O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
"Aquele que sobreviver esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na
véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
inA vida do rei Henrique V, ato IV, cena III - Shakespeare
Assim romanceia Shakespeare, um discurso que o rei Henrique V da Inglaterra, em revista às tropas, teria pronunciado antes da batalha que decorreria naquele dia (25 de outubro de 1415) em Azincourt (ou Agincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. Os seus oponentes, os franceses, eram comandados pelo CondestávelCharles I d'Albret.
Em grande inferioridade numérica, os ingleses contavam com, aproximadamente, 15 mil soldados para se opor aos cerca de 50 milhares de franceses (os números são imprecisos). Numa excelente estratégia, os arqueiros
ingleses - e galeses - praticamente liquidaram os franceses no
atoleiro. A derrota foi assombrosa. Além do Condestável Charles I
d'Albret e outros membros da alta nobreza,
mais de 1.500 cavaleiros e 4500 soldados morreram nesta batalha.
Alguns calculam a morte de 10.000 franceses contra a de apenas 1.600
ingleses. No fim da batalha Henrique V teria entre seus prisioneiros
Charles, Duque de Orleans (que ficaria cativo na Torre de Londres
durante 25 anos, até o seu "resgate" ser pago, em 1440), e o líder efetivo
do exercito francês, o Marechal Boucicault (que morreria cativo na
Inglaterra). O próprio rei Carlos VI jamais comandaria qualquer
exército, visto que sofria de uma doença mental.
Segundo uma lenda ou invenção muito posterior, os franceses gabavam-se
de sua superioridade numérica e ameaçavam os arqueiros ingleses e
galeses de cortar o dedo do meio deles (fundamental para arqueiros, para
armar o arco), mostrando o seu dedo maior levantado; quando os
franceses foram feitos prisioneiros, os ingleses mostraram os dedos e
disseram '' Olha: os meus dedos estão aqui''. Esse gesto deu origem ao
gesto obsceno de "mostrar o dedo" de hoje em dia, nas versões
francesa/continental de um dedo só e na inglesa dos dois dedos.
Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva, num auto de fé.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela Ballade des Dames du temps jadis ou seja, Balada das damas do tempo passado -
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine?
Mais où sont les neiges d'antan?
Antes aos factos relacionados, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire
escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a
ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de
Orléans».
Depois da Revolução Francesa, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena, que jamais desistiu do retorno do rei.
Joana foi recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orléans", publicada em 1801.
Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena
- "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingénua, tornou-se a
heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltaram
aquela que deu sua vida pela pátria.
Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monárquica, da qual era um dos símbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos.
A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e ao ódio ao estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha.
O gesto do Papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França
entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da III
República, mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918,
Joana deixa de ser uma heroína da Direita. Segundo Irène Kuhn, a partir
daí os "postais patrióticos" mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e
monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.
Em 9 de maio de 1920,
cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente
reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV - era a Santa Joana
d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes
para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França.
Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma
pessoa, ainda que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo
adolescente, pastora e analfabeta, de modo que o seu exemplo guarda um
valor universal.
"Aquele que sobreviver esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na
véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
inA vida do rei Henrique V, ato IV, cena III - Shakespeare
Assim romanceia Shakespeare, um discurso que o rei Henrique V da Inglaterra, em revista às tropas, teria pronunciado antes da batalha que decorreria naquele dia (25 de outubro de 1415) em Azincourt (ou Agincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. Os seus oponentes, os franceses, eram comandados pelo CondestávelCharles I d'Albret.
Em grande inferioridade numérica, os ingleses contavam com, aproximadamente, 15 mil soldados para se opor aos 50 milhares de franceses (os números são imprecisos). Numa excelente estratégia, os arqueiros
ingleses - e galeses - praticamente liquidaram os franceses no
atoleiro. A derrota foi assombrosa. Além do Condestável Charles I
d'Albret e outros membros da alta nobreza,
mais de 1.500 cavaleiros e 4500 soldados morreram nesta batalha.
Alguns calculam a morte de 10.000 franceses contra a de apenas 1.600
ingleses. No fim da batalha Henrique V teria entre seus prisioneiros
Charles, Duque de Orleans (que ficaria cativo na Torre de Londres
durante 25 anos, até o seu "resgate" ser pago, em 1440), e o líder efetivo
do exercito francês, o Marechal Boucicault (que morreria cativo na
Inglaterra). O próprio rei Carlos VI jamais comandaria qualquer
exército, visto que sofria de uma doença mental.
Segundo uma lenda ou invenção muito posterior, os franceses gabavam-se
de sua superioridade numérica e ameaçavam os arqueiros ingleses e
galeses de cortar o dedo do meio deles (fundamental para arqueiros, para
armar o arco), mostrando o seu dedo maior levantado; quando os
franceses foram feitos prisioneiros, os ingleses mostraram os dedos e
disseram '' Olha: os meus dedos estão aqui''. Esse gesto deu origem ao
gesto obsceno de "mostrar o dedo" de hoje em dia, nas versões
francesa/continental de um dedo só e na inglesa dos dois dedos.
Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva, num auto de fé.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela Ballade des Dames du temps jadis ou seja, Balada das damas do tempo passado -
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine?
Mais où sont les neiges d'antan?
Antes aos factos relacionados, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire
escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a
ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de
Orléans».
Depois da Revolução Francesa, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena, que jamais desistiu do retorno do rei.
Joana foi recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orléans", publicada em 1801.
Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena
- "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingénua, tornou-se a
heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltaram
aquela que deu sua vida pela pátria.
Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monárquica, da qual era um dos símbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos.
A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e ao ódio ao estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha.
O gesto do Papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França
entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da III
República, mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918,
Joana deixa de ser uma heroína da Direita. Segundo Irène Kuhn, a partir
daí os "postais patrióticos" mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e
monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.
Em 9 de maio de 1920,
cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente
reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV - era a Santa Joana
d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes
para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França.
Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma
pessoa, ainda que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo
adolescente, pastora e analfabeta, de modo que o seu exemplo guarda um
valor universal.
"Aquele que sobreviver esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na
véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
inA vida do rei Henrique V, ato IV, cena III - Shakespeare
Assim romanceia Shakespeare, um discurso que o rei Henrique V da Inglaterra, em revista às tropas, teria pronunciado antes da batalha que decorreria naquele dia (25 de outubro de 1415) em Azincourt (ou Agincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. Os seus oponentes, os franceses, eram comandados pelo CondestávelCharles I d'Albret.
Em grande inferioridade numérica, os ingleses contavam com, aproximadamente, 15 mil soldados para se opor aos 50 milhares de franceses (os números são imprecisos). Numa excelente estratégia, os arqueiros
ingleses - e galeses - praticamente liquidaram os franceses no
atoleiro. A derrota foi assombrosa. Além do Condestável Charles I
d'Albret e outros membros da alta nobreza,
mais de 1.500 cavaleiros e 4500 soldados morreram nesta batalha.
Alguns calculam a morte de 10.000 franceses contra a de apenas 1.600
ingleses. No fim da batalha Henrique V teria entre seus prisioneiros
Charles, Duque de Orleans (que ficaria cativo na Torre de Londres
durante 25 anos, até o seu "resgate" ser pago, em 1440), e o líder efetivo
do exercito francês, o Marechal Boucicault (que morreria cativo na
Inglaterra). O próprio rei Carlos VI jamais comandaria qualquer
exército, visto que sofria de uma doença mental.
Segundo uma lenda ou invenção muito posterior, os franceses gabavam-se
de sua superioridade numérica e ameaçavam os arqueiros ingleses e
galeses de cortar o dedo do meio deles (fundamental para arqueiros, para
armar o arco), mostrando o seu dedo maior levantado; quando os
franceses foram feitos prisioneiros, os ingleses mostraram os dedos e
disseram '' Olha: os meus dedos estão aqui''. Esse gesto deu origem ao
gesto obsceno de "mostrar o dedo" de hoje em dia, nas versões
francesa/continental de um dedo só e na inglesa dos dois dedos.
Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva num auto de fé.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela Ballade des Dames du temps jadis ou seja, Balada das damas do tempo passado -
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine?
Mais où sont les neiges d'antan?
Antes aos factos relacionados, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire
escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a
ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de
Orléans».
Depois da Revolução Francesa, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena, que jamais desistiu do retorno do rei.
Joana foi recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orléans", publicada em 1801.
Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena
- "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingénua, tornou-se a
heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltaram
aquela que deu sua vida pela pátria.
Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monárquica, da qual era um dos símbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos.
A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e ao ódio ao estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha.
O gesto do Papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França
entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da III
República, mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918,
Joana deixa de ser uma heroína da Direita. Segundo Irène Kuhn, a partir
daí os "postais patrióticos" mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e
monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.
Em 9 de maio de 1920,
cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente
reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV - era a Santa Joana
d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes
para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França.
Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma
pessoa, ainda que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo
adolescente, pastora e analfabeta, de modo que seu exemplo guarda um
valor universal.
"Aquele que sobreviver esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na
véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
in A vida do rei Henrique V, ato IV, cena III - Shakespeare
Assim romanceia Shakespeare, um discurso que o rei Henrique V da Inglaterra, em revista às tropas, teria pronunciado antes da batalha que decorreria naquele dia (25 de outubro de 1415) em Azincourt (ou Agincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. Os seus oponentes, os franceses, eram comandados pelo CondestávelCharles I d'Albret.
Em grande inferioridade numérica, os ingleses contavam com, aproximadamente, 15 mil soldados para se opor aos 50 milhares de franceses (os números são imprecisos). Numa excelente estratégia, os arqueiros
ingleses - e galeses - praticamente liquidaram os franceses no
atoleiro. A derrota foi assombrosa. Além do Condestável Charles I
d'Albret e outros membros da alta nobreza,
mais de 1.500 cavaleiros e 4500 soldados morreram nesta batalha.
Alguns calculam a morte de 10.000 franceses contra a de apenas 1.600
ingleses. Ao fim da batalha Henrique V teria entre seus prisioneiros
Charles, Duque de Orleans (que ficaria cativo na Torre de Londres
durante 25 anos, até o seu "resgate" ser pago, em 1440), e o líder efetivo
do exercito francês, o Marechal Boucicault (que morreria cativo na
Inglaterra). O próprio rei Carlos VI jamais comandaria qualquer
exército, visto que sofria de uma doença mental.
Segundo uma lenda ou invenção muito posterior, os franceses se gabavam
de sua superioridade numérica e ameaçavam os arqueiros ingleses e
galeses de cortar o dedo do meio deles (fundamental para arqueiros, para
armar o arco), mostrando o seu dedo maior levantado; quando os
franceses foram feitos prisioneiros, os ingleses mostraram os dedos e
disseram '' Olha: os meus dedos estão aqui''. Esse gesto deu origem ao
gesto obsceno de "mostrar o dedo" de hoje em dia, nas versões
francesa/continental de um dedo só e na inglesa dos dois dedos.
Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva num auto de fé.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela Ballade des Dames du temps jadis ou seja, Balada das damas do tempo passado -
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine?
Mais où sont les neiges d'antan?
Antes aos factos relacionados, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire
escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a
ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de
Orléans».
Depois da Revolução Francesa, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena, que jamais desistiu do retorno do rei.
Joana foi recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orléans", publicada em 1801.
Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena
- "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingénua, tornou-se a
heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltaram
aquela que deu sua vida pela pátria.
Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monárquica, da qual era um dos símbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos.
A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e ao ódio ao estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha.
O gesto do Papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França
entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da III
República, mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918,
Joana deixa de ser uma heroína da Direita. Segundo Irène Kuhn, a partir
daí os "postais patrióticos" mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e
monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.
Em 9 de maio de 1920,
cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente
reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV - era a Santa Joana
d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes
para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França.
Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma
pessoa, ainda que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo
adolescente, pastora e analfabeta, de modo que seu exemplo guarda um
valor universal.
"Aquele que sobreviver esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na
véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
in A vida do rei Henrique V, ato IV, cena III - Shakespeare
Assim romanceia Shakespeare, um discurso que o rei Henrique V da Inglaterra, em revista às tropas, teria pronunciado antes da batalha que decorreria naquele dia (25 de outubro de 1415) em Azincourt (ou Agincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. Os seus oponentes, os franceses, eram comandados pelo CondestávelCharles I d'Albret.
Em grande inferioridade numérica, os ingleses contavam com, aproximadamente, 15 mil soldados para se opor aos 50 milhares de franceses (os números são imprecisos). Numa excelente estratégia, os arqueiros
ingleses - e galeses - praticamente liquidaram os franceses no
atoleiro. A derrota foi assombrosa. Além do Condestável Charles I
d'Albret e outros membros da alta nobreza,
mais de 1.500 cavaleiros e 4500 soldados morreram nesta batalha.
Alguns calculam a morte de 10.000 franceses contra a de apenas 1.600
ingleses. Ao fim da batalha Henrique V teria entre seus prisioneiros
Charles, Duque de Orleans (que ficaria cativo na Torre de Londres
durante 25 anos, até o seu "resgate" ser pago, em 1440), e o líder efetivo
do exercito francês, o Marechal Boucicault (que morreria cativo na
Inglaterra). O próprio rei Carlos VI jamais comandaria qualquer
exército, visto que sofria de uma doença mental.
Segundo uma lenda ou invenção muito posterior, os franceses se gabavam
de sua superioridade numérica e ameaçavam os arqueiros ingleses e
galeses de cortar o dedo do meio deles (fundamental para arqueiros, para
armar o arco), mostrando o seu dedo maior levantado; quando os
franceses foram feitos prisioneiros, os ingleses mostraram os dedos e
disseram '' Olha: os meus dedos estão aqui''. Esse gesto deu origem ao
gesto obsceno de "mostrar o dedo" de hoje em dia, nas versões
francesa/continental de um dedo só e na inglesa dos dois dedos.
Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva num auto de fé.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.