Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos
versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por causa de
insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, em consequência de um cancro renal que já tinha há 9 anos. Permanecia em internamento domiciliar desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como
Saudade de Bahia,
Samba da minha Terra,
Doralice,
Marina,
Modinha para Gabriela,
Maracangalha,
Saudade de Itapuã,
O Dengo que a Nega Tem e
Rosa Morena.
Caymmi era
descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu
bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparação do
Elevador Lacerda e cujo nome era grafado
Caymmi. Ainda criança, iniciou a sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. O seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o
fonógrafo e depois a
vitrola, cresceu a sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, num coro de igreja, como baixo. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal
O Imparcial, como auxiliar. Com o encerramento do
jornal, em
1929, torna-se vendedor de bebidas. Em
1930 escreveu a sua primeira música: "No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e tocador de violão em programas do Rádio Clube da Bahia. Já em
1935, passou a apresentar o musical
Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba
A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de
ita (navio que cruza o norte até o sul do Brasil) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de
Direito. Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em
O Jornal, do grupo
Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época,
Carlos Lacerda e
Samuel Wainer.
Foi apresentado ao diretor da
Rádio Tupi, e, em
24 de junho de 1938, estreou na rádio, cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como caloiro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa
Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou
O que é que a Baiana Tem?, composta em
1938. Com a canção, fez com que
Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme
Banana da Terra, de
1938. A sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores, É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de santo de
Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como
Gal Costa e
Maria Bethânia.
Com a
Primeira Guerra Mundial, um
lundu de autoria anónima, com o nome de "A Farofa", trata não tão somente do conflito como também de
dendê e
vatapá, na canção "O Vatapá". O compositor
José Luís de Moraes, alcunhado
Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo
balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta". A culinária baiana foi consagrada no
maxixe "Cristo nasceu na Bahia", lançado em 1926. No final da
década de 1920, associa à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, visto que o autor não era nativo do
Brasil.