Satélite da NASA capta Portugal e Espanha engolidos por poeira do Saara
Nos últimos dias, ventos quentes conhecidos como “calima” trouxeram uma intrusão de poeira do Deserto do Saara para Portugal e Espanha.
O fenómeno atmosférico, que chegou à península no dia 21 de março, é caracterizado por uma alta concentração de poeiras em suspensão, que coloriu os céus de laranja, dificultando a visibilidade e degradando a qualidade do ar.
Durante o inverno e a primavera, a poeira proveniente do Norte da África tende a ser transportada pelos ventos alísios do nordeste em direção ao Reino Unido e Europa ocidental, explica o Earth Observatory da NASA.
Em contrapartida, do fim da primavera até ao início do outono, a camada de rr do Saara transporta poeira para oeste, através do Oceano Atlântico, a uma altitude superior.
Num estudo recente, uma equipa de investigadores da Agência Meteorológica estatal espanhola AEMET identificou um aumento na frequência e intensidade das intrusões de poeira do Saara na Europa nos invernos de 2020 a 2022, comparadas com as registadas entre 2003 e 2019.
Os resultados foram baseados em medições de aerossóis do MODIS e no modelo de reanálise meteorológica MERRA-2 mantido pelo Escritório de Modelagem e Assimilação Global (GMAO) da NASA.
Embora o inverno de 2023 tenha sido comparativamente calmo em termos de poeira, este tipo de eventos extremos parece estar de volta em 2024, adianta Sara Basart, investigadora da Organização Meteorológica Mundial, citada pela New Scientist.
Há vários fatores que podem estar a contribuir para a intensidade destes eventos. Além do período de seca que se manifesta neste momento no noroeste da África, que aumenta a quantidade de poeira que pode ser transportada pelo vento, também os “padrões climáticos de bloqueio” que desviam as correntes podem resultar em ventos que sopram mais frequentemente a partir do norte do Saara.
A poeira destas tempestades pode também ter um impacto significativo na camada de neve de regiões montanhosas.
Segundo um estudo conduzido por investigadores do Laboratório de Geofísica e Ciências Ambientais dos Emirados Árabes Unidos, uma intrusão de poeira em 2021 escureceu a neve nos Alpes, diminuindo o seu albedo em 40% e aquecendo a superfície, o que reduziu a profundidade da neve nos Alpes para metade em menos de um mês.
in ZAP