A Voyager 1, apesar de ter sido lançada para a sua missão após a
Voyager 2, seguiu uma trajetória mais favorável atingindo o seu ponto mais próximo de
Júpiter em
5 de março de 1979, após o qual deu início a uma nova trajetória para interseção do sistema de
Saturno ao qual chegou no dia
12 de novembro de 1980. Esta trajetória mais rápida e desenhada de forma a permitir uma posição mais favorável à observação de
Io e de
Titã, não permitiu à sonda a continuação da missão em direção a
Úrano e/ou
Neptuno. Assim, a Voyager 1, seguiu uma trajetória que a levaria a sair do
Sistema Solar numa direção oposta à da sonda
Pioneer 10.
Ao longo da sua missão científica, a Voyager 1 permitiu o desenvolvimento do nosso conhecimento dos sistemas de Júpiter (obtendo mais de 19 mil imagens de Júpiter e dos seus satélites) e Saturno através do envio de imagens de elevada qualidade e de outras informações obtidas através dos variados instrumentos instalados na sua plataforma. Descobriu três satélites em
Saturno:
Atlas,
Prometeu e
Pandora. Após a sua missão planetária, a Voyager 1 iniciou a fase de exploração das fronteiras do
Sistema Solar denominada
Voyager Interstellar Mission ou VIM, que propõe o estudo da
heliosfera e da
heliopausa. Espera-se, assim, que a Voyager 1 seja o primeiro instrumento humano a estudar o
meio interestelar.
A par da sua gémea, a
Voyager 2, lançada duas semanas antes, a
20 de agosto de 1977, a Voyager 1 possui um detector de
raios cósmicos, um
magnetómetro, um detector de ondas de
plasma, e um detector de partículas de baixa energia, todos ainda operacionais. Para além destes equipamentos, possui um
espectrómetro de ondas
ultravioleta e um detector de
ventos solares, já fora de operação.
Para além deste equipamento, as duas sondas carregam consigo um
disco (e a respectiva agulha) de
cobre revestido a
ouro, contendo uma apresentação para outras
civilizações, com 115 imagens (onde estão incluídas imagens do
Cristo Redentor no
Brasil, a
Grande Muralha da China, pescadores portugueses, entre outras), 35 sons naturais (vento, pássaros, água, etc.) e saudações em 55 línguas, incluindo em
língua portuguesa, feita em
Portugal e no
Brasil. Foram também incluídos excertos de música étnica, de obras de
Beethoven e
Mozart, e "
Johnny B. Goode" de
Chuck Berry. Atualmente, a Voyager 1 é o mais distante objeto feito pelo homem a partir da
Terra, viajando fora do planeta e distanciando-se do
Sol a uma velocidade relativamente mais rápida que qualquer outra sonda.
Vista de fluxos de lava irradiando do vulcão Ra Patera em Io
A Voyager 1 começou a fotografar
Júpiter em
janeiro de
1979. A sua aproximação máxima ao planeta aconteceu em
5 de março de 1979, a uma distância de cerca de 349 000
quilómetros
do centro do planeta. Devido à maior resolução fotográfica permitida
durante uma aproximação maior, a maioria das observações de
luas,
aneis, campos magnéticos e o cinturão de radiação do sistema de
Júpiter foi feita durante um período de 48 horas durante a maior aproximação. A Voyager 1 terminou de fotografar o sistema de
Júpiter em
abril de 1979.
As duas sondas Voyager fizeram várias importantes descobertas sobre
Júpiter, seus satélites, seu cinturão de radiação e seus aneis. A descoberta mais surpreendente no sistema de
Júpiter foi a descoberta de
atividade vulcânica em
Io, que nunca tinha sido observado antes.
Depois do encontro com
Júpiter, as duas Voyagers foram visitar
Saturno e seu sistema de luas e anéis. O sobrevoo por
Saturno da Voyager 1 aconteceu em
novembro de
1980, com a aproximação máxima em
12 de novembro de 1980, quando a sonda chegou a 124 000 quilómetros das nuvens superiores de
Saturno. As câmara da Voyager 1 detectaram estruturas complexas nos anéis de
Saturno, e seus instrumentos de
deteção remota estudaram a atmosfera de Saturno e de sua maior lua,
Titã.
Como a sonda
Pioneer 11 tinha detectado um ano antes uma fina e gasosa atmosfera em
Titã, os controladores da Voyager 1 decidiram que ela iria fazer uma aproximação a
Titã. Essa trajetória com um sobrevoo próximo de
Titã causou um desvio gravitacional que enviou a Voyager 1 para fora do plano da
eclíptica,
acabando com sua missão planetária. A Voyager 1 poderia ter seguido uma
trajetória diferente, em que os efeitos gravitacionais de
Saturno poderiam ter impulsionado ela em direção a
Plutão. No entanto, isso não aconteceu, porque a outra trajetória que levava a um sobrevoo próximo de
Titã tinha mais interesse científico e menos risco.
Em 2005 a Voyager 1 percorreu mais de 14 mil milhões de
km (95
unidades astronómicas) e afasta-se de nós a uma velocidade de 17,2 km/s ou 61 920 km/h (3,6 UA/ano). Os sinais enviados por ela (ou enviados para ela) demoram 760 minutos (± 12 horas) para chegar.
Atingiu, em
12 de agosto de 2006, uma distância de 100 unidades astronómicas do
Sol, tornando-se o primeiro objeto construido pela mão do
ser humano a percorrer tal distância. Em 15 mil milhões de quilómetros, está monitorando um
espaço interestelar desconhecido pela humanidade. Estima-se que possa se libertar em breve da influência da gravidade do
Sol e em 2020 poderá perder a comunicação com a
Terra.
Em maio de
2010, a sonda encontrava-se a 113,3
UA no plano da constelação de
Ofiúco.
Em cerca de 14 mil anos, desde que nenhum choque com algum objeto externo (detritos ou outros fatores físicos) a comprometa, ela deverá emergir da
Nuvem de Oort, origem dos
cometas, muito além dos limites da
heliosfera, porém ainda considerada o limite extremo do
Sistema Solar. Enfim, em torno de 40 000 anos, ela deve passar a 1,6
anos-luz da estrela AC+79 3888, da constelação da
Girafa, que atualmente pertence a esta mas, daqui a 40 000 anos, estará na constelação de Ofiúco, seguindo na sua eterna rota pelo espaço sideral.
Em 13 de dezembro de 2010, depois de meses à espera da confirmação dos dados, a NASA anunciou que a Voyager 1, viajando a uma velocidade de 17 km/s, havia, em junho desse ano, alcançado a zona de
heliopausa, tornando-se o primeiro objeto feito por humanos a chegar à fronteira do
Sistema Solar. Nesta data, a nave espacial estava a aproximadamente 17,3 mil milhões de km de distância do
Sol. Atualmente, a Voyager 1 é o mais distante objeto feito pelo homem a partir da
Terra, viajando fora do planeta e do
Sol a uma velocidade relativamente mais rápida que qualquer outra sonda.