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segunda-feira, setembro 16, 2024

As coisas que se pode encontrar em Marte...

Cientistas encontram uma antiga “cara sorridente” em Marte que pode ter sinais de vida

 

 

A “cara” é feita com depósitos de sal antigos que terão sido formados após a secagem de um lago. Estes depósitos podem ter ainda sinais de vida microbiana, caso esta alguma vez tenha existido.

Os astrónomos detetaram recentemente uma formação única de “cara sorridente” na superfície de Marte, provavelmente um remanescente de um lago há muito seco. A descoberta, captada pelo ExoMars Trace Gas Orbiter da Agência Espacial Europeia (ESA), foi partilhada numa publicação no Instagram a 7 de setembro.

A estrutura sorridente, visível apenas em condições específicas, consiste em antigos depósitos de sal formados há milhares de milhões de anos. O seu aparecimento reacendeu a esperança de descobrir sinais de vida anterior em Marte.

A cara sorridente, que apresenta dois “olhos” de cratera de meteoro e um contorno circular, foi detetada usando as câmaras de infravermelhos da sonda. Estas câmaras permitem aos cientistas distinguir os depósitos de sal, que parecem cor-de-rosa ou violeta, do resto da superfície de Marte, explica o Live Science.

A imagem faz parte de um estudo publicado na revista Scientific Data a 3 de agosto, onde os investigadores catalogaram 965 depósitos de sal na paisagem marciana. O tamanho exato da carinha sorridente é ainda desconhecido, mas estes depósitos variam geralmente entre 300 e 3000 metros de largura.

Os investigadores estão particularmente entusiasmados com estes depósitos de sal porque podem fornecer pistas cruciais sobre a habitabilidade passada de Marte. Os depósitos, que foram deixados para trás à medida que as massas de água do planeta se evaporavam, podem oferecer condições ótimas para preservar provas de atividade biológica antiga.

Como Marte passou de um mundo aquoso com lagos, rios e oceanos para um planeta seco e desolado há cerca de 2 a 3 mil milhões de anos, estes vestígios salgados são alguns dos poucos indicadores do clima outrora dinâmico do Planeta Vermelho.

Acredita-se que a secagem da água de Marte tenha sido causada pela perda do seu campo magnético, o que permitiu que os ventos solares destruíssem a atmosfera. À medida que o planeta arrefecia, a maior parte da sua água líquida congelava ou evaporava-se no espaço. Os últimos restos de água ter-se-iam tornado cada vez mais salgados, permitindo-lhe potencialmente manter-se líquida em condições frias – um ambiente que poderia ter suportado vida microbiana.

Os cientistas sugerem que estas poças salgadas poderiam ter sido um refúgio para extremófilos, organismos capazes de sobreviver em condições extremas. Se estes micróbios existiram, os seus restos poderiam ser preservados nos depósitos de sal, oferecendo uma janela para o passado biológico de Marte. Os sais podem ter atuado como conservantes, mantendo intactas potenciais provas durante milhares de milhões de anos.

 

in ZAP

quinta-feira, dezembro 02, 2010

E a montanha (NASA) pariu um rato...

Bactérias que comem arsénio podem levar a NASA a descobrir vida noutros planetas

As bactérias foram encontradas num lago salgado na Califórnia

A janela com que procuramos vida no Universo acabou de aumentar depois de uma equipa de cientistas encontrar pela primeira vez uma bactéria que se alimenta de arsénio. A descoberta é publicada hoje na edição online da revista Science e amanhã na edição impressa, e é o mistério que a NASA revela na sua conferência de imprensa.

Toda a vida que se conhece é construída com base em seis elementos: o carbono, o oxigénio, o hidrogénio, o azoto, o enxofre e o fósforo. São estes átomos que fazem as moléculas de ADN, as proteínas, as gorduras que compõem as células dos animais, das plantas, dos fungos e das bactérias.

Quando se olha para fora do planeta Terra para encontrar vida, os cientistas têm o hábito de procurar por ambientes que podem disponibilizar estes elementos. “A vida como a conhecemos necessita de alguns elementos e exclui outros”, disse Arial Anbar, um dos autores do artigo, da NASA. “Mas serão estas as únicas opções? Quão diferente é que a vida pode ser?”, questionou o cientista, citado num comunicado de imprensa.

A descoberta feita por Felisa Wolfe-Simon, primeira autora do artigo, que trabalha no Instituto de Astrobiologia da NASA, responde esta pergunta. O artigo começa por explicar que existem seres vivos que conseguem substituir átomos específicos de moléculas raras por outros que têm propriedades semelhantes. Como por exemplo, alguns artrópodes que têm cobre em vez de ferro no seu sangue.

A cientista tentou verificar esta possibilidade com um dos seis elementos principais – o fósforo. Este átomo, que compõe a estrutura do ADN e é importantíssimo para a composição de proteínas e gorduras, poderia ser substituído pelo arsénio, um átomo maior, altamente venenoso, mas que está exactamente abaixo do fósforo na coluna da Tabela Periódica, o que indica que tem muitas propriedades semelhantes.

“Nós pusemos não só a hipótese que sistemas bioquímicos análogos aos que conhecemos hoje poderiam utilizar arsénio com a função biológica equivalente ao fosfato”, explicou em comunicado Wolfe-Simon, “mas também que estes organismo tivessem evoluído no início da Terra e pudessem persistir até hoje em ambientes invulgares.”

Para isso, a astrobióloga foi até ao lago Mono na Califórnia, rico em arsénio, para retirar amostras de sedimentos com populações de bactérias. No laboratório, colocou estas amostras numa cultura rica em arsénio e sem nenhum fósforo. Ao final de algum tempo verificou que tinha bactérias a crescer.

A estirpe que cresceu chama-se GFAJ-1 e pertence à família das bactérias Halomonadaceae. Apesar de crescer melhor em ambientes com fósforo, a equipa fez vários testes e encontrou provas que o arsénio foi incorporado no ADN e nas proteínas.

“Este organismo tem uma capacidade dupla. Pode crescer tanto com fósforo como com arsénio. Isso torna-o muito peculiar; no entanto [esta bactéria] está longe de ser uma verdadeira forma de vida alienígena que deriva de uma árvore diferente da vida”, explicou Paul Davies, um dos autores do artigo e físico teórico, grande interessado em astrobiologia, director do BEYOND Centro para os Conceitos Fundamentais de Ciência, da Universidade do Arizona, acrescentando que esta descoberta pode ser a ponta de um iceberg de diferentes tipos de vida que até agora a comunidade científica não prestou atenção.

Segundo Felisa Wolfe-Simon, o mais importante é que estes resultados voltam a lembrar a flexibilidade da vida. “Esta história não é sobre o arsénio ou sobre o lago Mono”, explicou. “Se existem seres aqui na Terra que podem fazer algo tão surpreendente, o que é que a vida ainda pode mostrar que nós não vimos?”