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quinta-feira, julho 11, 2024

O Acidente de Los Alfaques foi há 46 anos...

 

Monumento às vítimas do acidente

 

  
(imagens daqui)

Los Alfaques (em catalão: Els Alfacs) é um parque de campismo de praia situado no município de Alcanar, comarca de Montsià na província de Tarragona, onde a 11 de julho de 1978 ocorreu um gravíssimo acidente devido à explosão de um camião/caminhão cisterna que transportava propeno liquefeito. O resultado deste trágico acidente foram 243 mortos, mais de 300 feridos graves, e a destruição da maior parte (dois terços) do parque de campismo.
     
Acidente
No dia 11 de julho de 1978 um camião cisterna, carregado com 25 toneladas de propeno liquefeito saiu de Tarragona, da refinaria Enpetrol, e dirigiu-se para sul da atual N-340, até Alicante. A cisterna tinha uma capacidade aproximada de 45 e a quantidade carregada era de 25 toneladas, quando a quantidade máxima era de 19,35 t, a uma pressão de 8 bar. Além disso, a cisterna era fabricada em aço (liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono) e não dispunha de nenhum sistema de alívio de pressão.
Provavelmente, para evitar passar pela portagem, o condutor do camião cisterna, Francisco Ibernón, que teria de pagar do seu próprio bolso, decidiu conduzir pela N-340 em direção a sul. Depois de percorrer 102 quilómetros - no quilómetro 159,5 - pelas 14.30 (hora de Espanha), ao passar perto do parque de campismo "Los Alfaques", ocorreu a catástrofe.
Nesse momento, o parque de campismo tinha registadas 800 pessoas e estima-se que entre 300-400 estariam no raio da explosão, calculado entre 100 e 200 metros, que matou instantaneamente mais de uma centena de pessoas.
Na investigação subsequente ficou demonstrado que o camião cisterna estava sobrecarregado, já que transportava 25 t em vez das 19 toneladas regulamentares. Como consequência do excesso de pressão, o tanque de aço rebentou, expulsando o gás liquefeito para o exterior, produzindo-se a ignição e a explosão do mesmo.
A bola de fogo resultante cobriu instantaneamente a maior parte do acampamento, afetando ainda uma praça no sul da rua, e os muitos veraneantes que ali se encontravam. Além disso, as altíssimas temperaturas (mais de 1.500º C) fizeram com que uma grande quantidade de botijas de gás dos campistas que o parque tinha também explodissem, acrescentando-se ao fogo da explosão. O condutor do camião e aproximadamente 140 veraneantes morreram imediatamente, antes de serem socorridos no hospital. A temperatura era tão alta era que fez ferver a água da praia, para aonde as pessoas fugiam.
    
Causas
A análise do acidente determinou três possíveis causas:
  • A sobrecarga do tanque causou a rutura hidráulica da cisterna, com a consequente evaporação e expansão do gás liquefeito, dando lugar a uma explosão de tipo BLEVE. Esta foi a causa oficial segundo o tribunal de Tarragona.
  • Uma fuga da cisterna produziu uma nuvem inflamável de propeno que se incendiou ao encontrar um ponto de ignição. O calor do incêndio produziu o aquecimento do interior do tanque, originando um aumento da pressão interna ao evaporar-se o propeno,o que produziu igualmente uma BLEVE.
  • O camião sofreu um acidente de trânsito com fuga de propeno que se incendiou dando lugar a uma súbita bola de fogo.
Muitas das pessoas foram levadas para hospitais vizinhos. Muitos foram transportados para uma unidade de queimados do Hospital La Fe, de Valência, especialista em cuidados a queimados.
   
Reação
Os media divulgaram que a tragédia durou aproximadamente 45 minutos, desde a explosão até à chegada das primeiras forças de resgate ao local do acidente. Entretanto, tanto os veraneantes e residentes  locais já transportavam os afetados aos centros médicos pelos seus próprios automóveis ou nas suas autocaravanas. As ambulâncias e outras forças se emergência foram chegando gradualmente ao local. A Guarda Civil e as forças a esquadrinharam-se no parque de campismo com o objetivo de procurar sobreviventes.
Os feridos foram transportados para os hospitais de Barcelona e Madrid assim como para o Hospital La Fe em Valência. Durante os dias e semanas seguintes faleceram outros 70 veraneantes, devido à gravidade das queimaduras. No total morreram 243 pessoas, entre elas muitos turistas alemães, franceses e belgas. Além disso, mais de 300 pessoas sofreram graves queimaduras e que ainda hoje sofrem as suas consequências.
Com o acidente, dois terços do parque de campismo, com uma área de 300 x 150 metros foram destruídos, ainda que a parte norte do recinto permanecesse quase intacta. A discoteca foi totalmente destruída pela força da onda expansiva, a parte posterior do tanque de combustível deslocou-se 300 metros, cravando-se num edifício.
A gravidade das queimaduras tornou muito difícil a identificação dos falecidos. Graças ao trabalho da "Comissão de Identificação" e do "Departamento de Investigação Criminal" da então República Federal de Alemanha foi possível identificar todas as vítimas.
    
Consequências e responsabilidades
Hoje em dia, em consequência deste acidente, em Espanha proíbe-se a passagem pelas povoações de veículos que transportem matérias perigosos.
Em 1982 determinou-se a responsabilidade de duas empresas acusadas de negligência (imprudência temerária) e foram sentenciados com um ano os seus diretores. Numa subsequente ação civil, obrigou-se, em 1982 e 1983, as empresas "Cisternas Reunidas" e "Enpetrol", a pagar compensações de 2,2 mil milhões de pesetas (equivalentes a 138,23 milhões de euros, sem ter em conta a inflação).
     
Los Alfaques hoje
Em consequência deste terrível acidente criaram-se regulamentos mais severos em relação ao transporte de materiais perigosos. Os camiões cisternas com produtos perigosos ficaram impedidos de passar pelas localidades e a passar exclusivamente pelas auto-estradas. Também se melhorou a segurança dos veículos e camionistas, através de novas regulamentações sobre o transporte de mercadorias perigosas por estrada, tais como a obrigatoriedade da instalação de válvulas de alívio de pressão nas cisternas que transportam determinadas substâncias, como gases liquefeitos inflamáveis.
Na atualidade, o parque de campismo de Alfaques continua a sua atividade como qualquer outro. Numa das paredes exteriores do parque foi criado um mural em memória das vítimas, com uma estrela e uma inscrição por cada vítima.
      

 

domingo, junho 30, 2024

O Evento de Tunguska foi há 116 anos

Árvores caídas após a explosão (foto tirada durante a expedição de Kulik, em 1927)
   
O Evento de Tunguska foi uma queda de um objeto celeste que aconteceu em uma região da Sibéria próxima ao rio Podkamennaya Tunguska, em 30 de junho de 1908. A queda provocou uma grande explosão, devastando uma área de milhares de quilómetros quadrados. A ausência de uma cratera e de evidências diretas do objeto que teria causado a explosão levou a uma grande quantidade de teorias especulativas sobre a causa do evento. Apesar de ainda ser assunto de debate, segundo os estudos mais recentes a destruição provavelmente foi causada pelo deslocamento de ar subsequente a uma explosão de um meteoroide ou fragmento de cometa, a uma altitude de 5 a 10 km na atmosfera, devido ao atrito da reentrada. Diferentes estudos resultaram em estimativas para o tamanho do objeto, variando em torno de algumas dezenas de metros.
Estima-se que a energia da explosão está entre 5 megatoneladas e 30 megatoneladas de TNT, com 10 a 15 megatoneladas sendo o valor mais provável. Isso é aproximadamente igual a mil vezes a bomba lançada em Hiroshima, na segunda guerra mundial, e aproximadamente um terço da Bomba Czar, a mais poderosa arma nuclear já detonada. A explosão tinha energia suficiente para destruir uma grande área metropolitana e derrubou cerca de 80 milhões de árvores numa área de 2.150 quilómetros quadrados, estimando-se que tenha provocado um terramoto de aproximadamente magnitude 5 na escala Richter.
Apesar de ser considerado o maior impacto terrestre na história recente da Terra, impactos de intensidade similar, em regiões remotas, teriam passado despercebidos antes do advento do controle global por satélite, nas décadas de 60 e 70.
    
Localização aproximada de Tunguska, na Sibéria
         

sábado, maio 04, 2024

O Desastre da PEPCON foi há 36 anos...

  
O desastre da PEPCON foi um desastre industrial que ocorreu em Henderson, Nevada em 4 de maio de 1988, na Pacific Engineering Production Company of Nevada (PEPCON). Na ocasião um incêndio nos estoques da fábrica consumiu todas as 3900 toneladas de perclorato de amónia, provocando uma grande explosão que provocou danos irreparáveis à cidade. Ao todo, 2 pessoas morreram na explosão e houve quase 400 feridos. Os prejuízos foram calculados em US$ 100 milhões de dólares.

  

Precedentes

Após o acidente com o vai-vem espacial Challenger em 1986, as missões espaciais foram suspensas por quase 3 anos, até que fossem descobertos os motivos do acidente e se tomassem providências para aumentar a segurança. Enquanto isso, a fábrica da PEPCON, localizada em Henderson, Nevada, manteve a produção de perclorato de amónia (que não seria usado nos lançamentos devido à interrupção dos voos) passando a armazenar grandes quantidades do produto sem melhorar os procedimentos de segurança.

 

Fogo e Explosão

No dia 4 de maio de 1988 ocorreu um incêndio na fábrica onde estavam 3.900 toneladas de perclorato de amónia. Os funcionários evacuaram o local quando viram que a situação estava incontrolável.

O corpo de bombeiros chegou aproximadamente 20 minutos após o início do incêndio, quando ocorreu uma grande explosão. Percebendo o risco que corriam e a inutilidade de se tentar combater o incêndio, os bombeiros resolveram voltar, mas 4 minutos depois da primeira explosão, a região se transformou em um inferno de chamas. Uma segunda explosão, bem maior que a primeira, destruiu completamente a fábrica. Uma onda de choque concêntrica, mais intensa e visível que a da primeira explosão, avançou a partir do epicentro e varreu tudo que estava no caminho.

A explosão criou um sismo de magnitude 3,5 na escala de Richter. Na cidade, diversos carros foram destruídos, todos os prédios sofreram danos estruturais e a rede elétrica foi danificada. Num raio de 4,8 km as janelas partiram-se e prédios sofreram danos leves, como paredes rachadas. No Aeroporto Internacional de McCarran, em Las Vegas, situado a 11 km da fábrica, janelas quebraram e um Boeing 737 que estava a aterrar sacudiu com a onda de choque. Ocorreram danos até um raio de 16 km da fábrica.

Todas as 3.900 toneladas de perclorato de amónia foram consumidas no incêndio. Nas duas explosões foi formada uma cratera de 4,5 metros de profundidade e 60 metros de diâmetro. Após a explosão as fábricas de explosivos no mundo inteiro mudaram as suas normas de segurança. Atualmente a PEPCON está situada em um local muito mais remoto e distante do centro urbano que a fábrica anterior.
      

terça-feira, abril 16, 2024

O mais mortífero acidente industrial nos Estados Unidos foi há 77 anos

O navio Wilson B. Keene semi-afundado após a segunda explosão
   
O Desastre de Texas City (Texas City Disaster) foi uma gigantesca explosão ocorrida na manhã de 16 de abril de 1947, no porto de Texas City, Estados Unidos, a qual causou a morte de 581 pessoas e devastou grande parte da cidade.
A explosão sucedeu-se a partir de um incêndio a bordo do cargueiro francês, SS Grandcamp, atracado no porto, o qual estava carregado com 2.300 toneladas de nitrato de amónia que entraram em combustão, por causa do calor. Outro navio que se encontrava próximo, o SS High Flyer, igualmente carregado com aquele produto, também explodiu, gerando uma reação em cadeia, de incêndios e explosões, pelas várias refinarias e instalações petroquímicas situadas na área portuária da cidade.
A magnitude da explosão, ouvida a centenas de quilómetros de distância, foi tamanha que praticamente desintegrou os dois navios, danificou outros que se encontravam no porto, destruiu grande parte da cidade, principalmente o parque industrial petroquímico da Monsanto, bem como derrubou dois pequenos aviões que sobrevoavam a área.
Foi o mais mortífero acidente industrial na história norte-americana.
  

terça-feira, julho 11, 2023

O Acidente de Los Alfaques foi há 45 anos...

  
(imagens daqui)

Los Alfaques (em catalão: Els Alfacs) é um parque de campismo de praia situado no município de Alcanar, comarca de Montsià na província de Tarragona, onde a 11 de julho de 1978 ocorreu um gravíssimo acidente devido à explosão de um camião/caminhão cisterna que transportava propeno liquefeito. O resultado deste trágico acidente foram 217 mortos, mais de 300 feridos graves, e a destruição da maior parte (dois terços) do parque de campismo.
     
Acidente
No dia 11 de julho de 1978 um camião cisterna, carregado com 25 toneladas de propeno liquefeito saiu de Tarragona, da refinaria Enpetrol, e dirigiu-se para sul da atual N-340, até Alicante. A cisterna tinha uma capacidade aproximada de 45 e a quantidade carregada era de 25 toneladas, quando a quantidade máxima era de 19,35 t, a uma pressão de 8 bar. Além disso, a cisterna era fabricada em aço (liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono) e não dispunha de nenhum sistema de alívio de pressão.
Provavelmente, para evitar passar pela portagem, o condutor do camião cisterna, Francisco Ibernón, que teria de pagar do seu próprio bolso, decidiu conduzir pela N-340 em direção a sul. Depois de percorrer 102 quilómetros - no quilómetro 159,5 - pelas 14.30 (hora de Espanha), ao passar perto do parque de campismo "Los Alfaques", ocorreu a catástrofe.
Nesse momento, o parque de campismo tinha registadas 800 pessoas e estima-se que entre 300-400 estariam no raio da explosão, calculado entre 100 e 200 metros, que matou instantaneamente mais de uma centena de pessoas.
Na investigação subsequente ficou demonstrado que o camião cisterna estava sobrecarregado, já que transportava 25 t em vez das 19 toneladas regulamentares. Como consequência do excesso de pressão, o tanque de aço rebentou, expulsando o gás liquefeito para o exterior, produzindo-se a ignição e a explosão do mesmo.
A bola de fogo resultante cobriu instantaneamente a maior parte do acampamento, afetando ainda uma praça no sul da rua, e os muitos veraneantes que ali se encontravam. Além disso, as altíssimas temperaturas (mais de 1.500º C) fizeram com que uma grande quantidade de botijas de gás dos campistas que o parque tinha também explodissem, acrescentando-se ao fogo da explosão. O condutor do camião e aproximadamente 140 veraneantes morreram imediatamente, antes de serem socorridos no hospital. A temperatura era tão alta era que fez ferver a água da praia, para aonde as pessoas fugiam.
    
Causas
A análise do acidente determinou três possíveis causas:
  • A sobrecarga do tanque causou a rutura hidráulica da cisterna, com a consequente evaporação e expansão do gás liquefeito, dando lugar a uma explosão de tipo BLEVE. Esta foi a causa oficial segundo o tribunal de Tarragona.
  • Uma fuga da cisterna produziu uma nuvem inflamável de propeno que se incendiou ao encontrar um ponto de ignição. O calor do incêndio produziu o aquecimento do interior do tanque, originando um aumento da pressão interna ao evaporar-se o propeno,o que produziu igualmente uma BLEVE.
  • O camião sofreu um acidente de trânsito com fuga de propeno que se incendiou dando lugar a uma súbita bola de fogo.
Muitas das pessoas foram trasladadas para hospitais vizinhos. Muitos foram transportados para uma unidade de queimados do Hospital La Fe, de Valência, especialista em cuidados a queimados.
   
Reação
Os media divulgaram que a tragédia durou aproximadamente 45 minutos, desde a explosão até à chegada das primeiras forças de resgate ao local do acidente. Entretanto, tanto os veraneantes e residentes  locais já transportavam os afetados aos centros médicos pelos seus próprios automóveis ou nas suas autocaravanas. As ambulâncias e outras forças se emergência foram chegando gradualmente ao local. A Guarda Civil e as forças a esquadrinharam-se no parque de campismo com o objetivo de procurar sobreviventes.
Os feridos foram transportados para os hospitais de Barcelona e Madrid assim como para o Hospital La Fe em Valência. Durante os dias e semanas seguintes faleceram outros 70 veraneantes, devido à gravidade das queimaduras. No total morreram 217 pessoas, entre elas muitos turistas alemães, franceses e belgas. Além disso, mais de 300 pessoas sofreram graves queimaduras e que ainda hoje sofrem as suas consequências.
Com o acidente dois terços do parque de campismo com uma superfície de de 300 x 150 metros foram destruídos, ainda que a parte norte do recinto permanecesse quase intacta. A discoteca foi totalmente destruída pela força da onda expansiva, a parte posterior do tanque de combustível deslocou-se 300 metros, cravando-se num edifício.
A gravidade das queimaduras tornou muito difícil a identificação dos falecidos. Graças ao trabalho da "Comissão de Identificação" e do "Departamento de Investigação Criminal" da então República Federal de Alemanha foi possível identificar todas as vítimas.
    
Consequências e responsabilidades
Hoje em dia, em consequência deste acidente, em Espanha proíbe-se a passagem pelas povoações de veículos que transportem matérias perigosos.
Em 1982 determinou-se a responsabilidade de duas empresas acusadas de negligência (imprudência temerária) e foram sentenciados com um ano os seus diretores. Numa subsequente ação civil, obrigou-se, em 1982 e 1983, as empresas "Cisternas Reunidas" e "Enpetrol", a pagar compensações de 2,2 mil milhões de pesetas (equivalentes a 138,23 milhões de euros, sem ter em conta a inflação).
     
Los Alfaques hoje
Em consequência deste terrível acidente criaram-se regulamentos mais severos em relação ao transporte de materiais perigosos. Os camiões cisternas com produtos perigosos ficaram impedidos de passar pelas localidades e a passar exclusivamente pelas auto-estradas. Também se melhorou a segurança dos veículos e camionistas, através de novas regulamentações sobre o transporte de mercadorias perigosas por estrada, tais como a obrigatoriedade da instalação de válvulas de alívio de pressão nas cisternas que transportam determinadas substâncias, como gases liquefeitos inflamáveis.
Na atualidade, o parque de campismo de Alfaques continua a sua atividade como qualquer outro. Numa das paredes exteriores do parque foi criado um mural em memória das vítimas, com uma estrela e uma inscrição por cada vítima.
      

sexta-feira, junho 30, 2023

O enigmático Evento de Tunguska foi há 115 anos

Árvores caídas após a explosão (foto tirada durante a expedição de Kulik, em 1927)
   
O Evento de Tunguska foi uma queda de um objeto celeste que aconteceu em uma região da Sibéria próxima ao rio Podkamennaya Tunguska, em 30 de junho de 1908. A queda provocou uma grande explosão, devastando uma área de milhares de quilómetros quadrados. A ausência de uma cratera e de evidências diretas do objeto que teria causado a explosão levou a uma grande quantidade de teorias especulativas sobre a causa do evento. Apesar de ainda ser assunto de debate, segundo os estudos mais recentes a destruição provavelmente foi causada pelo deslocamento de ar subsequente a uma explosão de um meteoroide ou fragmento de cometa, a uma altitude de 5 a 10 km na atmosfera, devido ao atrito da reentrada. Diferentes estudos resultaram em estimativas para o tamanho do objeto, variando em torno de algumas dezenas de metros.
Estima-se que a energia da explosão está entre 5 megatoneladas e 30 megatoneladas de TNT, com 10 a 15 megatoneladas sendo o valor mais provável. Isso é aproximadamente igual a mil vezes a bomba lançada em Hiroshima, na segunda guerra mundial, e aproximadamente um terço da Bomba Czar, a mais poderosa arma nuclear já detonada. A explosão tinha energia suficiente para destruir uma grande área metropolitana e derrubou cerca de 80 milhões de árvores numa área de 2.150 quilómetros quadrados, estimando-se que tenha provocado um terramoto de aproximadamente magnitude 5 na escala Richter.
Apesar de ser considerado o maior impacto terrestre na história recente da Terra, impactos de intensidade similar, em regiões remotas, teriam passado despercebidos antes do advento do controle global por satélite, nas décadas de 60 e 70.
    
Localização aproximada de Tunguska, na Sibéria
         

quinta-feira, maio 04, 2023

O Desastre da PEPCON foi há 35 anos...

  
O desastre da PEPCON foi um desastre industrial que ocorreu em Henderson, Nevada em 4 de maio de 1988, na Pacific Engineering Production Company of Nevada (PEPCON). Na ocasião um incêndio nos estoques da fábrica consumiu todas as 3900 toneladas de perclorato de amónia, provocando uma grande explosão que provocou danos irreparáveis à cidade. Ao todo, 2 pessoas morreram na explosão e houve quase 400 feridos. Os prejuízos foram calculados em US$ 100 milhões de dólares.

  

Precedentes

Após o acidente com o vai-vem espacial Challenger em 1986, as missões espaciais foram suspensas por quase 3 anos, até que fossem descobertos os motivos do acidente e se tomassem providências para aumentar a segurança. Enquanto isso, a fábrica da PEPCON, localizada em Henderson, Nevada, manteve a produção de perclorato de amónia (que não seria usado nos lançamentos devido à interrupção dos voos) passando a armazenar grandes quantidades do produto sem melhorar os procedimentos de segurança.

 

Fogo e Explosão

No dia 4 de maio de 1988 ocorreu um incêndio na fábrica onde estavam 3900 toneladas de perclorato de amónia. Os funcionários evacuaram o local quando viram que a situação estava incontrolável.

O corpo de bombeiros chegou aproximadamente 20 minutos após o início do incêndio, quando ocorreu uma grande explosão. Percebendo o risco que corriam e a inutilidade de se tentar combater o incêndio, os bombeiros resolveram voltar, mas 4 minutos depois da primeira explosão, a região se transformou em um inferno de chamas. Uma segunda explosão, bem maior que a primeira, destruiu completamente a fábrica. Uma onda de choque concêntrica, mais intensa e visível que a da primeira explosão, avançou a partir do epicentro e varreu tudo que estava no caminho.

A explosão criou um sismo de magnitude 3,5 na escala Richter. Na cidade, diversos carros foram destruídos, todos os prédios sofreram danos estruturais e a rede elétrica foi danificada. Num raio de 4,8 km as janelas quebraram e prédios sofreram danos leves, como paredes rachadas. No Aeroporto Internacional de McCarran, em Las Vegas, situado a 11 km da fábrica, janelas quebraram e um Boeing 737 que estava pousando sacudiu com a onda de choque. Ocorreram danos até um raio de 16 km da fábrica.

Todas as 3 900 toneladas de perclorato de amónia foram consumidas no incêndio. Nas duas explosões foi formada uma cratera de 4,5 metros de profundidade e 60 metros de diâmetro. Após a explosão as fábricas de explosivos no mundo inteiro mudaram suas normas de segurança. Atualmente a PEPCON está situada em um local muito mais remoto e distante do centro urbano que a fábrica anterior.
      

domingo, abril 16, 2023

O mais mortífero acidente industrial nos Estados Unidos foi há 76 anos

O navio Wilson B. Keene semi-afundado após a segunda explosão
   
O Desastre de Texas City (Texas City Disaster) foi uma gigantesca explosão ocorrida na manhã de 16 de abril de 1947, no porto de Texas City, Estados Unidos, a qual causou a morte de 581 pessoas e devastou grande parte da cidade.
A explosão sucedeu-se a partir de um incêndio a bordo do cargueiro francês, SS Grandcamp, atracado no porto, o qual estava carregado com 2.300 toneladas de nitrato de amónia que entraram em combustão, por causa do calor. Outro navio que se encontrava próximo, o SS High Flyer, igualmente carregado com aquele produto, também explodiu, gerando uma reação em cadeia, de incêndios e explosões, pelas várias refinarias e instalações petroquímicas situadas na área portuária da cidade.
A magnitude da explosão, ouvida a centenas de quilómetros de distância, foi tamanha que praticamente desintegrou os dois navios, danificou outros que se encontravam no porto, destruiu grande parte da cidade, principalmente o parque industrial petroquímico da Monsanto, bem como derrubou dois pequenos aviões que sobrevoavam a área.
Foi o mais mortífero acidente industrial na história norte-americana.
  

segunda-feira, julho 11, 2022

O Acidente de Los Alfaques foi há 44 anos

  
(imagens daqui)

Los Alfaques (em catalão: Els Alfacs) é um parque de campismo de praia situado no município de Alcanar, comarca de Montsià na província de Tarragona, onde a 11 de julho de 1978 ocorreu um gravíssimo acidente devido à explosão de um camião/caminhão cisterna que transportava propeno liquefeito. O resultado deste trágico acidente foram 217 mortos, mais de 300 feridos graves, e a destruição da maior parte (dois terços) do parque de campismo.
     
Acidente
No dia 11 de julho de 1978 um camião cisterna, carregado com 25 toneladas de propeno liquefeito saiu de Tarragona, da refinaria Enpetrol, e dirigiu-se para sul da atual N-340, até Alicante. A cisterna tinha uma capacidade aproximada de 45 e a quantidade carregada era de 25 toneladas, quando a quantidade máxima era de 19,35 t, a uma pressão de 8 bar. Além disso, a cisterna era fabricada em aço (liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono) e não dispunha de nenhum sistema de alívio de pressão.
Provavelmente para evitar passar pela portagem que o condutor do camião cisterna, Francisco Ibernón, teria de pagar do seu próprio bolso, decidiu conduzir pela N-340 em direção a sul. Depois de percorrer 102 quilómetros - no quilómetro 159,5 - pelas 14.30 (hora de Espanha), ao passar perto do parque de campismo "Los Alfaques", ocorreu a catástrofe.
Nesse momento, o parque de campismo tinha registadas 800 pessoas e estima-se que entre 300-400 estariam no raio da explosão, calculado entre 100 e 200 metros, que matou instantaneamente uma centena de pessoas.
Na investigação subsequente ficou demonstrado que o camião cisterna estava sobrecarregado, já que transportava 25 t em vez das 19 toneladas regulamentares. Como consequência do excesso de pressão, o tanque de aço rebentou, expulsando o gás liquefeito para o exterior, produzindo-se a ignição e a explosão do mesmo.
A bola de fogo resultante cobriu instantaneamente a maior parte do acampamento, afetando ainda uma praça no sul da rua, e os muitos veraneantes que ali se encontravam. Além disso, as altíssimas temperaturas (mais de 1.500º C) fizeram com que uma grande quantidade de botijas de gás dos campistas que o parque tinha também explodissem, acrescentando-se ao fogo da explosão. O condutor do camião e aproximadamente 140 veraneantes morreram imediatamente, antes de serem socorridos no hospital. A temperatura era tão alta era que fez ferver a água da praia, para aonde as pessoas fugiam.
    
Causas
A análise do acidente determinou três possíveis causas:
  • A sobrecarga do tanque causou a rutura hidráulica da cisterna, com a consequente evaporação e expansão do gás liquefeito, dando lugar a uma explosão de tipo BLEVE. Esta foi a causa oficial segundo o tribunal de Tarragona.
  • Uma fuga da cisterna produziu uma nuvem inflamável de propeno que se incendiou ao encontrar um ponto de ignição. O calor do incêndio produziu o aquecimento do interior do tanque, originando um aumento da pressão interna ao evaporar-se o propeno,o que produziu igualmente uma BLEVE.
  • O camião sofreu um acidente de trânsito com fuga de propeno que se incendiou dando lugar a uma súbita bola de fogo.
Muitas das pessoas foram trasladadas para hospitais vizinhos. Muitos foram transportados para uma unidade de queimados do Hospital La Fe, de Valência, especialista em cuidados a queimados.
   
Reação
Os media divulgaram que a tragédia durou aproximadamente 45 minutos, desde a explosão até à chegada das primeiras forças de resgate ao local do acidente. Entretanto, tanto os veraneantes e residentes  locais já transportavam os afetados aos centros médicos pelos seus próprios automóveis ou nas suas autocaravanas. As ambulâncias e outras forças se emergência foram chegando gradualmente ao local. A Guarda Civil e as forças a esquadrinharam-se no parque de campismo com o objetivo de procurar sobreviventes.
Os feridos foram transportados para os hospitais de Barcelona e Madrid assim como para o Hospital La Fe em Valência. Durante os dias e semanas seguintes faleceram outros 70 veraneantes, devido à gravidade das queimaduras. No total morreram 217 pessoas, entre elas muitos turistas alemães, franceses e belgas. Além disso, mais de 300 pessoas sofreram graves queimaduras e que ainda hoje sofrem as suas consequências.
Com o acidente dois terços do parque de campismo com uma superfície de de 300 x 150 metros foram destruídos, ainda que a parte norte do recinto permanecesse quase intacta. A discoteca foi totalmente destruída pela força da onda expansiva, a parte posterior do tanque de combustível deslocou-se 300 metros, cravando-se num edifício.
A gravidade das queimaduras tornou muito difícil a identificação dos falecidos. Graças ao trabalho da "Comissão de Identificação" e do "Departamento de Investigação Criminal" da então República Federal de Alemanha foi possível identificar todas as vítimas.
    
Consequências e responsabilidades
Hoje em dia, em consequência deste acidente, em Espanha proíbe-se a passagem pelas povoações de veículos que transportem matérias perigosos.
Em 1982 determinou-se a responsabilidade de duas empresas acusadas de negligência (imprudência temerária) e foram sentenciadas ao encarceramento por um ano dos seus diretores. Numa subsequente ação civil, obrigou-se, em 1982 e 1983, as empresas "Cisternas Reunidas" e "Enpetrol", a pagar compensações de 2,2 mil milhões de pesetas (equivalentes a 138,23 milhões de euros, sem ter em conta a inflação).
     
Los Alfaques hoje
Em consequência deste terrível acidente criaram-se regulamentos mais severos em relação ao transporte de materiais perigosos. Os camiões cisternas com produtos perigosos ficaram impedidos de passar pelas localidades e a passar exclusivamente pelas auto-estradas. Também se melhorou a segurança dos veículos e camionistas, através de novas regulamentações sobre o transporte de mercadorias perigosas por estrada, tais como a obrigatoriedade da instalação de válvulas de alívio de pressão nas cisternas que transportam determinadas substâncias, como gases liquefeitos inflamáveis.
Na atualidade, o parque de campismo de Alfaques continua a sua atividade como qualquer outro. Numa das paredes exteriores do parque foi criado um mural em memória das vítimas, com uma estrela e uma inscrição por cada vítima.
      

quinta-feira, junho 30, 2022

O enigmático Evento de Tunguska foi há 114 anos

Árvores caídas após a explosão (foto tirada durante a expedição de Kulik, em 1927)
   
O Evento de Tunguska foi uma queda de um objeto celeste que aconteceu em uma região da Sibéria próxima ao rio Podkamennaya Tunguska, em 30 de junho de 1908. A queda provocou uma grande explosão, devastando uma área de milhares de quilómetros quadrados. A ausência de uma cratera e de evidências diretas do objeto que teria causado a explosão levou a uma grande quantidade de teorias especulativas sobre a causa do evento. Apesar de ainda ser assunto de debate, segundo os estudos mais recentes a destruição provavelmente foi causada pelo deslocamento de ar subsequente a uma explosão de um meteoroide ou fragmento de cometa, a uma altitude de 5 a 10 km na atmosfera, devido ao atrito da reentrada. Diferentes estudos resultaram em estimativas para o tamanho do objeto variando em torno de algumas dezenas de metros.
Estima-se que a energia da explosão está entre 5 megatoneladas e 30 megatoneladas de TNT, com 10 a 15 megatoneladas sendo o valor mais provável. Isso é aproximadamente igual a mil vezes a bomba lançada em Hiroshima, na segunda guerra mundial, e aproximadamente um terço da Bomba Czar, a mais poderosa arma nuclear já detonada. A explosão tinha energia suficiente para destruir uma grande área metropolitana e derrubou cerca de 80 milhões de árvores numa área de 2.150 quilómetros quadrados, estimando-se que tenha provocado um terramoto de aproximadamente magnitude 5 na escala Richter.
Apesar de ser considerado o maior impacto terrestre na história recente da Terra, impactos de intensidade similar em regiões remotas teriam passado despercebidos antes do advento do controle global por satélite, nas décadas de 60 e 70.
    
Localização aproximada de Tunguska, na Sibéria
         

sábado, abril 16, 2022

O mais mortífero acidente industrial nos Estados Unidos ocorreu há 75 anos

Imagem da destruição: o navio Wilson B. Keene semi-afundado após a segunda explosão
   
O Desastre de Texas City (Texas City Disaster) foi uma gigantesca explosão ocorrida na manhã de 16 de abril de 1947, no porto de Texas City, Estados Unidos, a qual causou a morte de 581 pessoas e devastou grande parte da cidade.
A explosão sucedeu-se a partir de um incêndio a bordo do cargueiro francês, SS Grandcamp, atracado no porto, o qual estava carregado com 2.300 toneladas de nitrato de amónia que entraram em combustão, por causa do calor. Outro navio que se encontrava próximo, o SS High Flyer, igualmente carregado com aquele produto, também explodiu, gerando uma reação em cadeia, de incêndios e explosões, pelas várias refinarias e instalações petroquímicas situadas na área portuária da cidade.
A magnitude da explosão, ouvida a centenas de quilómetros de distância, foi tamanha que praticamente desintegrou os dois navios, danificou outros que se encontravam no porto, destruiu grande parte da cidade, principalmente o parque industrial petroquímico da Monsanto, bem como derrubou dois pequenos aviões que sobrevoavam a área.
Foi o mais mortífero acidente industrial na história norte-americana.
  

domingo, julho 11, 2021

O Acidente de Los Alfaques foi há 43 anos

  
(imagens daqui)

Los Alfaques (em catalão: Els Alfacs) é um parque de campismo de praia situado no município de Alcanar, comarca de Montsià na província de Tarragona, onde a 11 de julho de 1978 ocorreu um gravíssimo acidente devido à explosão de um camião/caminhão cisterna que transportava propeno liquefeito. O resultado deste trágico acidente foram 217 mortos, mais de 300 feridos graves, e a destruição da maior parte (dois terços) do parque de campismo.
     
Acidente
No dia 11 de julho de 1978 um camião cisterna, carregado com 25 toneladas de propeno liquefeito saiu de Tarragona, da refinaria Enpetrol, e dirigiu-se para sul da atual N-340, até Alicante. A cisterna tinha uma capacidade aproximada de 45 e a quantidade carregada era de 25 toneladas, quando a quantidade máxima era de 19,35 t, a uma pressão de 8 bar. Além disso, a cisterna era fabricada em aço (liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono) e não dispunha de nenhum sistema de alívio de pressão.
Provavelmente para evitar passar pela portagem que o condutor do camião cisterna, Francisco Ibernón, teria de pagar do seu próprio bolso, decidiu conduzir pela N-340 em direção a sul. Depois de percorrer 102 quilómetros - no quilómetro 159,5 - pelas 14.30 (hora de Espanha), ao passar perto do parque de campismo "Los Alfaques", ocorreu a catástrofe.
Nesse momento, o parque de campismo tinha registadas 800 pessoas e estima-se que entre 300-400 estariam no raio da explosão, calculado entre 100 e 200 metros, que matou instantaneamente uma centena de pessoas.
Na investigação subsequente ficou demonstrado que o camião cisterna estava sobrecarregado, já que transportava 25 t em vez das 19 toneladas regulamentares. Como consequência do excesso de pressão, o tanque de aço rebentou, expulsando o gás liquefeito para o exterior, produzindo-se a ignição e a explosão do mesmo.
A bola de fogo resultante cobriu instantaneamente a maior parte do acampamento, afetando ainda uma praça no sul da rua, e os muitos veraneantes que ali se encontravam. Além disso, as altíssimas temperaturas (mais de 1.500º C) fizeram com que uma grande quantidade de botijas de gás dos campistas que o parque tinha também explodissem, acrescentando-se ao fogo da explosão. O condutor do camião e aproximadamente 140 veraneantes morreram imediatamente, antes de serem socorridos no hospital. A temperatura era tão alta era que fez ferver a água da praia, para aonde as pessoas fugiam.
    
Causas
A análise do acidente determinou três possíveis causas:
  • A sobrecarga do tanque causou a rutura hidráulica da cisterna, com a consequente evaporação e expansão do gás liquefeito, dando lugar a uma explosão de tipo BLEVE. Esta foi a causa oficial segundo o tribunal de Tarragona.
  • Uma fuga da cisterna produziu uma nuvem inflamável de propeno que se incendiou ao encontrar um ponto de ignição. O calor do incêndio produziu o aquecimento do interior do tanque, originando um aumento da pressão interna ao evaporar-se o propeno,o que produziu igualmente uma BLEVE.
  • O camião sofreu um acidente de trânsito com fuga de propeno que se incendiou dando lugar a uma súbita bola de fogo.
Muitas das pessoas foram trasladadas para hospitais vizinhos. Muitos foram transportados para uma unidade de queimados do Hospital La Fe, de Valência, especialista em cuidados a queimados.
   
Reação
Os media divulgaram que a tragédia durou aproximadamente 45 minutos, desde a explosão até à chegada das primeiras forças de resgate ao local do acidente. Entretanto, tanto os veraneantes e residentes  locais já transportavam os afetados aos centros médicos pelos seus próprios automóveis ou nas suas autocaravanas. As ambulâncias e outras forças se emergência foram chegando gradualmente ao local. A Guarda Civil e as forças a esquadrinharam-se no parque de campismo com o objetivo de procurar sobreviventes.
Os feridos foram transportados para os hospitais de Barcelona e Madrid assim como para o Hospital La Fe em Valência. Durante os dias e semanas seguintes faleceram outros 70 veraneantes, devido à gravidade das queimaduras. No total morreram 217 pessoas, entre elas muitos turistas alemães, franceses e belgas. Além disso, mais de 300 pessoas sofreram graves queimaduras e que ainda hoje sofrem as suas consequências.
Com o acidente dois terços do parque de campismo com uma superfície de de 300 x 150 metros foram destruídos, ainda que a parte norte do recinto permanecesse quase intacta. A discoteca foi totalmente destruída pela força da onda expansiva, a parte posterior do tanque de combustível deslocou-se 300 metros, cravando-se num edifício.
A gravidade das queimaduras tornou muito difícil a identificação dos falecidos. Graças ao trabalho da "Comissão de Identificação" e do "Departamento de Investigação Criminal" da então República Federal de Alemanha foi possível identificar todas as vítimas.
    
Consequências e responsabilidades
Hoje em dia, em consequência deste acidente, em Espanha proíbe-se a passagem pelas povoações de veículos que transportem matérias perigosos.
Em 1982 determinou-se a responsabilidade de duas empresas acusadas de negligência (imprudência temerária) e foram sentenciadas ao encarceramento por um ano dos seus diretores. Numa subsequente ação civil, obrigou-se, em 1982 e 1983, as empresas "Cisternas Reunidas" e "Enpetrol", a pagar compensações de 2,2 mil milhões de pesetas (equivalentes a 138,23 milhões de euros, sem ter em conta a inflação).
     
Los Alfaques hoje
Em consequência deste terrível acidente criaram-se regulamentos mais severos em relação ao transporte de materiais perigosos. Os camiões cisternas com produtos perigosos ficaram impedidos de passar pelas localidades e a passar exclusivamente pelas auto-estradas. Também se melhorou a segurança dos veículos e camionistas, através de novas regulamentações sobre o transporte de mercadorias perigosas por estrada, tais como a obrigatoriedade da instalação de válvulas de alívio de pressão nas cisternas que transportam determinadas substâncias, como gases liquefeitos inflamáveis.
Na atualidade, o parque de campismo de Alfaques continua a sua atividade como qualquer outro. Numa das paredes exteriores do parque foi criado um mural em memória das vítimas, com uma estrela e uma inscrição por cada vítima.
      

terça-feira, junho 29, 2021

O Evento de Tunguska foi há 113 anos

Árvores caídas após a explosão (foto tirada durante a expedição de Kulik, em 1927)
   
O Evento de Tunguska foi uma queda de um objeto celeste que aconteceu em uma região da Sibéria próxima ao rio Podkamennaya Tunguska, em 30 de junho de 1908. A queda provocou uma grande explosão, devastando uma área de milhares de quilómetros quadrados. A ausência de uma cratera e de evidências diretas do objeto que teria causado a explosão levou a uma grande quantidade de teorias especulativas sobre a causa do evento. Apesar de ainda ser assunto de debate, segundo os estudos mais recentes a destruição provavelmente foi causada pelo deslocamento de ar subsequente a uma explosão de um meteoroide ou fragmento de cometa, a uma altitude de 5 a 10 km na atmosfera, devido ao atrito da reentrada. Diferentes estudos resultaram em estimativas para o tamanho do objeto variando em torno de algumas dezenas de metros.
Estima-se que a energia da explosão está entre 5 megatoneladas e 30 megatoneladas de TNT, com 10 a 15 megatoneladas sendo o valor mais provável. Isso é aproximadamente igual a mil vezes a bomba lançada em Hiroshima, na segunda guerra mundial, e aproximadamente um terço da Bomba Czar, a mais poderosa arma nuclear já detonada. A explosão tinha energia suficiente para destruir uma grande área metropolitana e derrubou cerca de 80 milhões de árvores numa área de 2.150 quilómetros quadrados, estimando-se que tenha provocado um terramoto de aproximadamente magnitude 5 na escala Richter.
Apesar de ser considerado o maior impacto terrestre na história recente da Terra, impactos de intensidade similar em regiões remotas teriam passado despercebidos antes do advento do controle global por satélite, nas décadas de 60 e 70.
    
Localização aproximada de Tunguska, na Sibéria
         

terça-feira, maio 04, 2021

O Desastre da PEPCON provocou uma forte explosão no Nevada há 33 anos

  
O desastre da PEPCON foi um desastre industrial que ocorreu em Henderson, Nevada em 4 de maio de 1988, na Pacific Engineering Production Company of Nevada (PEPCON). Na ocasião um incêndio nos estoques da fábrica consumiu todas as 3900 toneladas de perclorato de amónia, provocando uma grande explosão que provocou danos irreparáveis à cidade. Ao todo, 2 pessoas morreram na explosão e houve quase 400 feridos. Os prejuízos foram calculados em US$ 100 milhões de dólares.

  

Precedentes

Após o acidente com o vai-vem espacial Challenger em 1986, as missões espaciais foram suspensas por quase 3 anos, até que fossem descobertos os motivos do acidente e se tomassem providências para aumentar a segurança. Enquanto isso, a fábrica da PEPCON, localizada em Henderson, Nevada, manteve a produção de perclorato de amónia (que não seria usado nos lançamentos devido à interrupção dos voos) passando a armazenar grandes quantidades do produto sem melhorar os procedimentos de segurança.

 

Fogo e Explosão

No dia 4 de maio de 1988 ocorreu um incêndio na fábrica onde estavam 3900 toneladas de perclorato de amónia. Os funcionários evacuaram o local quando viram que a situação estava incontrolável.

O corpo de bombeiros chegou aproximadamente 20 minutos após o início do incêndio, quando ocorreu uma grande explosão. Percebendo o risco que corriam e a inutilidade de se tentar combater o incêndio, os bombeiros resolveram voltar, mas 4 minutos depois da primeira explosão, a região se transformou em um inferno de chamas. Uma segunda explosão, bem maior que a primeira, destruiu completamente a fábrica. Uma onda de choque concêntrica, mais intensa e visível que a da primeira explosão, avançou a partir do epicentro e varreu tudo que estava no caminho.

A explosão criou um sismo de magnitude 3,5 na escala Richter. Na cidade, diversos carros foram destruídos, todos os prédios sofreram danos estruturais e a rede elétrica foi danificada. Num raio de 4,8 km as janelas quebraram e prédios sofreram danos leves, como paredes rachadas. No Aeroporto Internacional de McCarran, em Las Vegas, situado a 11 km da fábrica, janelas quebraram e um Boeing 737 que estava pousando sacudiu com a onda de choque. Ocorreram danos até um raio de 16 km da fábrica.

Todas as 3.900 toneladas de perclorato de amónia foram consumidas no incêndio. Nas duas explosões foi formada uma cratera de 4,5 metros de profundidade e 60 metros de diâmetro. Após a explosão da PEPCON, fábricas de explosivos no mundo inteiro mudaram suas normas de segurança. Atualmente a PEPCON está situada em um local muito mais remoto e distante do centro urbano que a fábrica anterior.

sexta-feira, abril 16, 2021

O mais mortífero acidente industrial nos Estados Unidos ocorreu há 74 anos

Imagem da destruição: o navio Wilson B. Keene semi-afundado após a segunda explosão
   
O Desastre de Texas City (Texas City Disaster) foi uma gigantesca explosão ocorrida na manhã de 16 de abril de 1947, no porto de Texas City, Estados Unidos, a qual causou a morte de 581 pessoas e devastou grande parte da cidade.
A explosão sucedeu-se a partir de um incêndio a bordo do cargueiro francês, SS Grandcamp, atracado no porto, o qual estava carregado com 2.300 toneladas de nitrato de amónia que entraram em combustão, por causa do calor. Outro navio que se encontrava próximo, o SS High Flyer, igualmente carregado com aquele produto, também explodiu, gerando uma reação em cadeia, de incêndios e explosões, pelas várias refinarias e instalações petroquímicas situadas na área portuária da cidade.
A magnitude da explosão, ouvida a centenas de quilómetros de distância, foi tamanha que praticamente desintegrou os dois navios, danificou outros que se encontravam no porto, destruiu grande parte da cidade, principalmente o parque industrial petroquímico da Monsanto, bem como derrubou dois pequenos aviões que sobrevoavam a área.
Foi o mais mortífero acidente industrial na história norte-americana.
  

sábado, julho 11, 2020

O Acidente de Los Alfaques foi há 42 anos

(imagens daqui)
      
Los Alfaques (em catalão: Els Alfacs) é um parque de campismo de praia situado no município de Alcanar, comarca de Montsià na província de Tarragona, onde a 11 de julho de 1978 ocorreu um gravíssimo acidente devido à explosão de um camião/caminhão cisterna que transportava propeno liquefeito. O resultado deste trágico acidente foram 217 mortos, mais de 300 feridos graves, e a destruição da maior parte (dois terços) do parque de campismo.
     
Acidente
No dia 11 de julho de 1978 um camião cisterna, carregado com 25 toneladas de propeno liquefeito saiu de Tarragona, da refinaria Enpetrol, e dirigiu-se para sul da atual N-340, até Alicante. A cisterna tinha uma capacidade aproximada de 45 e a quantidade carregada era de 25 toneladas, quando a quantidade máxima era de 19,35 t, a uma pressão de 8 bar. Além disso, a cisterna era fabricada em aço (liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono) e não dispunha de nenhum sistema de alívio de pressão.
Provavelmente para evitar passar pela portagem que o condutor do camião cisterna, Francisco Ibernón, teria de pagar do seu próprio bolso, decidiu conduzir pela N-340 em direção a sul. Depois de percorrer 102 quilómetros - no quilómetro 159,5 - pelas 14.30 (hora de Espanha), ao passar perto do parque de campismo "Los Alfaques", ocorreu a catástrofe.
Nesse momento, o parque de campismo tinha registadas 800 pessoas e estima-se que entre 300-400 estariam no raio da explosão, calculado entre 100 e 200 metros, que matou instantaneamente uma centena de pessoas.
Na investigação subsequente ficou demonstrado que o camião cisterna estava sobrecarregado, já que transportava 25 t em vez das 19 toneladas regulamentares. Como consequência do excesso de pressão, o tanque de aço rebentou, expulsando o gás liquefeito para o exterior, produzindo-se a ignição e a explosão do mesmo.
A bola de fogo resultante cobriu instantaneamente a maior parte do acampamento, afetando ainda uma praça no sul da rua, e os muitos veraneantes que ali se encontravam. Além disso, as altíssimas temperaturas (mais de 1.500º C) fizeram com que uma grande quantidade de botijas de gás dos campistas que o parque tinha também explodissem, acrescentando-se ao fogo da explosão. O condutor do camião e aproximadamente 140 veraneantes morreram imediatamente, antes de serem socorridos no hospital. A temperatura era tão alta era que fez ferver a água da praia, para aonde as pessoas fugiam.
    
Causas
A análise do acidente determinou três possíveis causas:
  • A sobrecarga do tanque causou a rutura hidráulica da cisterna, com a consequente evaporação e expansão do gás liquefeito, dando lugar a uma explosão de tipo BLEVE. Esta foi a causa oficial segundo o tribunal de Tarragona.
  • Uma fuga da cisterna produziu uma nuvem inflamável de propeno que se incendiou ao encontrar um ponto de ignição. O calor do incêndio produziu o aquecimento do interior do tanque, originando um aumento da pressão interna ao evaporar-se o propeno,o que produziu igualmente uma BLEVE.
  • O camião sofreu um acidente de trânsito com fuga de propeno que se incendiou dando lugar a uma súbita bola de fogo.
Muitas das pessoas foram trasladadas para hospitais vizinhos. Muitos foram transportados para uma unidade de queimados do Hospital La Fe, de Valência, especialista em cuidados a queimados.
   
Reação
Os media divulgaram que a tragédia durou aproximadamente 45 minutos, desde a explosão até à chegada das primeiras forças de resgate ao local do acidente. Entretanto, tanto os veraneantes e residentes  locais já transportavam os afetados aos centros médicos pelos seus próprios automóveis ou nas suas autocaravanas. As ambulâncias e outras forças se emergência foram chegando gradualmente ao local. A Guarda Civil e as forças a esquadrinharam-se no parque de campismo com o objetivo de procurar sobreviventes.
Os feridos foram transportados para os hospitais de Barcelona e Madrid assim como para o Hospital La Fe em Valência. Durante os dias e semanas seguintes faleceram outros 70 veraneantes, devido à gravidade das queimaduras. No total morreram 217 pessoas, entre elas muitos turistas alemães, franceses e belgas. Além disso, mais de 300 pessoas sofreram graves queimaduras e que ainda hoje sofrem as suas consequências.
Com o acidente dois terços do parque de campismo com uma superfície de de 300 x 150 metros foram destruídos, ainda que a parte norte do recinto permanecesse quase intacta. A discoteca foi totalmente destruída pela força da onda expansiva, a parte posterior do tanque de combustível deslocou-se 300 metros, cravando-se num edifício.
A gravidade das queimaduras tornou muito difícil a identificação dos falecidos. Graças ao trabalho da "Comissão de Identificação" e do "Departamento de Investigação Criminal" da então República Federal de Alemanha foi possível identificar todas as vítimas.
    
Consequências e responsabilidades
Hoje em dia, em consequência deste acidente, em Espanha proíbe-se a passagem pelas povoações de veículos que transportem matérias perigosos.
Em 1982 determinou-se a responsabilidade de duas empresas acusadas de negligência (imprudência temerária) e foram sentenciadas ao encarceramento por um ano dos seus diretores. Numa subsequente ação civil, obrigou-se, em 1982 e 1983, as empresas "Cisternas Reunidas" e "Enpetrol", a pagar compensações de 2,2 mil milhões de pesetas (equivalentes a 138,23 milhões de euros, sem ter em conta a inflação).
    
Los Alfaques hoje
Em consequência deste terrível acidente criaram-se regulamentos mais severos em relação ao transporte de materiais perigosos. Os camiões cisternas com produtos perigosos ficaram impedidos de passar pelas localidades e a passar exclusivamente pelas auto-estradas. Também se melhorou a segurança dos veículos e camionistas, através de novas regulamentações sobre o transporte de mercadorias perigosas por estrada, tais como a obrigatoriedade da instalação de válvulas de alívio de pressão nas cisternas que transportam determinadas substâncias, como gases liquefeitos inflamáveis.
Na atualidade, o parque de campismo de Alfaques continua a sua atividade como qualquer outro. Numa das paredes exteriores do parque foi criado um mural em memória das vítimas, com uma estrela e uma inscrição por cada vítima.