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segunda-feira, janeiro 10, 2011

Benvindos ao Ano do Morcego 2011-2012

Via blog Profundezas...:




Welcome to Year of the Bat 2011 - 2012

The UNEP Convention on Migratory Species (CMS) and The Agreement on the Conservation of Populations of European Bats (EUROBATS) have joined together to celebrate the Year of the Bat.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Formação Saber Colher em Leiria

Saber Colher

22 de Janeiro de 2011

14.00 às 18.00 horas


Aspectos a abordar:
  • Conhecer, respeitar e utilizar a flora espontânea portuguesa;
  • O papel das plantas espontâneas na nossa alimentação, saber utilizar o que a Natureza nos oferece;
  • Reconhecimento de plantas silvestres e suas utilidades na nossa alimentação;
  • Reprodução e colheita das mesmas, onde, como e cuidados a ter com espécies protegidas;
  • Plantas úteis para fortalecer o sistema imunitário.
Público alvo
Jovens e adultos (mínimo de participantes 12 e máximo 20)

Preço de Inscrição – 15,00 €

Formadora – Fernanda Botelho

Local de realização
Centro de Interpretação Ambiental de Leiria
Telefone: 244 845 651

Inscrições
cia@cm-leiria.pt

Ficheiros de Apoio:

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Biodiversidade dos elefantes em África - novos dados

África tem duas espécies de elefantes e não uma

O elefante da savana é maior do que o elefante da floresta tropical

Em vez de apenas uma espécie de elefante, o continente africano tem duas, anunciou uma equipa de cientistas de três universidades, confirmando, com a ajuda da sequenciação genética, uma suspeita que já durava há anos.

Investigadores das universidades de Harvard, Illinois (Estados Unidos) e York (Reino Unido), fizeram uma análise genética pormenorizada para provar que o elefante africano da savana (Loxodonta africana) e o elefante africano da floresta tropical (Loxodonta cyclotis) são duas espécies diferentes há vários milhões de anos.

“A descoberta surpreendente do nosso estudo é que os elefantes africanos da floresta tropical e da savana – que alguns defendiam serem a mesma espécie – são tão diferentes entre si como são diferentes dos elefantes asiáticos ou mesmo dos mamutes”, explicou David Reich, professor do Departamento de Genética da Escola de Medicina de Harvard, em comunicado.

Para o estudo, publicado na edição de Dezembro da revista “PLoS Biology”, os cientistas tinham apenas o ADN de um elefante de cada espécie mas recolheram dados suficientes de cada genoma para abranger milhões de anos de evolução, regressando ao tempo em que os elefantes começaram a divergir uns dos outros.

“A divergência entre elefantes africanos de savana e de floresta é quase tão antiga como a separação entre humanos e chimpanzés. Isto surpreendeu-nos a todos”, comentou Michi Hofreiter, do Departamento de Biologia da Universidade de York.

A possibilidade de estas serem duas espécies diferentes surgiu em 2001 quando uma equipa de cientistas do Quénia e dos Estados Unidos propôs na revista “Science” a reclassificação do maior mamífero terrestre, com base em oito anos de trabalho de campo.

Apesar de viverem em ambientes diferentes e terem comportamentos distintos, aquilo que salta mais à vista é a diferença de tamanho. O elefante da savana tem uma altura média de 3,5 metros e um peso entre as seis e as sete toneladas, enquanto o elefante da floresta tropical tem uma altura de 2,5 metros e um peso entre as três e as quatro toneladas.

Mas há mais do que isto. As análises ao ADN revelaram uma grande diversidade genética entre as espécies. O elefante da savana tem uma diversidade genética muito baixa e o da floresta uma diversidade muito elevada. Os investigadores acreditam que isto se deve aos diferentes níveis de competição reprodutora entre os machos.

“Agora temos de tratar os elefantes da savana e da floresta como duas unidades diferentes para fins conservacionistas”, opiniou Alfred Roca, do Departamento de Ciências Animais na Universidade do Illinois. “Desde 1950, todos os elefantes africanos têm sido conservados enquanto apenas uma espécie. Agora que sabemos que são dois animais distintos, o elefante da floresta deveria tornar-se uma prioridade maior, a nível de conservação”, acrescentou.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Notícia no Público sobre ecologia

Associação criou no Vale do Côa a primeira área protegida privada do país

A área protegida situa-se num vale profundo do rio Côa

A criação da primeira área protegida privada do país, Faia Brava, foi hoje reconhecida em Diário da República. Os seus 214 hectares, com habitats protegidos e muito raros num vale profundo do rio Côa, estão nas mãos da Associação Transumância e Natureza (ATN).

Esta é uma história que começou em Abril de 2009 quando a ATN pediu às autoridades de conservação da natureza a criação de uma área protegida privada, nos concelhos de Castelo Rodrigo e de Pinhel. Hoje, o despacho publicado em Diário da República justifica a “luz verde”, ao referir que este é um “contributo importante para a conservação dos valores naturais e da biodiversidade bem como para a valorização do património geológico e paisagístico”.

A área, integrada na Zona de Protecção Especial do Vale do Côa e no Parque Arqueológico do Vale do Côa, abrange valores naturais raros e com valor científico e ecológico que justifica a sua integração na Rede Nacional de Áreas Protegidas. Segundo o Plano de Gestão para a área (2009-2019), ocorrem 149 espécies de vertebrados, nomeadamente seis peixes – uma espécie ameaçada -, nove anfíbios, nove répteis, cem aves (onze das quais ameaçadas) e 25 mamíferos (três ameaçadas).

“Esta é a demonstração de que existem proprietários e gestores que entendem ser benéfico um estatuto de área protegida”, comentou ao PÚBLICO o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, o que leva a um “novo paradigma de envolvimento dos privados”.

Entre os objectivos propostos pela ATN para a Faia Brava estão o aumento em 30 por cento da área de bosques autóctones, o aumento do sucesso reprodutor do abutre do Egipto e da águia de Bonelli em 20 por cento e aumentar o número médio de visitantes da área protegida, chegando às mil pessoas a partir do próximo ano.

O Ministério do Ambiente está “de portas abertas” a outras iniciativas de privados e admite simplificar o processo de apreciação das propostas, acrescentou Humberto Rosa.

A gestão da área protegida privada está nas mãos da ATN mas o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade terá de emitir pareceres quanto a determinadas actividades.

A ATN foi criada em 2000 no âmbito de um projecto de conservação do abutre do Egipto (Neophron percnopterus) e da águia de Bonelli (Aquila fasciata), na região Nordeste do país. A iniciativa levou a associação a adquirir várias propriedades que, com o tempo, se foram interligando e formam hoje uma área contínua de 526 hectares, 214 dos quais classificados como área protegida privada.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Notícia sobre extinções holocénicas

Extinção de répteis pode ajudar a prever o que as alterações climáticas vão fazer ao planeta

Os animais serão forçados a atravessar áreas naturais cada vez mais fragmentadas

A vaga de extinções de répteis nas ilhas gregas nos últimos 15 mil anos pode ser uma previsão de como vão os animais e as plantas responder a um mundo mais quente, segundo um estudo da Universidade de Michigan a publicar na edição de Janeiro da revista “American Naturalist”.

Quando as temperaturas aumentaram no final da última Idade do Gelo, o nível médio dos oceanos subiu e formou as ilhas no mar Egeu, território anteriormente parte da Grécia continental que se viu rodeado de água. Na mesma altura, zonas florestais húmidas deram lugar a zonas mais áridas. Como consequência das mudanças, muitas populações de répteis extinguiram-se.

Para compreender as consequências das alterações climáticas passadas, Johannes Foufopoulos, daquela universidade, calculou as taxas de extinção da população de 35 espécies de répteis – lagartos, cobras e tartarugas – em 87 ilhas gregas, no Mar Mediterrânico.

O investigador e os seus colegas - Anthony Ives (Universidade de Wisconsin) e A. Marm Kilpatrick (Universidade da Califórnia) - descobriram um padrão nas extinções insulares. Na maioria dos casos, as populações de répteis desapareceram primeiro nas ilhas mais pequenas, ou seja, onde as possibilidades de habitat eram mais limitadas. Foram especialmente atingidos os répteis especializados num determinado habitat e aqueles que viviam em zonas mais frescas e húmidas. Os cientistas concluíram que um padrão semelhante de extinções vai emergir em vários locais por todo o mundo, à medida que as temperaturas aumentarem nas próximas décadas.

Estudo mostra importância dos corredores ecológicos

As plantas e animais serão forçadas a atravessar áreas naturais cada vez mais fragmentadas se quiserem sobreviver e adaptar-se às alterações climáticas.

Em muitos locais, pequenas fracções de habitat natural estão hoje rodeadas de solos agrícolas ou urbanos, assim como as recém-formadas ilhas do Mar Egeu estavam rodeadas por água quando o nível do mar subiu há milhares de anos.

“A cada vez maior fragmentação dos habitats naturais exacerba os efeitos das alterações climáticas e enfraquece a capacidade das espécies se adaptarem a novas condições”, comentou Foufopoulos, em comunicado da Universidade de Michigan.

“As lições que podemos aprender com as extinções de répteis sugerem que para as espécies sobreviverem às alterações climáticas, já em curso, teremos que criar mais áreas protegidas. Mas mais do que isso, essas áreas vão precisar de estar ligadas através de um corredor de habitats, em rede, para permitir a sua migração”, acrescentou.

quarta-feira, outubro 27, 2010

E não é só o planeta...

O planeta pode estar a perder a coluna vertebral da biodiversidade

Rã da Papuásia - Nova Guiné

A primeira grande avaliação à escala global da taxa de declínio dos vertebrados concluiu que a Terra pode estar a perder a coluna vertebral da biodiversidade. Quase um quinto de todas as espécies de vertebrados tem o estatuto de “quase ameaçadas” no Livro Vermelho da União Internacional para a Conservação da Natureza. Além disso, uma média de 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios sobem todos os anos uma categoria no estatuto de conservação que as aproxima da extinção.


Estas são algumas das conclusões de uma avaliação do estatuto dos vertebrados a nível mundial, liderada por Michael Hoffmann, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Estiveram envolvidos 174 cientistas, de 115 instituições e 38 países, que publicam hoje esta investigação na edição online da revista Science. Na mesma edição é também publicada uma análise global de vários estudos sobre biodiversidade, feita por uma equipa de 23 cientistas de nove países, liderada pelo português Henrique Miguel Pereira, do Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e por Paul Leadley, da Universidade Paris-Sul (ver texto “Cientistas propõem criação de um painel para a biodiversidade”).

O estudo coordenado por Michael Hoffmann utilizou informação existente no Livro Vermelho sobre 25 mil espécies de vertebrados (mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes), para ver se o seu estatuto de conservação sofreu alterações ao longo do tempo. Em termos de extinção, esse estatuto é classificado segundo as categorias de “pouco preocupante”, “quase ameaçado”, “vulnerável”, “em perigo”, “criticamente em perigo”, “extinto na natureza” ou “extinto”.

Ora, 20 por cento dos vertebrados de todo o mundo estão hoje classificados como “quase ameaçados” – incluindo 25 por cento de todos os mamíferos, 13 por cento das aves, 22 dos répteis, 41 dos anfíbios, 33 dos peixes cartilaginosos e 15 dos peixes com ossos. Embora os vertebrados sejam apenas três por cento de todas as espécies da Terra, sublinha um dos vários comunicados de imprensa sobre esta avaliação, eles representam papéis vitais nos seus ecossistemas e têm grande importância cultural e económica para os seres humanos.

“A ‘coluna vertebral’ da biodiversidade está a ser erodida”, lamenta o famoso biólogo norte-americano Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, citado num dos comunicados. “Um pequeno passo para cima no Livro Vermelho é um grande passo em direcção à extinção. Esta é apenas uma pequena janela para as perdas globais que actualmente estão a ocorrer.”

Os vertebrados nas regiões tropicais, em particular no Sudoeste asiático, são os que têm conhecido o declínio mais acentuado. A expansão agrícola, o corte de árvores e a caça estão entre as principais causas desse declínio.

Nem tudo é mau. A avaliação também sublinha que as perdas e o declínio teriam sido cerca de 20 por cento piores se não tivessem sido postas em prática acções de protecção das espécies em risco. Os esforços de conservação têm sido mais eficazes no combate às espécies invasoras do que na luta contra a perda de habitats ou a caça.

E a avaliação realça 64 exemplos de mamíferos, aves e anfíbios que tiveram melhorias graças a acções de conservação, incluindo três espécies que tinham sido dadas como extintas na natureza (o condor da Califórnia e o furão de patas negras, nos Estados Unidos, e o cavalo de Przewalski, na China e Mongólia) e estão em recuperação.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Etnobotânica e Biodiversidade em Ourém


Jornadas da Etnobotânica e Biodiversidade 

27 e 28 de Novembro de 2010

Inscrições Gratuitas (Inclui documentação e diploma, a todos os participantes)

Auditório da Câmara Municipal de Ourém
39º 39’ 31.61’’ N
08º 34’ 41.74’’ O


Programa

27 de Novembro (Sábado)

09.30 Recepção dos participantes e entrega da documentação

10.00 – Painel: Biodiversidade

- Fernando Catarino - Universidade de Lisboa

11.30 – Pausa com chá e bolinhos locais

12.00 – Pedro Cortes – Engenheiro Agro-florestal

12.45 – Espaço debate

13.30 – Almoço regional (pago; local e ementa a definir, mediante inscrição prévia)

15.00 – Painel: Etnobotânica

- Amélia Frazão Moreira - Departamento Antropologia da FCSH (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) e CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia).

- António Flor – Botânico

16.30 – Pausa com Castanhas e abafado

17.00 – Jorge Paiva – Universidade de Coimbra

17.45 – Espaço debate

18.30 – Projecção do filme ‘Em nome da terra’ comentada pela realizadora Rita Saldanha (a confirmar)

20.00 – Jantar regional e animação musical (pago; local e ementa a definir, mediante inscrição prévia).


28 de Novembro (Domingo)

10.00 – Saída de campo no Agroal para observação da flora e fauna

13.00 – Almoço regional (pago; local e ementa a definir, mediante inscrição prévia)

14.30 – Conclusões e encerramento dos trabalhos




quarta-feira, outubro 20, 2010

Jornadas da OIKOS de Leiria

XVI JORNADAS SOBRE AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

“Biodiversidade – Herança de Futuro?

A Oikos vai realizar nos próximos dias 21 e 22 de Outubro de 2010, as XVI Jornadas sobre Ambiente e Desenvolvimento este ano subordinadas ao tema “Biodiversidade – Herança de Futuro?”. O evento terá lugar no auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. Entrada será livre, mediante inscrição. 

PROGRAMA

Dia 21 de Outubro, Quinta-Feira

09.00 - Entrega de documentação
09.30 - Sessão de abertura
  • Presidente da Oikos
  • Vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Leiria
  • Governador Civil do Distrito de Leiria
10.00 - Painel A: Importância da Biodiversidade
”Origem e Evolução das Espécies”
José Teixeira - CIBIO - Universidade do Porto
11.00 - Intervalo
”Importância da Biodiversidade”
Jorge Paiva - Universidade de Coimbra
12.15 - Debate
Moderador: José Castro (Oikos)
13.00 - Almoço
14.30 - Painel B: Biodiversidade em Portugal
“O Mundo dos Invertebrados”
Isabel Abrantes - Universidade de Coimbra
“Aves de Portugal”
Gonçalo Elias - Projecto Aves de Portugal
16.00 - Intervalo
”Flora de Portugal”
João Honrado - Universidade do Porto
“Répteis e Anfíbios de Portugal”
José Teixeira - CIBIO - Universidade do Porto
17.30 - Debate
Moderador: Edgar Lameiras (ESECS/IPLeiria)
18.00 - Encerramento


Dia 22 de Outubro, Sexta-Feira

09.30 - Painel C: Ameaças à Biodiversidade
“Principais Ameaças à Biodiversidade em Portugal”
Eugénio Sequeira - Liga para a Protecção da Natureza
“Alterações Climáticas e Biodiversidade”
Maria João Cruz - Universidade de Lisboa
11.15 - Intervalo
“Espécies Invasoras”
Helena Freitas - Universidade de Coimbra
12.15 - Debate
Moderador: Rui Cordeiro (Vertigem)
13.00 - Almoço
14.30 - Painel D: Conservação da Biodiversidade
“Lobo Ibérico”
Francisco Petrucci - Fonseca - Universidade de Lisboa
“Biodiversidade Marinha”
Jorge Gonçalves - Universidade do Algarve
16.00 - Intervalo
“Conservação da Biodiversidade nas Áreas Classificadas
- Região de Leiria”
Luís António Ferreira - Instituto da Conservação da Natureza
e da Biodiversidade
17.00 - Debate
Moderador: Nuno Carvalho (Oikos)
17.30 - Encerramento das Jornadas

Local: Auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria

Entrada livre mediante inscrição

segunda-feira, agosto 23, 2010

O triste caso do desaparecimento das abelhas

As abelhas estão a desaparecer do país e ninguém sabe porquê


"Tem sido uma calamidade, morrem, morrem e ninguém sabe porquê"

Comunidade científica internacional continua a estudar o fenómeno e ainda não tem conclusões. Em Arouca, os apicultores estão apreensivos com o abandono inexplicável das colmeias.

No alto de um monte de Arouca, Alberto Aguiar, apicultor há 20 anos, mostra as 30 colmeias com um ar desolado. "O movimento está fraco, está quase tudo morto, devo ter duas ou três colónias vivas", desabafa. O fato de protecção não chega a ser necessário para dar uma volta pelas colónias. Está tudo calmo. Há quatro anos que as abelhas teimam em desaparecer das suas colmeias sem deixar rasto. Situação que o deixa apreensivo ao ponto de questionar a continuidade na arte. Tem agora pouco mais de 20 colmeias habitadas, chegou a ter 170. "Tem sido uma calamidade, morrem, morrem e ninguém sabe porquê."

Alberto Aguiar mostra o que resta das provas, ou seja, o interior de colmeias com aspecto queimado, colónias que estranhamente deixaram de ter habitantes. "A partir do ano passado, comecei a desistir de povoar as colmeias", revela. Ainda foi ao Alentejo comprar abelhas, mas no último ano garante que 90 por cento das suas colónias morreram. Feitas as contas, a diminuição dos ganhos financeiros ronda a mesma drástica percentagem. "Não vale a pena investir, é perder dinheiro." Sempre que abre uma colmeia e encontra o inesperado, que agora que se tornou habitual, a vontade de desistir da apicultura aumenta. "As rainhas continuam a pôr ovos, mas o problema é que não têm abelhas suficientes para o aquecimento e para alimentar as larvas."

Alberto Aguiar, com vários prémios nacionais conquistados pela qualidade do seu mel, acompanha o assunto e sabe que a ciência ainda não conseguiu encontrar uma explicação para tão estranho desaparecimento. Chegou a colocar um plástico preto à entrada de várias colmeias para tentar apanhar uma abelha morta para enviar para um laboratório. Sem resultados. "Elas desorientam-se, desaparecem e não voltam às colmeias... há alguma coisa que interfere com elas." A hipótese que os pesticidas usados nas produções intensivas estão a afastar as abelhas não o convence. "Tenho apiários de montanha, longe de culturas onde se usam pesticidas, e também lá as abelhas estão a desaparecer", explica. As radiações dos aparelhos electrónicos são, na sua opinião, um factor que deve ser analisado com mais atenção. "Sempre que atendo o telemóvel, as abelhas rodeiam a minha mão e não me largam. É curioso."

Luís Tomé mostra um lote de mais de 20 colmeias empilhadas a um canto da sua garagem. "Está tudo morto, vai tudo para queimar. Há um mês, trouxe 10 colmeias para casa cheias de traças", conta. Há 20 anos que se dedica à apicultura e, neste momento, tem cerca de 100 colmeias em Arouca. "Todos os anos, morrem abelhas, mas neste momento esta mortandade é anormal. Este ano, não temos quase mel nenhum", lamenta. Não se lembra de nada assim, mas, por enquanto, Luís Tomé não pensa abandonar a apicultura, que partilha com outra actividade profissional. "Alguém tem de investigar e indicar um medicamento. Há cada vez menos abelhas, cada vez menos... e isto vai acabar."

Alberto Santos, apicultor de Arouca há 15 anos, perdeu todas as colmeias, 18 no total, e não sabe porquê. O que se passa? "Boa pergunta. As abelhas perdem-se... não sei o que acontece. Se fosse uma doença, elas estariam perto das colmeias, mas a questão é que desaparecem sem deixar rasto e sabemos que não morrem à fome", comenta. Há dois anos que os seus apiários vinham a perder habitantes. "Desde o ano passado que esta mortandade tem sido mais acentuada." Alberto Santos, apicultor por hobby, garante que não vai baixar os braços e tentará repovoar as suas colmeias em Fevereiro do próximo ano. "Não se pode desistir", conclui.

Fenómeno global

O desaparecimento das abelhas é um fenómeno global. Nos Estados Unidos a situação é bastante preocupante, pelas repercussões ambientais, humanas e até económicas. Espanha, França e Alemanha também dão conta de uma anormal diminuição de abelhas. Em Portugal, as associações do sector garantem que, por enquanto, não há razões para alarme.

A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), que representa cerca de 30 associações do sector, já aderiu a um grupo mundial que está a analisar o caso. Manuel Gonçalves, presidente da FNAP, considera que, neste momento, a situação não é preocupante, mas que poderá sê-lo "a curto prazo" se as abelhas continuarem a desaparecer. "São diversos os factores que são apresentados para tentar explicar essa situação e se se comprovar que é um factor ambiental, isso pode ser preocupante", refere. O responsável garante que há cerca de dois anos que os associados da FNAP falam do assunto. "Todos os anos, há sempre uma falha efectiva de cerca de 20 por cento de colmeias que não se consegue repor, mas a situação poderá vir a ser preocupante se verificarmos que a mortandade é excessiva." "Há um equilíbrio que deixou de existir", acrescenta. A FNAP está, por isso, atenta a todos os passos dados nesta matéria. O recenseamento oficial é feito a meio do ano e o último, segundo o responsável, até aponta para um acréscimo de cerca de cinco por cento do número de colmeias no país - neste momento, existirão à volta de 400 mil colónias, numa média de 50 por cada apicultor.

A Associação de Apicultores do Parque Natural de Motesinho, que representa cerca de 320 dos 600 apicultores da zona de Bragança, Vinhais, Vimioso e Miranda do Douro, registou alguns casos pontuais, mas nada de alarmante. "Na nossa zona têm havido algumas situações de morte de abelhas, o que, para já, não tem sido motivo de preocupação", refere Helena Guedes, técnica da associação. De qualquer forma, a situação está a ser avaliada e acompanhada. "Estamos a averiguar as origens das perdas dos efectivos dos nossos apicultores. Mas, para já, não se pode concluir que haja um desaparecimento anormal de abelhas", adianta.

A Associação de Apicultores do Nordeste do Alentejo também registou "dois ou três casos estranhos". "Embora pudesse haver algumas situações mais estranhas, em termos de desaparecimento de abelhas, não podemos avançar para uma situação alarmista", garante João Neto, técnico da associação. "Vinte por cento de quebra de colónias no Inverno é normal", acrescenta o responsável da estrutura que reúne cerca de 100 apicultores de Nisa, Portalegre, Marvão, Castelo de Vide, entre outras regiões.

Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério da Agricultura adianta que a Direcção-Geral de Veterinária não tem, até este momento, conhecimento de qualquer fenómeno relacionado com um estranho desaparecimento de abelhas, sublinhando que a diminuição de efectivos tem sido sempre "associada a causa naturais (incêndios, seca) ou a causas sanitárias (doenças das abelhas)".


NOTA: embora não goste de mel, sei da importância das abelhas em termo de biodiversidade - o nosso planeta está doente... Sugere-se ainda a leitura desta outra notícia do Público - Ciência sem explicações...