A maior montanha da Terra não é o Evereste. E o maior deserto não tem areia
Algumas curiosidades que
desafiam o senso comum - e contrariam o que tínhamos a certeza de que
sabíamos sobre o nosso querido planeta.
Poderíamos começar por lhe dizer que a Terra não é redonda, mas nem é
preciso: todos nós (se não formos conspiracionistas da Terra Plana), já
sabemos que o nosso planeta não é uma bola, é uma esfera achatada.
Bem, começámos mesmo por dizê-lo, portanto mais vale dar detalhes.
A Terra é, com efeito, um esferoide oblato: é
ligeiramente achatada nos polos e mais larga no equador. Esta forma é
devida à rotação do planeta, que causa um achatamento à volta do
equador.
A diferença entre os raios polar e equatorial da
Terra é de 21 km - o que parece pouco, comparado com os 6.371 km do raio
médio do planeta. Esta é no entanto uma diferença significativa, que faz
da Terra um… ovo.
Mas o terceiro planeta a contar do Sol encerra mais algumas
particularidades surpreendentes, que contrariam o que achávamos que
sabíamos. Para começar… a montanha mais alta da Terra não é o Monte Evereste.
A montanha mais alta da Terra
Todos sabemos (hummm) que a montanha mais alta da Terra é o Monte
Evereste. Está situado nos Himalaias e tem uma altitude de 8.848 m.
No entanto, o Evereste só é o monte mais alto do planeta se contarmos a altura da montanha a partir do nível do mar.
Se, em vez disso, considerarmos a distância total desde a base até ao topo, então o pico mais alto do planeta será o vulcão Mauna Kea, no Havai. A sua altura total é de 10.305 m, mas cerca de 6.000 m estão escondidos debaixo de água.
Além disso, há também uma terceira forma de determinar a altura de uma montanha: a distância do centro da Terra ao seu topo. Neste caso, é preciso ter em conta a forma da Terra, que, como vimos acima, é ligeiramente maior no equador.
Se tomarmos essa medida, o pico mais alto do nosso planeta será então o vulcão Chimborazo, no Equador. O seu pico está a 6.384,4 km de distância do centro da Terra, enquanto o Monte Evereste está apenas a 6.382,3 km.
O pico do Chimborazo é, também por estar no Equador, o ponto da Terra que está mais perto do espaço.
A substância mais comum na Terra
A Terra é constituída, mais ou menos, pelos mesmos elementos químicos que os restantes planetas terrestres do Sistema Solar.
Essencialmente, contém ferro – 32,1% do seu peso total.
Segue-se o oxigénio (30,1%), o silício (15,1%), o magnésio (13,9%), o
enxofre (2,9%), o níquel (1,8%), o cálcio (1,5%) e o alumínio (1,4%).
Tudo o resto é paisagem: os restantes elementos representam apenas 1,2% da massa do planeta.
A grande maioria do ferro e do níquel, bem como uma grande quantidade de enxofre, encontram-se na parte mais pesada do nosso planeta
– o seu núcleo. Assim, a composição da crosta terrestre, ou seja, as
rochas com as quais estamos em contacto direto, é visivelmente
diferente.
O oxigénio é responsável pela maior parte da massa da crosta terrestre,
representando cerca de 46,1%. Segue-se o silício (28,2%), o alumínio
(8,23%), o ferro (5,63%), o cálcio (4,15%), o sódio (2,4%), o potássio e
o magnésio – 2,3% cada.
O hidrogénio, o elemento mais abundante no Universo, representa apenas 1% de todas as substâncias presentes na Terra.
Apesar de ser a substância mais comum na crosta terrestre, o oxigénio representa apenas cerca de 21% da atmosfera terrestre. Quase 4/5 da nossa atmosfera, cerca de 78% é composta por azoto.
E ainda bem. Se assim não fosse, não existiríamos.
Com efeito, respirar ar com uma percentagem elevada de O2 durante períodos prolongados pode levar à toxicidade por oxigénio,
causando danos nos pulmões e outros problemas de saúde, como perda de
visão, tonturas, problemas respiratórios e, em casos extremos,
convulsões.
Bem, talvez existíssemos, mas teríamos evoluído de outra forma e seríamos criaturas diferentes.
O oxigénio não cresce nas árvores
Por falar em oxigénio. Ao contrário da crença popular, a maior parte do O2 que existe na atmosfera não tem origem nas densas florestas tropicais do planeta.
Na realidade, o oxigénio nasce no mar. Os
responsáveis pela produção do gás de que dependemos para viver são as
algas fotossintetizantes microscópicas que compõem o chamado fitoplâncton.
Os cientistas estimam que entre 55% e 80% de todo o oxigénio do planeta é produzido por estes seres aquáticos.
Assim, apesar de as florestas serem frequentemente consideradas como os “pulmões da Terra“, é o fitoplâncton que sustenta grande parte da produção de oxigénio do planeta.
Vá lá então, plantinhas do mar, não se lembrem de começar agora a
reproduzir-se desalmadamente e a encher a atmosfera de oxigénio, que não
estamos preparados para o respirar.
Os maiores desertos não têm areia
Os maiores desertos da Terra variam consideravelmente de tipo, sendo
alguns frios e outros quentes. Normalmente, pensamos nos desertos como
extensões gigantescas de areia, como o Saara, mas a maior parte dos
desertos do mundo não é coberta por areia.
A Antártida, por exemplo, é considerada um deserto porque, apesar de estar completamente coberta de gelo, tem muito pouca precipitação: menos de 200 mm por ano. Na realidade, o Deserto Antártico é o maior deserto do mundo, com uma área de cerca de 14 milhões de km2.
Também o segundo maior deserto do planeta é um deserto frio e árido, dominado por gelo e neve, com cerca de 13,9 km2: o Ártico, que abrange várias regiões no extremo norte do globo, incluindo partes do Canadá, da Gronelândia, Rússia, e Alasca.
Aquele que nos vem à imediatamente cabeça quando nos perguntam qual é
o maior deserto do mundo (se é que alguém nos faz por algum motivo tal
pergunta bizarra), o Deserto do Saara, é apenas o terceiro maior do mundo. Localizado no Norte da África, tem apenas cerca de 9,2 milhões de km2.
Seguem-se três desertos quentes: o Deserto Árabe, na Península Arábica (2,3 milhões de km2), o Deserto de Gobi, que se espalha entre a Mongólia e a China (1,3 milhões de km2), e o Deserto do Kalahari , quase todo no Botswana (900 mil km2).
Curiosamente, apesar das suas condições extremamente áridas, o Kalahari suporta uma variedade surpreendente de plantas e animais,
que se adaptaram ao seu ambiente e lá fazem a sua vidinha. E na
verdade, todos os desertos do planeta albergam diversos tipos de vida -
entre animais, vegetais e micro-organismos.
Assim, os nossos desertos nem sequer são… desertos. A Terra é fascinante.
in ZAP