG). É aqui que será exposto também o rosto do menino, criado por Brian Pierson, o artista de efeitos especiais que trabalhou mais de dez anos em Hollywood e se especializou em reconstituições com técnicas forenses.

Os painéis informativos centrar-se-ão na explicação do ritual fúnebre e nas características do esqueleto que impulsionaram a tese da miscigenação.

ESTUDANTE FEZ A DESCOBERTA

A descoberta do Menino do Lapedo mudou por completo a vida de Pedro Ferreira. O jovem efectuava uma prospecção para o trabalho final da licenciatura em História do Património, em Outubro de 1998, e encontrou um abrigo com pinturas da Pré-história recente. Entusiasmado, informou o professor da Universidade de Évora, mas este não lhe deu crédito: “Achou que as pinturas não eram reais”.

Pedro Ferreira recusou cruzar os braços e contactou com técnicos do Instituto Português de Arqueologia (IPA), um organismo agora integrado no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar). Os arqueólogos confirmaram a autenticidade das pinturas (com 2500 a 4500 anos), fizeram uma incursão ao lado oposto do vale e descobriram mais vestígios de ocupação Pré-histórica.

Uma máquina retroescavadora tinha estado a movimentar terras, deixando a descoberto um osso humano, de criança, com indícios de ritual funerário. Logo que teve o primeiro contacto com o achado, o arqueólogo João Zilhão percebeu de imediato que estava perante uma das mais importantes descobertas paleontológicas. Em duas semanas, mobilizou a sua equipa e accionou uma escavação de emergência. Pedro Ferreira foi convidado a participar nos trabalhos de registo e levantamento. E nunca mais se desligou do processo.

Acabou o curso, ingressou na Câmara Municipal de Leiria como Técnico Superior de Património, e foi o responsável pelo projecto museológico do Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho.

Alcançado o desejo de dar a conhecer ao público a importância arqueológica do Vale do Lapedo, Pedro Ferreira, agora com 33 anos, acalenta outro sonho: “Ver o local classificado como monumento nacional”.

in Correio da Manhã - ler a notícia completa aqui



Centro de Interpretação do Lapedo abre dia 5 de Janeiro

O Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho – Lapedo, localizado na freguesia de Santa Eufémia, vai ser inaugurado no dia 5 de Janeiro de 2008. O respectivo programa foi apresentado na reunião de Câmara de 11 de Dezembro pelo Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Leiria, Vítor Lourenço.
O programa tem início pelas 10H30, com uma visita guiada ao Vale do Lapedo, seguida da cerimónia formal de inauguração do Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho, pelas 12H00. Às 15H00, decorrerá uma sessão de conferências, aberta ao público no auditório 01 da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria (ESTG/IPL), com a presença dos investigadores Erik Trinkaus, antropólogo da Universidade de Washington (Saint Louis – EUA), Brian Pierson, antropólogo da Universidade de Tulane (New Orleans – EUA), João Zilhão, arqueólogo em exercício na Universidade de Bristol (Reino Unido), Francisco Almeida, arqueólogo do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) para além de Paulo Bártolo, em representação da ESTG/IPL.
Erik Trinkaus é considerado por muitos como sendo o maior estudioso mundial da área da biologia e evolução Neandertal e ainda especializado em paleontologia humana, arqueologia paleolítica, anatomia funcional e biologia do esqueleto.
Brian Pierson, para além da sua actividade académica, é especialista em reconstituições faciais forenses, tendo estado ainda ligado à criação de efeitos especiais de filmes como “Titanic”, “Alien - o regresso” ou “Star Trek: insurreição”. Participou na reconstituição da cabeça do menino do Lapedo.
João Zilhão é doutorado em arqueologia pré-histórica pela Universidade de Lisboa. Em Janeiro de 1996 foi designado responsável pelo projecto de criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Actualmente é professor na Universidade de Bristol.
O arqueólogo do IGESPAR, Francisco Almeida, tem participado como comissário científico na criação do Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho.

Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho
O projecto museológico do Abrigo do Lagar Velho tem como objectivo, através de uma exposição organizada em dois módulos, dar a conhecer ao público os resultados dos trabalhos arqueológicos realizados neste sítio arqueológico e a sua contextualização nas últimas alterações da evolução anatómica do homem.
O espaço intervencionado é composto por módulos pré-fabricados, amovíveis, instalados num terreno cedido ao Município de Leiria por um particular: Adriano de Faria Gaio. Por se tratar de uma área junto ao topo da vertente com um desnível de cota de cerca de 80 metros, está prevista uma zona de observação, que permitirá um bom enquadramento visual sobre o Vale.
O projecto museológico engloba a criação de dois espaços de interpretação distintos, um em cada módulo. O Módulo 1 contempla a recepção e o espaço expositivo dedicado à vida no Paleolítico Superior.
A visita inicia-se com um texto de apresentação do projecto, seguindo-se um espaço para a interpretação cronológica dos vestígios afectos ao conteúdo da exposição e algumas imagens de aspectos naturais do Vale do Lapedo. Neste módulo, o visitante poderá observar e compreender alguns aspectos da vida do abrigo durante as várias fases da pré-história já detectadas (30 mil a 20 mil anos antes do presente).
O conteúdo do Módulo 2 é dedicado ao espaço fúnebre da criança, focando a sepultura e morfologia do “Menino do Lapedo” e centrando-se na explicação do ritual fúnebre, bem como das características morfológicas do esqueleto que impulsionaram decisivamente a tese da miscigenação entre o homem de Neandertal e o homem anatomicamente moderno.
Estará ainda presente uma réplica à escala real do esqueleto e da sepultura do Menino do Lapedo, encerrando-se o circuito com a projecção de um vídeo acerca do sítio.
A organização deste evento é da responsabilidade da Câmara Municipal de Leiria e conta com o apoio do IGESPAR, ESTG/IPL, da Região de Turismo de Leiria Fátima e Junta de Freguesia de Santa Eufémia.

in página oficial da C. M. Leiria - ler texto

Quantos mais têm de morrer?

Professores lamentam morte de docente
2008/01/05 | 00:37
Sofria de cancro do pulmão e não viu reduzida a componente lectiva

A Associação Sindical de Professores Pró-Ordem lamentou sexta-feira que uma docente que sofria de cancro do pulmão tenha morrido sem que lhe fosse reduzida a componente lectiva e apelou ao Ministério da Educação que altere a legislação em causa, refere a Lusa.

Este caso vem reacender a polémica que levantou no Verão passado a morte de uma professora de Aveiro com leucemia e de um docente de Braga com cancro na traqueia, que trabalharam nas respectivas escolas praticamente até à data da morte, depois de lhes serem negados por juntas médicas os respectivos pedidos de aposentação.

Maria Cândida Ferreira Pereira, professora de Educação Visual e Tecnológica na Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, em Mangualde, morreu quinta-feira à tarde, vítima de cancro do pulmão.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Pró-Ordem, Filipe Correia do Paulo, criticou a legislação actual, que considera «uma violência» e uma «desumanidade» para com os professores que sofrem de doenças graves.

«Com a legislação anterior, mediante requerimento e prova médica, por questões de humanidade, o Ministério autorizava a redução total ou parcial da componente lectiva», explicou.

Desta forma, os professores poderiam ficar com «tarefas mais leves» do que ter uma turma à sua responsabilidade, como estar numa biblioteca.

«Com as alterações introduzidas pela nova legislação dos professores, nem vale a pena fazer o pedido, porque não está prevista a redução da componente lectiva», acrescentou.

Contava com a «solidariedade dos colegas»

Também o presidente do conselho executivo da Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, João Carlos Alves, disse à Lusa discordar desta legislação, considerando que «a lei quando é feita num Estado de direito e democrático, tem que estar ao lado das pessoas que o dignificam».

Como a escola é obrigada a seguir a lei, restava apenas «a solidariedade dos colegas», que nas reuniões procuravam aligeirar as tarefas de Maria Cândida, referiu.

João Carlos Alves disse que Maria Cândida «era uma pessoa com uma grande força de vontade», que esteve na escola pela última vez na altura das reuniões das avaliações de Natal.

Segundo o responsável, a professora pertencia a Midões (Coimbra), mas estava destacada em Mangualde pelo terceiro ano, «porque tinha pedido aproximação à residência por motivos de saúde».

O funeral está marcado para as 10:30 de sábado, na igreja de Santa Cruz, em Gouveia. Maria Cândida, nascida a 01 de Agosto de 1960, deixa duas filhas menores, de 12 e 14 anos.

in Portugal Diário - ler notícia

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Carsoscópio - relato de uma visita

No passado dia 28.12.2007 (6ª-feira) fui com o meu filho até ao Carsoscópio - Centro Ciência Viva do Alviela. Diversas pessoas tinham-me perguntado se valia a pena a visita e nada como ver in situ para confirmar expectativas. O meu filho adorou e eu também, mas há que fazer algumas ressalvas, críticas e comentários...

1. Edifício
Já meu conhecido de longa data, tem o Centro Ciência Viva, a recepção do Parque de Campismo e Centro de Alojamento e outras instalações. É excelente...

2. Geódromo
Quando me sentei em uma das 16 cadeiras (é pena que não sejam 25, o que facilitaria as visitas escolares...) demorou cerca de 20 minutos até as meninas conseguirem pôr a máquina a funcionar, talvez por não perceberem bem o software do programa. A plataforma onde estão as cadeiras é basculante (bastante basculante, ao ponto de eu finalmente perceber o que o Presidente da República tinha dito sobre este local...) e o filme é engraçado e bem feito, com boa revisão científica. Os putos adoram...


3. Climatógrafo
Não funcionou na minha visita, o que diz tudo. É uma pena que inaugurem uma estrutura destas e depois ou o material (software/hardware?) não trabalhe. Neste local deveria ter visto um filme 3D sobre os 180 km² da bacia de alimentação do Alviela que permite contemplar a passagem das estações do ano e as diferenças que estas imprimem no curso da água. No final pudemos ver um excelente modelo da circulação das águas no carso local (o meu filho comandou a máquina) com uma boa explicação do que são sumidouros, grutas, exsurgências, ressurgências e endocarso. Excelente, quando tudo funcionar...




4. Quiroptário
Este espaço funcionou em pleno. As crianças adoram entrar com capacete de espeleólogo e frontal aceso (o meu filho já está bastante habituado...). Os primeiros painéis são vistos na penumbra, as explicações são boas, os modelos engraçados e bem concebidos e há uma série de materiais experimentáveis (orelhas de morcego, ecolocalizador para fazer percurso sem recurso à visão, cálculo da quantidade alimentos que teríamos de ingerir diariamente se fossemos morcegos, etc.). Espaço muito agradável - muito bom...




Resumindo, quando tudo funcionar será um local excelente para visitas de estudo, complementadas com outras actividades no local (praia fluvial, desportos de natureza, percurso pedestre, entre outros, e mesmo do Algar do Pena, a poucos quilómetros). Esperemos é que tudo funcione, sempre e bem...


NOTA - Links para os posts anteriores sobre este assunto:

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Erupção vulcânica no Chile

Do Fórum de Meteorologia (com uma secção de Astronomia e Ciências da Terra e da Vida) e que recomendamos vivamente, publicamos alguns dados por eles coligidos:

Espectacular erupção do vulcão Llaima, um dos maiores e mais activos do Chile.

Os momentos iniciais da erupção foram registados por um vídeo amador:




A SIC tem no seu site também alguma informação e vídeo, em:
http://sic.sapo.pt/

Descrição

El Llaima es un volcán ubicado en la IX Región de La Araucanía, Chile. De forma cónica relativamente regular y simétrica, clasificado como estratovolcán, el Llaima tiene una altitud de 3.215 m. Se ubica en la zona precordillerana de La Frontera, a 72 km al noreste de la ciudad de Temuco, desde donde es visible.

El nombre proviene del idioma mapuche, aunque existe cierta discrepancia sobre su significado pues para algunos significa «desaguadero» o «zanja», en alusión a una gran grieta que apareció cerca del cráter en la erupción de 1873, o según otras traducciones, «venas de sangre» o «viudo». El Llaima es considerado como uno de los de mayor actividad del país y de América del Sur, con 23 eventos mayores de volcanismo durante el siglo XX, el último importante en 1994. El día 1 de enero de 2008 entró en erupción aproximadamente a las 18.00 local, siendo la primera erupción del siglo XXI.[2]

Forma parte del Parque Nacional Conguillío, que destaca por los sus bosques de araucarias, los cuales rodeadan los numerosos escoriales que circundan el cono volcánico. La belleza paisajística del Llaima ha contribuido a convertir la zona en un importante destino turístico. En su ladera oeste se encuentra el centro de esquí Los Paraguas.

in http://es.wikipedia.org/wiki/Llaima

Localização


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quarta-feira, janeiro 02, 2008

Sismos no continente no último mês

Ocorreram os seguintes sismos, sentidos pelas populações (e logo com intensidade igual ou superior a II na escala de Mercalli Modificada) na região continental do nosso território nos últimos dias:


1. Algarve (a S de Lagoa) em 10 de Dezembro de 2007

Ocorreu em 10-12-2007 , às 17.25 horas, com magnitude 3,0 na escala de Richter e intensidade II (escala de Mercalli Modificada) em Portimão.


2. Alentejo (a SW de Mora) em 10 de Dezembro de 2007

Ocorreu em 10-12-2007 , às 22.47 horas, com magnitude 3,4 na escala de Richter e intensidade III (escala de Mercalli Modificada) em Mora.


3. Alentejo (a SE de Évora) em 17 de Dezembro de 2007

Ocorreu em 17-12-2007 , às 20.43 horas, com magnitude 2,1 na escala de Richter e intensidade II (escala de Mercalli Modificada) em Évora.


4. Alentejo (a E de Arraiolos) em 02 de Janeiro de 2008

Ocorreu em 02-01-2008 , às 08.53 horas, com magnitude 3,1 na escala de Richter e intensidade II (escala de Mercalli Modificada) em Arraiolos.

Fonte - IM

Petróleo a 100 dólares o barril!

O petróleo chegou aos cem dólares! E agora?
02.01.2008 - 18h38
Por Paulo Miguel Madeira

Atingida a barreira simbólica dos cem dólares por barril de petróleo (67,87 euros) no mercado de Nova Iorque, reagindo à fragilidade do valor do dólar, a expectativa dominante é de que os preços da principal fonte de energia da nossa civilização não recuem para níveis muito inferiores, como os menos de 50 dólares de há um ano. O preço de referência para Portugal é mais o do mercado de Londres, mas para efeitos práticos a diferença é mínima. Ontem, o barril de “Brent”, a designação dada ao do mar do Norte, bateu também um máximo absoluto, ultrapassando pela primeira vez os 97 dólares, tocando os 97,74 dólares (66,32 euros).

Os preços poderão mesmo disparar a prazo para valores muito superiores, devido a um conjunto de factores até há pouco tempo ausentes das preocupações imediatas de consumidores e decisores, que levaram a Agência Internacional de Energia a admitir num relatório recente a possibilidade de uma eventual ruptura no abastecimento ao mercado mundial. Mas como será a nossa vida com o petróleo muito mais caro?

Para já não há grande receio de uma escalada da inflação a curto prazo, pois o país tem estado parcialmente protegido da subida do “crude” pela alta continuada do euro face ao dólar, que tem batido sucessivos máximos face à moeda dos EUA e está perto dos 1,5 dólares. Os receios maiores entre os economistas ouvidos pelo PÚBLICO – em Novembro, quando o petróleo esteve acima de 99 dólares, na iminência de atingir os 100 – respeitam a uma penalização mais ou menos forte do crescimento, que em Portugal assume maior gravidade por o país estar há sete anos com a economia a expandir-se menos que a média dos seus parceiros europeus. A perspectiva é que a vida fique ainda um pouco mais difícil.

É pelo menos neste sentido que aponta a opinião de economistas como António Nogueira Leite, catedrático da Universidade Nova de Lisboa e secretário de Estado das Finanças de António Guterres, para quem “não é muito provável que a inflação dispare muito”, embora admita pressões inflacionistas. Mesmo assim, o efeito do elevado preço do petróleo sobre a inflação poderá levar o BCE a subir as taxas de juro, o que em Portugal faz aumentar as prestações que muitas famílias pagam todos os meses pelo crédito à habitação.

O impacto mais directo será no preço dos combustíveis, energia e transportes, conforme realça Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, que pesam próximo de 11 por cento no cálculo do índice do INE que permite medir a inflação, sendo certo que haverá sempre um efeito indirecto sobre a generalidade dos outros consumos, que incorporam também energia e transportes. E por isso Eduardo Catroga considera que o objectivo da inflação fixado pelo Governo para 2008 poderá ser difícil de alcançar.

Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e Energia de Cavaco Silva (de 1987 a 1995), diz que se o petróleo continuar a subir, mesmo num cenário em que o euro permaneça aos níveis actuais, isso “terá impactos na inflação”, mas realça que os portugueses devem preocupar-se é com o crescimento económico.

Isto porque, “se o dólar continuar a descer, a economia vai ser mais afectada em termos de exportações e crescimento do que de inflação”, diz ainda Mira Amaral, que tem formação em engenharia e em gestão e é catedrático convidado do Instituto Superior Técnico. A sua expectativa é de que a actual tendência deslizante do dólar continue até à eleição do novo Presidente dos EUA (no final do próximo ano) e que depois a moeda norte-americana estabilize face ao euro.

Isto num contexto em que o défice das trocas com o estrangeiro “já é preocupante”, como realça João Ferreira do Amaral, catedrático do ISEG e que foi assessor de Jorge Sampaio na Presidência da República.

Também para este economista, “as principais incidências negativas” da alta do petróleo serão sobre o crescimento económico, no que é acompanhado por Nogueira Leite, que receia mesmo que a estagnação da economia possa prolongar-se devido ao impacto dos preços da energia, prevendo “uma vida um pouco mais difícil do que no passado”. E manifesta-se mais preocupado com os resultados do crescimento a longo prazo do que a curto prazo, e com “a capacidade de a humanidade evoluir para ficar menos dependente do petróleo.

Para já também não são manifestados grandes receios quanto ao impacto desta escalada do preço sobre o Orçamento do Estado. João Ferreira do Amaral, Mira Amaral e Eduardo Catroga pensam que não deverá ter grande impacto. “A não ser que haja uma grande quebra do crescimento na Europa e em Portugal”, ressalva o primeiro.

Um novo contexto no mercado do petróleo

A grande razão para a tendência de fundo de subida do preço do petróleo é o crescimento continuado a taxas elevadas das economias da China e da Índia, que pressionam a subida da procura de um novo modo. Além disso, nos EUA, o crescimento de subúrbios habitados pela classe média-alta gerou novos picos de procura, apesar dos preços elevados. Mas para os preços do momento contribuem também outros factores, com destaque para uma forte componente especulativa e as tensões geopolíticas.

O “cocktail” de todos estes aspectos faz com que a perspectiva seja de manutenção de preços elevados, que tanto poderão recuar dez ou vinte dólares – mesmo assim permanecendo muito acima dos níveis de há um ano – como subir para 120 ou 150 dólares. O Presidente da Venezuela ameaçou mesmo, na última cimeira da OPEP, com uma subida do preço do petróleo para 200 dólares em retaliação contra um eventual ataque ao Irão.

A ideia de que o preço do petróleo se vai manter elevado é subscrita por todos os economistas ouvidos pelo PÚBLICO. Nogueira Leite considera “elevada” a probabilidade de alta do petróleo e diz mesmo que nos próximos anos o preço vai ser “elevado”. E justifica esta tendência com os consumos da China e da Índia.

João Ferreira do Amaral fala em “incerteza”, mas considera provável que o preço se mantenha elevado, “dadas as pressões sobre as reservas e a eventual evolução do dólar”. Considera mesmo que a moeda dos EUA “ainda está alta” atendendo ao défice externo do país.

Mira Amaral aposta por seu lado num preço médio de 90 a cem dólares, com subidas e descidas. “Isto não é ciência exacta”, ressalva, para dizer que “tudo é possível”, pois estamos a falar de cenários. Diz que a oferta está a aumentar e por isso não vê razões para daqui a um ano o petróleo estar a 150 dólares/barril, o que aliás “já iria gerar grandes tensões no mundo”.

Realça no entanto que tudo isto depende da evolução da relação euro/dólar, o que dificulta perspectivar a evolução do cenário para a economia portuguesa. E admite que os países exportadores se possam sentir tentados a cotar o petróleo em euros – o que foi também assunto levantado na última cimeira da OPEP, com o Presidente do Equador a mostrar-se favorável a que o petróleo fosse cotado numa divisa mais forte do que o dólar.

Mesmo com esta escalada, o choque causado pelo crescimento do consumo da China e da Índia, ajudado pela especulação, está a ter efeitos menos graves na economia do que o provocado pelos árabes com a cartelização dos preços na OPEP nos anos 1970. Isto porque o Ocidente está menos dependente do petróleo em termos relativos, e a dependência deverá continuar a diminuir.

Hábitos de consumo em causa

Mas a consequência aparentemente mais funda da alta do preço do petróleo deverá ser a aceleração da mudança de paradigma energético, para formas de energia alternativas mais limpas, com destaque para os transportes, que poderão passar dentro de algumas décadas a utilizar maciçamente fontes híbridas de energia, ou mesmo o hidrogénio.

Nogueira Leite e Mira Amaral são peremptórios: o hidrogénio vai acontecer, mas não sabemos exactamente quando. Nogueira Leite conta que há quem lhe fale em 20 anos, mas que os seus amigos na Galp lhe falam em 50 anos. O Departamento de Energia dos Estados Unidos tem mesmo em curso um programa para, em parceria com os grandes construtores automóveis do país, desenvolver veículos movidos com energia limpa e sustentável, para reduzir a dependência do país face ao petróleo importado.

Mas haverá também consequências importantes na produção de electricidade, embora ainda não seja claro como será o peso de cada uma das fontes. Estão no horizonte a eólica, volta-se a falar do nuclear e há a expectativa da fusão a frio, lembra Nogueira Leite.

Por outro lado é preciso fazer um investimento enorme na conservação energética nos escritórios e na habitação, dizem Mira Amaral e Nogueira Leite. Estará aqui “a mais importante fonte de poupança”. E quanto mais caro for o petróleo, mais compensa adaptar casas antigas ou investir nas novas construções para que tenham mais eficiência.

Assim, se a curto prazo é difícil reduzir drasticamente a dependência do petróleo, a longo prazo esse cenário afigura-se como certo.

João Ferreira do Amaral acha importante que as pessoas tenham a preocupação de poupar combustível, não só por causa dos preços, mas também por causa das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, que contribuem para o aquecimento global. “Olhando-se para as estradas, vê-se excesso de velocidade e os carros a entrarem na cidade só com uma pessoa.”

Defende a substituição do transporte individual pelo colectivo, mas diz que isso depende de o aumento do combustível ser suficiente para desincentivar as pessoas. Considera a opção pelo carro mais uma questão cultural do que de falta de transportes públicos e diz que o estacionamento na cidade é barato e não é disciplinado. No entanto, diz que “se o preço do petróleo se mantiver ao nível actual o impacto não será muito grande” neste domínio.

in Público - ler notícia

O Novo Modelo de Gestão das Escolas: Algumas Notas Prévias à Discussão

Publicamos novo post de Paulo Guinote, na sequência dos anteriores do Blog A Educação do meu Umbigo:

Antes de tentar fazer uma análise do projecto de decreto-lei apresentado pelo ME para a gestão das escolas e estabelecimentos de ensino públicos, gostaria de fazer algumas considerações prévias, que acho essenciais para esclarecer eventuais (pre)conceitos, assim como para justificar porque esse debate é importante. E já agora porque acho eu que tenho algo para dizer, pois não sou um especialista instantâneo em toda e qualquer matéria educativa.

Vamos lá:

  • Porque interessa este debate? Interessa porque pretende mudar o regime de administração da rede de ensino público não-superior, menos de uma década depois da última reforma (durante o Ministério de Marçal Grilo), sem que se perceba exactamente os critérios que justificam tal mudança. São critérios fundamentalmente administrativo-financeiros? São critérios de natureza pedagógica? É uma mudança conceptual em todo o modelo? Interessa perceber porque acontece esta mudança, que objectivos persegue, que fundamentação têm as soluções apresentadas e, já agora, se não existiriam outras soluções mais adequadas à resolução dos bloqueios eventualmente detectados no actual modelo.
  • A quem interessa este debate? Interessa verdadeiramente a todos, em especial a todos os actores sociais que se cruzam na Escola Pública e que são chamados a intervir nela por força destas propostas (embora em boa verdade já o fossem anteriormente, embora alguns não tenham comparecido da forma desejável). Interessaria ao próprio ME ter suscitado a discussão a partir de um documento aberto e não de um articulado onde se adivinha a possibilidade de acertos meramente pontuais. Interessa às famílias, que se pretende que venham a ter uma quota-parte de responsabilização maior na gestão das escolas. O mesmo se aplica para as autarquias locais, que no caso do 1º CEB nem sempre têm feito o melhor que poderiam. Interessa aos professores e funcionários porque - até mais do que os alunos - são eles que passam lá a maior parte da sua vida e lá fazem a sua carreira profissional. Porque quando dizemos que não haveria Escola sem alunos, se esquece que, sendo isso verdade, são os professores que lá permanecem mais tempo.
  • Como se deveria realizar idealmente este debate? Deveria ser feito com tempo para uma verdadeira discussão pública, assim como deveria ser dinamizado pelo próprio ME directamente ou através dos seus organismos regionais ou mesmo a partir do Conselho das Escolhas ou do Conselho Nacional da Educação, entidades que - de acordo com o seu próprio estatuto - deveriam ser consultadas antes da produção de projecto legislativo e não apenas a posteriori. Por estranho que pareça, e isso seria possível sensibilizando e mobilizando os Centros de Formação de Professores, seria utilíssimo ter estabelecido um calendário para a discussão local e regional do tema durante este mês de Janeiro e, a partir daí, congregar os contributos recolhidos de Associações de Pais, Autarquias e Professores. Não é negar completamente a representatividade a entidades como os Sindicatos, a Confap ou a ANMP, mas a verdade é que neste momento aqueles que essas organizações representam estão completamente a leste do que se passa e só estão informados a partir dos seus próprios meios. O que só foi reforçado pelo lançamento da discussão pública no dia 26 de Dezembro passado.
  • Porque razão no universo acho eu que tenho algo a dizer sobre o assunto? Pela mesma razão que qualquer outro professor, encarregado de educação, autarca ou cidadão comum interessado na vida pública - neste caso educativa - do país. Não acho que a minha opinião tenha um especial valor acrescido em relação à generalidade dos meus colegas, pois nunca exerci (nem espero exercer) qualquer cargo na área da administração ou gestão escolar. Não tenho especial conhecimento prático dessas matérias para além da observação, durante cerca de duas décadas, do funcionamento de uma dezena de escolas públicas. Em termos teóricos, posso ter algum crédito adicional porque, por circunstâncias variadas, acabei por ler alguma bibliografia sobre gestão, quer em termos de comparação de modelos de gestão nos sectores público e privado (ajudei uma pessoa da família nas leituras teóricas para uma tese na área da Gestão, tendo traduzido uns 20 artigos sobre o assunto e lido uma mão-cheia de obras de referência sobre o tema. Para além disso, e por razões relacionadas com o meu próprio doutoramento - mesmo se não se nota muito no produto final, porque foram umas dezenas de páginas que se sacrificaram para não causar uma apoplexia ao orientador e júri - li bastante bibliografia sobre estilos de school management numa perspectiva comparativa e mais especificamente sobre a gestão escolar cada vez estar mais feminizada, o que tem implicações teóricas e práticas interessantes. Pelo que, pelo menos no plano das ideias e modelos, estou suficientemente informado.

Tendo em atenção estes esclarecimentos, penso que é possível agarrar nisto e analisar-lhe as premissas, identificar as eventuais vantagens e enumerar os aspectos que me merecem discordância, tanto em termos de modelo abstracto como de concretização prática no nosso contexto.

Professores

Recebi por e-mail, de vários amigos, o texto/poesia seguinte, de autor que desconheço e que a seguir publico:


Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;
Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;
Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;
E reuniões e reuniões e mais reuniões!...

E depois ouço,
alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,
observadores, secretários de estado, a ministra
e, como se não bastasse, outros professores,
e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo,
Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,
Educativas, pedagógicas, comportamentais,
De comunidade, de grupo, de turma, individuais,
Particulares, sigilosas, públicas, gerais,
Internas, externas, locais, nacionais,
Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?
- Querem que eu dê aulas!?...

Humor judaico: O Dilúvio


Imagem roubada ao Blog Rua da Judiaria.

Ministério da Educação resolve mais um grave problema das Escolas portuguesas!

Educação: Igreja não gosta das novas orientações
Escolas sem nomes santos

Na nova nomenclatura das escolas portuguesas desaparecem as referências religiosas, por determinação do Ministério
Na nova nomenclatura das escolas portuguesas desaparecem as referências religiosas, por determinação do Ministério

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.


O Decreto, de 22 de Agosto, define as normas aplicáveis à denominação dos estabelecimentos de educação ou de ensino públicos não superiores, acabando com as tradicionais EB 1 ou EB 2,3 e passando a existir apenas escolas Básicas e Secundárias.

Quanto ao nome, o decreto diz que “deve criar-se designações com que as comunidades educativas se identifiquem e que sejam facilitadoras da elaboração de cartas educativas, tratamento estatístico e da aplicação das novas tecnologias”.

Fala também o decreto da faculdade de a escola poder incluir o nome de um patrono, que deve ser “uma personalidade de reconhecido valor, que se tenha distinguido na região no âmbito da cultura, da ciência ou educação, podendo ainda ser alusivas à memória da expansão portuguesa, à antiga toponímia ou a características geográficas ou históricas do local onde se situam os estabelecimentos de ensino”.

Assim, para redenominar as escolas públicas o Ministério entendeu encarregar da escolha as assembleias de escola, dando entretanto a indicação aos órgãos directivos de que devem ser evitadas alusões religiosas, como nomes de santos ou santas. Esta ordem gerou alguma polémica em agrupamentos do distrito de Braga, com várias pessoas a recusarem o riscar do nome da terra.

Ora esta situação vem causar grandes dificuldades, nomeadamente ao nível das antigas escolas primárias, agora escolas Básicas, cujo nome era, por norma, o mesmo da freguesia.

Tendo em conta o caso de Lisboa, por exemplo, em que 31 das 53 freguesias têm nomes católicos – como Santa Justa, Santa Engrácia, S. Francisco Xavier ou Nossa Senhora de Fátima – prevê-se que a tarefa não seja nada fácil.

Refira-se que mais de trinta por cento das freguesias portuguesas tem nome de santos ou santas.

ESCOLAS RETIRARAM CRUCIFIXOS

O Ministério da Educação enviou em Novembro de 2005 ofícios às escolas onde existiam crucifixos nas salas de aula, ordenando a remoção desses símbolos religiosos, no âmbito de uma operação iniciada em Maio que surge na sequência de uma exposição da Associação Cívica República e Laicidade. O Governo defendeu a medida alegando que esta é uma decisão assumida com o “respeito pela diferença”. Em Junho último, a mesma associação solicitou também ao Ministério da Saúde a adopção de igual medida nos hospitais públicos. A Igreja Católica contestou a posição da associação. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e então porta-voz da Conferência Episcopal, lamentou que haja “instituições tão antiquadas”. “É preciso perceber que a sociedade portuguesa não é laica”, disse.

"ESTÁ EM CAUSA A NOSSA CULTURA"

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) trata-se de “mais um passo numa escalada laicista sem sentido, que já se iniciou há uns tempos”. “A ser verdade essa intenção, estamos perante um caso de inaceitável fundamentalismo”, disse D. Jorge Ortiga, considerando que “está em causa a nossa cultura”. Referindo que não gosta de comentar as situações sem estar devidamente fundamentado, o arcebispo de Braga lamentou, no entanto, que “todos os dias se assista a esta tentativa de cavalgada laicista, contra os valores mais profundos da maioria da população”.

Questionado sobre a eventual retirada de todas as figuras religiosas da heráldica nacional, nomeadamente das bandeiras de municípios e freguesias, D. Jorge Ortiga disse não querer acreditar que tal possa acontecer. “Espero que tudo isto não passe do mundo das intenções e que, na hora da verdade, o bom senso prevaleça”, disse.

SAIBA MAIS

7272 escolas de ensino Primário existentes em Janeiro de 2007. Destas, 3064 tinham menos de vinte alunos. Escolas dos 2.º e 3.º ciclos e Secundário eram na mesma data 1229.

24 freguesias de Lisboa possuem nomes de santos como Santiago ou Santa Maria de Belém. Sete outras, como Anjos, possuem nomes ligados ao Cristianismo.

PROCISSÕES

É prática nas festas concelhias os autarcas (representantes do Estado laico) integrarem a procissão do santo padroeiro, atrás do pálio.

FERIADOS

Dos 15 feriados celebrados, oito são religiosos. Sete são de expressão nacional. Nos Santos Populares cada concelho celebra um de três santos.

FORÇAS ARMADAS

Equiparado a general de duas estrelas, a estrutura militar tem a figura do Vigário Castrense, bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

in Correio da Manhã - ver notícia

Palestra em Évora - 03.01.2008

Seminários CGE/UE


A Tale of Two Surfaces: River terrace ages and periglacial upland erosion rates estimated using cosmogenic radionuclides, central Appalachians, USA

Gregory Hancock

Departamento of Geology, College of William and Mary, Williamsburg, Virginia


Hora: 15.30 horas

Data: 3 de Janeiro de 2008

Local: Anfiteatro 1 – Colégio Luis Verney

Promove: Centro de Geofísica de Évora - Universidade de Évora (CGE/UE)

NECA descobre novas espécies de animais troglóbios no mundo subterrâneo de Sesimbra

Do Blog do NECA (Núcleo de Espeleologia da Costa Azul) publicamos, dando os parabéns aos descobridores, o seguinte post:


Sesimbra é conhecida pelas suas riquezas naturais, muito por “culpa” do seu mundo subterrâneo. As muitas cavidades existentes no concelho (grutas, algares e lapas) são reconhecidas a nível mundial pelo seu património geológico. No entanto começam agora a ter também renome devido ao seu património biológico. Com o apoio da Câmara Municipal de Sesimbra, a equipa de investigação do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA), contando com biólogos entre os seus membros, tem sido constantemente surpreendida pela descoberta de novas espécies de animais troglóbios. Estes animais não são mais que seres que apenas sobrevivem literalmente debaixo dos nossos pés, escondidos do mundo exterior e incapazes de sobreviver à superfície. Até agora a maioria das descobertas deu-se no Sistema do Frade, na Serra dos Pinheirinhos.

Descoberta há dois anos por mero acaso nas Grutas do Fumo, Utopia e Coelho, a mais pequena aranha europeia, com meio milímetro de comprimento, identificada como pertencendo ao género Anapistula, está a ser estudada por especialistas do Museu de História Natural da Dinamarca. Não só se trata de uma nova espécie para a ciência, nunca antes vista a nível mundial, como os critérios mundialmente aceites da União Internacional para a Conservação da Natureza a classificam como “criticamente em perigo de extinção”. Como curiosidade, esta espécie aparenta ser partenogénica, ou seja, não existem machos dando-se a reprodução através de clonagem das fêmeas. Ainda não se tem a certeza, mas pensa-se que esta espécie será descendente de alguma outra aranha que existisse à superfície quando autênticas florestas tropicais recobriam toda esta área, há milhares de anos. Com a vinda das grandes épocas glaciais, algumas destas pequenas aranhas podem-se ter refugiado no clima mais “temperado” das grutas e aí ficaram até hoje. Os seus parentes mais próximos conhecidos estão agora restritos à floresta tropical Africana.

Outra nova espécie, desta vez para o continente Europeu, é um pequeno diplópode (normalmente conhecido como maria-café ou centopeia) do género Lophoproctus. Estando a ser estudado por uma especialista do Museu de História Natural de Paris, trata-se possivelmente de uma espécie que até agora só era conhecida das Ilhas Baleares. Encontrado apenas na Gruta do Fumo, trata-se de mais um animal com as características típicas dos verdadeiros cavernícolas: corpo despigmentado, quase transparente pois no escuro os animais não precisam de disfarces ou qualquer tipo de coloração, apêndices e pêlos longos que substituem os olhos pouco ou nada desenvolvidos e frequentemente uma vida muito longa pois a pouca disponibilidade de alimentos nas grutas obrigam a um desenvolvimento muito lento destes seres.

Se em pouco tempo se atingiram estes resultados, quanto mais haverá por conhecer? Que outros seres desconhecidos ainda se escondem de todos nós aqui tão perto?

Texto: Pedro Cardoso (Biólogo)


Anapistula (0.5mm) Foto: Pedro Cardoso

terça-feira, janeiro 01, 2008

Só para recordar 2007



E, como diria o sargento Scolari, "... e o burro sou eu...!"

O Novo Modelo de Gestão das Escolas: O Debate Necessário

Publicamos novo post de Paulo Guinote, do importante Blog A Educação do meu Umbigo - a luta continua! Podemos ser (mais uma vez...) espezinhados pelo Ministério da Educação, mas lutaremos por um modelo de Escola democrática tal como hoje (ainda) existe...!


Já que não se percebe como a tutela pensa envolver todos os interessados na discussão do novo modelo de gestão escolar, para além do espaço reservado no site do ME para quem quiser deixar o seu contributo, parece sentir-se a necessidade em muitos de nós de conhecer melhor o novo modelo proposto para a gestão das escolas públicas, assim como de debater a solução apresentada.

Se com os contributos que foram deixados para o Debate Nacional sobre a Educação foi o que se viu (tudo na gaveta), com todo o aparato formal que teve, já sabemos que neste caso a “consulta pública” não passará de uma formalidade com um sentido: o ME apresenta a sua proposta, os parceiros e o vulgo lêem-na e está tudo resolvido. Acertam-se umas vírgulas, emendam-se as incongruências mais disparatadas e o projecto faz-se lei com todas as suas insuficiências, equívocos e contradições com outros diplomas legais em vigor.

Pelo menos com o RAAG houve algum cuidado em, gostássemos ou não do projecto, tentar explicá-lo às pessoas, com sessões abertas ao público interessado e mesmo com debates sobre o tema. Podiam não ser as melhores iniciativas - assisti a uma perfeitamente caricata com um técnico superior do ME, apoiado num powerpoint, que não aceitava interrupções na sua exposição e escrutinava as questões a que não respondia - mas era alguma coisa.

Agora adivinha-se pouco mais do que nada: um destes dias alguém do ME reúne-se com os “parceiros” e dessa reunião sairão sindicatos zangados, Confap feliz e a ANMP a pedir mais dinheiro. Consta que o Conselho de Escolas emitirá um parecer, mas desconhecem-se os trâmites para a sua elaboração.

Por isso mesmo é necessário que algo mais se faça, em tão curto espaço de tempo. E nesse sentido a Isabel Guerreiro enviou-me no passado domingo o mail que passo a transcrever na íntegra (e a que já aludira em post anterior):

Olá Paulo

Não me conheces mas como tu sou professora e descobri há pouco tempo o teu blogue, onde me revejo (como muitos outros colegas aliás) nas tuas tomadas de posição perante o descalabro que tem sido a actuação deste governo no campo da educação.

Ao mesmo tempo constato, com desânimo, que muitas das vozes de protesto que se ouviam/liam se remeteram ao silêncio (de mim falo) ou andam por aí espalhadas pelos vários umbigos da blogosfera.

Esta notícia do Público (ver anexo) não é uma surpresa e faz antever a machadada final que se preconiza para a escola pública, republicana e laica.

Penso que, se não fizermos alguma coisa agora, será muito difícil reavê-la mais tarde.

Sabemos como é a nossa “classe” e os nossos “sindicatos” mas ninguém me convence de que esperarmos de braços cruzados é a única alternativa.

Por que não esquecermos as divergências pontuais de alguns professores e pedagogos mais lúcidos e activos da nossa (pobre) praça (estou a pensar em Santana Castilho, Mithá Ribeiro, Amélia Pais e outros tantos que certamente conhecemos) e nos reunimos para tomar uma posição firme e clara perante tudo isto?

O projecto de lei vai estar em debate público durante o mês de Janeiro, não há tempo a perder.

Um dos pontos de partida poderia ser um abaixo-assinado on line que permitisse também agregar o maior número de pessoas em torno desta questão central para a democracia, de modo que, mesmo o governo leve avante o seu projecto, se possa constituir um grupo mais ou menos organizado de resistentes.

A escola pública tem de ser uma questão transversal de cidadania acima de lógicas “politiqueiras” mesquinhas!

Uma vez que muitos colegas nossos frequentam o teu blogue, deixo-te este desafio: não queres tomar a iniciativa de promover um debate público aberto sobre esta questão (não faltarão espaços onde um evento desses possa ter lugar)?

Isabel Guerreiro
(professora de educação musical)

Como a ideia é boa, reencaminhei este mail para uma dúzia de colegas, autores de blogues e não só, no sentido de auscultar ideias e se procurarem propostas de acção concreta para as próximas semanas. O Fernando Martins divulgou a ideia no Geopedrados, o Miguel Pinto fez o mesmo, acrescentando a sua opinião no outrÒÓlhar, o José Matias Alves já vem abordando o assunto há alguns dias no Terrear, assim como já terão aparecido entretanto outras prosas em outros blogues, à medida que fui recebendo resposta aos mails e comentários aqui no Umbigo por parte de pessoas de que não tenho o contacto directo.

Neste momento, e para facilitar, eu sintetizaria algumas das opções em aberto, para serem concretizadas em rede ou isoladamente, a partir da ideia original. Nos próximos dias (até final da semana) irei tentar sistematizar prós e contras e avaliar da exequibilidade de cada uma.

  • Realização de um encontro de âmbito nacional sobre o tema, organizado a partir da blogosfera, mas com ancoragem em grupos locais/regionais de professores.
  • Realização de uma rede de encontros locais/regionais deste tipo, com um calendário adequado às possibilidades de cada grupo dinamizador, reunindo-se no final os diversos contributos.
  • Sensibilização dos órgãos de gestão das Escolas/Agrupamentos e Centros de Formação para a realização - em prazo útil - de iniciativas destinadas ao debate do tema.
  • Organização de um abaixo-assinado/petição online para que o debate em torno desta legislação seja mais alargado.
  • Produção de materiais sobre o tema para um suplemento especial do Correio da Educação a publicar na segunda/terceira semana de Janeiro, sob coordenação do J. Matias Alves.
  • Abordagem sistemática do diploma apresentado pelo ME, assim como do modelo de gestão da Escola Pública nos blogues.

Penso que, no essencial, são estas as ideias que até ao momento recolhem maior consenso, sendo evidente que quase todos os que se pronunciaram parecem concordar que, mesmo articulando esta iniciativa com organizações existentes, deveria ser algo que emanasse directamente dos professores e da sua vontade de participar na discussão do seu futuro, sem filtragens hierárquicas/organizativas, que possam desvirtuar a sua espontaneidade ou tornar mais fácil a sua catalogação por parte de quem gosta de ver o mundo apenas a preto/branco ou vermelho/verde.

Como iniciativa de Ano Novo a coisa é obviamente ambiciosa.

Pelo que me toca, e na medida das minhas possibilidades, a partir de amanhã penso começar uma série de textos sobre a proposta governamental de gestão escolar, da qual discordo em vários aspectos da sua fundamentação teórica, da sua dimensão prática e ainda da sua incongruência com diversa legislação existente,a começar pela LBSE. Esses textos serão sintetizados para uma crónica a inserir no Correio da Educação. Se estiver mesmo bem disposto colocarei os materiais produzidos aqui no blogue, incluindo este post, no espaço de propostas aberto pelo ME.

Na minha escola, onde tem sede um Centro de Formação, irei procurar saber o que se poderá realizar a nível local e, a partir daí, procurar perceber o que será possível alargar.

Claro que quem tiver essa possibilidade e principalmente os contactos certos, também deveria sensibilizar quem de direito nos órgãos de comunicação social de “referência”, escritos mas não só. Porque não conheço a agenda do Prós & Contras não sei se esta será uma temática a abordar proximamente.

Agora, é esperar de forma activa pelos próximos episódios.