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terça-feira, fevereiro 13, 2024

Notícia sobre meteorito enigmático achado no deserto do Saara...

Um objeto com 4500 milhões de anos enterrado no Saara desafia teorias sobre o Sistema Solar

 

 

Megacristal de piroxena retroiluminado no Erg Chech 002

 

Um meteorito revolucionário, o Erg Chech 002, descoberto em Erg Chech, região desértica no sul da Argélia, está a desafiar as teorias existentes sobre a formação do nosso Sistema Solar.

Em maio de 2020, foram encontradas no mar de areia de Erg Chech, uma região cheia de dunas do deserto do Saara, no sul da Argélia, rochas invulgares que continham uns peculiares cristais esverdeados.

Examinadas de perto, as rochas mostraram ser provenientes do espaço exterior: fragmentos de detritos com milhares de milhões de anos de antiguidade, vestígios dos primórdios do Sistema Solar.

Segundo o El Confidencial, estas rochas eram partes de um meteorito conhecido como Erg Chech 002, a rocha vulcânica mais antiga alguma vez encontrada, tendo sido fundida há muito tempo no interior de algum antigo protoplaneta já desaparecido.

Um novo estudo, publicado a semana passada na Nature Communications, usou isótopos de chumbo e urânio para determinar a sua idade: estima-se que esta rocha espacial tenha 4,565 mil milhões de anos, com uma margem de erro de 120.000 anos - o que a torna um dos objetos espaciais datados com mais precisão.

O Erg Chech 002 é um “acondrito não agrupado“, um tipo de rocha espacial que não se encaixa em nenhum dos grupos conhecidos de meteoritos.

Os acondritos são rochas formadas a partir de planetesimais fundidos, que são os aglomerados sólidos na nuvem de poeira e gás que formou o Sistema Solar.

A maioria dos acondritos pertence a grupos conhecidos, frequentemente associados a corpos parentais específicos, como Vesta 4, um dos maiores asteroides do Sistema Solar. No entanto, os corpos parentais de acondritos não agrupadas como o Erg Chech 002 permanecem desconhecidos.

 Para os cientistas que estudam a formação do Sistema Solar, o Alumínio-26 é particularmente importante. Este isótopo radioativo decai ao longo do tempo e é útil para datar eventos, especialmente nos primeiros quatro a cinco milhões de anos do Sistema Solar.

Acredita-se também que o o Alumínio-26 tenha sido a principal fonte de calor no início do Sistema Solar, afetando a fusão de rochas primitivas que mais tarde se agruparam para formar planetas.

O Alumínio-26 sozinho não pode fornecer uma idade absoluta em anos, uma vez que decai relativamente depressa. Mas quando combinado com isótopos de urânio de vida longa (Urânio-235 e Urânio-238), é possível obter uma imagem mais precisa. Estes isótopos de urânio decaem em diferentes isótopos de chumbo (Chumbo-207 e Chumbo-206), fornecendo uma datação mais precisa.

O estudo descobriu que o Erg Chech 002 tem uma quantidade invulgarmente grande de Chumbo-206 e Chumbo-207, bem como quantidades significativas de Urânio-238 e Urânio-235 não decompostos. Estas medições ajudaram a determinar com precisão a idade da rocha.

 

 

Além disso, quando comparado com outros grupos de acondritos, os autores do estudo descobriram que o corpo parental do Erg Chech 002 se formou provavelmente a partir de matéria com três a quatro vezes mais Alumínio-26 do que o corpo parental de outro grupo de acondritos chamado “angritos”.

Isto sugere que o Alumínio-26 não foi distribuído uniformemente no início do Sistema Solar, desafiando assim as teorias existentes.

O nosso Sistema Solar formou-se há cerca de 4.500 milhões de anos, a partir de uma imensa nuvem de gás e poeira. Entre os muitos elementos desta nuvem encontrava-se o alumínio, que se apresentava de duas formas.

A primeira é a forma estável, o Alumínio-27. A segunda é o Alumínio-26, um isótopo radioativo produzido principalmente pela explosão de estrelas, que com o tempo decai em Magnésio-26.

A presença do Alumínio-26 nos primórdios do Universo, sobretudo nos primeiros quatro ou cinco milhões de anos de vida do Sistema Solar, torno-o um elemento útil aos cientistas para datar eventos cósmicos.

O estudo do Erg Chech 002, que coloca em causa a ideia até agora aceite de que o Alumínio-26 se encontrava distribuído de forma uniforme no Sistema Solar, melhora o nosso conhecimento das fases iniciais de desenvolvimento dos sistemas planetários e da história geológica de planetas em formação.

 

in ZAP