Alphonsus Guimaraens, pseudónimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 - Mariana, 15 de julho de 1921) foi um escritor brasileiro.
A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Os seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inadaptação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e
resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra
característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neo-romântico e simbolista.
A sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais
autores simbolistas do Brasil. Traduziu também poetas como Stephane Mallarmé
Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também
chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do
Simbolismo".
A sua poesia é quase toda voltada para o tema da morte da mulher amada.
Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras
métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas
métricas).
Biografia
Filho de Albino da Costa Guimarães, comerciante português, e de
Francisca de Paula Guimarães Alvim, era sobrinho do poeta Bernardo de
Guimarães.
Matriculou-se em 1887 no curso de Engenharia. Perdeu, prematuramente, a
prima e noiva Constança, o que o abalou moral e fisicamente.
Foi, em 1894, para São Paulo, onde se matriculou no curso de Direito da
Faculdade do Largo São Francisco, voltou a Minas Gerais e formou-se em
Direito em 1894, na recém inaugurada Faculdade Livre de Direito de
Minas Gerais, que na época funcionava em Ouro Preto. Em São Paulo,
colaborou na imprensa e frequentou a Vila Kyrial, de José de Freitas
Vale, onde se reuniam os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro,
conheceu Cruz e Souza, poeta do qual já admirava e tornou-se amigo
pessoal. Também foi juiz substituto e promotor em Conceição do Serro
(MG). No ano de 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira. Posteriormente,
em 1899, estreou na literatura com dois volumes de versos: Septenário das Dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente, e Dona Mística; ambos de nítida inspiração simbolista.
Em 1900 passou a exercer a função de jornalista colaborando em "A Gazeta", de São Paulo. Em 1902 publicou Kyriale,
sob o pseudónimo de Alphonsus de Guimaraens; esta obra o projetou no
universo literário, obtendo assim um reconhecimento, ainda que restrito
de alguns raros críticos e amigos mais próximos. Em 1903, os cargos de
juízes-substitutos foram suprimidos pelo governo do estado;
consequentemente Alphonsus perdeu também seu cargo de juiz, o que o
levou a graves dificuldades financeiras.
Após recusar um posto de destaque no jornal A Gazeta, Alphonsus foi nomeado para a direção do jornal político Conceição do Serro,
onde também colaboraria seu irmão o poeta Archangelus de Guimaraens,
Cruz e Souza e José Severino de Resende. Em 1906, tornou-se Juiz
Municipal de Mariana, MG, para onde se transferiu com a sua esposa
Zenaide de Oliveira, de quem teve 15 filhos, dois dos quais também
escritores: João Alphonsus (1901 - 1944) e Alphonsus de Guimaraens Filho
(1918-2008).
Devido ao período que viveu em Mariana, ficou conhecido como "O
Solitário de Mariana", apesar de ter vivido lá com a mulher e com seus
15 filhos. O cognome foi-lhe dado devido ao estado de isolamento
completo em que viveu. A sua vida, nessa época, passou a ser dedicada
basicamente às atividades de juiz e à elaboração da sua obra poética.
in Wikipédia
SETE DAMAS
Sete Damas por mim passaram.
E todas sete me beijaram.
E quer eu queira quer não queira.
Elas vêm cada sexta-feira.
Sei que plantaram sete ciprestes.
Nas remotas solidões agrestes.
Deixaram-me como um mendigo…
Se elas vão acabar comigo!
Todas, rezando os Sete Salmos.
No chão cavaram sete palmos.
Sete Damas por mim passaram.
E todas sete me beijaram.
E quer eu queira quer não queira.
Elas vêm cada sexta-feira.
Sei que plantaram sete ciprestes.
Nas remotas solidões agrestes.
Deixaram-me como um mendigo…
Se elas vão acabar comigo!
Todas, rezando os Sete Salmos.
No chão cavaram sete palmos.
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